terça-feira, dezembro 19, 2006

Ugarte

Ugarte morreu
Enquanto Monarco da Portela acordava Madureira
Com um samba no rosto.

Ugarte morreu enquanto dois jovens de 17 anos
Mal davam falta do universo entre um beijo e outro
No amor furioso da cama latina.

Ugarte morreu
Enquanto Severino pegava tickets refeição
E ao entregá-los à Secretária
Comentava sobre a dificuldade de comprar presentes de Natal.

Ugarte morreu enquanto dezenas de estudantes
Reuniam-se para lutar contra o aumento da passagem
Em algum lugar de São Paulo.

Ugarte morreu no mesmo dia
Em que milhares de crianças nasciam e enchiam de esperança
A esquerda, a direita
O mundo.

Ugarte morreu enquanto o poeta via um rosto amado
E saboreava versos ainda não criados.

Ugarte morreu depois de Violeta Parra
E Victor Jara.

Ninguém cata o sonho de Ugarte.

Ugarte morreu em vão
Nós não.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Apenas Encantamento

Canto de doce e de flor
Rasgo inventos de mar
Rua Alice faz de mim um além mar
Na pinta do léo e do rei
Que natureza sugou
Fomento o nivel do ar.

Pra minha crença no teu céu
Nascer como um rompimento da amarga e cinza
Cor de manhã inteira no fim dos ritmos
Que bancavam a magia destas noites que ensinam pompoar
Pelas nuas coisas tantas que vão lembrar
Nas retinas as meninas, as margarinas.

E como a sorte que em teu corpo encerra
Arde a fome da intensa vontade mais férrea e cívica
No intento do tempo
Que derreta a calma e a mão e encena a vantagem do vento
E no chão
Faça a dor do intenso retempo
Ser a lâmina do cerne do sonho todo
De estar em teu corpo são.

Entre as dores de calor, há a de sangue soar
Respire o invento do tempo de remoçar
Veja as praia sem breu
Nomei as ondas da cor
Do inverno invernar.

E me beije com tuas línguas, mãos e sinas
Que desrespeitam a má vã e fria
Invenção de alvo risco que mata em nome de magia
E faça a verdade do corpo ser sol.

Canto de doce e de cor
Rastrei o inverso de amar
E veja o fino verso meu de recobrar
Anuência do gosto de Deus
Pra essas coisas de flor resistir ao verbo amar.

Venha à guerra do meus hinos
Me espera
Pega a rédea do meus crimes
Entre em cheio na funesta arte que impera desígnios
Nos peixes, nas aves, nos desmacarados versos que invento
Que anuncio e venero
Artes de ludibriar freios
Papos de aranha cheios
De um beijo que intenso
Rasga boca e faz o verso
Ser apenas encantamento.

Águas escorrendo

Astros renascem na ilha da santa paz
Pousam nos ombros dos parcos genocidas
Repetem murros e muros sem nada mais
Revezam a louça, a mão e a cantiga
No esconder da rotina de nenhum ré maior
Repaatriando o sentido amargo de prantos
Que matam rumos que negam luar
No ar
Destas mil balas que asfaltam cânticos.

Boa a bola que lançam sem nem pensar
Artista em jeito de parca medida
Vaga na mente um perpétudo alinhavar
Do chute que soa como liberdade viva.

Tudo merece até mesmo um mundo melhor
Porém o mundo nos dá seus blindados tantos
Tudo somente é assim mesmo um ato
A rolar
Como se a água escorresse de encantos.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Espíritos ao sol

Alho cheira em volta das razões que repercutem paz
E eu pareço que sou eu
Brincando ali na imensidão
De um sorriso velho que às costas
Abre as intensas vozes do Rio.

E altas ilusões crescidas tornam-se demais
E a arte jaz nas rampas tantas
Que rompem grilos
E fogem como espíritos ao sol.

Sem mão

Haste alta
Luz comprida
Céu que abriga altas sanhas
Mar que hoje arrasa a calma
É vereda de Espanhas.

E eu que longe de todo barco
Feito légua de irrazão
Mastro rindo me torno calmo
Como parte com o cão.

Barco feito mil açores
Meio mundo em contramão
E eu na vela vejo ela
E eu sem eu
Choro sem mão.

A pé

Vadia beleza
Algo insana arte que hoje embala
Letra perdida ali
Pernambuco arrisca
A insania doce do subúrbio pai
E eu sem nem sair.

Tanta coisa nula
O som embarca
A espanha que tamanha
É só eu
Nesta confusão de arritimia
Que a sanha do meus ócios
Fez-me em Deus.

E acabado nas arcas de Noés que são gentis
Nasci em cem
Fui ninguém
Amei nas palavras
Perdi deuses
Fui além
Como se houvessem nas pessoas alecrins e tubarões
E respingassem massas
Que desnutrem sob os olhos
Se olhadas sem canções.

Vadia certeza
Note que chorei em paz
Nestas palavras
Francas, ausentes
Pela fé
Como se nas luzes
Meu sorriso fosse luta
E improviso
Nas imbelezas de uma sé
E eu que meio estranho falo alto
Torço alto
Como alto
Sonho até
E eu que meio estranho falto em falso
Dou-te nova estrela acesa
Assim
A pé.

Ao sol

No espanto que nasce do olhar
Entre as folhas arde as coisas
Feitas tão gigantes
E nutrem do olho o que muda a arte
Na tez das retinas
Que são todas intensas, estranhas e tantas
Nas luas que em estrelas afinas
Ao me mostrar como rir.

No íntimo da gente o que mente
É o medo assim feito gente
Pelas intenções que se morrem nas pálidas e nuas fintas
Que a coragem intensa reclama e cansa
Tece na cor nua de cada esquina
E há novo ar
A surgir.


As artes do teu sexo me são sol
E ele escreve a lida nas linhas que a sina do dedo fez sal
E o suor de todo teu sexo é meu sol.

A parte do beijo que entendes
É a força maior de uma simples razão
Que espalha-se nas preces do meu sol.

A falha do sim
É o risco
Que torce o teor de toda ilusão
Teus olhos ainda tecem-me ao sol.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Quanto a mim

Nota o mar
É sol e o vento faz canção de sol.

Note o ar
Relembra criançada em sul
Do tempo a rerimar
Outro ar
E tecer rimas sujas
De feijão e arrebol
Pelo olhar
Trazendo ruas nuas e invenções de ser, de amar.

Cante comigo
Um inverso meu, um céu, um seu
Um jeito assim de noite a sós
Cante sem mesmo redizer
Nenhum momento em fim
Não olhe agora
Não
Repare só no beijo meu
Na rua, na escura irrazão
No romper de todo sonho,da ilusão
No construir
No construir.

Note já
Ou não, mas fique firme
Lá vem ar!

Note o olhar
E repare no azul que repinta bem me quer.

Fale mais
Enquanto o Lobo alcança a nota
E o Vermelho chapéu
Rasga o mar
E refaz filmes novos de nascer
Assim com você
Um sonho a tecer.

Não ligue mais
Eu quero um sonho incerto pra me jogar
Eu quero teu sonho certo pra me devorar
Eu sou assim de sonho, de sol, de canção
Como sorrisos e gentilezas do mar.

Sou todo seu!
Sou todo meu!
Quero voar!!

Por Alah!
Acordie costurado a um bem querer
Quis chorar
E rir porque chorar dói só demais em mim enfim
Por amar!
Eu quero e assim rermino rimas de sol
Pra te dar
Mais um reverso, um verso, un iverso de remar
Pelo mar
Rimansdo coisa boa
Com um segredo meu
Eu sou ateu
Quanto a mim.

Colagem

Sabe o medo de ser mulher?
O medo não é nada!

Sábio o medo de ser da fé
A fé toda
enganada?

Cai o riso do São José
De palha
Da Escola.

Morde o dedo do Zé Mané
Como um cão
O homem ruim
Todo cão é um homem ruim.

Sabe o todo ser que não é
Além da ilusão oposta?
Medo assim se faz ser
Coisa que rua e fossa.

Sabe medo assim de sentir
Como todo, acabado?
Parte é medo de nunca rir
Calado, só, prostrado.

Vaga o rumo do cão ruim
Todo homem é um cão ruim
Sem ser
A sós.

Abre o espaldar do ver-te assim
Roce o olhar em mim, atriz
A respaldar o meu jardim
Deixa-me mar
Beije-me
Enfim.


Rime mundo com Zé Mané
E pega a reta opostoa
Rime reta com outra fé
Raspe verso de bosta.

Saiba medo e faça assim
Um ritmo vendado
Pro samba de amor xinfrim
Por canastras cantado
Sábiamente nada é ruim
Sábia a mente foge assim
Sem ser
Sem ar.

Sambe meu mar
Sambe em mim
Não me deixe ir lá
Sem ter-te em mim
Deixe eu rimar luar com sins
E faça olhar comigo enfim.

Por ser amor

Sei viver meio rindo
Se as coisas tiverem você
Nem sei se há saudade
Ou o mar se refaz a cada olhar
Que tu semeias na gente
Sem perguntar nem porque.

Mas tá certo
É o jeito
De tua invenção
Que nasce em meio ao vislumbrar
Da lua feita coxa em formas
De redondices todas,tantas
Reentrâncias de tudo querer.

Como não desejar-te em cor?

Por isso me aviso
Feito à toa
Frágil, forte, ser
Ser é todo em parte
Um notar de corpo
O sol, o mar
Como se fosses minha mente
A recriar um viver
Nada é certo, nem mesmo o medo
E medo dá-me então.

Porque sou sonho, flor, amor
Sou guerra, torto, só, pentelho
Sou forte em tudo, em ti, espelho
Sou frágil por todo querer
É parte da arte de ser amor
Como se fosse diferente
Todo exagero é meu, é cor.

E te quero ritmo
Quero folha, luar meu, nascer
Quero nada
Arte
Quero olhar-te em espelho e mar
Pois eu nasci tão somente
Pra exagerar pra você
Sei ao certo que o vento
Rouba-me a invenção
Pois eu aprendi a te amar
No primeiro segundo perfeito
Do universo sendo inteiro
E todo inteiro meu ser
Se entrega a ti por ser amor.

Brigar pra nascer

Sabe do dia um outro riso, olhar?
Sei lá! meu mundo faz inteiro meu ser
Ser sonho em dia de real demonstrar
Amar voar quando asas são nascer
E nasço corrido
Sem nem perceber
Te vi meio assim
Te amo assim
Sem querer.


E outro tombo tomo pra reolhar
Em volta e mulo reteimar em querer
Ser todo mundo
Inteiro dançar no mar
Ser meio mundo de inteiro rever
Te vejo sorriso
Não sei nem dizer
Pois sonho eu sou
Real também sou
E falo pedaços de ver além
Com sonho, versos e querer
Quase mar
Rimando joelho com ser
Sabão com Saci Pererê.

Quando não sonho me espelho no mar
E rumo mundos sem futuro a ver
O meu futuro dá medo de olhar
Mas medo pode ser também requerer
Um parto de riso
Um brigar pra ser
E te vi assim
Te quis meio assim sem querer.


Tô meio velho pra prometer luar
Vou lá na lua e pego ela procê
Pegar futuro pela rua não dá
Vou ver futuro no meu assinar e ler
Conto com teus passos
Pra me guiar no ver
Por isso eu sou um sonho que vou
Na guerra do viver e ser
Além
Do mundo
E ainda amo você
Pra ajudar
A tudo em futuro eu ver
Sabendo brigar pra nascer.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Frei Tito

Não olhe agora
Mas aquele sussuro foi pronunciado direito.

Não olhe agora
Mas era grito aquilo
era grito de quem cai de pé
Mas perde a cabeça.

Não se toque e nem anuncie perdão
Mostre os dentres alegremente
Acene pro menino
Mas perceba que as águas não somem dos olhos
E nem o medo mostra-se dia novo.

Não olhe agora
Mas não existem mais esquinas
Não olhe, nãos e manifeste
Não saia do dia estranho.

Não olhe mesmo
A diária dos tempos nos fez prostrados
Alheios Às peles que viraram os tamborins da traição.

Nãos e estranhe do invenro
Ele vira verão no sol
Mas é frio nos toques e ausências sentidas.

