quinta-feira, junho 19, 2003

Observações sobre um mesmo velho mundo




Eu comecei a escrever tentando falar de guerra, mas as palavras pareciam indicar algo mais, um assunto maior. Pensei em escrever sobre ecologia, capitalismo, anarquismo e uma infinidade de assuntos que me calavam, apontando para algo mais, algo mais importante.

E o assunto me impede até de me emocionar, sentir orgulho, perceber um mundo melhor à minha volta, entender o todo sem que ao menos um sentimento ruim me invada. E olha que eu nunca fui um defensor da idéia muitas vezes divulgada da impossibilidade de equilíbrio neste mundo.

É, o texto é sobre o papel do homem no mundo.

Não quero ser piegas ou defender os argumentos tolos que colocam o homem como um câncer da natureza, um vírus. Tampouco desejo esconder meu orgulho com a existência de Gandhi, Martin Luther King, Jesus, Buda, Pelé, Picasso, Francis Bacon, Karl Marx, Kaines, Adam Smith, Branco, Zico, Robinho, Luis Fernando Veríssimo e tantos outros que me impossibilitam uma lista completa das mentes que fizeram nascer um orgulho de ser humano. Mas como algum dos gênios do mundo um dia disse que os idiotas dominariam o mundo, estou mais do que irritado com a extrema imbecilidade que a raça humana pode cometer mais cedo ou mais tarde.

A guerra EUA X Iraque é de uma estupidez tamanha que qualquer argumento diferente desse, seja pró ou contra, é inútil na sua definição. Mas não é isso que mais me irrita.

O problema da dominação, cada vez maior, das grandes corporações dos cenários políticos e econômicos do mundo, destruindo áreas cada vez maiores, lençóis subterrâneos de água mineral, reservas de petróleo, mares, rios, florestas, e, quando responsabilizadas, utilizando artifícios juridicamente, no mínimo, vis para ganhar tempo, ridicularizando o sistema judiciário deste e de outros países. Nem isso, porém me irrita tanto.


A grande cara de pau de forças políticas que, em nome de um ganho cada vez maior de poder, se digladiam ao invés de buscar a resolução dos problemas que afligem nossa população também quase me fazem caminhar na direção de acreditar que o homem é um câncer, uma besteira de Deus, um lixo, mas nem isso consegue me tirar do sério.

O que me tira do sério é a imensa omissão que a população do mundo, em grande maioria, se coloca, na sua passividade de gado, na sua idéia de vida como um grande nada a fazer, pois o destino escolhe nosso caminho. O que me tira do sério é olhar nas ruas e ver que as pessoas estão mesmo é querendo um barranco para encostar sua existência medíocre, suas vidas de casa de bonecas, suas vidas inúteis. Quando isso me acontece, quando percebo o comportamento de gado de grande maioria da população, quando vejo que a vida deles é inútil para eles, eu quase, aí sim, caio no argumento de que o ser humano é um vírus, mas um vírus tolo e covarde que merece o extermínio por si só.

Essa covardia, que em sua manifestação permite que quem possui o poder passe por cima de todos, passe por cima dos que sonham com um mundo melhor e lutam, passe por cima da ética e da busca pelo equilíbrio, não é culpa do capitalismo, socialismo, anarquismo, religiões, nada disso. A culpa é de nossa imensa covardia no encarar a vida como um desafio constante e necessário para o crescimento de nosso poder, de nossa existência, coisa que uns chamam de evolução e outros de vencer a cadeia de predação, outros dizem que é manifestar os deuses em nós, mas inevitavelmente todas as filosofias, religiões, idéias políticas, informam que é necessário coragem, sabedoria, entre outras coisas para se crescer e viver. Mas o que se percebe, no dia a dia, é que a covardia é a escolha desse mundo, a covardia que permite que toda a decisão do mais forte se realize e que voltemos à idéia natural de sermos ovelhas dos leões.

Eu digo não a isso. Eu não quero ser pasto de reis ou sacerdotes que me tirem a possibilidade de ser o que a minha vida quer, o que meu ser grita. Eu não nasci para ser pasto de idiotas, membro do gado, prefiro ser destruído pelo mais forte a ajoelhar a sua frente.

Morrer é um preço muito pequeno em relação à liberdade, morrer é necessário, cada vez mais, para que nos tornemos maiores, deixando nossas velhas peles mortas no caminho.

E o risco não precisa colocar o rosto em frente a um canhão, mas colocar a alma e dizer alto, não. Não à guerra, não à ignorância, à estupidez. Não a essa acomodação que destrói o orgulho que minha espécie me fez sentir desde a primeira vez que eu pisei este mundo. Orgulho de ver uma espécie que vivia como gravetos tornar-se uma espécie forte como um carvalho.
E para que essa força? Para que sejamos ovelhinhas de propriedade de um senhor? Ou para crescermos juntos, cada vez mais e fazermos um mundo decente, com respeito a ele, um mundo onde a terra e o semelhante sejam respeitados? Prefiro a segunda opção, porque respeitar o semelhante exige uma coragem superior è coragem de apontar uma arma para ele. Respeitar o semelhante é uma exigência, pois respeitar o semelhante é respeitar a terra ao redor, é respeitar o mundo que nos permitiu a arma da inteligência para que vivêssemos, nos tirou das mandíbulas dos predadores , mas nunca para nos colocar nas mandíbulas dos generais.

Se a humanidade em sua maioria prefere calar-se e viver à sombra dos imbecis o mundo saberá, sim, responder, eu prefiro estar ao lado dele, assim pelo menos não terei a vergonha de mugir nas estradas.

Certeza e imbecilidade




“Tenho a certeza, mas a certeza é mentira.
Ter certeza é não estar vendo”
Fernando Pessoa



Certa vez, estava ouvindo uma palestra de um experiente espírita-kardecista. Ele falava sobre as estruturas perispirituais dos corpos dos Espíritos extraterrenos e da sua possibilidade de comunicação com os nossos médiuns da Terra. O assunto era mesmo estratosférico, mas, tratava-se de uma reunião interna, isto é, para pessoas já “iniciadas” nas obras kardequianas e na farta bibliografia do médium Chico Xavier.
Um aspecto da exposição despertou-me de minha vaga sonolência: como é que ele, o experiente expositor, tinha tanta certeza em tudo que dizia? Num primeiro momento, senti-me estúpido demais para questionar um “sábio” que falava com tanta convicção sobre os jupiterianos. Depois, pensei que ele deveria ter mais humildade diante dos “dados mediúnicos” e jamais transformar hipóteses e teses espiritualistas – reveladas por médiuns passíveis de erros - em certezas “científicas” ou religiosas. Passados alguns minutos, comecei a temê-lo e identificá-lo com os grandes problemas da humanidade, tais como as guerras, o fundamentalismo islâmico e o totalitarismo nazi-fascista e comunista.
Por que?
Nada mais anti-científico e ideológico do que a certeza. Todo o progresso científico da humanidade se deu a partir da dúvida, da incerteza, da negação do que era óbvio e aceito como correto. Sempre que nos fixamos nas certezas, abrimos oportunidade para toda a sorte de imbecilidade: dogmatismo, fanatismo religioso, cientificismo esclerosado, totalitarismos de esquerda e de direita. Todos esses monstros têm em comum o fato de partirem de certezas e fecharem as portas a toda e qualquer dúvida ou questionamento.
O suicida muçulmano do grupo Jihad (apoiado financeiramente pelo Iraque de Saddam, que agora pertence aos EUA) tem uma estúpida certeza de que vai para o céu e que sua opção de “mártir” é o passaporte. Assim como os comunistas tinham certeza – alguns ainda permanecem nela - que a ditadura do proletariado (Ah meu Deus!) é o melhor regime para o povo. Todos esses idiotas eram ou são pessoas de “convicções”. Cheios de certezas, espalham morte, dor e sofrimento por todo o mundo.
Não quero com isso cair no outro extremo, no relativismo antropológico radical, na fluidez moral, no vazio carente de verdades. Acho tal extremismo – a crise em torno da verdade – tão perigoso quanto o primeiro – as certezas imbecis. Na carta “Veritatis Esplendor”, o líder católico João Paulo II nos alerta, de forma inteligente:
“Perdida a idéia de uma verdade universal sobre o bem, cognoscível pela razão humana, mudou também inevitavelmente a concepção de consciência: esta deixa de ser considerada na sua realidade original, ou seja, como um ato da inteligência da pessoa, a quem cabe aplicar o conhecimento universal do bem numa determinada situação e exprimir assim um juízo sobre a conduta justa a eleger, aqui e agora; tende-se [hoje em dia] a conceber à consciência do indivíduo o privilégio de estabelecer autonomamente os critérios do bem e do mal e agir em conseqüência. Esta visão identifica-se com uma ética individualista...” (p.56, edições Paulinas)
As ações de Fernandinho Beira-Mar exemplificam essa “ética individualista” que o Papa critica na sua encíclica. É ele, um traficante violento, quem define o que é bom e mau ou justo e injusto. Coitados de nós que estamos mergulhados nessa pós-modernidade relativizadora e corruptora da verdade, causadora da anomia social, mas, paradoxalmente, incentivadora de certezas fanáticas e particularistas, fragmentárias, tais como a de Beira-Mar e seu bando.
Quando lia “Ficções do Interlúdio”, encontrei nos versos de Fernando Pessoa uma preocupação distinta. Enquanto João Paulo II está preocupado hoje com o desmoronar da verdade, o poeta mostrava-se preocupado com a imposição das verdades na forma de certezas totalitárias: certeza é mentira, é não estar vendo a realidade! Com isso, estamos todos sendo convidados pelo poeta – que ironia! - à uma postura de humildade diante dos fatos, idéias, crenças religiosas e ideologias políticas. Vivenciá-las - é claro, porque ninguém é neutro e nem defendo um ser asséptico e omisso - mas, sem aquele ar arrogante de senhores de tudo. Assim, as preocupações do Vaticano e de Fernando Pessoa são faces de uma mesma moeda onde, de um lado, apresenta-se o extremismo das certezas e, de outro, o extremismo relativista.
Acredito que se mantivermos em mente a hipótese do erro, iremos nos abrir para o novo, para transformações oportunas, para aquela realidade que se fecha diante dos olhos cegos dos que têm certezas totalitárias. Nossa saúde psíquica e nossa convivência social ganham qualidade quando deixamos de lado nossas arrogantes verdades inquestionáveis e nos abrimos para ouvirmos respeitosamente o Outro e, quem sabe, darmos razão a ele, porque ele pode estar mais iluminado pela Verdade do que nós mesmos. Isso deve ser feito sem abrirmos mão da razão e da verdade, mas, para preservá-las do engodo das certezas fechadas. É difícil, mas é um exercício maravilhoso. Afinal, nossa única certeza comum é que iremos morrer, então, para que brigarmos tanto?

