quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Exército de narcisos

Aqui
Parado nas conclusões futuras
Do embolado coração
Que em ruptura fútil
Amarga-me conclusões e torturas
Fecho os olhos às flores que pintei
Nas ilusões que rego
Enquanto em solo
Toco clarinetas imaginárias.

Agora feito algoz de mim mesmo
E cruel na imensidão de meus desígnios
Preparo golpes a corações abertos
Que porventura, tolos, foram cegos a verem-me
Como doce e perpétuo anjo.

Assim feito exército de narcisos
Morro diariamente
Sem ao menos calar-me diante
Do inevitável medo
De sentir-te aqui
Enquanto longe de meu sonho
E de meu corpo
Procurava substituir-te
Por pássaros cujas asas jamais voassem.

E neste poema desmesurado
De conseqüências irresolvíveis
E problemas absurdos
Escrevo distâncias e decisões
Que amparam dúvidas com perguntas
E respondem medos com horrores
Desconhecidos
Para quem, como eu, sobe nas asas do vento
Para perder-se embusca da fatal felicidade.

Felicidade que calada
Mente a mim
Em seu destemor
E morre como se meu sonho
fosse apenas
A vil brincadeira
Dos irresponsáveis.

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