sexta-feira, fevereiro 25, 2011

No intervalo de um jogo de azar

Vá, me dê sossego, me deixer ermitar.
Amigo, dê abrigo!
Vá me dê semanas e me faça sonhar o risco, amigo!
E se eu tiver medo me dê ilusão! e se eu tiver medo me dê uma canção!
E se eu tiver medo a vaca está lascada!
A vaca pode ter ido ao brejo se aliviar!


Nas pessoas eu arrisco problemas, de certo modo até matar,
No espaço deste grilo eu faço piadas enquanto posso gargalhar.



Desespere a lama, requebre o lugar
Só rindo do amigo!
Desagrade a rampa que o Planalto achar
Só rindo do grito!
E se tiver medo faça do medo um cão
E do cão um nego que te faça ser apressada
E na pressa possa te causar furor.

Desespere minha mão de poemas
Pra levar corpos pro jantar
Espalho os ossos que tirei do armário acho que ao longe eu vejo um cão ladrar
Demoro um ano inteiro no intervalo de um jogo de azar.

Morri de desdém

Reparei nos móveis do apartamento, senti nuvens, janelas e ventos
Espelhei-me estorvo, fugi fantasia
Comi astronaves, vesti-me de dias
Sorri de desdém.

É árvore e moto na curva da vida
Construção pesada de noites e dias
Aprendi remotos controles e intentos
Fui ali no bosque, acordei meu relento
O lago despenca no corredor e no alto da mesa
A grande fome da vida passou
Morri de desdém.


Minutos antes fui de mim.

Novo risco

Astronaves calam cítaras
Televisões fazem rindo o desespero já desperto ser coberto
E no ínfimo, no pálido sentido de ser Deus, se cala o eterno ressucitar!
E na dúvida o sentido aberto de falar, se faz um parco guincho.

Das palavras se fazem firmes veias de convicção
E na Televisão o ritmo interno maltratado, internamente inferno
Nas flutuantes formas aladas do eterno  som do nada, a paz do nada
Seja a visão referendada na visita da palavra marcada, criada, infinita
E retomada se faz telever toda inteira.


Se houver a paz, a velha paz que ouvi nascer do amor,
O que fará ver a dor maior? A Flor ou o azul que foi tão bonito?

Arma dispara a me conduzir televisão!
Serei vivo pela sombra do que pedem nas lutas fratricidas?
Posso risco das palavras e sorrisos ser um vídeo e um disparo de destino onde Deus é meu duvidar a ver-me poesia?

Alma mundi me aparece sendo orixá!
Será mundo na palavra ou todo-mundo? Será voz ou um olhar, o sonho, o cru, o frio, a rua?
Será pele, a cor, o animal que fez  súbita loucura?
Ou serão apenas o reler-se e ver-se, só,inteira?

Nua, a calda fria da rotina dedilha-me o ser,
Na rua a costura de mim, me faz, luar, outro ser, novo risco.

Sendo inferno

Na rua estendo o espaços
Me olho no asfalto da minha cabeça e nem reparo nos calos,nas unhas compridas, nos dentes, nas presas
Com tanto disse-me-disse não desespero-me em nãos
Olho as nuvens e os carros
Não mais desprezo canções
Enquanto rio com rios espinafrados nas sarjetas
às vezes procuro um amigo um vão de qualquer ponta acesa
E no inverno sou vão
Sou inferno.


Já visto corpos vermelhos, idéias mutantes,
Libertárias mesas que se consomem em arcos de histórias e estrelas
Sóis, palavras acesas..
E meus olhos sonham com risos
Estupendas razões
Enquanto me torno um milagre me desespero em paixões
E quase inteiro me irrito com medíocres miudezas
Talvez seja este o perigo tão vão destas bandeiras tão espessas que no inverno se vão
Sendo inferno.

domingo, fevereiro 13, 2011

Pintado com traços ateus

Não tenho palavras pautadas nos muros, não escrevo com olhos confusos
Enxergo confusões e deliro e faço deslindar o tempo
Por medos e obscuros risos
Não sou nem poeta nem cristo nem vejo espelhos quebrados no pasto
Vou ali rebuscar minha rua enquanto dá tempo pra beber à lua

E se invento o mesmo dos tempos, dos astros
Esqueço meus olhos no quarto enquanto combato com Deus.

Não invejo o medo das mil consequencias, nem perco minhas inconsciencias
Espero talvez que o que digo me deixe então ladrar pro vento
Enquanto as almas andando me deixam ouvir contrabando
Sem ter de me notar bandido.

E em tempo me vejo deitado no quarto uivando pra uma velha lua
Criada em seguros segredos numa nova rua
Que há tempos é feita de velhos diabos, criados com leite de um pato pintado com traços ateus.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Tão cães, tão artistas...

Das horas sou frias estradas maravilhosas
Espero o tempo, o vento, o desejo das ondas do mar
Espalho-me em outras almas, sou vinhas
E me acabo em sambas que perdem-se em entrelinhas que não têm.

Explicito o encanto das liras, que se transformam em montanhas
E esculhambam as mil vidas que me vêm
São atores, são fitas, estranhas formas de sonho
Que a ilusão determina serem santas, cinesantas...

Das horas são trilhas as mil formas de ilusão repentina
Que se acabam antes em um sambinha de esquina, às duas, às luas
Deitadas nuas se amando em mar
E se desando em asas tão finas
Derreto em ícaros, hidrantes que são tão cães, tão artistas...

Tecido de vida

São as janelas que são estrelas, aspas, pessoas
Plurais e vozes, estilos, luas, letras
Algo em si mudou
As ruas falam, vadias...

O Vento esquenta a alma espalha, o mundo voa
A lente deixa de ser fria
Espalho espadas, crianças, móveis, casas controles
As ruas nadam vazias...


Torno-me o sabor das luzes que as tardes ensinam
Aprendo o novo dos dias
Calo-me em louvor às luzes, às tardes, aos fios
que me teceram vida..