Marcio Sales Saraiva

A idéia de século





Vendo uma entrevista com o Arrigo Barnabé sobre sua música,o nascimento do movimento Vanguarda Paulista, sua explêndida cultura musical (Que infelizmente não consigo acompanhar),um assunto me chamou especialmente a atenção. Quando ele foi indagado pelo Rodolfo Botino (A Entrevista era para o Gema Brasil da Tv Cultura), sobre quando foi criado o sistema dodecafônico, ele disse que havia sido no começo do século, tendo sido gentilmente corrigido pelo entrevistador, que afirmou que ainda nos enrolamos coma idéia de século, nós nascidos no séxulo XX.

O que me chamou a atenção foi a forma como ficou patente que o tempo é um elemento absorvido individualmente de forma diferenciada.

O que é um século, a história do mundo durante cem anos, para um indivíduo,que em geral vive menos tempo e tem a existência marcada pelo cotidiano?

O tempo então assume um caráter ilusório se marcado pelos fatos históricos e pela divisão clássica ocidental. Os anos, os dias, a vida, conforme os formatos impostos é uma ilusãocompleta, pois para a existência individual, o que realmente marca é ocotidiano fluxo de acontecimentos aparentemente banais que compõe sua vida.

Claro que não podemos desprezar a história, a forma como a humanidade registra os acontecimentos marcantes para a coletividade,mas nunca podemos também permitir que o coletivo supere o individual,pois a existência individual é que permite que os diversos "tempos" se tornem uma dimensão partilhada por todos.E é aí mesmo que eu queria chegar.A impressão que eu tenho ''e que o tempo, por ser uma medida individual,é, hoje, tolhido pela medida coletiva que se tornou um impedimento, uma totalitária forma de destruição da riqueza do indivíduo em nome de um organismo coletivo chamado sociedade. Ao contrário da cultura, que é enriquecida com a existência das experiências individuais, a sociedade se perde quando o indivíduo percebe que, por mais que a união de interesses comuns seja interessante, apenas com seu completo desenvolvimento individual, apenas com a manifestação máxima de sua individualidade há espaço para uma existência coletiva equânime e realmente feliz para todos.A sociedade age em nome de uma cultura coletiva que ela mesma nega quando inibe a manifestação individual com a ditadura dos grupos.

O tempo neste caso assumea mais simples forma de percepção de como o grupo tolhe o indivíduo em nome da manutenção de um status quo que é falsamente identificada como a manutenção do sistema cultural comum que permite nossa convivência como sociedade. O tempo coletivo hoje é uma arma de destruição daqueles que ageme vivem de forma individual contrária ä idéia d eum status quo limitado às convenções do sistema cristão e ocidental de comportamento e medida de tempo. Enquanto isso, de forma mais próxima ao real, os indivíduos vivem em faixas de tempo diversas que podem mesmos e tocar e formar algo semelhante a um tempo comum, porém são faixas dimensionais separadas. Ao contrário do que se pensa, cada indivíduo trabalha e vive em faixas dimensionais, freqüencias, diferentes dos demais, a ilusão que se forma com a imposição cultural de igualdade, é apenas isso, uma farsa que aceitamos.

A idéia de século para o Rodolfo Botino e para o Arrigo Barnabé são completamente diferentes, e podemos dizer que ambos vivem emséculos diversos tb, que se tocam quando suas freqüências partilham por alguns momentos de uma mesma faixa, de um espaço onde se cruzam as mais diversas linhas possíveis.Como se fosse um limbo onde a existência individual pode partilhar de outras existências e experiências, o tempo coletivo é apenas um espaço uma ante sala onde se cruzam faixas,linhas, diferentes com formas diferentes de perceber o próprio tempo.

Concluindo.Quando a percepção do tempo se une sem que se imprima uma pressão que nos força à existência comum, onde nossa individualidade é roubada e tornada um estorvo para o dito coletivo, o tempo assume perfeitamente o caráter natural de tempo coletivo, pois ele nada mais é que uma encruzilhada, porém, quando o tempo é engolido como um sapo por força dos ponteiros torturadores de um tempo abstrato, o status quo age, e da forma mais perigosa, aquela onde o pensamento entranhado já deixou de pertencera alguém ou a algum grupo, mas é como um vírus que prende todos nós na cadeia mortal da existência.

quinta-feira, junho 12, 2003

Algumas imagens da cidade pra mostrar como ela é, meio parada, sem muitas opções de fazer à noite, mas boa.Como diz o Stich: "Pequena, incompleta, mas..boa".










E em São Lourenço o bicho pega entre o CDL e alguns comerciantes que estão fazendo um movimento contrário à realização da mostra regional de artesanato. Coisa boa.

É interessante viver mais perto dos acontecimentos, embora eles sejam em menor número que uma cidade grande.Aqui eu fico mais próximo do que vivia no Rio sem poder tocar.

Talvez seja por isso que na hora d epostar coisas no Blog eu poste mais coisas relativas ao mundo ou a problemas de outros estados e fique restrito ao problema da Nestlé em São Lourenço.

Mas aqui existem muitos outros problema,s a corrupção da prefeitura, o incrível preconceito com moradores daqui que são de outra cidade, a incompetência em lidar com concorrência, entre outras coisas, mas a vida me geral é boa.

Aconteceu - 12/6/2003 12h49

Delegado faz denúncias na CPI dos Combustíveis



O delegado Cláudio Nogueira, da Polícia Federal, denunciou ontem, em audiência pública da CPI dos Combustíveis, que integrantes do Poder Público estão envolvidos com a máfia dos combustíveis. Ele comandou, entre 2000 e 2001, a Operação Ouro Negro, que investigou a chamada "máfia do óleo", que atua principalmente na área da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Segundo o delegado, que acabou afastado das investigações, empresas contratadas para retirar apenas óleo sujo, já usado por navios, criam fundos falsos em embarcações para desviar também óleo limpo e trazê-los ao continente sem o pagamento de tributos. Navios fantasmas são usados como depósitos, segundo ele.
A Polícia Federal conseguiu fotografar e filmar o roubo de combustível nos portos brasileiros e calcula que chegue a 300 mil litros por dia. Cláudio Nogueira disse não poder revelar o nome dos envolvidos, pois as investigações não estão concluídas, mas garante que o esquema criminoso está infiltrado nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. "Há infiltração em todas as esferas. Isso eu posso afirmar com convicção".