Aquele caiu nas estranhas curvas de rua
Mas parece que nunca dormiu
Na indignação dos que ainda vêem sombras.

Não note sem medo
Perceba que a veste negra e branca
Ainda persiste em aparecer vívida
Na consciência dos que entendam a coragem.

Aprenda:
Coragem por vezes mata
Mas deixa como honra
A semente da indiginação dos meninos
E o tempo como história
Saudando
Aquele que pendurado
Foi monumento que salvou peles.

Pra Reclamar do Governo.

Eu salgava rascunho de rosas na grama fechada
Só por divertir dia
Via longe um minuto de beligerância
Entre as avenidas e a distância de tudo.

Dava gosto ver rua
Avenida
Casa velha.

Podia ser o tempo
Mas eu acho que era coisa de aventura
Essa coisa de participar dos minutos
Como se houvesse possibilidades.

Até hoje sinto as ruas de fumaça
Como se as possibilidades houvessem
Sou assim
Acreditando.

E nas brincadeiras de longe eu sentia medo
Medo de ser o mesmo
Sempre
Medo de deixar de ver mundos
Nas pedras da praia
Nas árvores caladas
Medo de virar o rosto pros mendigos
E achar bonito coisa de sangue.

Até hoje sinto medo de ser o mesmo
Como se a coisa de avenidas maltratasse a alma
E as gentes que costuravam pedras.

As rosas?
Elas viraram bandeiras
Vermelhas e soltas
Em gramas que comem gente
Deixaram os rascunhos nas almas de chão
E como se fossem pés
Sambaram
E me fizeram ver meninices
Enquanto o pau quebrava
Nas costas do homem do lado
Nestas caminhadas engraçadas
Que gente barbuda faz pra reclamar do governo.

Metida à besta

Claro que só em tudo de mim há ausências
Se fosse na emergência dos medos
Talvez a ilusão rompesse
E nada demais fosse o sangue dos antepassados.

Se fosse na emergência dos medos
Talvez a ausência de mim fosse kriptoniana
E eu, super homem nos delírios, morresse
Verde e incapaz.

Claro que nada do que é dito nas iluminaturas da letra,
Neste reverso de multidões e sacros olhos,
É realmente poesia
Porque poesia suspira na pele nos dias de frio
E iluminaturas, pinturas de dedo,
Ou construções de medo seriado,
Tudo isso depende de realoidades pra existir
E realidade não sua
Parece lagarto
Morre fria na ilusão do concreto.

É nestas coisas de verso
Que a perna cansada propõe sentidos
E a letra rompe roupas novas
E assume o calçado furado
Junto com a pinga costurada a mão
E sagra invernos em dias de sol
Só porque pode
Nunc aporque deve
Porque poesia costuma ser assim, vagabunda,
Mas metida à besta.

Arte: Além do artista, Além da propriedade

Se a arte é além do artista, o liberta de sua existência, o liberta de suas idiosincrasias, ela mesma em si traz o sentido de transformação que faz do artista vítima de sua própria criação. A coerência entre arte e ente, entre criador e obra, é um desejo que pode não corresponder à existência real do artista e pode também não influenciar no poder transformador da arte. Esta coerência seria um modo do artista sobreviver ao impulso e influência revolucionária da arte em si, porém não é uma condição sinequanon para a criação, nem tampouco para a existência do artista.

A criação é em si abstrata. Ela traduz o real de forma ideal, mesmo autodenominando-se realista ou concreta, como objetivo de criativamente levar um novo ponto de vista a respeito do concreto à quem a lê, vê ou ouve.

Ao mesmo tempo, a arte é em si transformadora porque busca recriar o real de forma ideal, como exposto aciuma, e mais além redescobrir no real pontos invisíveis. A própria idéia da arte é transformar o real fora do real.

Este impulso transformador faz da arte um meio de influência revolucionária constante. O que não torna em si o Artista como um revolucionário. O que leva à arte ser de certa forma o fim do artista no sentido de causar um impulso de transformaçao que pode engolir o criador que não for coerente com sua obra.

Assim a exigência de coerência entre criação e criador não é em si uma exigência que influencia a qualidade da arte em si, mas sim uma exigência da sobrevivência do artista à sua arte ou um meio de utilização da arte como instrumento de transformação, seja ela pessoal ou social.

Esta é uma das formas em que a arte indo além do artista pode ser trabalhada ou entendida. Porém não é a única. A arte é além do artista também pois ela é em si um produto social por excelência, ela não existe fora do compartilhamento com a sociedade. Sem ser compartilhada a arte é nula, é ausente, é inexistente. A arte precisa da sociedade, como esta precisa da arte para vislumbrar um real além do real.

Cada pintura, música ou poema retrata a realidade de forma que a sociedade pode se enxergar com outras cores e formas. Por isso muitas vezes a arte vai além do escapismo clássico e torna-se um importante meio de mobilização, denúncia, conscientização e sensibilização da população para temas importantes, causas, mobilizações, entre outros elementos, digamos, políticos da vida social.

O entendimento da Arte como algo inerentemente coletivo, mesmo sendo criação individual, pode permitir um sem número de utilizações da mesma, de compreensões da mesma, mas antes de mais nada permite que entendamos a obra como um meio de avançar em relação à criação como uma propriedade. Se a arte é alémd o artista como ela pode ser propriedade dele? Se se ela não é propriedade de quem cria como pode ser de alguém?

Assim além de ser um meio de transformação social e pessoal, a arte também é um questionamento clássico da propriedade em si. Porque a propriedade é restritiva, ela reduz o objeto à funcionaldiade atribuida por seu dono.

E como algo que em si mesma traz o germe da transformaçao, é além do que a criou, avança além da sociedade em que nasce pode ser no fim das contas restrito a um limite imposto?

É por isso que a arte é também um questionamento à qualquer restrição, inclusive a de propriedade.

Sendo assim uma revolução em si, umprocesso de transformação completa da realidade em algo inusitado, a arte supera a origem e avança, indo além inclusive de conceitos que a aprisionam.

Por isso é arte.

Retalhos de Cidade

Parafernálias zunidas
No agrário sol de nascer
Acorda a corrida invenção
Do tempo parar, do não ver
As ruas passando sem salto
Retalho de Si, de cidade
Couro comendo asfalto
Asfalto comendo saudade.

Dormida a Brasil redescobriu das grades
Um Rap, um rombo no saber
Dos caras de zóio vermelho
Óculos inteligente
Cara normal
No fogo do jogo dos olhos
No jogo de mundo rodar
E fez da lida um troço
Misturando sol com fuzil
E vida feita de fé com a fé
Da briga que nos pariu.

Sem hojes
Ou a irrazão das mamatas
Que ruborizam asfaltos
Que compram ciladas dos PMs do Bar
Os Raios deste meu sol de só penar
Balançam nas marés espertas
Da Brasil deste lugar.

E por aí
O couro a sambar
Faz invento de Deus pra sonhar
Das mães
Um riso sem ar
Que morreu pela bala sem mar
Fazendo rumbar
Um tambor que pode derrubar mundos
E até Deus
Um tamborear
De um mundo que finge não os notar.

Água de meu mar

Esta água é meu mar
Sal que torna-me sul
De um sol
Peito meu luminado.


Água feita dos estar
Intra
Interno no tu
De um verso ou frase
De um estado.

É o tocar do ar
A esteira a estrela
Seio, grelo
Gris toque inventado
Lingua leve
Espocar da pressão deste nu
Meu espelho de sinal trocado.

E assim sou prece
Ajoelho
E sem vestes
Sugo o além
O Sumo, o sal
Que dança e torna-me
Manhã
Mané
Meio
Inteiro
No amor
No Há mar.

terça-feira, novembro 07, 2006

Feito flor

Na pele do som que me deste
Rompendo celestes
Luzes sem um sim
Me calas com beijos
Me esqueces
Enquanto invertes meus sonhos assim
Como quem me dá a certeza
De tudo em beleza
Ser feito de ti.

Me destes a calma que arde
O sol que me invade
Num amor assim
Feito flor.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Taurus

Taurus de arte, salpícão, relógio
Contagem, remorso, pé firme
Alçada
Poder de ir e voltar como se foi
E voltar como boi, como anjo, como alma.

Taurus de ritmo, samba, metonímio sentido exímio
De prazer que exala
E qual encanto pisado em rebanho
Indo e levantando com força a boiada.

Na lua nova, o arraiá tem tapete cigano
Na rua nova segue o cheiro de incenso
E sonho
Que pisa agora a vida afora de tudo o que é plano
E leva a hora a perde-se no que é tão canto
Pois o nascer do devorar todo o bom viver
É na esopada paciente e fina
O desejo inteiro de reto de por toda a vida
Saborear de tudo o bom viver.

Taurus é parte do certo com o reto
Minucioso e certo do passo, da estrada
Bailar de ar com resmungo de encantos
Preguiça, preâmbulo de festa danada.

Taurus é Deus a fazer todo ano
Arco de cores, canto de roda nas praias
E no pratear do fazer-se tanto
Taurus soberano da lenta caminhada.

E nesta roda abre a tarde
Um andar-se tanto
E toda alma é saber-se
É querer-se encanto
E Taurus Roda nas espadas
Que não empunho
Canto
Por nova hora de aprender-se inteiro em recanto
E poor saber que sabe nada quem não vê viver
O touro parte com fúria de lida
E devora vida velha com calma e com limpa
Vontade rara de saber-se ser.

Áries

Áries de águas em linha
Em frente ao mar
Parte preciso independente de lógicas
Rompe de rimas rompe dor de repintar
Parte imprevisto na antítesese das órbitas.

Áries que vê-se inexato a extirpar
Do ar o encalço do medo que não meu
Não eu
Vaga tentado a buscar-me a calar
Matar
O fogo solto dos sonhos e olhos meus.

Áries de força e irrompida explosão de ar
Arde em sujeito de sons e magias
Calar-me é um meio de mundo inteiro estancar
Note-me nova, supernova viva.

Áries do peito imenso, intenso, em sóis
Como se tudo fosse um negar o espanto
E tudo mesmo fosse um devorar do ar
Tempo é o que mata
Do Tempo sou o pranto.

Inversão do céu

Calculo árduas artes
E parto sem te olhar
Rebusco milagres entre insetos
Vago nos delírios urbanos dos arquitetos
Versejo entre Rios Brancos
E o Sul Deserto
Do meu rir
Que avança em ar, tesão
Tece cores de brilhos
E a parir faz luz brilhar
Por alí
Onde o morro se abre em céu
E nas lagoas mares fazem-se
Outro dom a voar.

Nada além de encaixe é ritmo
E segredo
Nos meus ais
Nem nos meus vislumbres busco o estilo reto
Barro o sal das lágrimas que não dejeto
Barroco inverso o escrever de cada verso
E a sorrir
Pinto nuvens com canhões
Vago nas areias do tempo
A despedir-me em sons
De partir
Desta praia rumo ao véu
De Subúrbios acres
E pontes de cor pastel.

Vinda aqui
É pegar-me junto ao chão
Olho delsumbrado o verso ali
Calado, em vão
Por sorrir
E homenagear o mel
Dos toques do teu corpo e alma
Na minha inversão do céu.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Iluminacidades

Em Jabour tem jade
E luminosidade à toa
O Calor é firme em PoA
Na Gávea tem alarde
Parque da cidade
Broa e Samba tem na Gamboa
Guadá tem cidades
Iluminacidades soltas.

Solto meu amor nas praias dadas a não mim
Respiro calores nos subúrbios sem fim
De meus olhos todos grudados na voz
Do imenso passado que somos sós
Que somos nós.

Cidade do Cabo
No Leme voltado em solta
Maravilha de Lisboa
Nas ruas sem grades
Miami sem artes, tola
A Barra oprime as moças
Cadê Liberdade?
Laranjeiras arde
E voa uma Santa que me é boa
Iluminacidades.

Falo do amor no teu corpo meu assim
Qual minha cidade deitando sobre mim
E eu que me sonho amado por voz
Que rouca me invade e me faz nós
Eu sou só nós.

E nesta cidade
Respiro intensos brilhos
No real
Do teu ritmo, do teu íntimo
Total.

