sábado, novembro 24, 2012

Poesia

Poesia é um pouco indecência
É talvez a inconsciência que o mundo tem razão
É como uma sombra, uma prece que inverte o dom do ar
De ser do dia o que tange a incandescência
E que pormenoriza a fome de voar.

Sabe-se que um verso é uma espécie de cais
Que nos traz a dor da compaixão
E o ódio que em fé se faz vítima e vinga o medo da razão.

Qual razão que concebe incertezas e transcende impaciências
Poesia transmuta-se em olhar
E qual um urro despede-se
De um peito que derrete quando deita-se no mar.

terça-feira, novembro 06, 2012

O Sertão

Por ser qual mar, o sertão é como um fado
Como um fenecer de espaços
Como a sina dos mil passos
Em rasgos pintados
Em faces já distorcido
Em almas tão construído
Que faz falsidades com o descrer dos homens alvos.

Por ser qual mar e ser qual a si mesmo
O sertão se faz consorte
O sertão se faz já medo
Em almas calado
Em olhos feito espada
E na tez das almas caiadas
Faz-se ilusão do estar destituído de espelhos.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Em um ritmo que se busca ser sorrir

As formas que a vida tece tramas
As linhas, os amigos, as canções
São formas de voar qual pelicano
E olhar as distâncias com o peito
Deduzindo todo o mar que encontrar
Nas montanhas, nas canções, no dedilhar das violas coloridas
Nas palavras
Nas cigarras
Nas parábolas, corações que se tornam pessoas
Qual estradas
Qual baias.

Formas de saudade são palavras
Formas de viver são luas alvas
Tantas cores derretem-se no peito e qual fogo retribuem-se primaveras
Inventando crianças e códigos
Livros velhos, mundos novos
E no olho a pele preta faz-se verso e estribilho de um verso dito História.

Qual a alma, o coração torna-se assim estrela e em vento faz-se estrada
Em um ritmo que se busca ser sorrir.

Brincando de olhar

Era de fatos e vidas
Era de simples não ver
Era de ser coração
Talvez de mundos querer.

Havia invernos e astros
Haviam heróis e cidades
Haviam canções e passados
Crescer era além de vontade.

De vida o sorriso derreteu-se ácido
Virou de sonho um sentir
De quem se desejava guerreiro
A velha ardente dona do mar tornou um que ama relógios
Um doido de querer voar
Por entre linhas e códigos
Por gente boa de rir
E pela forma de fé que em fé torna-se mundo a rugir.

Nos hojes das letras e lamas diárias
O riso, a fome o pasto, o muro
A medalha é viver o lugar
Dos passos que deu no chão traz o andar
E sabendo viver alma aberta deixa-se futuro mar.

E por ai eu vou deslindar
Ser mais breve, ser menos guardar
E vou derrubar minhas cercas, infernos e ao mar
E vou deslizar por entre as pernas do mundo
Menos eu
E rumo ao mar ser moleque brincando de olhar.