REPORTAGEM
O delegado exibiu uma reportagem de TV em que Vanilson Figueiredo, integrante da máfia, denunciava em janeiro de 2000 que funcionários da Petrobras estavam envolvidos. Vanilson dizia que o envolvimento podia ser comprovado pelas contas de telefone. Dois meses depois da entrevista, Vanilson Figueiredo foi espancado até a morte.
As investigações da Polícia Federal apontam pelo menos outros 21 assassinatos relacionados à máfia do óleo. Os mortos são participantes do esquema, testas de ferro e empresários. Para o presidente da CPI, deputado Carlos Santana (PT-RJ), essas informações vão ajudar as investigações da comissão. "Há necessidade de ir fundo. A Polícia Federal e outros órgãos do Executivo estão investigando e a nossa investigação vai correr paralela".

ILEGALIDADES
Instalada há pouco mais de um mês, a CPI já constatou várias ilegalidades no setor de combustíveis, como sonegação de impostos, adulteração de gasolina, roubo de óleo nos portos e lavagem de dinheiro. O prejuízo causado pela máfia dos combustíveis é estimada em R$ 10 bilhões de reais.
Amanhã, às 10 horas, a CPI vai ouvir o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg. Ele vai falar sobre o combate à formação de cartel no setor de combustíveis.

Por Alexandre Pôrto - Rádio Câmara e Wanderley Baldez - TV Câmara/ LCP

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

Agência Câmara
Tel. (61) 318.7423
Fax. (61) 318.2390
e-mail: agencia@camara.gov.br

Fonte: O Dia

Beca nos trinques






Um detalhe que chamou a atenção de muita gente na sessão do TCE que apreciou as contas de 2002 do Governo do estado foi a vestimenta do secretário de Controle Fernando Lopes. Militante histórico da esquerda, Lopes abandonou o jeans surrado e a camisa xadrez e se apresentou num terno impecável. Fernando pode não ter sido vitorioso em sua defesa de Garotinho, mas saiu aplaudido por meia dúzia de moçoilas afogueadas.
Fonte: O Dia

Claudio Humberto



Lobby nada sadio


A multinacional Monsanto concentra agora o lobby pró-transgênicos no ministro Luiz Furlan (Desenvolvimento), cuja empresa, Sadia, prometeu ao Greenpeace não usar produtos geneticamente modificados.

Poder sem pudor: Meu bem penhorado


O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) descontraiu a discussão da Medida Provisória que trata da renegociação das dívidas dos produtores rurais, ontem, ao defender os interesses dos agricultores do semi-árido:

- Lá no Nordeste não dá pro marido chamar mais a mulher de “meu bem”. Se chamar, o banco penhora.


À VENDA

. Renato Simões, do tradicional “A Tarde”, confirma que o seu valente jornal está mesmo à venda: “todos os dias, na Bahia, a R$ 1,50 o exemplar”.

Fonte: O Dia

Máfia infiltrada



Claudio Humberto


O delegado Cláudio Nogueira, da Polícia Federal, disse ontem na CPI dos Combustíveis que a máfia está infiltrada nos três poderes. “Aqui na Câmara também?”, perguntou José Carlos Araújo (PFL-BA). “Sim”, respondeu. Reservadamente, ele disse depois que teme pela infiltração na própria CPI.




É, um dos melhores atores que eu já se foi, mas fic ao registro e a lembrança.

Fonte: JB

Gregory Peck morreu dormindo






LOS ANGELES - O ator americano Gregory Peck morreu enquanto dormia. Foi o que confirmou, hoje, seu porta-voz, Monroe Friedman. Peck teve uma longa carreira no cinema, começando na década de quarenta. Trabalhou com os maiores diretores do cinema americano e sua carreira foi marcada por grande papéis, como o do advogado encarregado de defender um negro acusado de violentar uma mulher branca em O sol é para todos, em 1962, premiado com o Oscar de melhor ator.


Peck, um ícone da época de ouro de Hollywood, tendo feito cerca de sessenta filmes passando pelos de amor como A princesa e o plebeu, em 1953, com Audrey Hepburn; os de faroeste, Duelo ao sol, de 1946 e A conquisa do Oeste, em 1962; os polêmicos - A luz é para todos, de 1947, considerado por muitos como o primeiro filme a tratar do anti-semitismo nos Estados Unidos; os históricos, David e Betsabá, de 1951, entre muitos.


Um dos últimos filmes de Peck foi O retrato, de 1993, onde faz um casal mais velho com Lauren Bacall, onde ambos mostram que são, como afirma o ditado popular, iguais ao vinho ''quanto mais velhor, melhor ''.



[12/06/2003] [16:18]
Parece o Rio, mas não é:


[10h57] Sete pessoas morrem em um novo ataque de Israel, com mísseis lançados de helicópteros contra um automóvel que circulava em um bairro de Gaza. Entre os mortos, está uma menina de 3 anos e um dos líderes do Movimento Palestino Hamas, Yasser Taha.

Fonte: O Globo

Elio Gaspari




Compañero Bush, Cuba no



Passou por Santiago o secretário de Estado americano Colin Powell. Pelo cheiro da brilhantina, a diplomacia americana voltou a andar com o caso cubano na pasta. Como daqui a pouco Lula estará em Washington, alguém precisa avisar ao governo americano que não há motivo para o Brasil comprar duas vezes o mesmo conto-do-vigário. Há mais de 40 anos Cuba foi transformada num divisor de águas na política nacional. Foi necessário que o tempo passasse para se perceber a inteira inutilidade dessa divisão.

Cuba tem um regime totalitário, Fidel Castro é o mais longevo dos ditadores latino-americanos e, como ensina o general Powell, é inevitável que a democracia volte à ilha. E daí? Concordar ou discordar dessas afirmações não gera um só emprego no Méier. O que está em jogo não é a relação da América Latina com ditaduras, mas a submissão dessa mesma América Latina aos interesses momentâneos de uma administração americana.

A transformação de Cuba numa divisória na vida latino-americana é um conto-do-vigário, por duas razões. A primeira: quando lhes conveio, os presidentes americanos ensaboaram ditadores. De 1962 a 1974, as administrações dos presidentes John Kennedy, Lyndon Johnson e Richard Nixon mantiveram uma profícua relação de compadrio com as ditaduras latino-americanas. Quando instalou-se em Pindorama um regime ditatorial (muito, mas muito mais brando que o de Fidel), os Estados Unidos sopraram as velinhas do bolo. Se o presidente Bush acredita nas palavras dos seus antecessores, vale lembrar-lhe que, em 1971, Nixon disse o seguinte : “Para onde o Brasil for, irá o resto do continente latino-americano.” Era uma época em que o Brasil ia na mesma direção de Washington. Um funcionário do consulado em São Paulo lia interrogatórios de presos torturados no DOI. Em 1965 o governo brasileiro mandou uma força expedicionária para a República Dominicana.

O governo americano envolveu-se em atentados terroristas na República Dominicana (o assassinato do ditador Rafael Trujillo), no Chile (o assassinato do comandante do Exército, René Schneider) e em Cuba (as tentativas de assassinato de Fidel Castro). Deve-se reconhecer que desde a posse de Jimmy Carter, em 1976, a diplomacia americana resgatou os princípios de sua sociedade. O general Powell sabe que Carter não é uma figura popular em Washington.

O segundo conto-do-vigário está aí, nos jornais. São as patranhas, predações e prepotências que acompanharam a invasão do Iraque. A administração Bush colocou a bandeira americana no mastro da desconfiança.

Quando um governo recorre à mentira como instrumento sistemático de política externa, é justo que se lembre aos seus funcionários que isso tem um custo.

Acreditar no governo Bush tornou-se um risco. Nada impede que o subsecretário de Defesa Paul Wolfwitz, pai da idéia de se transformar o Iraque em bode, decida transformar o fantasma cubano numa alavanca da Alca, nos termos de Bush. Numa administração de marqueteiros e generais, parecerá esperteza.