Ouça que amo você

Digo que amo você
Só pra derreter calotas de gelos mil
Finjo nem mesmo aprender, finjo desdizer
Digo assim meio Abril.

Rimo praia com dendê
Misturo querer com Puta que o pariu
Faço poemas procê
Deduzo você
Tátil como quem não dormiu
Torço pro Flu se fuder
Quase sem querer grito que o gol foi mil
Quero fuder de você
O teu bem querer
Teu corpo, sonho e perfil
Quero saber de sonhar
Quero te saborear
E depois ir assim solto
Pelas trilhas do meu rosto
Que brilha quando vê todo mar.

Quero comer com mão
Ver um avião
Misturar rum com alguma fé
Bailar de Cuba a nação
Balança nação
Rumba com Samba dá pé
Quero me apaixonar
Depois reapaixonar
Por teu jeito de milhão
(Gente praca, irmão!)
Que me seduz de olhar.

Rasga meu novo blusão!
Faça isso não!
Tira minha roupa legal!

Bailo de novo voar
Olha além mar
Santa Tereza Cristã
A me deixar rebolar, batucar no ar
Céu de Guadalupe vão
Deixa eu te acordar
Depois me deixa te lambuzar
Com algo meu que tem gosto
E desliza por teu corpo
Ciente do jeito dele andar.

Fala farinha de pão
Toque um bom baião
Vamos pro arrasta-pé
Deixe Caetano pra lá
Vamo rebolá
Curtir um samba qualquer
Rala comigo na mão, ali no portão
Beco de Santa a temer
Foda-se Colômbia e Marzão
Itaiputom
Quero saber de você
Nem precisa me dizer
Ouça que amo você
E só respiro de novo
Por saber do teu gosto
Que meu corpo curte aprovar.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Ao Desejar

Rosas noturnas cantam sinos
E há bem mar
Nas asas dos desatinos os olhos cansam
Voam nuvens sem neons nas luas que não nos alcançam
Calam-se crianças mortas nos silêncios.

E assim
Partem almas pela smãos
Deuses feitos dos ares do teu velho olhar
Tu assim
Qual Moura que fez das mãos
Um tecer de histórias e de paixão.

Calculo o significado dos extremos
De nosso olhar
Conto as horas que nunca passam aqui perto
Bailo nas segundas-feiras, terças e quartas nos versos
Luto contra relógios mudos
Que me condenam ao tédio.

Bailo assim
A buscar-te ba visão
Escrevo sem poesias versos de rimar
Sem assim
Ver-te sob o tempo, ao chão
Nua e deitada me esperando ao desejar.

Arte de teu olhar

Posso criar dramas e infernos
Sonhos remotos
Festas em versos
Luares de graça
Sóis que remontam a luas.

Tudo pra ver-te em meus sonhos tensos
Nos botecos dos Rios
Em que vivo
No instinto
Das cores que almejas e que colho nos andes
Pra criar mais sóis
Iguais a teus olhos
Sonho-te em meio ao ar
Me solto a sós
Te esperando falar
Minha língua de amar
Sobre as velas.

Venha-me ao mar
Me faça cidade
Me faça luar
Outro milagre
Todo meu ciúme se cala ante o olhar
Da moura que me reflete entre o ar
E a ilha que nos contém
Durante o ato de amar
Esta arte de teu olhar.

Guerreiro de sons

Há um rio em cada meu sorrir
Lágrimas param diante do som
Tua voz em tom feito pra mim
Eu que assim calo-me
Vão.

Mundo inteiro me testa a sorrir
A burlar esta minha vã visão
Que te cria no mar ante o sol
Que já inicia são
Um novo ir.

Outros cercam-te prontos
E eu a arremeter
Contra a sanha dos sonhos de outro mar
Vago alto no medo de ver-te sublime
A fogo voar pelas campinas
Eu tolo e são
Poeta acima das mil luas frias
Guerreiro de sons
Abordo novo galeão
Derroto o inferno da lida
Que me afasta da sina
De beijar-te a mão.

Ausência

Há mil horas em cada uma que vai
Eu em planos de medos e ais
Meio aqui bem calado, roendo um bocado
Um dedo, uma unha, um sentido sem paz.

Todo aflito sossobra no gás
De pensamentos fluidos demais
Fantasias arriscadas, bem amendrontadas
Falando do fim, do chorar, do mudar.

É o que é este risco de ser para o ser
Esta brusca comida no cerne do ver
Este querer morrir entre fins tão banais
Será um mundo triste
Ou será algo mais?

Será tudo fantasia demais
Será tudo uma ausência de paz?

Já só sei que me torno aqui tão pequeno
Buscando a ti em cada único instante
Cada instante de ti
Cuja ausência é demais.

Teu menino

Me olhe na lei
Dos sonhos que nascem presa
Dos velhos anos curtidos
Dos sons que compõe certezas.

Me ame sem lei
Nas campos que rompem lírios
Nasd estradas que sorriem
Nos amigos de bebedeira.

Pois em meio aos ócios
Em meio aos sentidos
Nasci em ti, chorei, amei
Corri para teus carinhos
Perdi a noção dos mil tempos em que grito
Pois sou já menino
Inteiro menino
Solto teu menino.

Manhã

Bem sabes Irmão!!
Minha hora é passar de ser
Mudar sem mudar
Calar sem calar em súbito som de milagres sem véu.

Bem sabes irmã!!
Pouco sou de muito a ser
Vago sem notar, finjo renotar
Anoto o lugar onde posso escrever.

Finjo de sonso que sou
Um luar de mil cores que parecem ver
As estrelas do amor sem véu
Que por vezes dou só a vocês
Vago a reler
O inevitável prazer
Sabiás entre ramos do ver
Saboroso viver.

Rumo no imã
Rebuscando Cubas, irmãs
Vago no alto da praia que vã
É vocês
É manhã.

Piano, na paz

Tirar meu ar?
Capaz!!
Sabe que mil mundos são estranhos?
E eu tenho a conta do insano vento
Sei mudar valor de requerimento
Posso remover da alma
Banzo, Miguelê, má calma!!

Calma, calma,
Vamo nos entender!
Tanto tempo e tantos anos
Perdem-se nas mãos dos que, humanos,
Vivem pelas horas do penar.

E estas horas andam querendo agora
Fazer o ser também hora virar!!

Sabe meu Ar, rapaz?
Assim como o assunto mudo os planos
E rebolo as horas com um movimento
Que redá valor ao requerimento
Se ele dizer das almas
Calmas sem morrer
Rescalmas de festar e ver
Batuque de chocalho de Ganso
Ganzá rebuscando esperantos
Porque um batuque é como o mar
E faz das horas
Coisa que nunca demora a resser
O ser
Porque mundo é sonhar.

Se vai chegar, Rapaz?
Pise com cuidado
Piano, na paz.

Sem fim

Artes de março calaram-me desmundos
Rogaram-me refundos de mar
Entre sonhos e sons
E retornaram como se Taurus mútliplos
Áreis de cornos tão curvos, saltando por mil paixões.

Fizeram amor
Como se música
Entre trevas de cetim
Luas doces tão em mim
Que do amor
Fizeram tuas
As palavras que assim
Tornaram-se sóis
Enfim.

Artes de espaço
Construiram malungos
Bantos anzóis de musgos
Feitos feiticeiras em tons
Que recriavam beijos balangandungos
Mouras mãos que exploram fundos dos corpos
Em insana ação.

Por amor
Tomaram rumbas
E dançaram pelos mil bailes que tornam gentil
Cada flor
Cada macumba
E reescreveram sem ter fim
Toda história dos teus sins.

Estas artes passam
Como se por teu canto
E assim recriam-nos encanto
No amor que somos
Sem fim.

Por entre a paixão

Como dar-te o sol, a invenção da luz?
Se tua íris negra
Contempla da vida, nas manhãs
A invenção do eterno em meios aos dentes
Qual faca de lâmina inteira, ardente
Que corta a invasão dos medos sem fé.

Como entregar-te o dom dos servos azuis
Que como eu também, se lançam, cavalheiros, na invasão?
Nós que somos o límpido clamor do herói
Somos assim a voz que constrói
Vivendo o afã de guerras e sons.

Há no ar a fragrância de Deus
Há teu ser
Há no estar entre as flores de Deus e teu ser
Um lugar, um luar, um voar
Um ficar
Em meio ao sol
São.

Angelus
Teu signo
Muda-se em lei
Como um encanto prateado do sonho que te vêm
Feita das estrelas que não achei
No olhar sem cor dos homens sem reis
Eu calo a muita santa indignação.

Meu anjo de amor
Veja o sol assim
Rompido com o véu da cegueira santa da razão
Note todo o insano rebrilhar dos sonhos plantados
Na alma que há
Jogada ao léo das noites em vão.

Há no mar a instância de Deus
Há teu ser
Há no estar de minha ânsia o Deus de teu ser
No meu mar, no meu ar, no meu ir e voltar
Por entre a paixão.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Samantha

Sonhe com a lua ausente
Há paz
No toque que transcende a paz
Fazendo semanas.

A noite irmana as asas do seio do sol
Que brilham nos olhos que em nós
É tua alma clara.

Nas areias soltas do céu
Nas asas do sonho, do mel
Na calma dos anjos que vêm
Escrevo teu beijo nas almas.

Voa nas artes do medo de nós
Me pegue em teu jeito de sol
Repare na praia.

Serpentes dançam sem teu riso cheio
Sem mais
Sem ver-te nos olhos
Sem sóis
E eu vejo d'alma
A praia.

E na praia teu riso vem
Na calam do riso me vem
A arte que crio
Por ver-te no nome a esperança que canta.

E no canto o sonho vem
No corpo teu sonho me vem
Escrever teu nome inteiro
Na areia
O nome
Samantha.

No espaço de minha arte

No teu corpo meu sentido destina-se mar
Rasgo palavras feitas de outro sorriso
Busco o inventário do músculo solto e preciso
O espasmo
O pasmo súbito rouco grito.

Vago em ti
Como se milagre à mão
Anotado em papel de pão
Inevitável ritmo.

Vago assim
No crepúsculo do chão
Deitado e eternizado
No grito, na explosão.

Parto sem princípios por você
Por te gostar
Teu sabor me torna multiverso
Estelar revolução de astros
Planetas, tempos
Multidão em fúrias, corpos
Margens
Inventos.

Calo assim
Com tua língua em meu céu
Minha alma emoldurada num grito sem papel.

Calo a mim
No tocar, língua
Ação
No espocar dos prazeres
Que escorrem em minha mão.

Versejo lugares, ritmos
Por te amar
Escrevo princípios frouxos
Vago por milagre
Pelos traços curvos deste corpo
Que me invade
Com a precisão dos mártires
Que se apropriam dos sentidos de cada arte.

Venha aqui
Me alimente ocm tua mão
Trave e trace curvas em meu coração
Caiba aqui
No meu sonho solto ao véu
Neste espaço que minha arte
Dá-te em mel.

sábado, outubro 21, 2006

Tua luz azul

Mostre-me teus céus de mil noites
Tuas areias de sultão
Me demonstre com ou sem palavras
A inaudita imensidão
Deste teu eco de sorriso
Brilho vivo
De minha paixão.


Me largue sem desembaraços
Nas caravanas de dorso nú
Nas peles e nos olhos alados
De quem só vê o sonho, o sul
Nesta tua pele de consorte
Deusa viva de meu mundo azul.

Na pele te dou pedraria
Te dou o olhar de meu sol
Como se a lua fosse a festa
De meu deserto feito em dó
E eu cantando o som sorriso
Indo em saltos pela noite a sós
Na luz
Na luz
De todo o teu meu sul.

No rosto seco o sol impróprio
Nos olhos o negro do inventar
Cabelos soltos pelas ruas
Como meu velho avô e pai
Nas Fenícias mais ao norte
Nas magias dos montes a nevar
Trago a história dos meus passos
Trago força de coração
Como se fosse de toda a terra
Este grito que queima lua e chão
Pra te dar minha alma e meia
Pra teu sorriso me presentear canção.

