sábado, junho 17, 2006

Guerrilheiros da felicidade

Sambar sem fraque e bom tom
Roupa fina
Ou sapato de cor
Vivendo longe do horror
Dançante nas estréias
Na emoção
Da escola dos caminhantes descalços
Guerrilheiros da felicidade
Robustos em sonhos e atos
Cantamos as almas que ardem.

Nós nascidos em valsas
Perdidas entre medos chinfrins
E vendas de almas e pessoas
Se fazendo orgulhosos longes de um país
Que samba aqui no fraque de uma rua inteira nas mãos
Das pessoas que sentem o chão
Em que pisam
Sambas diaristas da sorte
De viver
Entendendo os pés
Na dança eterna de vidas sofridas
Cantores do canto que me é.

No nó da gargante desta tanta vida
Escrevo o laço
Que me é.

Vivendo no bambolear de um vil salário

Comida de sonho é pó de freio
Na lama da rua, asfalto
E comida anteontem faltava
Na rua
Na lama da vida.

E pó e chuva indo embora como quem dança e é fera
No rubor da dor que cobre e ninguém merece
E no sabor do palhaço calado
Na dor do pobre
Da pobre espécia
Por ser isto
Um ser inerme
No nome
E na morte do divino sangue
Que corre em veia santas
De dia a dia
E chuva de cruz.

Assim nascido
No corte
De todo o tempo
De toda a viga
De cada enorme prédio
De cada novo pó
De asfalto e cheiro e poeira.

E tudo pula, mole
Esmurra
A nascidura
A coisa morta do tempo sem mãos
E com as mãos penduradas no tempo de morte
Do eu
Do ser
Do viver
Sem povo
Pula-se
De sambas e cânceríginas soltas mãos
Das cordas
Vivendo no bambolear de um vil salário.

Ir além dos reis

Palafitas, Farrapos
Trapos ruins
Canudos sem meios
Populacho chinfrin
Externa decoração
Das casas onde moram reis
Escravos de mil sultões
Recados firmes à margem das leis.

Tanta terra
Imensos sertões
Dores de alma
Caminhos findos
O que é caminho então?

Hà lei
Há lei?
Ou existem só reis?

Palafitas de almas
Trapos d emim
Retalhos da lida que mata-me enfim
Catando recordações
Pedaços, papelões, meios
De comer talvez num dia
Morrer no outro
Ir além dos reis.

Toma a terra
Rebenta o peão
Rompe-se o dia
Pra outro dia nascer então
E viver vivo no coração.

Vem nóis

Vem um
Vem dois
Lá bate o tambor
E vem uns
Vem nóis.

Nascendo em mundos
Os sóis vão além de auroras
Viver se é necessidade
E feliz
Toco sem problemas
Boleros doidos
E na História de todo o tempo
Eu verso em vasos
O campo cheio
A bola solta.

A viver
Sou eu
Que nasce assim sem amarras
Por entre pernas e mels de lembrança
Passageira indo
Em fins sem esperança
Só as minhas mãos
Mexendo os dedos
Escrevendo cedo
Todo meu epitáfio.

Toca rápido o tambor do pranto
Que é o caminho chamando cedo
O pé e o fim
A vida enfim sendo a liberdade
Como se tudo, o tempo inteiro
Todo o ser
Sendo mais que espera
Sendo ação em cor
Sendo o espetáculo das Terras
Em mãos Maciças.

Eu vou voar indo novo nas auroras
Sendo estrela de enxada e carne
Sendo esteio de verdade nova.

Sair do mundo morto
Ser aurora
Saber o ver e o viver
Que faz feliz
Um final de sol e pranto
Coisa gostosa, de café e canto
De cerveja abraço e um gol amigo.

A viver
Adeus
Aos sem sol.

Entre Arcos e chamas de Rio

Canta espada
Canta
Em teu nome sangra
Aquela planta, o pranto
E os determinado incenso
Que cheira ao mês exato
Em que os rios dançam.

Canta cais
Canta invento, vento que em pó
Faz muro e mó
Rolarem como se o fio
Da alma, corresse aquela estrada
E morresse em folhas mortas
Do fumo queimado
Do sexo usado em planos e ganhos.

É o movimento do tempo
Quase sem tempo
Sem intento ou Rio
Que navega em mim
Por estas ruas sem velhas velas, corpos ou a mim mesmo
Aqui sozinho
Notando Arcos
E você
Cadê?
No Rio onde é meu pranto
O espanto dos mortos vivos
Na calçada
Abaixo do Menezes cortes.