Caso o governo americano queira discutir a questão cubana com Lula, aqui vai uma sugestão. O presidente brasileiro poderia responder:

“Companheiro Bush: a gente precisa se entender. Ninguém tem o direito de embaralhar a agenda presidencial e eu não pretendo fazer isto neste país. Por isso, já que você quer discutir coisas de marqueteiro, eu trouxe meu querido Duda Mendonça. Ele tem delegação minha para tratar do caso cubano contigo. Quem sabe ele te dá umas idéias.”



Fonte: O Globo

Cora Rónai







Alô, Farj: quem é o imbecil nessa história?!



"Eu me recuso a responder o e-mail deste velho f.d.p. Se o fizer eu vou mandar ele tomar no c. Ele é um imbecil muito grande e não sabe que valem (....) os melhores tempos obtidos pelos nadadores, nos últimos 12 meses e não últimos dois anos, até porque nadador normal é jovem e dois anos pode não ser muito para quem já dobrou o cabo da boa esperança, mas para ele que deve estar mais pra lá do que pra cá eu não sei... Quanto ao local do último Cariocão 2002, ao que me consta o Parque Aquático Julio De Lamare é o melhor parque aquático que aqui existe e custa muito caro para nós da Farj realizar lá qualquer competição. Alias eu vou sugerir que não se realizem mais competições destes velhos imbecis lá, pois esta classe de frustrados não deve nadar nem sujar aquela água com a urina de que tem câncer na próstata.”

Vocês desculpem os erros, o estilo e os palavrões. Não são meus. Este é o linguajar que as autoridades esportivas do estado usam para trocar mensagens entre si. O que vocês acabam de ler é um e-mail enviado pelo assessor da presidência da Farj (Federação Aquática do Rio de Janeiro), senhor Michael R. Karfunkelstein, para o senhor Carlos Roberto Silva, o Carlão, diretor master da mesma entidade.

E como é que essa pérola da estupidez humana veio parar nas minhas mãos? Simples: minha mãe, Nora, de 79 anos, é nadadora master. Ao contrário do que supõe o senhor Karfunkelstein, ela não é frustrada, não tem câncer na próstata nem faz pipi dentro d’água. Também ao contrário dele, leva o esporte a sério: treina com rigor espartano, nada quase dois quilômetros por dia, chova ou faça sol, e representa o Rio de Janeiro e o Brasil com grande brio. Está entre as dez melhores do mundo em diversas modalidades, e sente-se extremamente honrada em dividir a piscina com o supercampeão Luiz Felippe de Figueiredo, um dos pouquíssimos atletas brasileiros a ser duas vezes recordista mundial (nos 50m de costas). O excepcional atleta de 62 anos que o senhor Michael R. Karfunkelstein se recusa a responder.


***




Quando mamãe me falou pela primeira vez deste e-mail, achei que só podia ser trote. Logo imaginei algum inimigo do senhor Karfunkelstein querendo destruí-lo junto à comunidade, apresentando-o como pessoa grosseira, insensível, doentiamente preconceituosa. Com esse texto, um inimigo poderia até levá-lo à Justiça, num processo criminal por injúria e difamação.

Antes que eu me esqueça: inúmeros juízes dos tribunais superiores têm a mesma idade do Felippe, ou são até mais velhos. No Supremo, por exemplo, os ministros só se aposentam aos 70 anos.

No domingo passado, mamãe me trouxe o jornalzinho de uma associação de nadadores de São Paulo, onde o e-mail havia sido publicado na íntegra. Fiquei chocada com a perfídia do suposto inimigo do senhor Karfunkelstein, que conseguira até a publicação daquela barbaridade, e telefonei para a Dulce Senfft, coordenadora de masters do Clube de Regatas Icaraí, para saber se a Farj denunciara a trama infame. A Dulce, porém, me disse que a autoria do e-mail jamais havia sido posta em questão.

Na verdade, dirigentes da Farj chegaram a ir ao Icaraí para pedir desculpas. Disseram que aquela era apenas uma mensagem para circulação interna, que não deveria ter sido divulgada (ah, bom!) e propuseram uma retratação pública do senhor Karfunkelstein no próximo campeonato, no dia 28 junho, em Petrópolis. Enquanto isso, cópias do e-mail estão afixadas nos quadros das piscinas dos principais clubes brasileiros, e um abaixo-assinado de protesto já conta com a adesão de quase 400 nadadores.

Quer dizer: o senhor Michael R. Karfunkelstein não precisa de inimigos.


***




Ainda assim, três coisas me intrigavam. O que havia dito o Luiz Felippe de tão grave para suscitar tal resposta? Como ela chegara ao público? E, finalmente, o que teria o senhor Michael Karfunkelstein a dizer a respeito?

O Luiz Felippe — filho do grande Gastão Figueiredo — me encaminhou a polêmica correspondência. Seu crime foi reclamar das péssimas condições da piscina no último campeonato (a água estava 60 cm abaixo do nível oficial, impedindo a saída do nado de costas) e de erros de balizamento.

A não-resposta do senhor Karfunkelstein veio à luz quando o diretor master da Farj respondeu ao Luiz Felippe e, por descuido, se esqueceu de apagar a tal “mensagem interna”.

Quanto ao que o senhor Michael R. Karfunkelstein pensa disso tudo, não sei. Telefonei a ele, que negou ter escrito o e-mail, negou ter conhecimento dos protestos que estão nos quadros de avisos das piscinas porque “não vou a esse tipo de competição” e me disse para discutir o caso com a presidência da Farj.

Foi o que fiz. Liguei para o presidente Marcos Firmino, que garantiu que o e-mail havia, sim, sido escrito pelo seu assessor, Michael Karfunkelstein; que o dito assessor já estava redigindo uma retratação formal; e que ele, Marcos Firmino, está arrasado com o caso:

— Estou dizendo para as pessoas o seguinte: todo mundo tem um dia 11 de setembro na vida. Meu dia 11 de setembro foi o dia em que aquele e-mail foi escrito.

quarta-feira, junho 11, 2003

Fonte: O Globo

Ataque à verba do meio ambiente


Selma Schmidt

Cinco dias após a comemoração do Dia Internacional do Meio Ambiente, o Diário Oficial do estado publicou ontem projeto de emenda constitucional da governadora Rosinha Matheus reduzindo os recursos destinados ao meio ambiente. O projeto diminui de 20% para 5% o percentual que o governo deve repassar para o Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam) do total de royalties que recebe. Ontem mesmo a proposta já provocou reações de deputados e ambientalistas. Pelo novo índice, levando-se em conta os R$ 1,57 bilhão arrecadados pelo estado em 2002 a título de compensação financeira relativa à exploração de petróleo e gás natural, a verba do Fecam cairia de R$ 314 milhões para R$ 78,8 milhões.

Entre os descontentes, o deputado Otávio Leite (PSDB) considera o projeto um retrocesso. Ele pretende promover uma audiência pública, para que os secretários de Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde, e de Finanças, Mário Tinoco, expliquem o que estado pretende com a mudança. Otávio quer ainda mobilizar a sociedade contra a proposta:

— As verbas do Fecam podem ser usadas, por exemplo, para concluir as obras de saneamento da Barra e de Jacarepaguá — diz Otávio, acrescentando que, dos R$ 744 milhões arrecadados em royalties este ano, nada foi repassado ao Fecam.

Para Minc, emenda não será aprovada

Autor da lei que incluiu na Constituição estadual o repasse de 20% para o Fecam, em 1989, o deputado Carlos Minc (PT) classificou como inaceitável o projeto de Rosinha:

— Num estado que tem municípios em processo de desertificação, é um “ecocídio”. Mas essa emenda não vai passar. Já procurei quatro deputados que apóiam o governo que me garantiram que votarão contra.

Para ser aprovada, a emenda precisa de 42 votos favoráveis (três quintos dos 70 deputados) em duas votações. Rosinha tem maioria no Legislativo, que oscila entre 40 e 45 parlamentares.

De acordo com a mensagem enviada ao Legislativo, a governadora alega que a realidade de hoje é diferente daquela de 1989, quando a produção de petróleo era bem menor. Rosinha afirma que, em valores de 2002, o Fecam recebeu apenas R$ 2,2 milhões em 1989 (20% dos R$ 11,1 milhões arrecadados em royalties).