E hoje eu que crio mil astros
Com letras, versos, sonho, cruz
Me entrego inteiro, já sou teu
Me inverso libanês do sul
Porque como tudo é Deus
Meu sangue é íntimo de tua luz
Azul.

terça-feira, outubro 17, 2006

Sonho bão

Saber rever a ilumineza das janela
Brincar de coxo antes de banho tomar
Saber do vento o véio, o veio, o tento
O longo intento de vento todo beijar.

Porque brincar sob este sol é ser estrela
E tudo isso é também pular mourão
É o refastelo da sorte
É dar-se em norte
É ter o norte do redemunho insão.

Pode notar
Não há estrada
Só a hora, louca hora
Este espaço de contar.

Bagunça leis o estilingue, o definir do sonho
Andar nas velas dos barcos da imensidão
Na maré da vida toda inteira
Ronda de certa maneira o limiar da razão
Em desafio, em desafino, em pirilampo
Como se ócio rompesse perigos
E construísse furtivas bombas de ação
A explodir cercas, bobices, celas.

Se há amor
É tudo mar
E mesmo o mar é luz solta que atrela
Poesia à visão
Pois todo o amor
É campear pelo suor que nos revela
Liberdade e sonho bão.

Olhar que me acolhe.

Vagueio em obtusos
Frutos de uma paixão que decepa o ontem
Como se lua à toa
Nova que brilha em partes
Em flores
Que escolho em esbulho
Que nutre invenção
Com o lirismo que ouve
O sussurrar das mil estepes
E cavalga nas árias que recriam pessoas.

Como não dizer encantos
Se há no olhar o mar das ruas soltas
Subúrbio em graus
Que ornam versos muitos
Que mando pras gentes
Que amo de um jeito grande
Esperando teu nome
Dar-me um verso
Um sol, um enxame.

Espero cores e astros
Vagos nos luares rasos
Que me esperam nas incertas
Cores belas da donzela
Que arde em mim como astro
Um sol entre flores.

Vagueio em muros mudos
Repito ordens a surdos sem porque
Calo noites por teu sobrenome
Exagero meus atos, falo alto
E noto sóis dispostos
A verem-me novo, no ócio
Dos dias de viver.

Espero o metrô errado
Durmo nos ônibus cansados
Calo à vera
Falo sem pressa
Tenho pressa
Toda a pressa dos meninos revoltados
Me noto sem cores.

Vagueio em confusos
Confusos sóis vivos
A ler
Na nostalgia dos meus astros
Um sabor de querer-te ver
Te vi além
Ali
Em meio ao largo
Dos Cariocas cansados
Das luminosas do espaço
Estrelas velhas, luas,
Meras, sempre meras, repetições do teu calmo
Olhar que me acolhe.

Tudo o que meu coração já sente

Rasgo luar em noites
Finjo mel
Paro no ar em papéis de cromo
Vou perguntar e digo sabor seu
Quero dançar e me solto À toa.

Espero o mar entre mentiras sem papel
Beijo-te em praias que somem frouxas
Pelos buracos de avenidas céu
Como distâncias feitas de asfalto e cor.

Como não ir pelas mãos soltas do bem
Se a verdade colhe flores, Jasmins
Se a paixão é acolhedora qual manhã
Se o luar vem à tona com luas cheias?

Vago a dedilhar letras sem visões
Paro na discussão tonta do meu bar
Invento palavras soltas pra canção
E resmungo calores sem nenhum sol.

Espero ônibus na conta do jornal
Sem esperar que me nasça paciência
Lembro-te nas iluminuras do meu som
E recrio as flores que nos fazem dois.

Aguardo um sonho que venha a sós
Largo o barco, nado na foz
Beijo a lua que me é atroz
Rimo palavras que são inteiras no fim
São voz.

Nas ladainhas da procisão há fé
Como as velhas novidades que li
Nestas estradas que canto há razão
E paixão há tão pouca, tão pouco afã.

Por isso escondo no chão bolas de gude
E não brinco de noite sem mãe
Paro na rua e rio das meninas
Que perigam brilhar sem as rosas das estradas
E nomeiam milhões de astros
Com o nome dos Deuses sós em si
Que homens mortos desejaram eternos
Quando o vento era simples margem.

E vejo o riso que orna meu estado
Nas areias que colam todas em mim
E reparo misturas.

Que bom ver novas ondas pelas réstias
Deste sol que me afoga no mundo
De uma alegria feita do sabor
Desta flor que parece ser tudo
Parecida com um jeito enamorado!

Dias, noites e o luar repinta
A diária paixão do verso vivo
E como se o olhar fosse o estado
Que abre mil boas portas
E pousos
Nestas terras que nutrem-se de versos
Neste corpo que encaixa em mim
Como menina que olha a flor
Em fartos dias
E transforma uma palavra em mil.

Como escrever um dia, uma volta
Como detalhar as respostas
Como ser feliz sem pipoca
Como não ver teu olhar em volta
De tudo o que meu coração já sente?

segunda-feira, outubro 16, 2006

Arlequim

Ardem em mim
O Huno
A Garça
O moleque
A doida
Um arlequim
Que transfigura água em outra pessoa.

Nascem em mim
O brilho
A Harpa
A distância
A folha
Um arlequim
Que desconhece não lanrçar-se à proa.

Qual sorriso nunca findo
Que arde em brasas de afirmação
Nasce este saci de tiras
Europa errante, clown afronegão
Rebuscante lua aflita
De Ásias feitas de pagodes e liras
Áfricas de poesias
Rosas sem ventos nem alternativas.

Qual luminar de afrontas
Salta e ressalta o libertar dos dias
Como se o sol já fora ditador de cartas
Calores e trilhas.

Arde arlequim
Nos versos sem calma
No voar à toa
Pelos mil sins
Do tom que enverga a rubra cor das moças.

Arde arlequim
Menino que bandeira a rua toda
Sai mais de mim
Passeatando avenidas soltas.

Versos de alva cor

Dona do olhar que encerra a feira
Constrói das pontes vozes, ceias
Rompe o luar com um brilho jasmin
E a cada azulejo
Inteira
Pinta como se muitas mãos
Tecessem da palavra dada
O riso que é afirmação
De um voar
Entre escarpas frágeis de cor
Por libertar
Estrelas, homens, mártires da dor.

Não ligue pro fogo das ausências
Deste real que já não vem
Mostrar-se no alto ardor do ser a mim
Porque cada pó da existência
É todo em mim um sol de amor
Pessoas são estrelas alvas
A iluminar um sonho em flor.

Vago a notar
Teus passos na calçada
Sem cor
Do transversar pelas rochas e asas
De um arpoador.

Dona de minha não paciência
Pequena estrada do que vem
Tornar-me mar inundado de amar
Há mar em toda insana essência
De cada elo do amor
Por isso poetas das palavras
Sentem em si o criador
A rebuscar
A felicidade calma da flor
Por poder do ar
Tecer versos de alva cor.

Um sorriso infante

O que é tua voz que agita
E insanidade dos espelhos
Como se rompesse em mim a dor?

O que é som que filtra
A esperança e a espalha
Criando reais em mim?

Qual flor
Tem este teu jeito de ver
Tudo em cada instante
E romper de mim
O tolo nunca jamais ver
Este sol que transforma o real?

O que é teu sol que brilha
Entre as aspas do meu medo
E repõe o sal em mim
Com a cor
Das estrelas que repintam
Todo o dom de ser palavra
Em teu corpo de jasmin e ardor?

Talvez seja um bom viver
Um sonhar errante
Um instante sem fim
Que constrói em meu viver
Um sorriso infante
Real.

Que tudo esteja em teu sorriso

Espalhe arte em sonhos que fazem estrelas
Dê-me teu riso
Enquanto rasgo sóis com peneiras
E reconstruo a asas que eleva a alma
A teu olhar.

Me conte outros nomes
Reveja a estrela de cada riso
Estrele o sal todo das mesas
Como se o sol nas artes plantasse calma
Em cada olhar.

Veja os girassóis vivos
Note os homens, as montanhas
Talvez nascer seja ser todo em tudo isso.

Perceba o vento nas folhas
Olhe o rasgo, o grito
Talvez viver seja ser tudo e todo
Insisto
Que tudo esteja em teu sorriso.

Querendo a ti

Há de mim
Todo teu olhar
Todo o perceber dos sóis novos
Que ardem neste voar.

Como se cada ação
Canção fosse em mar
Como renascer
Entre os versos
Desejos de ver-te em mim.

Como não sentir
Todo o amanhacer de extremos sons de ardor
Tendo a ti no meu ar?

Como não se ver
A simplesmente amar
Se o acaso plantou-te em flor
Dentro do meu andar?

Talvez perca a razão
Todo a me lançar
Pronto sobre o céu
A refletir-me em mar
Porém como negar
que amanheceu
Meu peito é ser
Sol inteiro
Em verso querendo a ti.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Mar e Eu

Luz Azul
Sol Azul
Cor de Azul
Flor Azul.

Em sonho inteiro
Calo versos entre astros
Luminosidades claras de azul cor de canção
Falo de esteiras
Casas de imediatos
Desígnios de astronáuticos sorrisos de antemão.

Qual bom sujeito faço verso, faço artes
Como se universo em parte fosse signo de Adão
Pois vejo o vento
E do vento pesco Marte
Meu planeta disparate
Que hoje prendo na canção.

E nasço enredo
Como fogaréu de artifícios
Lá no meio de onde vi ninguém
Remendo freios e assim qual anjo
Me pareço com jibóia
Fujo eu também.

Em sonho inteiro rumo cor de outro bairro
Páro pra ver Januário
Ouço ritmo de mar
Pois não-prefeito
Sou cidade pequena
Na calda da imensa
Cidade de outro lar.

Ave, Axé, Mil mundos!!
Ave, Lendas!
Veja minha coroa!!
Salve Rosa!!

Não há mar onde o mar
Não mais vê Jurema e Uirapuru!

Azul mar
Cor de mar
Azul cá
Veja mar
E eu!!

Uma aurora

Noites claras sobram entre o jasmin
E a praia.

Jasmins tocam o infinito
Em doses de som exato
Enquanto o absurdo e lírico
Amor
Desbunda-se calmo.

Enfim a turba repara
Nas nuvens que em riso se mudam
Quando uma jóia rara
Rompe a mesmice e é lua.

Astronautas de meus mundos
São sins
Nesta hora.

Assim que rompe-se a velha alma
No caminho da água mais pura
O peso, que é só, dispara
E a leveza se apruma.

Ali no extremo e raro
Destino de ver outro riso
Sozinho apenas reparo
Como é doce o sentido.

Nas vanguardas de outro mundo
Há um fim
Quase aurora.

Por fim
Algo me faz menino
Eu rindo na beira do riacho
Sem ver ausência de riscos
Mas vendo o novo encantado.

Sem mim
Doura alguma pele
Salta longe um peixe lindo
Saber é talvez ser espécie
De chuva que faz destinos.

No olhar que hoje aprumo
Há de mim
Uma aurora.

Corpo e Alma

Calcule o linho que estrelas
Pelo caminho a olhar
O cerne do bom cortejo
Rumo de lua
E luar é todo mundo
Que em ti faz o novo
Ser cor de uma roupa
De um bom som
Há astronaves nos escombros
Da dúvida que perdes na mão.

Reveja limites, certezas
Notes o encanto que o sabor
Pratica entre noites e auroras.

Reescreva em mim o que cansas
Dá-me o gosto que o calor
Assume ser de inteira forma.

Insistes em ser lua, insistes
E fazer-me encantado
Que assiste
Nas asas dos versos que embalas
Teu nome, corpo e alma.

Há mais que mar

Fases de rimar palavras
Cor de rimar, desrimar
Ver-te em noção antiga
De sorriso pífio e de descolar
Desnaturizar
Redescobrir mar.

Mistura de versejar.


Coisas que me riem são graças
Palavras alçam voar
Pelos paredões de marcas que sucumbem
Ao ver-nos sonhar
Que sucubem ante o sonhar.

A incerteza é o não amar
A mentira do som é calar
E nas rimas busco inventar
A verdade que o sol me dá.

Frases de rimar, palavras
Gosto de sol pelo ar
Sangue de bruto me anima
A rever ninho e redescolar
Cor de não gostar
Com um som que há
Nos sorrisos que quem há
Surgindo vivo nas graças
Do ir e do rebuscar
A liberdade é desgraça
Pra quem quer do mundo o chorar
Pra quem quer viver sendo ar.

