sexta-feira, janeiro 12, 2007

Tu

Nasço no teu ser
Interno, difuso
Delírio fogo que ter da mulher
O sal que me enche a boca amarga
Que derrete meu ver
No mar de cores tão róseas
De alma arder
Vejo-te toda em mim
Me sonho moldando
Moldando-me no ser.

Nos montes tão teus
Deito minha boca em sins
Sugo a então ver
A luz das lendas
Soltas no teu lindo olhar.

No alto dos montes de tua carne que sugo
Planícies, pele, sais
Deleito-me em urros, sorrisos, mundos
Sou presa, sou em paz.

Deleito-me nas noites
Em que bordas meu corpo em ti
Grito um além de mim
Sou menino tonto, Homem a teu tão ser.

A sóis perceber na noite em que sou fim
A ver-te nascer em explosão intensa
Sol de meu sonho, boca e mar.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Artur

Valeu!
Mas podias avisar
Que o samba que tocas na rua
Ia desandar
Porque nem eu mesmo sei cantar
No susto que a esperança por vezes me dá.

E o que posso dizer sobre você
Se nem mesmo hoje sei não ter você?
Quer saber?
Gargalhar é reviver!

Vou rememorar meu Rio
Metralhar o ar com Deus.

Nem mesmo o frio daqui
É tão longe do meu olhar
Nem mesmo o reabrir do meu peito
Neste chorar
Me faz desperceber que sonho é ser
E ser sonho é meio ser você
Quer saber?
Todo sonho é você.

Vá, mas volte já!
Hein, fio?
No revolucionar o Deus.

Um dia tonto

No obscurecer do mais alvo mundo
Sábia a fonte do mal-me-quer
Rabisca no mar um tom de palha
Reescreve bem viver.

Lábios se escondem na falta
Do ser, do ver
Astros comem a liz
De um dia tonto
Nem mesmo o sol mais sei.

Haverá nascer
Neste dia infeliz?
Haverá rever a existência?
Balas cortam veias no ar.

Nem mesmo lua vejo
No hábito difuso
De não descansar em paz
Reestrelo meus sonhos com o ar confuso
Das canções de beira cais.

Sem nem perceber
Me rasgo inteiro enfim
Pra poder morrer
Tendo existência.

Aves cruzam meu bom mar.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Um dia normal (para Samantha Taquetti Mansur)

As tantas histórias
Que teus seios trançam
Em mim e no mar
Recolhem arbustos azuis
Entre vozes e danças
Que escrevo no meio das tantas festas
Onde mais ninguém percebe as tretas,
Estrelas e bestas.

E eu, vago
No transe enfermo dos poetas
Que dançam em sinas
Me acabo no afã das mães de filho temporão
Enquanto me largo ao fundo dos anos
Por ver nas manhãs
Teu rosto que constrói do céu
A beleza vã.

Meus versos calam-se em forças
Que o olho humano não pode notar
Estrelas me dão mil velas
Pra barcos que navegam nas mentes
Destes, que em versos, amam amar
E ao mar lançam-se na glória de não voltar.

Eu hoje despenteio o brilho dos versos
Por sóis mais claros
Me solto feliz nos atos bons de sorrir
E saio das dores
Vago no inverso
De teu som, teu sal
Acordo e vejo de Deus
Um pássaro, um dia normal.

Em prece

Em breve
Muitas desta luas que encerram-se nas botas
Serão vis ares sem trovas.

Feitas de milhares de pessoas
E de cores sem pluma
Virão vozes de ruas.

E em riste
A natureza toda
Como se azul
Será peste.

E de tudo a pessoa
Nascerá feito a tua
Enormidade
Em prece.