Enquanto o estado tenta mudar a legislação, o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alerj, André do PV, analisa os repasses da arrecadação de royalties para o Fecam, em 2002:

— Estamos estudando a lei. Poderemos procurar o Ministério Público, para pedir que instaure na Justiça uma ação por improbidade administrativa.

ONG: meio ambiente fica com as sobras

Diretora da ONG Eco Marapendi, Vera Chevalier também engrossou o coro dos descontentes contra a iniciativa da governadora:

— É absurda a mentalidade das autoridades que tratam de forma isolada a questão ambiental . O que sobra vai para o meio ambiente. Mas, na verdade, o meio ambiente está contido nos outros problemas.

Já o diretor do Grupo Ação Ecológica (GAE), Rogério Zouen, classifica a emenda apresentada pela governadora como um novo golpe contra o meio ambiente:

— O primeiro foi quando o então governador Garotinho passou a usar verbas do Fecam para obras de urbanização. Ele usou milhões para asfaltar estradas no interior.

O deputado Carlos Minc, porém, cita uma emenda que conseguiu aprovar no ano passado, que permite usar verbas do fundo em saneamento básico, tecnologia limpa e agricultura orgânica.

Aprovadas emendas ao Protocolo de Montreal



A Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias aprovou nesta manhã Projeto de Decreto Legislativo (PDC 13/03) da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que aprova os textos das emendas ao Protocolo de Montreal sobre substâncias que destróem a camada de ozônio. A intenção é reduzir a produção dessas substâncias até o ponto de eliminá-las.

Por Rosalva Nunes/ ND

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

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Deputados vão à Polícia denunciar Ku Klux Klan



Integrantes da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias sairão em instantes da Câmara, rumo ao Departamento de Polícia Federal, para entregar cópia de divulgação do site Imperial Klans of Brazil, que também será investigado pelo Ministério Público Federal e o Ministério da Justiça. O requerimento é do deputado Pastor Reinaldo (PTB-RS).
O conteúdo da página na Internet é redigido e organizado por integrantes da seita cristã Ku Klux Klan, defensora do racismo. O autor da proposta afirma que o site está promovendo uma "campanha criminosa contra as demais raças que não seja a branca".

CRIME
Na abertura do site, seus idealizadores se intitulam, em inglês, Cavaleiros da Ku Klux Klan (Knights of the Ku Klux Klan). A página da Internet é introduzida com os seguintes dizeres: "Nós, do Imperial KLANS of Brazil, somos parte de uma organização totalmente legal que está a procura de homens e mulheres especiais. Alguém que colabore e lute conosco para um futuro melhor com Cristo e nossa Raça em uma Grande Nação. Homens e Mulheres que tenham coragem e princípios, que defendam o que acreditam mesmo quando a situação está difícil. Nós queremos pessoas que não tenham medo de falar o que suas mentes pensam sobre o que está acontecendo de errado em nosso país. Nós queremos aqueles que levantem e lutem pelo futuro de nossa raça, que defendam nossa fé e respeitem nossa sociedade. Nós não aceitaremos usuários de drogas, pessoas que abusam de crianças e que tenham uma personalidade incorreta em nossa sociedade. Nossa proposta é de unir, organizar e educar a grande Raça Branca em todo o mundo contra os perigos contra nossa Raça, Cultura e a Religião Cristã".
Apesar de os integrantes do grupo afirmarem que fazem parte de uma "organização totalmente legal", o racismo é crime inafiançável e imprescritível no Brasil, sujeito a pena de até cinco anos de reclusão.

Por Patricia Roedel/RO

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

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Nestlé Aciona a Etiópia



Por Marcelo Abreu - Ética Global 25/12/2002 Às 19:25


A transnacional suíça Nestlé, gigante do segmento de alimentos, está acionando o governo da Etiópia, pleiteando uma indenização de U$ 6 milhões em virtude da nacionalização de suas instalações pelo governo africano em 1975.



A transnacional suíça Nestlé, maior empresa mundial do segmento de alimentos e que apurou um lucro de U$ 6 bilhões no ano passado, está acionando o governo da Etiópia, pleiteando uma indenização de U$ 6 milhões em virtude da nacionalização de suas instalações pelo governo africano em 1975.

Parece incrível que uma empresa como a Nestlé necessite reclamar tal indenização de um país cuja população convive com a mais absoluta miséria e uma renda média de U$ 2 dólares por dia, enquanto a transnacional suíça ganha U$ 6 milhões por hora.

Aos consumidores do mundo todo que se indignam com a atitude da Nestlé, resta responder, com seu poder de compra, a essa ofensa ao senso humanitário, boicotando os produtos Nestlé. Afinal, o coração desse tipo de empresa está pouco abaixo da linha da cintura, precisamente em seus bolsos.
Fonte: ABN

Em tempo



Roberto Perez, jornalista e professor de Educação Ambiental, vice-presidente da ONG Clube dos Amigos da Terra de Tom Jobim, do Rio de Janeiro, pediu o apoio da imprensa para a luta travada pela ONG Movimento de Cidadania pelas Águas em defesa da estância hidromineral de São Lourenço, alvo de ação predatória da empresa multinacional Nestlé.

Segundo Perez, a Nestlé retira um milhão de litros de água mineral por dia do poço "Primavera", irregularmente construído na fonte do mesmo nome, mas só vende 60 mil litros/dia, exportando o resto para estocagem.

As denúncias de Perez se estendem aos processos de tratamento da água pela Nestlé, que retira do líquido os sais minerais e adiciona sais e carbonatos, reconstituindo a água com gaseificação artificial.

Como a água mineral é classificada como "minério", pelo Departamento Nacional de Pesquisas Minerais, a ONG "Movimento de Cidadania pelas Águas" abriu guerra contra a Nestlé, alegando que a exploração ameaça diversas fontes de água mineral e coloca em risco o futuro de São Lourenço como estância hidromineral e centro turístico.

A ONG "Movimento de Cidadania pelas Águas" quer que o governo considere a água de São Lourenço como "especial"; paralise a exploração que considera ilegal do "Poço Primavera", por situar-se este em área de proteção ambiental, e permita a recuperação das fontes, que estão ameaçadas de esgotamento.

Heitor Reis, engenheiro e articulista da Agência Brasileira de Notícias - ABN - criticou a plutocracia, domínio dos donos do capital, que, a seu ver, reina no mundo e manipula a mídia, em detrimento da verdadeira democracia, esta compreendida na liberdade de expressão, livre acesso à informação e circulação de idéias e distribuição igualitária de oportunidades a todos os brasileiros.

Nelson Barreto, da Agência Boa Imprensa, denunciou a distorção dos valores éticos e morais da sociedade, patrocinada pelas emissoras de televisão, com graves reflexos na formação da criança brasileira e na estabilidade das instituições, entre as quais a família, a seu ver a principal vítima da permissividade da televisão.

Barreto não defendeu a censura prévia, mas entende que há necessidade criação de mecanismos por parte da sociedade para coibir os abusos nas programações das emissoras.

Walter Estevan Junior, presidente da Associação Brasileira de Revistas e Jornais, defendeu maior participação da imprensa interiorana no bolo publicitário nacional, ressaltando que a grande imprensa por si mesmo não é suficiente para atingir a todos os segmentos sociais, mas isto não é percebido pelo governo e sofre vista grossa das agências publicitárias de grande porte, cujos interesses são alheios aos das comunidades regionais.

Fernando Soares, presidente da Associação da Imprensa do Mato Grosso do Sul e Vice-presidente da Fenai/Faibra, e Vera Martins, presidente de honra da Federação Brasileira dos Colunistas Sociais e Assessora de Imprensa da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, denunciaram a proliferação de colunistas sociais sem qualificação profissional em grande parte da imprensa brasileira, observando que até donas de butiques, cabelereiros, modistas e outros profissionais, de ramos completamente alheios à comunicação social,ocupam espaços estratégicos da mídia. Não cobraram a necessidade do diploma de jornalistas mas recomendaram cursos superiores nas áreas de Letras, História ou Filosofia.

X X X

Passeando de charrete pelas ruas de São Lourenço, descobri que a maioria dos animais utilizados na tração das 50 charretes existentes na cidade está usando ferradura de borracha, feita com pneus velhos de automóvel.