Fala vida
Dou-te meu ar
Alegria
Ganhas voar
Entre rimas tudo é meu lar
Porque a arte é grilhão soltar.

Nas palafitas livres cor é o que há
Surgindo nas ripas
Novo pensar
E entre os infindos gritos
Do sol e mar
Há mais que mar.

É bom pro coração.

Fala mar e Deus
Canta ar e meus sonhos de antemão
Parle sobre os seus
Fala som que deu canção como deu mão
Pra arte ser-te o bom
Sussurrar de voz marinha
Voz das minhas luas lindas.

Nota a rua hoje à aurora
E perceba que há dias de bom dia
E dias rosas
Feitos de canção e prosa.

Batuque de muita e infinda
Noite em dias de outrora
Rimando teu mel com rosas
Como se fosses a rosa.

Fala assim pra eu
Como é, qual teu sonho de ser canção?

Mostra assim o seu
Sorriso de meu
Inventar de invenção
Talvez fazer canção.

Porque o calor me assopra
Redigitações de lírio, flor de linho
Cor de rosa
Esperança de ver-te prosa
Nas alegrias lindas do delírio que alopra
E samba nas ruas nossas
Como um choro de bom dia
E o bom dia
É ver-te agora
Nas canções que hoje notas
Nas canções que és em notas.

Liga não se eu
Versejar o teu sorriso de canção
É que gosto eu
De ver todo teu jeito de ser-me som
É bom pro coração.

Entre sonhos e paixões

Atitude verde
Paulatino encanto de alma cor de árvore
Flor de tom mezzo azul
Brilho pirilampo
Coisa fada, calma
Colorizante em versos
De animar pequeno
Toda a distância do som para o sol
Em meio a uma canção.

Reedificar rima
Palha, fio, arte
Refastelar-se invento
Pelo espaço e sexo
De maravilhinha
De ardor sem mágoa
Magica de inversos
Rasgar som e vento
Pelas imensas razões que escorrem
Entre sonhos e paixões.

terça-feira, outubro 10, 2006

Maré

Praças altas, muros, presos
Alinhavadas cadeias
Casas rindo, riso cortês
Palavra interrompida
Pelo corte brusco das veias
Rompidas pela parca bala nua
Que atinge e dispersa as nuvens.

Vela
Há velas.
A nós infantes
Destes palmares sem antes
Não há paz fora da lida!

Coisas da pele morena
Longe da íris azulada
Que não compõe cinemas
Nem inspira dalís
Só inspira o rouco e brusco
Ato que encerra todo som da palavra vida.

Há guerras
É guerra!!
E o que há adiante,
Oh! meus caros sons infantes?
Se há paz onde que habita?

Corpo morto,corpo escasso
Luz que habita da terra
Uma parte que não encerra
O gosto sabor da vida
Que pequena parte toda completa inteira
Desta profusão de linhas
Faz dor ser talvez mais ira.

Estrelas, terras
Não calam antes o rigor ardor infante
Que hoje jaz na palma das vidas.

É do corpo intenso o fogo
Fogo afim de ver-nos dias
Passos dados, duros, presentes
Neste espaço que hoje abriga
Tanta luz
E luz é gente
Gente nunca morre
Habita
A eterna força viva
Das terras
E terras
Cidades amantes da dolorosa e gritante
Cor da paz que hoje grita.

Cães correm pelos espaços
Sem ter o brio, a coragem
De perceberem mais rios, nos povos, nos corpos que ardem
Pelas brechas, ruas, quebradas
Onde toda a fé encerra
A beleza de ser carne
Enquanto feras, cegas
Nos dão instantes de desespero errante
Toda a paz
É paz de briga.

Não há brilho neste estado
Nem estrela, nem salvador
Não há nada além das celas
Dos risos de Governador
Mas há brilho nesta vida
Vida que parece o bem
Pois nos olhos tem o veio
E a eterna e bela
Cor do instante
Vivo, inteiro, nosso
Grande
Toda a paz é morena e brilha.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Nossos planos

Se há um mar
Note o que vem
Qual nuvem nua de sentidos
Pois parte da arte de mim
É o calor que tece a pele
Em uma fusão original
De palavras vãs e velhas
Com a inteireza séria
De todos nós, todos que vêm
Fazer calor no movimento
Das bandeiras, sonhos, sais.

Nós que navegamos já sem cela
Nem de animais, nem de mazelas
Calemos o sorriso só
E gargalhemos o que corrói
Pela alegria dos mil ais.

Fale mal
Dos tigres nítidos sem mão
Olha mal
Mas veja-te na irrazão
Rasgue o mal
Pois nota-te mais e mais paixão.

Razões ventos podem mar
Ventos nutrem-se do são
E todo o mundo é você
Se arde em ti a explosão.

Cai na terra
Pega a chama que anima
Planta-te lá.

Sê a terra
Vê na cor desta certeza
Teu sangue lá.

Acaba-se em Deus a paz de promessa
Deuses novos dançam já tendo canhões
A seta que atiras
Dança desvairada
É a semente ingênua
Que destrói represas.

Arde nos sóis já Deus
Arde os sóis
Há Deus
Mas sua honra é de liberdade
Causa o medo louco
Dos que olham no faisão
A parte do alimento mais que novo
Guardem a vós, não vossos tesouros
O Deus que anima o sol
É lindo.

Nas casas mater sem vergonha
Há o acaso da cerveja
E na beleza de uma voz
Rasga o sol a intensa cor
Do mundo inteiro a ser
Em paz.

Porém a paz derrete dentes
Trilhos, anzóis, portas, dormentes
A paz do sonho é ,em si, além
Ela é o que vai destruir
Pois paz é em si revolução.


Natal!!
Há extremos nortes na canção
Vê o sal!!
Teu corpo produz imensidão

Sê sal
A terra é em ti toda canção.

Arde nos olhos de além mar
Rua sinteiras de ação
Há nas esquinas de você
Cidade inteira de invneção.

Veja a hora
Não durma sem par
Veja o sol surgir
Há tantas razões perdidas por lutar
E lutar
É mais que ser
É notar a lida, o fazer
Perceber bem mais
Saber que somos tantos
A construir novas auroras
Como um luar
Que note nossos planos.

O algoz de Deus

A nascitura força móvel nas horas
Dança com clarinetas feitas de cetim
Nas ruas vazias
De gente, bandeiras
Cordas
Que enforcam redes
De gente que foi feliz.

Rabisque a linha que tece a trilha
Do sonho tão teu
Queime os bilhetes, queime o país
Enquanto andamos distantes presos ao olhar
Que só trocamos quando pudermos fugir.

Esta rua
Possui a liberdade, toda tortura, as agruras
Sangues, sóis, Ginetes
Fardas, Populares
Talvez o algoz de Deus.

No poste que saltei outrora
Não me vi calado
Não te vi em mim
Aqueles cisnes na piscina
Parecem ir embora
De graça talvez possamos ir.

Acorde o filho que não vimos
Acorde o pai não meu
Veja que as redes parecem flor de liz
Enquanto apertamos os dedos de sonho
E de pernoitar
Pensando talvez num novo país.

Esta rua
Possui a variedade da razão e da loucura
Quando estamos na linha
Que tecemos em passos
Que o vento nos Deu.

O que será mundo em mim?

Baila um Girassol à luz
Entre sementes de outros barcos.

Enquanto o segredo do carnaval
Perambula por meninos descalços
Zé Gago reconstrói verbos com o olhar.

Varejeiras falam inglês
Bem na porta do Cinema
Teu olhar furou a paz
E o Taxista disse, envernizado,
Que os astros marcaram dia para acabar.

Perto dos municipais
Cidades mudas fundem ruas
Gente com olhar ao léo
Enquanto a luz fustiga todo ato
Esparso
De sobreviver vendo o mar.

Não sei contar dinheiro!
Moço me dá cigarro?
Você não vê mais nada!
Seu babaca, viado!!
Eu te amo inteiro!
Teu time é um bagaço!

O que será mundo em mim?

Me pega

Assim que você parte meu ser
Saboreando-me a ler
Como se todo voar
Fosse sim uma vantagem ou um risco
Fosse a grande beleza
De guardar de si o tom.

De mim tudo você pode ter
Tudo é todo querer
Como se notasse o ar
Um sim
Na belezura das tardes
Que compõe tua beleza
Feita de um verso bom.

Será tudo a perigosa arte de bailar em marços?
Será hoje um dia claro de caminhos
Que se perdem pelas orlas
Desta ansiosaudade?
Serei eu um baluarte da vã pressa?

Já não quero ver as horas
E nem dedilhar vãs artes
Só esperar da tarde teu sorriso
Nem me importo se o real gosta
De trabalhar até tarde
Basta saber-te já meus versos
Vem
Me pega.

Todo meu

Nasce na ponta do pé
Este fogo que empurra meu riso
Para o porão que vê focos iluminados
Nos meus astros que ardem assim
Como se o espelho fugisse ao sentido.

Assim meu retrato embala
Um novo alvo, outro tempo
Que finjo reconhecer como lei
Enquanto bailo, bandido, com Deus
A notar bem você
Estrelando o roteiro do sonho que vou ser.

Beij-me como se o espaço
Amante do Tempo
Fosse sentido
Dá-me um beijo e o sorriso
Para que o ar crie a linha
Do sonho que teu olhar me deu
Todo meu.

Saudades

Fale baixo! Fale menos!
Faça-me calar
Com teu beijo, teu extremo de me dominar
Não mais pense! Tome-me!
Tente-me!
Faça o dia ser memória
Ser sol, lua, mar.

Abra a roupa, a alma, a boca
Coma-me sem ar
No tumulto do meu sonho
A me costurar
Em tua luz, tua cor, tua forma
De me carinhar
Como se só houvesse dia
Com teu corpo a me tocar.

Caso o real me note
Olhe-me
O olhar todo teu nem me transforma
Me forma do ar
Como se nascesse a vida
De te aguardar
Se não é real a saudade
Acabo de inventar.

Onde meu sonho seja mar

No dia em que o vento de te esperar
Esconder a cor das luas belas
As Montanhas tornam horizontes
Nortes para quem cedo vela
O mar
A perguntar o destino da bela
A querer
Um tempo, uma razão, uma quimera
Que faça toda a Terra
Perder-se na alegria
De teu rosto olhar
O sol tímido espera
Como este poeta a sonmhar.

Beijei-te no sonho
Que fez a noite cantar
Criei verso em pedaço de peito a rebumbear.

Há sentido?
Veja a cidade tão contente!!
Como a lua que rompe a nuvem a brilhar
Pra ver-te ao mar
Da alegria da poesia
Que escrevo em tempos
De sorriso tentar guardar.

Será o dia meu tua poesia?
Serás meu dia?
Te escrevo inteira
Num verso onde meu sonho seja mar.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Palavrear

Sabor
Saber
Parolear
Rever
Versículos brincar
Chamar afim de sim
Ver lá
Letras de outra forma deslindar.

Ardor
Arder
Pavonear
Crescer
Rever lua ao mar
Saber assim de sim brincar
Palavra é coisa boa de dourar.

Amor
Palavra lembra tanto assim
E vira Roma
E lembra Rosa
E até parece sol nascer
Como se fosse um ser
Palavra amor de tudo é ser.

Fervor
Ferver
E Ferroar
Sentir
E rir
E se acabar
Palavra é fim em si
Mesmar
E pode ser também encimesmar.

Calor
Que lembra chama e ar
Sorver
O sol enquanto o mar
Rima assim sem vergonha
Com corpos soltos a se amar.

Amor
Que faz da rosa ser jardim
Tela de coisas feitas de prosa
E beijos pintados no ser
Palavra de nascer é amor de tanto ver.

Sabor

Sabor de mim,
Me faz voar!
Porque,
Eu quero não pousar!

Eu quero a vida
O sonhomar daquele jeito teu
De foro
De apertar.

Sabor, me traga as horas hoje assim
Como quem doura, como quem adorna
Como quem costura um ser
Pra que eu veja nascer as flores
Bem no tempo de doer.

Nestas horas o calor alimenta o voar
Como quem desenha as folhas
Desta árvore de desejar.

