quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Poemas Curtos

Repente de um rap salvador

Sapecando vagabundo sonhos fartos
Me desembalo
No repleto sol de flor
Vagabundando piruetas de alforria
Debulho dias
Pelos cantos de outra cor
Que desembanha outras artes
Outros intentos
Que vasculham pelos ventos
Um destino amador
E eu maluco
Buscando o sorridente
Procuro no Samba repente
De um rap salvador.

O batuque do meu ser

Queria saber qual ninguém
A rua certa que atroz
Me mostra o sorriso que vem
Calçar meu peito de outra voz
Que badale o sabor
De um amor bem querer
E saudosa em mim
Remartele enfim
O batuque do meu ser.

Intervalo da Volta

Meu coração se mata
Antes de dar-se em despedida
Vulgariza-se em Sambas
Ao olhar a pretendida sorte
Do Sorriso alheio
Que não pertence-me.

Amar como quem solta-se em velas
Como quem vê no rosto
Daquela que meio anjo assalta-me o peito
A entrega de um amor desmesurado
Pleno do sofrimento da ausência
De sucesso
Platônico resultado da solidão.

E eu, bambo mambembe,
Clown sem Shakespeare,
Anacrônico no veloz mundo sem cheiros
E tintas,
Deixo-me assaltar pela melancolia
Ao ver no sorriso àquela que encanta
E mata
Por deixar a solidão e a carência
Alcançar-me
Sem o belo e romântico beijo da espera
Sem o libertar de Cavaleiro de Branco
Deste donzela petencente a leões fugidios.

Hoje brilho no escuro do encanto
Porém o que sou
Além de desalentado sonhador
Que moído em máquinas monetárias
Tenta iludir-se
Na vã onda dos que morrem diariamente?

Na ruiva fronte
Talvez deite o dom de amar-me
Porém como saber
Se talvez o encanto nada mais seja
Do que a busca daquilo que novo
É apenas o intervalo da Volta
Ao príncipe amado
Que deita ao lado
Excluindo-me.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Criando caminhar

Havia dor de Avô
Flor de Fulô
Palavra que tudo reduz
Quando em bumbo cantada
Feita voz que tudo determina
Ao simples relar
Faz-se relar
Neste caminhador
Que é o mundo
Meu lar.

Hoje me largo nas roças
do meu coração
Lembro da vó
Roço meu sentimento
Tenho medo
Tenho só
Cantando samba do tempo
Onde rolava na canção
Dor de sofrer pelos ventos
De fome e ingratidão
Preto no meio da alma e lusitano nas cantigas
Jogo jongo pelas lidas
Destas trilhas.

As trilhas onde meu Vô
Velho Avô
ensinou-me o rumo dos mundos
Que hoje cantadas
Têm a voz, o controle e a rima
Deste meu olhar
Velho olhar
Moleque que foge das correntes de se amarrar.

Hoje me largo no poço onde criei sol
E criei cor
E onde bebi sedento
Àgua de barro
Com o Sabiá nas janelas do meu peito
E coração
Com meu velho sentado
Me explicando confusão
Sabendo ver nas histórias do povo
Nestas razões sem mais razão
Algo como um tempo, um exemplo, uma visão
Sabendo ser liberdade
E brigando pelas trilhas
Que talvez só sejam vida.

Vou nas quintas
e vinhas
Do meu sabor
Este sabor
Sonhado nos sambas em cruz
Que tremulam na alma
E nas manhas
que tão determinam o meu olhar
Meu próprio olhar
Que hoje tenta ser sereno
Criando caminhar.

Inteiro manifesto

Virado em mergulhos desta própria vida
Jantando as migalhas que caem do ar
Enquanto saio louco
Rasgando vazios
Percebendo mundos de se estranhar
Nesta desilusão calada das Histórias
Desta gente que busca até ser feliz.

E eu indo à toa
Doendo demais
Nesta minha saudade
Sem inocência crua
Só realidades
E a porrada feia que dou mesmo em mim.

Sem saber destas quebradas de cada inferno
Sem perder a coragem de fazer o que quis
Rolo como se bola perdida nos dias
Rodo milhões de vorazes versos de aliás
Assim fingindo verdades que acato e cedo
Tentando ser o adulto que não sente medo
Adulto este que não vê jamais
Nova vida à toa
Mais do que vem
Mas feito da vaidade
Que imbecilmente corto talvez da carne
De onde nasce o Deus que não creio mais.

Assim sendo talvez vá sozinho
Restaurando a rua onde me criei
Sabendo natural a ilusão das esquinas
Versejando inverso tudo o que se dá
Nestes caminhos tortos que se fazem mundo
Trabalhando, ralando, triste, vão, confuso
Talvez eu sem saber adulto ser
Estou lá.

Indo sem boas
Sem mesmo olhar
Tanta maldadade
Que eu mesmo "bom"
Na perversidade
Da vaidade já fiz e volto a criar.

E não sei se nesta boca posso dizer "poeta"
Palavra esta inteiro manifesto
De algo bem maior que o próprio verso
Pois hoje só me dói o erro de me dar
Levando ilusões a quem não me vê mais.