Os charreteiros pagam pelas ferraduras de borracha três vezes menos do que pagariam pelas ferraduras de ferro, cuja durabilidade é bem inferior.

Ou seja, colocaram tênis nos cavalos de São Lourenço.



Feichas Martins é jornalista, cientista político, professor universitário, criador do Instituto Político-Estratégico Brasileiro (IPEB), diretor da Federação Nacional da Imprensa (Fenai/Faibra) e membro do Comitê de Ética e Liberdade de Expressão da Associação de Imprensa do Distrito Federal (AIDF)
Olha a cara de pau

Nestlé se manifesta



A Nestlé respondeu à solicitação da Novae para, por escrito, dar sua versão para os acontecimentos em São Lourenço. Desta forma, a revista Novae está cumprindo seu papel jornalístico e continuará apurando o caso de perto, estando aberta a todas as vozes envolvidas. Leia agora na integra a manifestação da empresa:

Prezado Editor da Novae,

Agradeço a oportunidade de esclarecer o posicionamento da Nestlé frente às informações equivocadas prestadas pelo movimento Cidadania pelas Águas à revista Novae.

A Nestlé atua em São Lourenço continuamente e abertamente junto aos órgãos regulatórios e fiscalizadores - o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). As fontes da Empresa de Águas São Lourenço são freqüentemente vistoriadas pelos técnicos do DNPM e da FEAM. Todos os pareceres emitidos até o momento afirmam que a Nestlé opera de maneira consistente com os regulamentos do setor, ou seja, não existe o menor indício de superexploração dos aqüíferos em São Lourenço.

A legalidade da exploração das águas em São Lourenço advém do Manifesto de Mina n° 140/35. A extensão dos direitos a que se refere o manifesto corresponde à área da propriedade, conforme atestado pelo DNPM no parecer datado de 24/05/1985. A licença ambiental de operação da atividade minerária está regularizada na FEAM conforme processo COPAM 058/1998/001/1998. Para recebimento da licença, a empresa atendeu todas as exigências da legislação ambiental.

A Nestlé está certa de que atua absolutamente dentro da legislação. Isso já está devidamente comprovado por meio da apresentação de todos os documentos pertinentes.

Coloco-me à disposição para outras informações sobre as atividades da empresa.

Atenciosamente,

Marcelo Marques
Gerente Industrial
Empresa de Águas São Lourenço
Grupo Nestlé
Fonte: Novae

São Lourenço mobilizada contra a Nestlé


Por Chico Villela

(São Lourenço, MG, ameaçada pelo "lucro"? A mídia de massa "comprometida" com campanhas milionárias que oferecem "prêmios"? Migalhas para a sociedade civil? A voz da imprensa livre traduzida pela Web é mais que necessária para respondermos essas questões. O Centro da Terra continua preferindo as "pílulas vermelhas". Dissemine agora, nada pode calar a livre expressão.)


São Lourenço - MG (www.saolourenco-online.com.br)

Janeiro 2003, Suíça - A ATTAC, organização da sociedade civil que pleiteia a taxação de operações financeiras para aplicação na redução das desigualdades sociais no mundo, lidera manifestação contra a Nestlé, multinacional com sede na Suíça, contra a privatização de uma fonte na cidade de Bevaix. As leis suíças deram razão aos manifestantes: a água é considerada bem comum, inalienável e não comercializável. A água é patrimônio da humanidade, lá na Suíça.

Maio 2003, Brasil - O Movimento de Cidadania pelas Águas, organização espontânea da sociedade civil da cidade sul-mineira de São Lourenço, que pleiteia, entre outras coisas, o controle público sobre os seus recursos hídricos minerais, lidera manifestação contra a Empresa de Águas de São Lourenço, pertencente à multinacional suíça Nestlé, pelo fim da superexploração das águas minerais que garantem o turismo e a economia da cidade.

Em um poema, o falecido poeta turco Nazim Hikmet afirma que os subterrâneos dos bancos suíços não estocam dinheiro: acumulam sangue de povos, combatentes e heróis que se opuseram e se opõem a tiranias diversas, cujos titulares os assassinaram e assassinam para, na maioria dos casos, vender com mais sossego o seu país e correr para depositar seus lucros nos bancos suíços, de preferência. Sem citar os dinheiros lavados que viajam todo dia para o paraíso suíço.

Na Suíça, a água é bem comum. Em São Lourenço, cidade da ex-colônia Brasil, situada na ex-província de Minas, fornecedora do ouro que, junto com a prata andina, constituiu uma das bases da Revolução Industrial européia, a água é da multinacional Nestlé. O ouro acabou, mas as minas continuam generosas. A julgar pela voracidade da Nestlé, em breve terão o destino do ouro: a extinção.

Mas a Nestlé já extinguiu coisas mais importantes. Fazem parte dos clássicos da pediatria os esforços da empresa em apresentar seu leite de vaca em pó como alternativa melhorada para o leite materno. Ao introduzir o seu leite Ninho na África, por exemplo, as imagens que o recomendavam eram de moças vestidas como enfermeiras, e o leite era associado à idéia de medicamento, com largas vantagens sobre o leite materno. O consumo desse produto, diluído em razão do alto custo, nem sempre manipulado com higiene e água pura, transformou-se num vetor para a morte de bebês, privados da imunização que o então desvalorizado leite da mãe proporciona.

"Estratégia publicitária", afirmavam "profissionais". Ativistas suíços entenderam diferente e publicaram o texto "A Nestlé mata bebês" (The baby killer, de Mike Muller). Em reação, a empresa os processou, mas o resultado foi um julgamento dos procedimentos da Nestlé. Especialistas e cientistas em todo o mundo, em vigorosas manifestações, revitalizaram a campanha do aleitamento materno, hoje recomendação universal encampada por agências de saúde como a OMS, da ONU.

Lula tem tanta vontade de que o Fome Zero dê certo que aceitou milhões de latas de leite em pó da Nestlé, levantadas em milionária campanha de marketing com Faustões & Gugus no apoio. Mas o governo esqueceu-se de (ou ainda não percebeu) que a revitalização da economia que elimina a fome passa pela valorização dos pequenos produtores, inclusive os de leite, que as multinacionais como a Nestlé adquirem cada vez mais a preços cada vez menores, como acontece há tempos no Sul de Minas e como está ocorrendo agora em Goiás, por exemplo. Isso quando não abandonam empreendimentos "pouco rentáveis" e deixam os prejuízos sociais para governos municipais que facilitaram sua vida, como o testemunha o fechamento da unidade fabril de Três Corações.

Metas mundiais

A atuação da Nestlé em São Lourenço faz tudo isso parecer brinquedo de criança. Em 1992, a Nestlé adquiriu o controle mundial da Perrier Vittel, até então dona do Parque das Águas e concessionária da exploração das suas águas minerais. Essa compra inscreveu-se na estratégia da empresa de tornar-se a maior engarrafadora de água de beber em todo o mundo, meta já atingida hoje, com 73 marcas em muitos países. No Brasil, a ofensiva está em andamento: a Nestlé disputa o segundo lugar com a Superágua, concessionária em Lambari, Caxambu, Cambuquira e Araxá. A aquisição da Perrier deu à Nestlé a propriedade do Parque das Águas e o direito de exploração das águas minerais existentes, resguardados os direitos da população e dos turistas de beneficiarem-se com as virtudes medicinais seculares dessas águas.

A partir daí, a empresa entendeu que a estratégia mundial relativa à água de beber deveria aplicar-se, no caso de São Lourenço, sobrepondo-se a conquista das suas metas no Brasil (investimentos de 50 milhões de dólares, construção de 7 novas fábricas, ênfase total no novo segmento de "águas adicionadas de sais") aos interesses da população da cidade. Os recursos oferecidos pelo Parque das Águas eram modestos: pequenas vazões, unidade industrial restrita, limitações de ordem legal à expansão das captações.

Mistérios das águas

Aqüífero significa depósito subterrâneo de água, às vezes acumulada durante muito tempo, caso do Aqüífero Guarani, o maior do mundo, formado há cerca de 220/140 milhões de anos, que jaz sob doze estados brasileiros além de partes de Uruguai, Paraguai e Argentina, e que aloja água suficiente para abastecer todo o Brasil por 2 mil anos sem renovação. Há aqüíferos fósseis e renováveis. Os fósseis são fechados como os de petróleo: tira-se a água e nada mais resta. Os renováveis são dinâmicos: sai água, e entra água de chuva, filtrada lentamente pelo solo e as rochas. A existência de vários tipos de águas em espaços restritos como o do Parque das Águas pressupõe um sistema delicadíssimo de composições rochosas e aqüíferos dentro de nichos poliminerais diversos. A água flui, em fios suficientes para o consumo, e se renova por processos ainda não bem decifrados pela ciência. Foi neste cenário cercado de imponderabilidades que a Nestlé plantou sua política predatória.