Sabor, não esqueça do mar
Porque
Sou eu um navegar
E quero enfim te esperar
Pra tudo em beijo enfim
Teu corpo transformar.

Jeito forte

Nem vem prosa
Se a dança que hoje tu canta
Não me traz mais rosas.

Vem, vem
Torna
Tudo em mim uma elegância
Toma a mim
Já me transforma.

Reconheço que ante os ventos
Sou veloz demais
Mas pálida luz do tempo goza
Do poder de ir não tão rápido assim
Enquanto eu me abalo
Ali naquele embalo
De esperar por ti.


Nem vem
Goza!
Das músicas que andam tantas
Nas ruas que adornas.

Vem, vem
Torna
Algo além das esperanças
Vem, me pega
Me transforma.

Não há mais só razão para calar-me em paz
Há esta sedução jocosa
E eu nem posso rir
Só posso conferir
Numa explosão
O que fazes de mim.

Note então
Anote
Que é deste jeito forte
Que eu gosto de ti em mim.

Cadê?

Cadê?
Meu fogo tá de matar
A rua me chama
Na rumba do seu próprio andar.

Hoje o sol tá de acabar
E acabar na Lapa do sambar
Porque Samba talvez me faça crer
No pedaço de alma que é você
Nesta vida de batucar o ser.

Vem cá!
Já pra cá!
Vem Rio
Venha logo
Já!
Vem eu.

Hoje não sou mais meu.


Nem vem com esse papo demorar
Meu corpo aspira tuas curvas
Faz meu sangue ir mar
Pra ver se consegue se acalmar
E se largar nas quebradas
Balouçar.

è que o samba no sangue dá você
E você queima a veia por fazer
Do meu sangue todo um repique de ser.

Bumbo, boi bumbá
Vem rio
Venha logo
Já!
Vem eu.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Feliz por te ver

Lábios correm a ver do limite do lógico
Algo solidão de cores feitas óbvio
Ato de rancor
Que morre sem ler a astronave tempo
Por rever-se a ser a ilusão do invento
Entre as dores ínfimas deste drama que é explosão
Como se palavra, como se sentido
Como agora, já real e nítido
É o beijo que conciso traduz-me sal.

Ardo assim por mim
Por fim nascendo outro
Pelas multidões que teu sorriso imenso
Traz sendo invento
Ardo por meus múltiplos olhares turvos
Por nascer no ser que reinventa o vento
E querer do brilho dos olhos uma nova ação
Que me faça asa
Como faz-me brilho
Este teu fazer-te outro idílio
De poeta já caído
Neste colo, só, total.

Cale-me
Beije-me qual mundo
Faz do inverno fugidio o canto
E na primaverice do tempo
Me deixe ver como é lindo você.

Rasgue-me enquanto crio o mundo
Eu e Deus no balé de esperantos
Argonauta de teu corpo e sexo
Que só assim, findo assim
Se é feliz por te ver.

Em caldas

Vem dizer qualquer palavra
Não vá parar ali ao meio
Da trilha que dei
Para tornar-te de mim estrada
Fazer-me riso.

Venha no encalço do meu delírio
Ria bem alto
Torne-me fato
Lance-me ao mundo
Como quem dorme com soís difusos.

Espalhe n'alma teu som, tua pele
Em qualquer dúvida, me apanhe, pegue
Não deixe a multidão calada
Torn-te o ser que me é palavra.

Na calma da luz que amplifica
O quesito louco de ver a mágica
Perfeito verso é este riso
Que faz calor me servir em caldas.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Anjo

Anjo!
Tu que veio me trazer canção
Hoje dou-te a linha dos versos cuja emoção
Arde em segredos de sonhos
E extremos sorrisos
Como se o mundo aflito
Fosse a trilha da invenção.

E refazer do meu ar um ser
Um rir
Como se todo o sonhar fosse em mim
O tempo
De agradecer ao sol a acolhida
E notar em teu olhar a lei
De ser felicidade
Ser dia.

Bonitinho

Sul
No azul de meu polo Sul
Olho as janelas e os pelos
Que acendem o espelho
E vejo a barba, o fio, o alto
Do tempo me procurando esconder
A fala do derreter
Talvez arrumando pra ver
Pra se mostrar pra quem vê
E gosta de olhar
Gosta mesmo de querer.

Será a linha da minha vida
Este riso?

Moça, me dá logo este teu beijo
E olha o jeito que eu me faço
Pra sorrir o teu espelho
E gostar de te olhar
Saborear te ver
E daí correr
Pra o sol demonstrar
Saber de vida e de linha
De sorriso
E talvez ver a ilha do teu riso
Ser meu riso
E talvez a linha de viver
Bonitinho.

Me dá a linha
Me dá a trilha
Do teu riso
Me faz naninha pra eu viver
Bonitinho.

terça-feira, outubro 03, 2006

Dá-me agora logo um beijo

Saber de fato o calor
Do toque e da vontade
De mergulhar de fervor
Na maresia das tardes
É navegar em perfeitos
Pirineus de mares batidos
E saborear sóis e meio
Entre dedos contraídos
De uma fome de alma
Que rola em dunas esguias
Sem a calma estagnada
Dos que não comem poesia.

Só o deliciar-se inteiro
Entre meus olhos de mar
E uma montanha de desejos
Que contrairiam-se estar
Entre as vozes dos azuis
De minha alma de lua
Que nascendo aos sóis, ao sul
Rabisca flores e ruas.

E assim ia sem porto
Nos teus caudalosos seios
Navegar de sonho e corpo
Dá-me agora logo um beijo.

De Cabeça

Ri
Sem nem saber esconder
Sem nem saber mais dizer
Rachei de mim algo em rir.

Ri como quem esconde sombra
Como quem fala bobagem
E samba vaga canção.

Nestas barcas que hoje cruzam
Mares de ventos e represas
Explosões em expansão
Eu procuro uma instância
Sem mais intermediários
Pra dizer na palavra
Corpo e carinho.

Numa intenção ciosa
De gostar intensidade
Abraçar tua cidade
Com a pressa
De quem descobre das rosas
Nas esquinas, nos destinos
Uma alegre revontade
De ver festas
Nas belezas do teu riso
E quem saber ser teu sonho
Abraçando vento
E indo
De cabeça.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Testemunho

Sou
Apenas um rasgo de amor e interpérie
Mais um que o dom de nascer já impele
A parir versos e canções
Em vão
Mas pela dita explosão incontida
Esta mesma razão de ser vida
Que dá aos passos direção.

E assim
Beijo a luz do meu jeito inconseqüente
Faço dos versos meu pilar contente
Escrevo não por compaixão
Mas por som
E por desejar que versos sejam dia
Que rompam cercas, metros de vilania
A nos oprimir, torturar.

E sim
Se nasci poeta não calo meu grito
Chego por poder beijar do infinito
A liberdade
A irrazão
Pra ser
Talvez um ecoar de um grito
Um gozo
De voar pelo ar
De ser a si mesmo povo
Pra finalmente Cantar.

Lírico

Saberá tudo aqui
O eterno do gostar?
O Vento pressente
Pois sabe ver e rir
Sem mesmo nem notar
A alma do lugar que faz-se gente
E assim a permitir no espiralar do intento
O rasgo de sonhar que faz dos reis
Pequenos detalhes de um tempo
Nota-se fervor
Voar sem leis.

Saberá o sorrir
Um gosto de ser mar?
Ausente a mente
Busca-se conduzir
Na invenção do estar
Voando qual brisa que onipresente
Reconduz o sorrir
Pelas linhas da destreza
Que os dedos costuram
Em tua beleza
O Artesão que das palavras
Tolo
Faz-se teu
A ver sorriso ser
Do mar o espaço
Que o sabor tem.

Santa Tereza

Olha n'água
Choro ao fundo
No país da memória
Estrelas calmas tocam bumbos
Jardins
Tudo é História.

Assim passa o bonde infindo
Namora o casal
O anjo passeia entre os espaços
Trilhos vertem canções
Artes.

Na liz do vestido florido
No indiano aparato
Na boina do negro lindo
No Beijo em sóis costurado
Abre a nesga de outro mundo
A surgir
Entre floras
E montanhas que resmundam a si
Entre as horas.

Faz rir o menino a
Rindo
Dançar como se palhaço
Nos brilhos dos céus
Que reparo
Neste teu corpo que é sorte.

Faz frio
Mas a lua acalma
A costura do tempo transforma
Nas ruas o calor que espalha
Choros em claros e escuros.

A andar o meio mundo
Faz vir
Outra hora
Perambular de mundos assim
São memória.

É sim hoje o teu sorriso
É montanha de alvos móveis
Das flechas de alguns cupidos
Esta lugar que comove.

É sim teus lábios de fada
É ouro o brilho sem asfalto
Das ruas que minha alma repara
Parecerem com o alto.

Santas fluem entre o mundos que ri
E o que chora.

Coisa de verso

Páginada a ilusão
Demonstra curas
Cola na mão
Versos de ruas feitas de chão.

Escrevendo afoxés
Há ver
Pelas brancuras das palmas das mãos
Roupas escuras
Desliza ação.

Branco somente é a pele externa do preto
Corpo roupar
Balanço que acalenta as versões do invento
Do batucar
Na peleja da alma com o som perfeito
Que faz mil mundos
Santos e olhos.

Canta a mente
Canta a canção
Como se sonho.

Aspas feitas
Façamos nús
Luas escuras
Façamos mãos
Tocadas, tuas
Peles de breu
Branco ascenso de balancê
Bandeira pura
Roupa e mão
Única brancura
Batuque
Axé.

Toques de vodun gritante
Balanço elegante
Baile de olhar
Corte faca de dança
Passo de gigante
Puro bailar
Estampado nas costas
Da Costa do Brincante
Futuros muitos
Rum e pi
Toques
Nortes nossos.

Cor de rum
É cor de nação
Coisa de verso.

Como quem quer desdizer

Onde o olho vê
A natureza, o sonho?

Onda há escrever
As coisas de outro tempo?
Haverá tempo?

Os espelhos mudam
Ou tudo é difuso?
Ver-nos é saber ou é perder-nos
Em ventos?
Inventar é ver o futuro?
Todo futuro é mesmo ilusão?

Há nas coisas fartas
Quase um vago lírio
Noites dessas vemos homens anfíbios
Navegando nos meninos
Que comem lua e sal.

Hoje é dia de ser
Ou é morrer o negócio?
Primavera é ver outonos mortos,
Invernos com cor?
Saberemos ver os cristais mais plenos?
Saberemos ter filhos nunca pequenos?
Saberemos riscos, sendo todos humanos ou não?

Há milagres n'alma
De cada vão menino
Quando o sol rompe o perguntar
Com luz abismal.

Diga a tempo se o vento é sonho
Fale ao menos se há mesmo tempo
Corre afora notícias de inverno
A desdizer o meu rir e meu crer.

Parla a tempo se o mar é sonho
Diga ao vento como há intento
Pela vida cada verso que erro
Faço por mim
Meio assim
Como quem quer desdizer.

Na alma da gente

Buarques, Festas
Choros Bandidos
Ruas desertas
Desejos incontidos
Furor que encerra
Olhares benquistos
Frases dispersas
Plenos sentidos.

Estranhos motes que parecem
Ilusão de cor e nascer
Vozes que deparam-se com a enormidade
Do todo instinto de ser
São coisas que calam versos
E profundos milhões de dias
Como se tudo dependesse da solidão
De um minuto
De uma decisão
Nas coisas soberanas de um verso tardio
Uma ação.

Eu solto ao mar
As frases que faço
Contente
Por reburilar
Naturezas feitas da gente
Voando nas horas
Voando na gente.

E quero mais mar
Pois mar é meu nome inclemente
A escrever lá
Onde a lua é crescente
Uma feiticeira que mora
Na alma da gente.

Uma canção

Não bastam luar, folias, beijos
Estrelas escrevem peitos
No cerne do viver
Enquanto meu sonho imperfeito
Custa sóis a nascer.

A tamborilar de verso os dedos
Repartem talentos sobre o verbo amor
Aquece já o ar
Talvez o jeito
Dos corpos em pleno fervor.

