quarta-feira, março 29, 2006

Milharal de pensamentos

As falas dos homens são apenas vértices de almas impróprias perambulando por aí. Como sinos.
Será verdade que o futuro é um encanto despropositado do homem com o fantasioso medo da morte?
Há porventura algum sentido em esconder-se do tempo, como se a vida parada deixasse algo mais que a imensa dor da inexistência?
Ou seremos todos apenas pérfidos meninos a brincarmos com uma solidão ininterrupta, enquanto observamos o jogo das estrelas com ódios na mão?
Aposto eu, imundo poeta de beira de calçada, que cada centelha que explode agora, nada mais é que uma resposta inevitável a todas estas perguntas. Porque a centelha de cada olhar e notadamente dos olhares febris, é a vida em si mesma, imortal, eterna, mesmo que o corpo acabe.

Aniversário

Um dia, uma semana, tempo passa
Tempo passa
Segundos e minutos no relógio, nas descidas e subidas
Das quebradas
De um Rap norteante
De um verso em troço velho
De um terço desta vida
E que vida
Que se faz
Nas Racionais
Milirampas de caminhos
E destroços de nós mesmos.

Nós que vamos
E se vamos
Pelos jeitos entre muros
E castelos
Cartas velhas, maltrapilhas
De um mundo
Qualquer que não me vê
E não me crê
Indio velho preto e branco beduníno
Que não move outra palha
Senão mundos.

terça-feira, março 28, 2006

Denise

Sonho de corpo em perigo e risco
Ferventes águas de olhos
E seios postos em sortidas cores
Que causam em vida e alma
O sangue fervente que explode em paixões
E delírios.


Asas que confundem milagres
E respeitos que rompem limites
Corpo em prontidão sucessiva
De desejo em fúria
Explodindo pedaços de mim
Como em febre
E luz incandescente.

Fuja
Embala-me em teu corpo
E permite o meu enlouquecimento
O rompimento da sanidade
A fuga destes mundos que separam minha boca
Do teu corpo
E meu desejo destas mãos
Que fazem do jogo
A própria razão do existir.

Desejos

Desejos não se movem, entre as aspas de palavras
Passeiam por corpos
Que deslizam
Calmamente
Enquanto os olhos devoram
Pelas retinas do dia a dia
A beleza incandescente
Da mulher de olhos negros
E sorriso de espanto.

Desejos incandescem
Olhos e corpo
Fazendo surgir
Como infame explosão
A necessidade de ver e rever
No jogo diário
De despir
O corpo
A alma
A fome.

sexta-feira, março 24, 2006

Minutos

Sabe-se lá qual o termo
Das paragens de vida solta?
Quando o rumo torce tintas
As felicidades ganham exageros
E talvez por minutos
Os infinitos reclamem
Sem sucesso.

Anima

Arde em delírios o signo
A arte, o beijo
A incessante parábola medo
De saber-se imerso em calor.

Arde em subúrbios de meu corpo alvo
Da alma em mim
Alvo raso
De tremores e ânsias
De tudo se dar.

Arde pelo feminino que encanta
Na dor, no prazer
Neste ócio que é a própria vida
A ser bem mais
A ser ungüento benigno
Veneno que mata
Odiosa lida
Ou divino gosto supremo de ser e amar.

Pode ser menina
Ou anjo
Musa ferina
Imensa mulher
Todas tão saborosas, supremas
Infantes que trazem seu brilho ao mar.

E a mim louco insano poeta
Na chama da lama
Do ato de ser
Me entrego à anima que finda
Por fazer-me fé.

sexta-feira, março 17, 2006

Palavra, Qualquer, Palavra

Raspa palavra em meu
Sonho livre de anuncia
rAlgo feito doido céu
Algo perdido ao luar
Regrado por mal e eu
Calado a se retirar
Entre delírios e barcaças
Alto mar que dá de graça
Talvez nova vã palavra
Que eu pegue e torne concha
Que espalhe em minha vida todo o som de algo mais.

Cala-te palavra
E em meu mundo faça-se calor!
Que resgate da canção
Talvez sonho, talvez cor
Faça-se milhões de Eus
Faça-se minha ilusão
Entre aspas, entre ócios
Entre sonhos
Que me falam mais tamanho
Encrustrado em novo plano
Algo ao menos não humano
E perfeito na visão.

Palavra se afastePor Deus!
Por qualquer coisa que há!
Pare de dizer-me meus
Jeitos de perambular!
Faça as malasDiga Adeus
Vamos por aí costurar
Mil caminhos
Mais mil almas
Sem retratos , sem caladas
Almas, tralhas, falhas, asas
Algo que jamais me valha
Vamos ter em nós a calma
De escrever
De revelar.

quarta-feira, março 08, 2006

8 de Março

Olga Benário da Silva
Cora Coral linda de Curvas
De Elis e Santos de Ancas
Bethânicamente mente sana in corpore
Santas Bruxas ou bruxas de luas
E Festas de Jonas que Queimam fogueiras e Lees
Ritas e Duncans, Pagus
Íris
Rosas
Meninas, mulheres, dos olhos.

segunda-feira, março 06, 2006

Catarina

Calor de sol
Reinventado e renovado
Tom de risos
Pra ser luar
Entre arestas e detalhes que são antes
Todo o antes
De meu sangue.


A ferver seu
Entre pedaços recriados de aurora
E o medo meu
Se ver milhares cambaleantes
Almas dossonantes
Entre o corpo
Como Nova
Estrela, Carne, Hora
E meu eu.

Poetizar tua alma
É talvez saber
Versejar teu beijo seja talvez ser
E ficar contigo
Entre o agora e a lei
Do sol que hoje brilha
Pleno na minha trilha
Que dança em mim como o Rio
Que canta em mim quando rio
No coração
Nesta canção
Este sorriso de Brilho.