Luz sobre a Nestlé

O Movimento de Cidadania pelas Águas identificou uma série exemplar de procedimentos ilegais da Nestlé, alguns dos quais já são objeto de ação civil pública proposta pelo curador de Meio Ambiente e promotor de São Lourenço, dr. Pedro Paulo Aina, que enxerga danos ao ambiente e ao patrimônio turístico. Geólogos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, consultores e especialistas auxiliaram a construir um painel estarrecedor de irregularidades, desrespeito aos cidadãos e violações flagrantes de dispositivos legais. Entre as principais acusações já consolidadas contra a Nestlé, anotam-se:


A fonte Oriente, que não existe mais

1) Destruição da Fonte Oriente A Nestlé demoliu a Fonte Oriente, a mais antiga da história da cidade, erguida em 1892, para ampliar a unidade fabril alojada no interior do Parque. Talvez para compensar, uma das três águas comercializadas e exportadas chama-se Oriente.

2) Secamento de fonte A fonte da água magnesiana, a mais procurada e consumida, secou há três anos, depois de mais de cem anos de regularidade. Seu fim coincide com a superexploração do Poço Primavera, de onde a Nestlé obtém a matéria-prima da água Pure Life, carro-chefe internacional da conquista do primeiro lugar mundial entre os fabricantes de "águas com sais adicionados". Técnicos da Nestlé afirmaram em audiência pública que "não há no momento tecnologia para recuperá-la". Para secá-la, parece que houve. A da Fonte Vichy, só ocorrente, no planeta, no Parque e na cidade francesa de Vichy, vai pelo mesmo caminho: é a próxima a secar, a julgar pela drástica redução do seu volume de afloramento.

3)Expansão da fábrica A unidade fabril foi expandida em 300%, e a obra foi feita sem a passagem completa pelos procedimentos administrativos públicos e sem licenciamento ambiental. Isso permitiu à Nestlé, por exemplo, cortar árvores antigas do Parque, sem qualquer consulta aos órgãos ambientais responsáveis. O memorial descritivo da obra previa a construção de fossa séptica, cujo conteúdo seria dispersado num ambiente de formação de águas potáveis.

4)Redução da área de lazer A expansão da fábrica eliminou tradicionais áreas de lazer do Parque: os campos de bocha, o campo de futebol, o parque infantil, até agora não repostos.

5)Construção de muralha Uma muralha de mais de quatro metros de altura foi construída, também sem licenciamento, em volta da nova fábrica, com estacas de concreto que avançam até 7 metros no solo. A obra compromete os lençóis freáticos superficiais que desempenham papel vital na caminhada das águas até os aqüíferos mais profundos.

6)Perfuração de poço Um poço de grande vazão, de 158 metros, foi perfurado, sem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do Ministério das Minas e Emergia (MME), e deixado mais de um ano jorrando sem uso. A água, absolutamente especial, foi considerada "a mais mineralizada até agora descoberta no país", mas seu altíssimo teor de ferro tornava-a imprópria para embalagem e consumo. A eliminação do excesso de ferro não encontra abrigo na legislação brasileira.


A Pure Life, da Nestlé

7) Desmineralização de água Essa água mineral com elevado teor de ferro passou a ser usada, ilegalmente, pela Nestlé, após a retirada de todos os elementos e compostos minerais, para a produção da água Pure Life, que é do gênero "água comum adicionada de sais". As leis brasileiras proíbem o uso de águas minerais para a fabricação desse gênero de água. Em geral, águas como a Pure Life são produzidas com a chamada água de torneira, ou mesmo a água retirada de rios, que, depois de "purificada", recebe alguns sais fabricados industrialmente. O procedimento da empresa, além de desrespeitar leis, incorre em crime ambiental por destruir, sem amparo legal, água mineral que ela mesma reconhece como "altamente mineralizada". A empresa não explicou até agora o destino que dá aos minerais e substâncias retirados.

8) Fechamento do balneário O balneário alojado no Parque tem sido fechado em razão de falta de água e de médicos que orientem os usuários.

9) Redução da pressão das fontes As fontes do Parque vêm apresentando redução de pressão e de volume de saída da água.

10) Alteração do sabor As águas têm sido consideradas diferentes das antigas, por usuários que há tempos delas fazem uso. Têm sido constatadas notáveis alterações na salinidade e no sabor, o que sugere alterações na composição química. Os depoimentos citam insistentemente "perda de sabor" e "pouca diferença entre as águas".

11)Afundamentos do solo Em alguns pontos do Parque têm sido registrados afundamentos do solo.

12) Trincas em construções Colunas e algumas paredes de fontes e construções têm apresentado trincas.

Os itens de 9 a 12 acham-se, conforme as análises técnicas indicam, unidos por um fator comum: a redução da capacidade dos aqüíferos. À medida que grandes volumes de água são retirados de um ecossistema desconhecido e delicado como o do subsolo do Parque, a ocorrência desses fenômenos parece indicar fatos como a redução dos elementos de sustentação do solo e a incapacidade de recomposição da composição química usual da águas.

O futuro das águas

São Lourenço é o quarto menor município do país. Com apenas 51 km2, não possui zona rural. Sua economia está, desde as origens, associada e intimamente vinculada às águas medicinais do Parque. Dores, reumatismos, hipertensão, arteriosclerose, distúrbios de estômago e intestinos e outros males têm encontrado cura com o uso de suas águas e de banhos de lama, duchas e saunas. Suas águas gasosas, magnesianas (?), alcalinas, sulfurosas, ferruginosas e outras são características de raras regiões anteriormente vulcânicas, caso também de Poços de Caldas. Seu clima é ideal para curas de males associados ao sistema respiratório. Em resumo: cidade e águas são um conjunto solidário, um não existe sem o outro.

A Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) instituiu em 1982 um rol anual, a Lista Suja de empresas que concorrem para a degradação ambiental. No ano passado, entre seis premiados na Lista Suja, a Nestlé ficou em honroso quinto lugar. Para a AMDA, a Nestlé mereceu a distinção, além das razões apontadas, por "enriquecimento ilícito, violação do subsolo, atropelamento da nossa cultura, desobediência às leis ambientais, desprezo por nossa história, ameaça à ordem econômica de toda uma cidade".

Adelino Gregório Souza, quando era chefe do Setor de Águas Subterrâneas do DNPM/MME, recomendou a interdição da exploração e do engarrafamento de águas pela Nestlé até que se verificasse a situação legal do cipoal de contravenções em que a empresa vinha e vem incorrendo. Uma semana depois de assinar seu laudo, foi exonerado sem explicações. Hoje, é chefe da Secretaria de Recursos Hídricos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em longo telefonema ao jornalista Hélio José Marques, nascido na cidade, declarou: "As águas de vocês aí, em São Lourenço, não devem durar muito. Talvez cinco ou seis anos mais".

O prefeito da cidade, apelidado Nega Véia, contrariou decisão de associação dos municípios do Circuito da Águas, da qual São Lourenço faz parte, e foi o primeiro de uma estância a autorizar a produção da água Pure Life. Também tem autorizado a expansão da fábrica às custas do Parque e da sobrevivência das águas. Parte do Legislativo o apóia.

Esgotadas as águas, a Nestlé vai abandonar a cidade então sem futuro e procurar outros lugares para fabricar lucros. À sua espera, com certeza, estará outra cidade a ser infelicitada. E outro prefeito com o mesmo perfil.

Chico Villela é escritor e editor. A reportagem foi publicada originalmente no jornal "O Sul de Minas" e também no site Emcrise, parceiro da Novae
Fonte: Pitacos, Achados & Perdidos

Algumas coisas interessantes aconteceram, mas faltou tempo para escrever.
Agora, as reuniões da Câmara têm sido um espetáculo a mais. Vereadores da situação com um discurso de oposição para deixar Heloísa Helena corada! As eleições se aproximam e agora é hora de decidir de que lado do muro ficar, apesar de alguns já estarem tão acostumado com o pico do muro, que vai ser difícil tirar eles de lá.