A da vida
Uma dança ensaiar
Um querer bem demonstrar
Afinal dois mundos
Traçam linhas
A conhecerem-se e ver
Nas besteiras do coração
Uma rua, um mundo
Um som.

E neste dançar de alvos cheios
Começa o rumbar de um velho tambor
Que talvez seja só o peito
A desejar sabor.

Não basta gritar a ventos feitos
De cores que voam em torno do nascer
Mas basta querer qual feiticeiro
Magicar o viver.

Entre linhas
Quero seduzir teu mar
Tua terra, teu olhar
Quem sabe teus mundos
São a trilha
De um renovar do ser
Note toda a amplidão
De um toque, de uma canção.

Tanto

Se canto a cama
Te chama meu plano
Se planejo a chama
O canto
Repara a semana que vem
Esperando
Enquanto a cama
Eu planto.

Vagando em astronaves de portas bandeiras
Pelejando saber
Escrevendo artes
Fazendo belezas
Querendo ver você
Já, ontem, agora
Haverá demora aponto de fazer
A lua me esquecer
E acordar aurora.

Enquanto as noites me chamam
Pra vir navegando
Eu planejo camas
Tanto
E busco semana que não vi andando
Sabendo da cama
O plano.

Saberei semana ou saberei canto?
Encaro da chama
Espanto
Os penhascos de tardes
Soltas nas maneiras
Da gente se perder
Nos blocos que invadem a lua mais cheia
De tudo o que é ver
Nesta boa hora
De aprender da flor
A noite que o corpo canta
A cama, o encanto
Do seio que emana
Tanto.

Choro novo

Se a luz da lua deixa
Meus olhos se fazem fé
E partem dos sonhos
Sem rancores tontos
Se lançam ao mar
Ao mel.

Pode ser que o desejo
Se espalhe procurando sins
Nos planos e cantos
Ou talvez só o espanto
Do destino é que queira assim.

De um poeta voador
Sonhador de vespeiros
Partem sins, versos de cor
Escrita entre anjos
E sinais.

As luas me deixam olhar e ver
Astronaves de outro mar
A beijar-te entre os céus de nascer
E um choro novo dançar.

sábado, setembro 30, 2006

Egotrip

Cortes d'arma, revólveres
No esteio da encíclica
Da razão
Que corrói a espada da imersão
Do sentido de busca sem valor
Do Guerreiro Ogum
Oh! Vãos fiéis
Revolvereis a palavra sem amor
Que não cabe no ímpeto do soul
Que amei no dia em que caí.

Lambe-botas, confusos hiperritmos
Da confusão de versículos que sou
Esperado no instante da flor
Que almejo no dia em que meu sim
Espalhar retrancadas formas-gol
De sabres sem letras
Só o fim
De um extremo e imenso vil sabor
Que não explico mais
Eu sou assim.

Basta-me a cor
E já sei
Recriar flor
Sei-me flor.

Rasga roupas
Não me pergunte íntimo
Ressaber de palavras alto ardor
Não sou bom em recifrar louvor
Meu lirismo é mínimo, é M.I.M
E de mim é estrelador de sal
Algoz de tormentador de sins
Nesta liz que de flor não é o mal
E nem mesmo saibo o que é ela enfim.

Confusão de cansados estrelismos
Avant garde de nada
De autor
Que sabe ,saberei, saber sabor
Rimar ricamente algo que assim
Faça auto de paz
Oh! Vão fiéis!!
Ouçam o grito do homem-gol!!
Veja Exu me fazer bem mais que sou
Saiba Logun e escrevas já quem és!!!

Arde no ardor do ver
Sabor de cor
Mil de cor.

Decorados versículos mais ínfimos
De uma busca noção de vão
De pés
Parca imersão d'água no meu íntimo
Eu que Sagitário hoje sou
E nem sei se meu ego é a luz
Ou se é parte maltratada, ar, cor
De uma rua que em Guadalupe sou
Ou do Soul que hoje de tarde ouvi.

E eu de seios, e mágoas, de jasmins
Rasgo e crio de novo a invenção
Já não calo de mim a imensidão
Egotrip de invernos sem fim
Falo alto de mim, sou desigual
Nas represa que vaza hoje assim
Verso meu não tem sentido igual
Nada tem mais de mim
Sou hoje sim.

Suburbana Alegoria

Sob neblinas o jornal
Argumenta sem sinal de horizontes
Lagos, dunas, sonho, sal
Espelhos d'água separam gentes
Do senhor.

Ventos ardem sob intentos
Escombros molham a paz da flor
Em cor
Meninos compõem acentos
Sob rimas despedaçadas
De magro desamor.

Subúrbios colorem algo marginal
Ruas de sombra fazem o tropical novo horizonte
Calcular espelhos sobre o mal
E escrever segundos inexatos.

O ônibus não parou.

Nas agendas outro tempo
Horas se perdem entre o mel sem flor
Magros homens são inventos
E meus olhos já vão cansados
De todo calor.

A alegoria desta rua-mar
É a saída solta de outro instante
Não mais há dúvida sobre partir ou ficar
A cor da lua me faz jornada
De homem, anjo ou cor.

Pedale enquanto é tempo
A luz da lua faz do sol
O Pôr, das almas em movimento
O mar aqui não cabe
A polícia chegou.

E porque todo o movimento?
Porque o sangue é todo momento?
Porque o mar não acorda em números
Na calçada hoje me flor?

Me armo em prol de todo desarmar
Espelho o mal com o suburbano horizonte
Nas alegorias de outro estar
Jaz em meu luar o sonho, a paz
Que não me acordou.

Suburbana Alegoria, intento
Estrelas fora dos lamentos
Ruas de sangue, movimento
Escadas soltas entre meus jardins
Na cor
Das estrelas que nasceram em mim.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Regina?

Pude perceber
Inquieto, confuso
O real por na canção os pés
E talvez colorir de audácias
Um nada perceber.

Como as flores
São parcas para dizer
O que sou eu afim
De ver-te em meus sonhos
Ali onde eu achei.

Saber-te é ver algo além de mim
Saberei saber tuas belezas?
Astros pairam sem nem notar.

Nada sei do veio interno, difuso
De teu próprio olhar
Rebusco meus dedos
Meu corpo
Mudo
Mudo meu próprio mar
Para perceber
Se há algo além de mim
Pra nem te dizer
Olhar apenas
Note as garças ao mar.

Ser espaço

Se a arte for distúrbio da palavra
Ou dança for a perda da clareza
Me dê um anoção de morte nágua
Me atire lá na Barra, na correnteza
Para que eu seja náufrago
Um espantalho morto pelas incertezas
Que cada verso já recolhe nas presas
Dos cadáveres que mordem orelhas.

Eu, mudo, mundo digital
Mudo mundo animal
Fonte de cor
Alarde de tom e sal
Migração do som, do mal
De todo amor.

Se as mágicas de perder-se em sono
Fosse do sono toda correnteza
Milagre-me no desespero tonto
E torne-me um Carcará brabeza
Só me balance nas festas
Onde a matriz me empresta o tom herdado
Do corpo preto das macumbas da vida
Do corpo livre de ser espaço.

Se eu, mundo, mudo normal
Mudo, mundo, todo astral
Fonte de dor
Me espalhem entre um jogral
De meninos, cães e o sal
Que corrompe a flor.

Jogados com homem ao chão

Salgue nosso sol à luz
E reveja milhões de estrelas
Astronaves canibais
Dançam nos versos sem destreza
Sem nem perguntar depois
Se as paisagens são imensas
Nos atos descalços
De nosso corpo ao chão.

Note bem meu bem querer
Pois eu nunca acho que estou certo
E se eu perguntar procê
Posso precisar de um belo ato
Calado
Nos passos
Mas não é de mim perguntar.

Não abandone o seio do seu céu calado
E nem me dê respeito mal emprestado
Não pergunte as horas
Nem veja o saldo
Pois posso morrer de mal inventado
Assim a aprender tudo sobre não mim.

Perceba que o sol dá luz
Sem nem notar as filipetas
Que um menino distribui
A passantes mortos por gravatas
E passos mal dados
Filhos da mesma opressão.

Sei que não sei ser do céu
E nem do inferno que me queira
Vejo ônibus e o obuz
Dos soldados sem certeza
E enfado
Tão fartos
Como a mim pelo mar.

Se o meu medo e meio e meu céu rasgado
Podem perceber um sonho errado
Como desdizer meu passo dado
E este meu querer sem ver contrato
Se todo meu ser é este sim?

Me perdoem se do mar
Eu não recrio mais belezas
Avenidas mil brasis
Calam-me nas noites sem veias ou calços
Nos estrados
Jogados com homem ao chão.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Insano

Ardem espamos
Entre a graça do ser
Bate o passo do espanto
No coração remando
Sobre um mar
Que anuncia das manhãs
Um instante onde a fé faz calmos
Todos os dias de café
E a pausa para um cigarro.

Arde a tarde
Em meu próprio saber
Arde o fácil
E o estranho.

Existem semanas
E existe o ver
Paro nos telhados
Sobrevoando você.

Há verdade ?
Mesmo há o sofrer?
Há saudade ou prantos?

Tardes cantam almas que voam no sal
De um corpo livre
Que se faz imortal
Nas mil vozes
De um meu não dizer
Que se arde
Insano.

Poesias que caem de mil pés

Tudo em sonho venta
Arma a canção tão minha
Notas enormes que fazem heróis
Revelam do poeta o algoz
Que torna-se brilho, assim
A sós.

Tudo em mundo venta
E mesmo o medo brilha
Cria a infância do jeito de ver
Alto luar de azuis
E reflexo novo de saber.

Vagam meus olhos para entender
Este velho viver
Eu que me sonho sem mais mil manhãs
Eternamente sol.

Nasço mais hoje atrás
De meus sonhos fartos
Caminhos sem voz
Banais, em nós
Meus
Feitos das teias do presente
Que me fazem velho
Infante vivo no meu parco ver
Que se permite notar
Poesias que caem de mil pés.

Alta nova novidade

Vim
Daquelas montanhas, vim sim
Pra tentar reentender
Este sargaço de ver.

Vim
Redescobrir meu cansaço
Relumiar os meus passos
E talvez ser canção.

Vim
Como rebolado ser
Quase em frangalhos pra ter
Tudo o que quero querer
Vim
Sabendo sol de lambança
Vendo-me mezzo criança
Recordando paixão.

Vim e acabei vendo você
Será você o você
De tudo o que me é são?

Vim
E acabei na procura
A concertando cabeça
Talvez fazendo ilusão.

E eu costurando luas, lonas
Talvez beijando lonas, malhos
Parecendo reotário
A te ver nas praias do meus instintos.

E o que é esta minha rosa
Que talvez seja felicidade?
Talvez seja só idade
Alta terra
Que desfaz-se em meu delírio
E se faz alteridade
Alta nova novidade
Que se encerra.

Boa à beça

É sim
Posso não saber dar
Nem saber me portar
Pelas quebradas do mar
Enfim
Posso nem mesmo saber
E nem ter o que dizer
Assim
Como quem dá uma de lontra
Solta-se em vera cidade
Barganha luas a mais
Dou
Todo um querer te saber
Dou um saber nem querer
Um aprender a viver
E sim
Posso ser servo de ponta
Posso ser generalidades
E guerreiro marcial.

Porque eu gosto do cílio
Dos olhos, da malandragem
Da sinuosa imagem
Que empresta
À minha poesia silenciosa
Meu louvar banaliades
Meu olhar de molecagens tão perversas
Uma certeza sem ares
Uma vontade de mares
Boa à beça.

Bela e Vera

Entre as aspas que hoje escrevo
E a síndrome de ansiosa teia
Retém brilhos toda insensatez
Das estrelas vazias
Que não te enxergam vermelha
Nas penumbras azuladas
E de mim em ti fazem Nú
Vens
Bela
Que encerra minha dissonante
Confusão de tolo infante
Preso à paz das mil manias.

Verbo que dar-te
Morena
Minha certeza calada
Não existe no fonema
Que hoje crio pra ti
Entre as linhas do distante e doloroso poema
Que traduz saudades vistas.

És bela
És vera.

E onde o ontem
Formou-se como instante?
Se há mais
Onde te avisto?

