segunda-feira, dezembro 09, 2002

Histórias saídas de Blog:

Quem diria, acabou num puteiro!

Uma amiga minha de faculdade me ligou. Deixou um recado carinhoso na secretária eletrônica. Retomei a ligação e marcamos de nos ver. Ela, cada vez mais linda. Corpo sarado, nem dava para crer que já fosse mãe de um menino de 4 anos a esta altura do campeonato. Falamos da vida, contei-lhe de meus últimos namorados. Ela mostrou-me seu filho. Lembramo-nos dos cursos que fizemos juntas e do sumiço que ela deu faltando poucos períodos para se formar. Ela sorriu e disse que não voltou mais à faculdade. Disse-lhe que não havia problema, pois parecia estar bem de vida Estava usando uma roupa de parar o trânsito. E a bolsa? Nossa, para ter um dessas eu teria que gastar o meu salário todo! Belos brincos, um par de airbags, ultimo modelo, estava chamando a atenção no bar onde estávamos. Foi a deixa para que ela dissesse que estava ganhando realmente muito bem, contasse da viagem que fez aos Estados Unidos e dos restaurantes que frequentou em São Paulo, onde mora atualmente. Perguntou-me como estava de vida. Naturalmente não dava nem para comparar. Falei do meu trabalho monótono, do sub-aproveitamento de minhas capacidades, do caso que tive com um colega que era casado, e do pouco que ganhava, mas admiti que estava bem, apesar de tudo. Curiosa, perguntei sobre seu trabalho, como era. Ela não fez rodeios. Trabalhava em uma casa de programa, mas que ela não ligaria se eu chamasse de puteiro.

Deveria dizer algo. Mas, o quê? "Nossa, que interessaaaaante!" (uh oh, nem pensar) "Sabia que você ia acabar no Congresso Nacional ( putz! Piada agora não!), "Ora, sinto muito" (mas e se ela gostasse?). Entre as três, fiquei muda.

Ela então respirou fundo e contou.Tudo começou na faculdade. Seu pai morreu, golpe duro. Logo depois, uma gravidez indesejada o cara sumiu do mapa e só voltou quando o garoto nasceu. Ela tratou de negar o pai e o menino pouco sabe, mas ainda pouco pergunta. Sua amiga de infância lhe apresentou a solução. Dizia trabalhar em um Bingo, mas estava na cara que ela ganhava muito para isto. Deixou o menino com a mãe e se mudou para Campo Grande-MS. Lá, aprendeu a arte de fazer sala, ser delicada com trogloditas, dormir com homens que não queda, beber uisque intragável e, talvez seu único consolo, dançar. Nua nos palcos, se esquecia de tudo e todos. Colocava em prática suas aulas de balé
perdidas no tempo.

Queria saber se eu me interessava pelo assunto. Afinal, ela me achava bonita, um pouco largada, mas nada que um jeitinho não resolvesse. Declinei do convite. Sexo não poderia ser tabelado para mim. Mesmo que estivesse em dificuldades, não creio que escolheria este caminho. Perguntei se, depois de tudo que viveu, ela gostava do que fazia hoje. Entre prós e contras, disse que estava feliz, que tinha juntado uma boa grana e que iria "se aposentar" logo, abrir uma loja em Piracicaba, onde nasceu, e voltar a trabalhar decentemente, sem vergonha do passado Mansei até com jogador de futebol famoso, ator de novela, ensinei muita coisa pra muita gente, mas ao contrário do que você pensa, muitas vezes, fiz com amor, gostando mesmo!" Pensei nas minhas colegas de faculdade. Será que outras passaram por situações assim? Quem diria, logo ela, a santinha do curso! Eu é que era a namoradeira, a maluquinha, a sem juízo. E minha amiga agora me chega com esta história, me chamando e tudo mais .... Boa tentativa, até confesso entender seu ponto de vista e nem me ofender com o convite, mas as aparências enganam. E como enganam!

0 celular tocou. Era o seu acompanhante lhe procurando. Ela disse estar comigo almoçando. Ele queria almoçá-la. 0 sacana me fez um convite para ir também. Ri e mandei ela dizer que não trabalhava neste ramo. Ela pagou a conta toda rapidamente, não deu tempo nem de dizer um ai e me deixou de taxi a caminho do aeroporto, onde o encontraria para voltar à Sampa. Semana passada, estive em São Paulo, a trabalho. De noite, pensei em ligar para ela, mas deveria estar trabalhando, achei melhor não a incomodar.

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