Exército de narcisos

Aqui
Parado nas conclusões futuras
Do embolado coração
Que em ruptura fútil
Amarga-me conclusões e torturas
Fecho os olhos às flores que pintei
Nas ilusões que rego
Enquanto em solo
Toco clarinetas imaginárias.

Agora feito algoz de mim mesmo
E cruel na imensidão de meus desígnios
Preparo golpes a corações abertos
Que porventura, tolos, foram cegos a verem-me
Como doce e perpétuo anjo.

Assim feito exército de narcisos
Morro diariamente
Sem ao menos calar-me diante
Do inevitável medo
De sentir-te aqui
Enquanto longe de meu sonho
E de meu corpo
Procurava substituir-te
Por pássaros cujas asas jamais voassem.

E neste poema desmesurado
De conseqüências irresolvíveis
E problemas absurdos
Escrevo distâncias e decisões
Que amparam dúvidas com perguntas
E respondem medos com horrores
Desconhecidos
Para quem, como eu, sobe nas asas do vento
Para perder-se embusca da fatal felicidade.

Felicidade que calada
Mente a mim
Em seu destemor
E morre como se meu sonho
fosse apenas
A vil brincadeira
Dos irresponsáveis.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Masculino de mulher

Palavra dada não mora em Minas
É qual ponto que termina
No Luar todo que é
Este Deus que alucina
E não significa fé
Este Deus tão feminino
Feminino de mulher.

Palavra dada não é só rica
Nem renasce maravilha
Só renasce Deus que é
Este Deus tão masculino
Esta coisa que se é
um Deus todo maculino
Masculino de mulher.

Palavra rica que é luar
Que parece oração
Para um Deus que não sei se é
Esta coisa tão bonita
Que é ser Luar, e é
Ser somente feminino
Masculino de mulher.

Luar

Este Deus que nos ateia
Vida de incêndio brutal
É o Deus que comunga a festa
Que faz dos olhos
Luar.

E se há luar
Luar mora na palavra de Deus
Deuses ser
Ser intenso no rebrilho luar.

Há o luar
Onde luar é cada parecer
Com o ser
Ser significa luar.

A sina de ser Carnaval

Sob o sol
Embriagado busco outra essência
Vaculho mundos plenos de consciência
Sinto em vão o sinal
De um mar
Que mareia minha vida
Eu tão distantes das ondas
Das linhas
Buscando, afinal.

Onde as artes vão se abrigar
Desta tragédia que é o normal
Que abunda em cada olhar
Seco, morto, sem sal?

Onde a vida vai desaguar
Se em nós há um abissal
Medo tolo de nos tornar
Mais que o mal.

Há em cada ser
Esta estrela ribalta de tudo tecer
Maravilha inata de só nascer
Vivendo o novo de dias banais
A florir
Auroras que bastam
A tudo
A si
No sorriso que abre um feixe de explodir
Estes soturnos animais
Que morrem a cada esquina
Na hipocrisia normal
Deste não viver a sina de ser Carnaval.

Paula

Menina não chore de dor
Por tudo o que vem aí
Tem estrelas nas esquinas
E sorrisos de rubi
A cada curva
Desta estrada
Que ruma solta
Entre cruzes e palavras.

Entender o sabor
De cada dia que vês
É saber-se calor
É saber-se entender.

Menina não chores de cor
Destas gentes que daqui
Aprenderam uma vida
Onde nada é assim
Como a lua
Como a palavra
Destes mil sonhos
Que descobrem nossas almas.

Entender o amor
De cada mundo que vês
É a razão da flor
Que hoje é você.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Delírios em meu mar

Raios cortam obuzes
E misturas
Repintando loucuras, sóis e chuvas
Entre asfaltos e ruas
Lâmpadas nuas
Neste barro de horas
E canção.

Quase feitos da obsessão
Pela História que acabo repetindo
Nestes cantos revolucionários que sinto
Rebaterem-se
Qual fome
Sede
Nos braços
De quem busca em si o incendiário
Mas derrete-se em meio à paixão.

E rebrinca invernos, sóis distintos
Desta garoa que lambuza o farol
E me têm qual verão de outro dia
Dia que assina
Poemas no lençol.

Assim sendo História, Glória
Peças
No Amor pelos mundos recriados
No utópico peito incendiado
Pela luta, pelo corpo, pelo amor
Avilto a regra cujo teor
É a amarra que compreende escravo
Quem discursa contra Deuses e Diabos
Contra qualquer um que qual feitor
Nos retém quando livres pelo amor bravo
Somos Gládios
Somos Aves
Vento
Flor.

E desejo
Avanço em desatino
A Saber-me lua entre os seios
Desta voz
Que destina às tantas estrelas frias
A melodia que faz-me novo sol.

E sem mais nestes ares quase preces
Que invento em tardes de Ouro fino
Debulho palavras, versos, trigos
Percebendo delírios em meu mar.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Esqueça e aqueça

Floresteia intensa
A insensatez inata
Da alma imperfeita.

