domingo, maio 28, 2006

Me faço olhar

Antes destes ases
Eu perdi a conta
Fui normal
Me lancei nas costas
De outro mal
Me larguei nas horas
De perder a hora de amar.

Antes destes gases
Que matam horas além mar
Que me calam folhas
De jornal
Que me façam novas
Notas de hipócritas
Há mar.

E eu me calo tudo
Faço tudo obscuro
E me calo e arde sem parar
Este novo rumo, nulo
Quase muito
E quero é mais
É ser.

Quero ter teus ases
Preciso de teu olhar, do sal
Preciso saber se há o mal
Preciso agora
Talvez de tua porta
Ao mar.

Calo sem apostas
Falo poruqe gostas
E me faço olhar.

Nem Palavra e nem medo

Nem na boca tem mais medo
Nem palavra
Nem na hora de morrer eu largo a casa
Desta palavra sem medo
Ou levada
Que bem parece a irrazão que já me invade.


Cada hora que há medo
O medo é o mal
E coragem já me torna imortal
Já imoral
E nada disso me torna melhor, nem bem, nem mal.

E nem mal
Me calo pra não desdizer
Nenhum grito, sentido ou segredo
Nem um risco, nem tino, nem medo
Pois eu morro entre atos
entre casas
Ao sonhar e desonhar como agora
Ao notar a ilusão que hoje é trilha
Ao não termais medo de outras trilhas.

Nem palavra e nem medo me hoje cala.

Controverso

Não me esmurre
Meu sonho é controverso
Não me mude
Teu sonho é contra o verso
E há tantas horas
O tempo, a lama
O maço
O verso
São já tantas horas
E dias que se fazem o inverso
E a cada hora o mundo rima
E nós aqui dizemos ternos
Morrer é controverso.

Não há tempo
A massa sabe em tempo
Tantos são os calados
E nós contando momentos
Em que somos os inimigos
Perdidos na ilusão
De fornecer perigo
E todos lá fora só sorrindo
Mudando a cor dos muros velhos
Todos já somos velhos.

Falei direito
Escrevi direito
Tentei ser direito
Até parei de desdizer o que disse à vida inteira
Cansei de dar bobeira
Já sei
Vou correr contra o verso
Ou já ser controverso?
Tomei liberdade interno
De ver-me novo inverno.

Hoje chega

Eu quero a fronte serrada
O tapa
A corda
Que arrebenta o peito
No peito
No que deito
No coração na mão
Sem mão
Sem sonho
Sem consumo
Sem sumo
Idiota
Palhaço
Palhaço
Palhaço.


Palhaço dado no ventre
Na pedra, no intento perfeito
Na bandeira rasgada
Na multidão
Ignara
Ignorada
Sem vento.


Seco soco murro
Muro
Na boca
Na mente
Quem mente?
O sussuro ao canto da banca
Na banca dos mundos sentados
Ouvindo em discursos
Em pulsos
Em ruas e povos
Sem povo
Sem rua
Só carpetes e mesas
Só mesas
Expulsos
O povo
O moço
A rua
A bandeira
Só voto
Hoje chega.

Menino

Se fosse sabor
Saber
De ti
Enfim
Assim qualquer momento
Do tempo intento
Medo de servo ser
Medo se não ser
Perdido.

Por aí morrido
Em nítido tempo
Em tempo
Movimento
Sentindo a ti
Em vento
In
Vento.

Seria eu
Meu seu
Tempo
E sabendo amor em tempo de intento
Em fio
De esperanças
E danças mil
Eu assim
Nitidamente
Menino qualquer
Ia-me
Sem ir
Por aí
Contigo.

sábado, maio 27, 2006

Cale a boca

Cale a boca
E o desejo
E dê-me a arma
Cale a boca e o segredo da palavra
Cale a boca por favor de Deus
E mate-me a alma
E sem delírios mostre o sol que hoje arde.


Cale a boca e faça-se o mal
O bem de ser ninguém
De ser fatal por ser
Natural em sol.

No final
Todo desejo é viver
Sem segredo
Sem ritmo
Sem medo
Apenas por ser assim tão natural o medo
Como um canto sem tornado e sem casa
Como um grito que se expõe na noite fria
E eu dormindo sonhando com maravilhas.

Cale a boca.

Tormento

Se me esmurre na Minha palavra
É o vento
Que faz duro, o silêncio e o tempo.

Se me chute
Esculhambas o intento
Do teu chute
Ao perder a mim
No tempo.

Se iluda
E me faça eterno
O astro do vento é o monstro
E eterno meu desejo é certo.

