terça-feira, julho 31, 2007

Nas curvas do PAN as vaias marcam mais que o sangue dos morros

E termina o PAN, o maravilhoso e milhardário Panamericano 2007, o Pan do Brasil.

Pipocam aqui e acolá análises sobre o "legado" do PAN e sobre a importância de sua realização para a auto-estima da cidade dita "Maravilhosa". Todas muito boas, muito equilibradas, muito esportivas. Algumas inclusive indicam que os equipamentos esportivos (Estádios, Arenas, o tal "legado") já serão privatizadas pois o município não tem como administrá-los.

Um dos aspectos negativos do PAN foi o local reservado para a prática do Basebol e do Softbol, criticado por muitos, pois não tinha estrutura olímpica. Mas muito mais criticado foi o comportamento da torcida, que de forma "deseducada", vaiou os atletas.O gasto absurdo de dinheiro também é citado, mas por poucos e ainda passa ao largo do que é pesadamente mau avaliado: As vaias.

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem!

Apenas não consigo esquecer que há menos de um mês atrás a operação que invadiu e ocupou o Alemão causou em um dia 19 mortos (a maioria negros, todos pobres) , e gerou denúncias da população que vão desde furtos praticados pelos policias, até execuções sumárias, algumas efetuadas com facas.

Este fato, por si só, já me deixa estupefacto diante do cinismo e da aceitação das pessoas que em silêncio, acreditam ser mais importante um evento que traz "mídia" e uma "boa imagem" para a cidade, do que a investigação do assassinato com execução de 19 pessoas em uma quarta-feira do mês de junho.

Além disso estas pessoas não se questionam como um evento que custou 3 bilhões aos cofres públicos agora tem seus modernos estádios e Arenas vendidos, provavelmente a preço de Banana. Muito pelo contrário, aplaudem. Como aplaudiam o Rambo Tupiniquim, o inspetor Trovão (Trovão e seu charuto), após desfilar arrogantemente por sobre corpos deitados na favela invadida.

Rotularam os moradores e os cadáveres de bandidos. E definiram que defender uma polícia que não seja ou aja como um exército de ocupação, um exército que trata Brasileiros pobres como inimigos é defender bandido. Enquanto isso preocupam-se com as vaias aos atletas estrangeiros, com o Cansei, com o Basta e outros movimentos exclamativos.

E permanecem preocupados coma manutenção da segurança da minoria que conta nos dedos os mortos em sinal de trânsito pro assalto, mas é imbecil demais para contar com mãos e mãos os mortos na batalha diária, na execução diária de pessoas pobres nas favelas.

Para a minoria? Segurança. Para a população pobre? Bala e opressão.

Para o PAN muita bala, ocupação, mortes e o fortalecimento do estado paralelo, agora sob administração policial, através das milícias.

Tudo isso para que só as vaias os preocupassem.

domingo, julho 15, 2007

Contra os que gemem

Chora choro sangue
Batuque de mão
Macumba criada
Corte no Alemão
Foco na cena do fogo quente
Favela
Cachorro
Obscena
Mirando defunto à vera.


É na marca do medo
É na faca do medo
Que a Dona branca se torna sangue
Que o cachorro bonitinho
Come Almas "daninhas"
O preto é corpo
É certeza que foi
Certeza do marco da arma, do mandante
Encastelado no medo que encerra
A vida, a alma no fundo dos olhos
Já assassinos
Vendo TV.

Corpo preto é certeza não irmão
É tão longe de mim
Feito de branca e funesta
Razão de correr na praia
Longe dos manos
Tão sem manos
Lave las manos
Arregaça
A arma, a mão, o cão
Todo cão
Fardado sem falhas.

Tá na mira e o mundo é quem dá o tiro
A tia é quem aperta o gatilho
E todos defendem.


É a macumba do medo
O batuque do medo
Que estilhaça o que resta exângue
Jorrando horas a fio
Aqueles jão estão na mira
E é morto, é preto, é corpo
E já foi
Não têm sol e nem barco, nem praia, nem estante
Não velejam longe das misérias
E não vão entristecer meus brancos olhos
Que vivem da lama da TV.

E é no tiro que não perco meu irmão
Minha justiça é pra mim
Pros outros é outra conversa
Minha justiça está hoje à caça
Dos Hermanos, todos manos, tão sem planos
Sem ver luz em casa
Me aperta o coração
Sem razão, medo vão
E agora minhas mãos é que apertam o gatilho
No quengo, na nuca, faca e tiro
Contra os que gemem.

Sexo é revolução com sacanagem

Rasga-se o tempo entre as pernas, entre os risos
Perde-se tempo no papo que perde a mão
Nem adiantam malas, vozes de congresso
Amor demais é amor revolução.

Afagos de gente
Ardem de medo
Nas manhas da alcova
Além dos olhos verdes existe sexo
Existe sexo entre os suricates.

Vida segue em veios, em veias, favelas
Sem polícia, sem juiz
Comigo, contigo, com ela
Vida se ergue na profunda invasão
De um Pênis, Língua, dedos
Armas de tesão.

Vagalhões de sede
Rompem com o medo, o seco da ausência da tesuda
Razão que ergue o sexo, que faz do sexo
Ser mais que amor que arde.

Corre corpo do jeito da linha que vem dela
E ela é a lis que rompe com toda cela
Amor que arde em homem, mulher, cavalo e cão
É que nem Carcará rude que aboia no sertão.

Todo sexo é a irrazão do corpo unido
E vai além do pão do padre oprimido.

Sexo é livre razão que hoje arde
Livre em corpo, união d'alma sem grades.

Sexo é revolução
Com sacanagem.