Venteia imensa
Como se fato raro
Acima das ventas
Que cada um pensa
No enlouquecido espaço da própria
Cabeça.

Rastreia
E aqueça
O corpo hoje em fausto
De tédio e sentenças
De purezas e crenças
Rastejante no amargo
Víes do esqueça.

Esqueça e acenda
O fogo que ateia
O peito, o coração
A veia
Esqueça e aqueça.

domingo, fevereiro 05, 2006

Entre os dentes

Deus meu
Veja o enorme e longo
Fio
Que entretêm as imensidões.

Sinta a dor
Dos extremos e fortes
Intatos sentimentos
De força e perdão.

Veja a semente
Que nasce agora em mim
A ser alguém
Como um trem
Jantando luzes e sons.

O que se vai
Vai além da paz
Que ninguém sente
A não ser quando torna-se luz.

Veja Deus o meu amor
Que sabe em torno
A luz que viu
Quando ninguém vê mais.


Veja Deus a flor
Que invento sem sentido
Sem imenso e novo rio
Sem querer além de ser mais
De só ser mais
Entre os dentes
Entre
Toda a forma de se conseguir ser mil.

Veja em Logun meu amor
Minha forma toda
De rimar razão com som
Meu coração treme
Suor em sóis de enfim
Tantas vezes de viver amor
Tudo se torna mais
Sempre
O beijo
Inalado de algum segundo
Que se faz sorriso.

A luz que sentes
Ante o que libero em mim
É só alguém
Andando além do que vÊs
Aqui em sua prisão
Que crio em paz
Ou liberto
Como uma bomba de efeitos mil
Como uma canção
Que rasgo da imensidão.

Cores

Verde alma ver
De perto tanto
Ato ar de inverso
Lume e rumo azul das periferias
Deste ouro alma
Verde inverso ver
De perto o momento
Casualmente insão das melhoras da revolução.

Revolutas, Cinzas
Fogo
Queima a palha
Deste som de inverno
Inventar momento
Sol de queimar rimas
Solo de palavras
Ato, mata, verde
Rebuscar momentos
Casualmente sem dom
Nestas coisas de direção.

Brancamente imprima
Pretas versejadas
Rasgue solamente
Amarelos tentos
De perder-se em milhas
E republicalhas
De gentes e gestos
Natural meu tempo
De buscar sentir em sons
Tropicálias e sons de Tom.

Gemarianas

Hablar
Versos
Sobretons
De pinturas línguas e sons
Sacudir e ir entre as pernas
Os dedais
Ar Tesão
De mares e explosões
Sem dúvidas indo em demão
Pelo estar
Multisentidos.

Misturar e remar ascensos
Rumos
Remuniciar
Os incensos e versos do mundo
Por relar no estar
A ser
A tudo
Tudo mesmo olhar encantando teu ser com meu mundo.

Unimultinventos

Se rola a tumbadora
Mudo de palavra
Respiro quase um não ardor
Neste acordar sem me ir
Por entre hardcores
Fora das quebradas
Me deliciando em cenas
Onde o som
É a munição que pega
Atirando coisas
Batucando em mim
De prima
Ardor causa momentos
Que podem ser ou febre ou cinza.

Rolando o tambor deste não sentido
Requebro numa lenta
Câmera feita de mãos fechadas
Me pegue talvez numa tomada
Onde o meu desamor não vá rolar
Por aí
Pois amor que já não cura
Muda de empreitada
E se retringe em tempo
Multi mil tempos
Reversos
Asas.

Calor que dói na pele
E reproduz alma
Sem reter-se nos tantos
Tempos, Relentos
Emoção rasgada.

Amor me conduza ou não faça nada
Unimultinventos
Conduzam tentos
Ou calem-se em mágoa.

Tiras não poéticas

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Versos Galantes

Vento sem tempo
Invenção
Tento pôr neste ar tudo o que se pensou
Acabo o show que me revela o momento
Dou meu sorriso
E desfio a cor
Do inverso meu que vejo em versos e horas.


Assim aumento
Exagero o intento
Desfilo em paz falsa de bom ator
Saber e ver não é apenas talento
É dom que ainda não possuo em flor
Porque meu eu
Não vê o inverso
De todo eu
E entende o que faz-se aurora.

Por mais que ainda sinta dor
Reverto a ineficaz e distante
Espera de qualquer outra flor
Vôo para bailar
Versos Galantes.

Bons dias

Verdes
Olhares, Rostos
Decifrando alma, fala
Palavras que dão bom dia
Desfilam como casais
E verem-se astro.

Eu mesmo mais velho e moço
Menino em disparada
Resvalo nas melodias
E queimo mi corazón
A medir-me alto
Canto em Baixo.

E os verdes dos sóis cansados
Dos Cavaleiros de Ofício
Deslizam por entre o linho
Trançado de Bolsas, sons
Cantados nos tons de cada sorriso.

Parelhos a cada lado
Do paradoxo das veias
De cada homem de hino
Vestígios de novos ares
Passam ingênuos
E tornam-se sóis alvos.

Há mesmo a paz dos bons dias?