segunda-feira, dezembro 21, 2009

Das Natal


No meio do medo tinha um verso e um sentido.

E entre palavras minhas e parcas, mesmo com os demônios da burrice a tomar as trilhas com suas sanguinolências e sentidos cinza, fui pros lugares onde as Minas me tornaram mais do litoral e com olhos mais montanhosos.

Aprendi de novo o velho pai dizendo Gonzaguices e o tamanho que as trilhas tomam de mim e entre meus sonhos criam do lodo dos escritórios viciados, onde minh'alma virava a si mesma um trapo de medo e desgraça, caminhos novos e aprendizados.

Porque não via como os simples e me perdia no complexo do gigantismo de todas as explicações? Porque antes filho, hoje novo velho de aspirações e conquistas reais, me vejo mais Velho Gilson e menos moleque de fala falha e medos disfarçados de arroubos.

Que se fodam os tolos, que se fodam os que se perdem me explicando o amarelo de um sol que poucos como eu sabem ver! Que minha vida seja andar por esse país e como Luiz eu saiba venerar respeito em Gilson. Hoje eu respeito Januário.

Nas palavras de um Noé dos que plantam e fazem máquinas, além do operário em construção, relembrei o pequeno moleque da saúde que a vida ensina.E aprendi nos seios da mulher que eu amo o desejo de terra e cama, e café do bom,e soube ser mundo, sabendo ser Guadalupe.

E Viva Lorena e Pouso Alegre! E viva Belo Horizonte e Conselheiro Pena! E Porto Alegre que jamais vi direito, A Porto Alegre do Quintana de meu Deus, o Recife do João Cabral, a Salvador do Boca do Inferno, a São Paulo dos Domingues, Kuredas e Sanchez!

Eu que fui tantos e fui tonto, nasci do cadáver um velho novo olhares fui menino e sou Gabriel. Na pimenta e na rudeza de minha letra e língua chamo guerras e ofensas, chamo amores e milagres,e vivo, e sou e desejo, que todos, desçam-se estrelas e no Cristo que quiserem, sejam natos e Deuses, e homens e comunas.

Sempre,sempre, livres! Pois na História de meus olhos, o que há de homem,há de esperança e, mais do que nunca, a enormidade de sermos todos a marca das lições diárias de outras tantas pessoas.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Portelamente


Se nasci na banda mais correta
Da cidade do Redentor
Respirar seria da palavra o versejar de um amor
E a voz que vai tecendo ais
Seria o som de batuques retintos
Como a tecer a paz.

E o som do rir, do ser feliz
Seria Madureira, de meu sonho e meu amor
E todo o céu iria ao chão
Portelamente em amplidão.

E meu peito é da banda mais correta
Desta cidade Redentor
E eu que tenho voz afiada
Canto lutas, forças, amor
E vou em paz
Cantando os ais, de nós, das vezes, de homens e passarinhos
Apaixonados por sóis e sais.

De trem


Eu canto Samba
Vago retinto poema
Escolho Anas, reviro olhos, sou sistema
Espero espanhas
Lilianamente rasgo milagres do amor
Espertamente espero um deus, um sabor
E enquanto sou ator
Dedilho um mentol de cores.


Espero morrer vestindo belo terno
Aguardo o trem pra nascer.


Até minha Paris é um subúrbio de frente, nas frestas
De uma praça descoberta
E enquanto há cidades o recomeço do tempo
É uma bossa, um alimento à minha saudade
E tudo é este amor, que é memória, é dúvida, é história
É tribo, é clã, é time, tricolor.

Eu digo trem, e sou mais eu
O Trem é o amor, sou eu, sou Deus
O samba chegou de trem também
Te vou amor por deus, de trem.