Eu tô lá fora dominando
O astro e o verso
Derrubando internos
E reis de douros, ternos.


Cale e mude
Não me encha com ser moderno
Eu sou aqui dentro
Bem melhor que o passado
Do seu menor intento
E tô em tempo de amigo
Fazendo voltas de chefes ninhos
Mortos na autora sem saída
Dos dias sem infernos
Eu vivo bem mais terno.

Não tem dinheiro na carteira
E nem tempo pra colher modernos
Fogos destinados
Ao gueto
Do verso.

Eu já não sei
E nem retruco mesmo
Outro truco
Jogo que faz-se esmo
E nem sei
Se interno morro ou venço
Nem titubeio
A pensar-me morto ou verso
Não calo-me
Tormento.

terça-feira, maio 23, 2006

Pra todo meu povo e tempo

Podem juntos
Irmãos e o tempo
Dançarem como negros
Em tempos e inventos
De santos dias de outro tom
E de canção de hermano tempo.

Pode o sol ser a magia
De uma poesia solta
Como se fosse o invento da porta
A saida do desejo
E como se toda a noite fosse noite de um tempo
Onde meus pés e mãos são negros.

E nas Itálias da cabeça
Uruguays de meu desejo
Lua solta em alta Lapa
Lapa solte em meu negro
Ato de ser alta vida
De ser vida e intento
Como se samba fosse
Apenas um meu desejo
A soltura das amarras
Pra todo meu povo e tempo.

Asas do se Animar

Falar de ti
Pode ser
Para ti
Sorrindo o som de um bom tom
De rir.

Porque o azul de tudo é o azul
Da magia
Ou o dia
Sendo somente nós.

E porque a sós
O nome é doce
Na boca atroz
E somente a ti
Somente pra ti
O tom do bom é o som que faz
Nascer de ti
Um sorriso úmido
Um zumzum
De dias
E marias
Que não sabem ser nós.

E um
Nosso dia
Nossa magia
Sendo assim como ia
O Dia se não fosse a prece
De nossos corações
A dançar como um coração
A se descontrariar a magia e o corpo
A se lançar
Nas asas
Do se animar.

Os sonhos de gente a cantar

Se há sol sem cor
Não nomeu lugar
Se há sol sem dor
Não no meu sonhar.

Nasci
Por aí a voar
Nasci
Sem nem notar luar e por aí pude ver
Criança virar gente a queimar
E por aí pude ver
Adulto não crente inté rezar.

Se fugiu a cor
Olhe bem no olhar
Se fugir a cor olhe para o mar.

Nasci
E cresci a escutar
O rir e também o chorar
De muita gente que crê que palavra vida
É pra sonhar
De muita gente que crê na palavra vida
Pra voar.

Eu olhei para o chão e aprendi do chão
Que nasce se plantar
A imensidão do sonho e das flores
Do peito de quem lutar.

E nasci da cor
Da mão do irmão do mar
A rir
Com seu barco a deslizar
A vir
Cantando o tom do luar
Entre o sonho e o ser
os sonhos de gente a cantar.

domingo, maio 21, 2006

Partido do Cachaça

Ontem eu fui na festa do cachaça
Tava lindo
Tinha riponga cansado
Tinha dondoca sorrindo
Tinha paulista calado
E mineiro sacudindo.

Porque somente no clube
Da cachaça bamba canta
Comunista desembesta
Neo liberal não se espanta
Com todo um povo em festa
Na cadência de um samba.

Ontem eu fui na festa do cachaça
Tava lindo
Tinha riponga cansado
Tinha dondoca sorrindo
Tinha paulista calado
E mineiro sacudindo.


Porque somente no clube
Da Cachaça se encanta
Quem já perdeu alguns sonhos
Quem sonha em esperança
Quem se limita na vida de trabalho e não dança.


Ontem eu fui na festa do cachaça
Tava lindo
Tinha riponga cansado
Tinha dondoca sorrindo
Tinha paulista calado
E mineiro sacudindo.

Porque somente no Clube
Da Cachaça gente tanta
Se descobre amante
Se redescobre e canta
Pra que amigos do dia
E antigos façam dança.

Um Beijo de amor e Sal

Ana graça
Nana jardim
Flores avulsas de mim
Retumbantes vãs palavras
Não descrevem nada enfim.

Não há mais nenhum ar pra se jogar.

Entre pedaços de outro mal
Vozes frias
Lua normal
E a imensa maravilha
De viver sempre o bom dia
De viver
Pelo teu sal.

Luar é coisa que brilha no olhar.

Estrelas parecem velhas
Qual a terra
As trilhas e as feras.