Como ser sorriso
Neste fio de espada
Calada
Nos versos que nasciam
De dedos elásticos
E hoje uivam?

Canta Sorriso
Longe de você
Que em meu Rio nasce a ser
Um delírio
Que traz o sorriso cansado
Do sonho
A meus dedos
Agarrados na lâmina dos sabres
Dos versos
Que ardem
Entre Arcos e chamas
De Rio.

Entre as partes da mão que não esconde a risada

Invento detalhes, colossos
Recados de dormir
Cravados entre indústrias que misturam seu papel
Ao de nossas horas, nosso sonho
Nosso mel
E nós , embriagados
Dançamos na festa de um céu
Que já vai morrer.

Ouvi um dia Bussunda retrucar sem medo meu
Que não havia loucura a não ser negar o peito
Achei muito perfeita a invenção de murros longos
Depois de troncos ornados pra viver
E eu vou viver.

Entre harpas, aspas, cores
Luas doces, novas
Enviei minha alma à sorte
De outra alma viva
Construi casas de sorte
Nesta casa minha
Linda.

E nós
Poetas das quebradas
Entre copas, entre reis
De espada sempre na mão
Samangos, nossos irmãos
Pegando pesado contra nós e contra a vida
E nós driblando a vida
Chutamos de longe, com a torcida
No Gol de placa da vida.

E entre penas, cores
Dores, coisas nossas
Achamos a arte tão bom
Que a fazemos viva
E vida
Entre as partes da mão que não esconde a risada
E a vida
Viva.

sexta-feira, junho 16, 2006

Lapa

Sol bem lá fora
E a Chuva de outrora ameaça o domingo
E os olhos vão além
Vão ali na hora
Que faz de mim uma outra dança.

Eu entre aspas me faço rateio
De mesa de beber e rir
Sem cama
Pois a lua é dela
Deste sonho de vida
E de ser tal como quem faz meu
O sonho de ser igual
A um baile sem mentes
Sem sonhos e fins.

Só o beijo normal que nasce na lama
Do meu riso sem ciso
Só o natural de mim
Sem perdão ou calma
Que encena
O jeito que engrena o anormal
Desejo de ser assim
Talvez querendo viver demais.

Atos

Ato de guerra
Insanidade às duas
De outras matinas e bandos co-irmãos
Com fúria cega e corpos que desandam
Deitam-se ao solo
Entregam-se sem mães
Só o displicente distante querer do céu
Este inferno irreal sem flor, sem mel.

Ato de merda
Fome de morte e duras
Ganhos incertos
Metades de quinhão
Atos de chute na cara e "Meu irmão, qualé!"
Atos de aprto nos becos da invisão
Porradas que doem nos cornos do amoir
Que vê o sol fugindo ao léo
Nos olhos dos canos que correm o meu céu.

Chute de rua e solto soco
Tiro nas ventas de outro meu irmão
Tiro do tira e do mano das ruas
Tiro do Padre, do Deputado cão
Negação cega a tudo o que faz as luas
Mote de morte, de fim da ilusão
Um erguer da lei que fareja como cão mordedor
Que corte meu sangue, meu sonho
Minha real intenção
De querer mais que Deus
De querer viver, ser irmão.

Ato de ato
Que mata o morto, que chuta o nego
Que faz o medo ser nosso rosto
E mata o sonho sem grana
E sem mentira
Sem sentido e faz o incerto
Ser a falta de cor
Que faz do medo todo ator que faz são
Todo meu temer e toda minha irrazão.

sexta-feira, junho 02, 2006

Arianos

Qual canções
Sobre os ritmo do nada
Como assim
O impulso da própria existência
A sentir a vida inteira má parada
Indo no inevitável do momento.

São razões
E insensatez tanto pensada
Quanto
A loucura dos ingênuos
Explosão da ira nunca disfarçada
Qual um desafio ao próprio tempo.

São sentir
Toda a natureza aniamada
Corações
Rumos que rompem o tormento
Ao saber
Que toda vida é morte amada
Ela que só nos supera com a arma Tempo.

Vindo assim
Cada verso, vã palavra
Mente
Pois toda ação explica o vento
Sem assim
Prender-se em letras apagadas
Sobre
O próprio sentido do movimento.