Que mais????



Ah, sim... A TV suiça esteve em São Lourenço fazendo um documentário sobre a exploração das águas pela Nestlé. Acompanhei algumas entrevistas e, sinceramente, não gostaria de estar na pele dos diretores brasileiros da empresa. A impressão que vai chegar na terra natal da Nestlé não é das melhores.

Fotos pra vocês terem uma idéia do que tá rolando em Sâo Lourenço:


Não vamos trocar o ouro líquido pelo show do
milhão



Nair Ribas D'Ávila*



A audiência pública realizada ontem (30/04) na cidade de Sao Lourenço
-MG, contra a exploraçao indevida das Águas Minerais da Cidade
pela multinacional Nestlé foi um show de moralidade da política
e do Poder Judiciário nacional.



Quem esteve presente naquela de dois anos atrás, sob o governo anterior,
e ficou enojado diante da conivência dos órgaos públicos
e fiscalizadores com os atos da Nestle, saíu desta de alma nova e cheios
de esperança.



Parece que a era da subserviência estrangeira acabou: não trocamos
mais ouro por espelhinhos e quinquilharias; não vamos trocar o ouro líquido
pelo show do milhão.



Conforme colocado na audiência, o Governo Lula prioriza a água
e, especialmente, a mineral, por ser um recurso nobre, que poucos países
possuem e que pretende ser alvo do governo para situar o Brasil no mercado internacional,
segundo palavras do representante do Departamento Nacional de Produçao
Mineral, sr. Joao Cesar....



A Empresa de Águas-Nestlé (que está sendo investigada por
irregularidades na exploração da Água Nestlé Pure
Life- água sintética) fabrica, a partir de uma água mineral,
curativa (rica em ferro e lítio), para a qual não tem autorizaçao
nem do Ministerio de Minas e Energia, tampouco do Ministerio da Saude, foi dura
e severamente atacada pelos políticos, órgãos fiscalizadores
e cidadãos presentes no auditório lotado da Câmara Municipal.

O processo judicial incrimina a ré Nestle por ilegalidade na exploração
do poço Primavera, por irracionalidade, ou seja, desmineralizar uma água
mineral curativa para fabricar uma água sintética, o que também
contraria legislação nacional; e por crime ambiental, uma vez
que atuam em área considerada santuário ecológico (devido
às condições especiais geológicas que a natureza
ali propiciou, sem estudo de impacto ambiental, obrigatório pela legislaçao
brasileira.

Nas conclusões dos trabalhos dessa audiência, os políticos
presentes assumiram formalmente o compromisso de:



1. solicitar a paralisaçao da exploração desse poço
que é a provável causa do desaparecimento da fonte de água
magnesiana do Parque das Águas, do fechamento constante da água
Vichy e do desaparecimento do sabor e diminuiçao da vazão das
demais fontes;



2. solicitar à Corregedoria de Justiça o pronto julgamento do
Recurso denominado Agravo de Instrumento que se encontra parado há mais
de um ano na mesa de algum Desembargador de Belo Horizonte;



3. revisar o Código de Águas Minerais e legislaçao especidfica
para as Estâncias Hidrominerais.



Representantes do Departamento Nacional de Produçao Mineral de Brasilia
já estão atuando dentro do parque e prometeram que, em 30 dias,
darão uma resposta concreta à população.



* Fundadora do Movimento Cidadania pelas Águas

Fonte: Cidadania Pela Águas
Galera,um mês vivendo em São Lourenço,casaalugada e enfrentando a batalha.Já tô íntimo do babado.

quinta-feira, junho 05, 2003


E-mail por mim recebido via Cidadania pelas águas e enviado aos seguintes deputados:
dep.bassuma@camara.gov.br ; dep.beneditodelira@camara.gov.br ; dep.benjaminmaranhao@camara.gov.br ; dep.bernardoariston@camara.gov.br ; dep.betoalbuquerque@camara.gov.br ; dep.bismarckmaia@camara.gov.br ; dep.bisporodrigues@camara.gov.br ; dep.bispowanderval@camara.gov.br ; dep.bonifaciodeandrada@camara.gov.br ; dep.boscocosta@camara.gov.br ; dep.cabojulio@camara.gov.br ; dep.carlitomerss@camara.gov.br ; dep.carlosabicalil@camara.gov.br ; dep.carlosalbertolereia@camara.gov.br ; dep.carlosdunga@camara.gov.br ; dep.carloseduardocadoca@camara.gov.br ; dep.carlosmelles@camara.gov.br ; dep.carlosmota@camara.gov.br ; dep.carlosnader@camara.gov.br ; dep.carlossampaio@camara.gov.br ; dep.carlossantana@camara.gov.br ; dep.carlossouza@camara.gov.br ; dep.carloswillian@camara.gov.br ; dep.celcitapinheiro@camara.gov.br ; dep.celsorussomanno@camara.gov.br ; dep.cesarbandeira@camara.gov.br ; dep.cesarmedeiros@camara.gov.br ; dep.cezarschirmer@camara.gov.br ; dep.cezarsilvestri@camara.gov.br ; dep.chicoalencar@camara.gov.br ; dep.chicodaprincesa@camara.gov.br ; dep.cironogueira@camara.gov.br ; dep.claudiocajado@camara.gov.br ; dep.claudiomagrao@camara.gov.br ; dep.cleonanciofonseca@camara.gov.br ; dep.cleubercarneiro@camara.gov.br ; dep.clovisfecury@camara.gov.br ; dep.colbertmartins@camara.gov.br ; dep.colombo@camara.gov.br ; dep.confuciomoura@camara.gov.br ; dep.coraucisobrinho@camara.gov.br ; dep.coriolanosales@camara.gov.br ; dep.coronelalves@camara.gov.br ; dep.costaferreira@camara.gov.br ; dep.custodiomattos@camara.gov.br ; dep.danielalmeida@camara.gov.br ; dep.darcicoelho@camara.gov.br ; dep.darcisioperondi@camara.gov.br ; dep.davialcolumbre@camara.gov.br ; dep.deley@camara.gov.br ; dep.delfimnetto@camara.gov.br ; dep.devanirribeiro@camara.gov.br ; dep.dilceusperafico@camara.gov.br ; dep.dimasramalho@camara.gov.br ; dep.dr.beneditodias@camara.gov.br ; dep.dr.evilasio@camara.gov.br ; dep.dr.franciscogoncalves@camara.gov.br ; dep.dr.heleno@camara.gov.br ; dep.dr.helio@camara.gov.br ; dep.dr.pinotti@camara.gov.br ; dep.dr.ribamaralves@camara.gov.br ; dep.dr.rodolfopereira@camara.gov.br ; dep.dr.rosinha@camara.gov.br ; dep.dra.clair@camara.gov.br



Exmos. Sr. Deputados; Exmas. Sras. Deputadas:



Para seu conhecimento e possível colaboração.

Informo que a questão acha-se em julgamento.
O promotor público e curador do Meio Ambiente de São Lourenço,
dr. Pedro Paulo Barreiros Aina, instruiu ação civil pública.
A Nestlé argüiu, e seus argumentos foram desmontados pelo dr. Aina.
O sr. juiz da Comarca deu despacho favorável à Promotoria.
A partir daí, o processo engastalhou num tribunal em Belo Horizonte.
Ocorre que, a ser considerada a opinião do técnico do DNPM,
citado ao final deste texto, a cidade não tem mais muito tempo
para preservar suas águas e garantir seu futuro, que delas depende.

Ontem o site www.rpnvale.com.br noticiou que cidadãos de São Lourenço,
organizados no autônomo Movimento de Cidadania pelas Águas,
estão denunciando pressões da Nestlé sobre o ministro sr. Graziano.
A Nestlé vem colaborando com milhões para o Programa Fome Zero.
Segundo a denúncia dos cidadãos, quer algo em troca: o silêncio do governo.
O site informa também que o Movimento de Cidadania de São Lourenço
irá manifestar-se durante o próximo Fórum das Águas de Poços de Caldas,
no qual estarão presentes o exmo. sr. presidente da República e ministros.

Esses fatos, absolutamente graves, exigem posição dos nossos representantes.
Pelo respeito que tenho pela sua atuação, dirijo-lhe esta mensagem.

Francisco Villela
RG 3685019 SSP/SP