Há meninas que dançam veras
À Vera
E há a linda
Donzela
Que destina sonho e sal
Verso vão
Verso banal
Que procura melodia
Pra roubar da moça a trilha
De um beijo de amor e sal.

Sol Mininim

Sol mininim
Petisco de graça
Coisiquinha à toa
Ages de mim estrela que baila
Saravá pessoa.

Parto de um sol sozinho
Que faz poeta perder a razão
Vento que corre bons dias
E vira mundo
Em qualquer vã canção
E de rápido riso
Faz os segredos perderam a vida
E desvela o sorriso em dias
De vã palavra que agora cria
Um novo sol de ondas
E parta de várias
Letras e doses
De uma melodia.

Sol que de si
rebrilha patacas
Faz nascer pessoa
Parto de sins
Estrela e meca que hoje brilha à toa.

Sol de riso de mansinho
Autoridade de imensidão
Rasgo de mil noivas, linhas
De trens que abarcam maravilhas, sons
Como ser um artista de palcos nobres e ruas vazias
És assim como um bom dia
De uma fada
Que faz ventanias
Parecerem sóis que dançam
Numa noite fria.

segunda-feira, maio 01, 2006

Claudia

Faz-se sol
Há na palavra um jardim
Feito de monstros
E novas árias de uma cor
E um fim.

Ages em nus
Cores repletas de um céu
Que cortam celas
E grades que desatam nova cruz.

Palavras sorriem
Quase como quem desafia mar
Atos fazem mesa
Cama e, quiçá, clareira.

Tantos nomes
Tantos chãos
Homens, desígnios vãos
DE coisas cantareiras
Prontas pra, sim ou não, tornar-nos irrazão
Feitas de tanta certeza
De perde-se à própria mão
Guinado-se no canto
De uma sereia viva
A própria magia.

Como ao sol
A palavra arde sem jardins
Ao ver-se em fogo
E em fogo inadiar-se a ser sim.

Redescobrindo o olhar

Entre detalhes de cor
Inventos, ventos ao mar
Dezlizes vivem entre os dedos e o teclar
As linhas de verso meu
Que cabe em si entre a flor
E a lâmina do cortar.

Rebuscando coisas Super Man
Tendo na telha apenas
O sentido inexato e tênue
Das coisas vivas que perdem-se entre risos.

E a snuvens de outro dia
Quase sempre de um dia sem par
Feitas em duplas como se todo o par
Fosse apenas a maravilha
Que limpa e desafia a tinta.

Que pintava a cena como matéria
Matéria pronta de qualquer matéria
Finda
Que em tempo, em tempo
Sugere o caminho da mão
O deslize dos dedos a caminhar a mão.

Na razão inversa do tempo
No tempo que descria o inferno
A vesgo queimar a alma
Como se Sol.


Inevitável calor
Surge no vento do mar
E tudo ri enquanto pinta-se o pintar
Dá-se na telha que Deus
Faz tudo ser o pintor
A desvendar-se no mar.

E isso sugere à língua
A perfeita noção de vida
Reabrindo-se entre risos
E novas mil melodias
Que armam-se a ser-me sol.

Desafiando-se cor
E refazendo-se cor
Das palavras tirando o sal
Deste delírio de escrever como pintar
Rimando o caminho
Eu, palavra feita de dor
E sentimentos de ar.

E escrevo como um fio
Depressa
Sem calma e nem sentido
Apenas o peixe, o arco
O desamparo dos que deixam-se ternos
Dos que morrem-se eternos
E sem fim vão-se tensos
Internados em verso
Como um segundo ao certo
Perdido entre imersos
Como tolos sem direito
Dançando-se nos lamentos
E sem tempo e sem verso
Fazem-se apenas cor
No pincel do julgamento.

Escrever,pintar cor
Desenhar mar e luar
Lírico fim de não saber a quem amar
E nem mesmo a quem Deus
Situa sucesso ou dor
Redescobrindo o olhar.

Partes de Sina

Saber colher
Saber colar
viver marinas
Ser invenção
De coração e eternidade.

Sorrio em mar
Sorrio em cor
Sorrio em mesas
Só Rio em paz
Vendo sabor
De realidades.

Vindo pelo improviso
De realimentar esquinas
Driblando alvos e sinas.

Palavra flor
Palavra amor
Novas belezas
Águas de ar
Águas de mar
E vida à vera.

Desviar dor
Desviar mortas cantilenas
Fazer será
Virar irá
Pelas cidades.

Vindo e indo em cio
Entre detalhes e tintas
Criando partes de sina.