sábado, abril 22, 2006

Casa da Claudia

Fazer sorriso aqui
É só riso rir
Ser isso e riso
É só isso rir
Entre aspas ser um
Ser múltiplo um
Fazer de si o imenso um.

Porque o imenso de um é o todo
É o fim
Imenso fim de ser ir em si
E rir
Porque só de rir
Se faz um sorrir.

E o um é da voz
O imerso em vós
Sabendo disso
Sabedor ria
Na coisa de rir de si
E ir em si
Por ser
Mas que um
Pois um sorria.

Universo

Facas, obuzes
Doces
Milênios
Palavra Fé
Agem mil reversos e intensos
Sonhos de alma e o que vier
Entre alças de infernos
E madeira de cruz
Solta entre o desejo
E a visão que distorce
O tremelique da canção
Como algo tão inteiro
Que se arma em calor.

Facas
Obuzes
Doces
São internas todas formas
Que deslizam em si mesmas
Como alguma cor nova
que faça delírio meu
Ser universo.

Como um verso

Surgem
Quase que como música
Diversas ilusões
E tons de bola
Que tocam pro passe perfeito
E misturam sons de palavras
Sem nenhum compromisso com o sentido
Ou como escracho de cada verso.

Surgem
Como simplesmente nada
Versos metrificados erroneamente
E gritos
Ritmados e perdidos
Pelos encontros de almas e socos ingleses
Destas ruas selvagens
Que me parecem belas.

Talvez Blake esteja certo
Ou os Tigres da Ira desembainhem palavras
Mais certas que o osso duro da conveniência
E desta hipocrisia deleitada
Pelos nobres de coração morto.

Talvez o vento encanado
Das praias e ruas da cidade minha
Maravilhosa ou não
Em seus delírios de grandeza perdida
Seja mais que simples parcimônia com os mortos andantes
Talvez ele seja um sopro de algo que jamais ocorreu
A libertação dos medos e máscaras que nos acorrentam
Por aí.

Surge
Como dávida
A impressão do eterno nas pedras
E o olhar dos animais que fogem
Surge
Como veia
A eterna e maldita vontade de fugir
Das regras que criam novas doenças
E novos escravismos.

Surge como a si mesmo
Como um verso.

São Domingos

Eu quero um samba qualquer
Replicado nas miudezas
De dias Domingueiros
E respirando São Domingos
Sem chuva
Participo do tom tribom
Dos surdos.

E maracatus deslizam
Entre toques de maresia
E a entressafra de beijos
Que descuidam-se em si mesmos
E aparecem entre o casario
A praça e uma vontade de explodir
Como festa Espanhola
Em Rios de Janeiro.

Por isso o samba que eu quero
Têm de saborear as instâncias
Cegas
Dos tambores e guitarras
Das Jam Sessions
Que num chuvisco de barca
Numa oração premeditada
Por um passista triste
Atrapalham-me a visão
E destinam meus versos
A singulares universos.