Nos extremos dos meus atos
Vejo-te canção mais terna
Talvez recrie da terna
Inversão do verso à vista
Talvez seja paixão inteira
Talvez seja carência viva
Que meus olhos contradizem
Na terna
Interna
Chama que garante o aquecimento
O instante
Da minha paz
Para tua vista.

Guardo em mim silêncio oco
E um sonho que te cria
Guardo em mim o onipresente
Deliciar-me ante a vista
De teus cabelos presentes
Pretos como noite em crista
Guardo em mim teu sabor
E tua maravilha.

És bela
És vera.

Haverá antes
Quando hoje alguns instantes
Foste mais
Que todo dia?

Deus que me dê outros braços
Outra esperança, coragem
Pra vagar pelos delírios e construí-los com arte
Salvando com rimas aladas
Os passos que hoje erram
E tranformá-los em carne
Que em festa
Se entrega
E um beijo instante
Vê-se o outro
Se pensa e garante
Novo mar
De navegadoria.

Não tenho espadas, não sou bardo
Dou-te a mim, meu amor
Com apenas duas pernas, um verso e um sonho ator
Busco teus toques de estrela
Teu sorriso de quem tem
E sacaneia o vento.

És bela
És vera
E sou errante
Busco aqui neste instante
Num apaixonar
Que o coração rima.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Dias máquina

Se o dia cansado se faz
Ao longo da máquina que transforma ombros
Em extremos de peso
Permita-me em verso dar-te um sonho
Aquilo que resvala no fazer um riso.

Se o mundo faz-se intenso
No correr do dia inteiro
E maquinar-se de ausências
E o inverno tomar do sol
A diária luminosidade
Permita-me apenas
Do meu jeito
Dar-te o melhor
Que os dedos faço em vão
Para que talvez uma esguelha de leveza
Deixe em teus passos.

Se os dias não solarizam
Olhe os extremos que correm na chuva
E perceba ninfas que
Como a ti mesma
Bailam nas belezas de olhos poetas
E deixe-me apenas
Desejar-te a Deus
Como se seus passos fossem o brilho de um ano inteiro
Em planetas tornados fogo.

Que os dados de teus olhos
Este brilho encantado
Que assume-se guerreira
Sejam a forma do intenso
E tua alegria torne o sol
Teu sorriso.

Ser de Asas

Sem saber e sem palavras
Luais, sinais de sol e meio
Em meio aos reis
Faço resgates de vozes árduas
Pelos destinos.

E vou regato
No mau pedaço
Vou largos rumos
Nos multifundos
E ardo rubro entre meu corte
De peito
E os mundos.

E hoje o que é minha magia?
O que sou eu entre dedos, asas?
Talvez eu seja mais que menino
E mais menino por ser de asas.

domingo, setembro 24, 2006

Com saudades

Casas de ar
São vozes sem sons
Balas que assustam tubarões
Nas janelas do não mais ver
Peças ao mar
A repintar ser
Atores de saber bem ver
Esperanças e aflições.

Busquemos arte de dissolver
Muros que escondem viver
Pelas ruas sem corações.

Rasga-me a fé
Meu amor de voar
Pelos penhascos sem mar
Da inversão das artes
Eu que sou cor sem mais céu
Filho de marte que vê
Sóis, cidades.

Penas de olhar
Asas, rosas, véus
Caem sobre meu não viver
Eu que calo-me ante a cruz
E faço luar do meu vago ver
Rimo estrelas com teu você
Já não sei-me saber sem mel.

E todo o mel
Toda flor do meu mar
É talvez te esperar
Rebuscando saudades
E redescobrir ouro ar
Abrio as asas dos tão meus
Passos d'arte.

Baila-me lá
Cruzes de bom céu
Ruas largam-me, largas ao léo
Pelos cantos das multidões
Eu tão incréu
Não vejo-me ao mar
Drago espadas de esperar
Com o intuito de ser canção.

E trago féu
Por tua flor, teu olhar
Sonho-te com o espantar
Das vegonhas sem marte
Que calo com ardor meu
Misturando ser e crer
Com saudades.

Não é tarde

Baila do mel o sussuro à luz
Eu não sei o porque seduz
Tua linha da boca ao mar.

Nem mais de mim notei o bailar
Do desejo a desequilibrar
A saudade do que não fui.

Saiba do céu
Um sabor de voar
Nascido do resgatar
A verdade das artes
Tu que me és a nadar
Pelos ventos do mais ver
Mil cidades.


Rodas no olhar
Que quis esconder
Já não sei se és bem querer
Ou o inverso que já quis.

Explode ao mar o satisfazer
De um sentido de querer
Ser do céu uma estrela azul.

E o que é o ceú
O amor e o estar
A teu lado a reparar, ruas dúbias e mares
Se hoje ainda há o véu
A fazer-me nem bem viver
De saudades?

Não sei se amor é este querer
Se é mesmo o renascer
De um pulsar de corações
Mas sei do olhar que quero rever
Do sabor de beijar-te a ver
Entre sonhos teu corpo nú.

Tenhas-me no ardor
De notar
O resgate do saborear
Versos feitos das partes
De um delírio de céu
Do carinho feito em mel
Não é tarde.

Crescente Onda

Vislumbre a nós
Entre o som e o que jaz em nossos ventos
Atos, veios
Que revelam anseios
Desertos, versos, restos
Palavras sem recheio.

E o que somos ao certo?

Há festas
Teu corpo alerta-me o mal
Na porta perde-se o tempo
Desejo ter teu calor, em meu sonho de lençol.

Nos esplendores que contas
Pelos passos que admiro
Rasgo o livro que abraço
Esqueço o orgulho e o linho
A te ver
Tomando-me as notas e as palavras.

Dê-me tua voz
Deixe-me só
Há mais que meus acentos
Que por teu beijo
Esqueço por desejo
Em tua alma, teus belos
Quadris, pernas e seios
Teus lábios tão impressos
Na meta
Da alma aberta ante o sal
Das costas tuas, teus tempos
Esqueço às vezes de me por no pôr do sol.


Rasgue o medo que me encontra
No silêncio que te digo
Não me cegue com teus lábios
Sereia que causa-me o fascínio
De querer-te
Numa crescente onda
Que me arrasta.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Janelas

Nota o espelho de espuma
A página em riste
O alto inventário
A regra que ruma
Pro externo fim
Da ausência do frasco de mel
Pra infinita ausência da liz
Pro arrumado campo dos sem céu.

Será que a rua farta é hoje vida?

Olha a instância toda
A decisão, os cristos
Os padres de roupa lavada e feliz
E vê história de quarto e chapéu
De madeira velha
Lama, chafariz
Amor de sombra
Que não lambe papel.


Será que a luz sem alma é hoje vida?


E acentua esta ausência infeliz
Com o brilho do olhar que me causa o som
Nos ventos os nossos olhos
Vão no triz
De toda dubiedade da invenção
No perigoso desafio de se ser feliz
E voar.

Nota
A casa é tola
A vaga que insiste em tornar-se espaço
De mútua loucura
De paisagens vis
É o retumbar dos jasmins
A tornar-se calma e medo sem véu
Tornar-se fúria distante e infeliz
Tornar-se lua, surpresa, chapéu.


Será a janela feia hoje a vida?

Há um você

Inventei cantar
Mode namorar
Inventei querer
Pra mode viver
Assim mei sem querer
Querendo você
Pra mode fazer
Tudo com você.

Na foz
Na voz
No algoz de mim
Há um você
No atroz
Na Noz
Nos Nós de mim
Há um você.

terça-feira, setembro 19, 2006

Simples assim

Simples assim
Eu te vejo ali e aqui
Seduzindo verdades e sons
Sabendo o vão
De todo chão
Sabendo não.

Já nem creio que o sol não é a ti
A tornar-me verso em cada mão
A perder-me na doida paixão
De aquecer porão
Do Alasca fazer Taiti.

Exagero nos cantos por poder fazer
Versos tortos para te louvar
Sabe mesmo que decidi nascer
Pra te ver rir?

E depois desencarnar fazendo trivias
Pra que anjos bons
Possam ter dias
Em tola euforia
Ouvindo a canção
Que escrevi por paixão
Só para te dar bom dia
Na atrevida magia
De ver-te beleza em som.

Gatilhos se acendem

Toque o corpo com seu sonho
Lamba as feridas
Veja como o som parece apenas a invenção
Do medo em si
Do risco em si.

Toque o risco e o medo
E perceba o teu próprio sangue
Que pode nunca ser frio
Mas abre os olhos e acha
A alma que vira turbante
E explode como quem destrói o medo
Do que viu na TV.

E assim parece que as conversas
Se tornam palavra
E voam qual anjos em espadas
Que perdem a calma
E perambulam pelas vielas e pelos becos vivos
Dos homens.


Traga o risco e o medo
Fale risco e o medo
Torne tudo este teu mesmo sangue
E perceba o sorriso
Do aço que te corta o corpo que foi.

Não se esqueça que o espaço
Não é como antes
É de gente que morre nos estalos
Destes dedos que curtem miséria
E dizem não aos que tentam ver nos cornos de todo meio dia
Uma novo nascer.

E por isso teu medo não é irmão
É um fio que desce da alma que versa
E torce de toda palavra
Um espanto
Um descanso
Desencanto
Que hoje perde a calma em vão
Arma em vão
Alma em vão
Que traduz farpas.

Enquanto se ouvem os dedos nos gatilhos
As luzes que acendem gatilhos
Gatilhos se acendem.

Sambatuque de corda

Samba que dói no ouvido
É tiro de sangue quente
Malaco ganhando no rateoi da miséria do dia
É truque de cobra na hora do bote
É destino inseguro fazendo som de bronze.

Sambatuque de corda
Nas veia do desenvolvo
É trança de almanaque em pedaço de rua
É viela, é pau de pedra torta
É praia maneira sugada de lama e óleo
Nas beiradas dos Rios
Dos recifes que me pernambucam.

Por meu gosto

Por meu gosto
Estas tardes quase todas
Seriam como músicas sobre o mar
Que te dôo
Num delírio de paz
Que ascende em mim.

Por meu gosto
Te mostraria astúcias
E a minúcia que hoje mais não se faz
Como um vôo
De gaivota que vai
Te achando em mim.

Por meu gosto
Te seria mil semanas
E dos cantos te entregaria mais
Quase um topo
Onde a pira que jaz
Toda acesa é a ti mesma em vôo
Recriando faunas, floras.

Por meu gosto só haveria a ti.

Tardes e Vinhais

Já desperto rindo
Entre a nova vontade de ser
E a força que arde
De tocar teu corpo
E me lançar
No natural e crescente
Delírio de perceber
A ausência de meu medo
Ao te ver canção.

Sei que é delírio o meu cantar
Sobre teus olhos, corpo, seios
Como se o mundo fosse perfeito
E fossemos só prazer
Mas meu verso é gostar de você.

E por isso crio
Das palavras soltas um te ver
E ao te ver as tardes
Brilham mais
Se tornam um despertar
De todo um mundo presente
Uma alegria de ver
Do universo um traço cheio
Desenhado à mão.

De todo o teu lindo olhar
De teu sorriso sem espelhos
Que cria vinhais e perfeitos
Sentidos de um prazer
Que espero ver em plena cor.

domingo, setembro 17, 2006

Corpo de Lua

Seus
Dançares de corpos
São dois mundos que empurram
Pro corpo a voz
A cor
A lua
Deste teu corpo que em flor
Me espanta qual visão
De mundo sem roupa.

E o espantar, cansado apronta
E talvez não cria a luz
Dos mistérios
No toque incerto
Mas há lua
Sonhar-te sempre nua
Vive
Toque quente
Na pele inclemente.

Sim
Das chances de ficar-te em sóis
De manhãs à toa
Há o toque ardor do corpo
À solta
E como te chamuscar
Pra calmo e manso ir a sós
Para a lua tanta
Do esgotar-se em corpos, ondas?

Há um poder em teu azul
Vão mistério
Teu gosto de inverno
Tua nua
Beleza que de lua vive
Inclemente
Deixa-me o corpo quente.

Dá-me o verso
do teu corpo imerso
Na loucura
Da expansão mais nua que vive
Nos extremos
Dos corpos em movimento.

A chuva que caia

Palha molhava a alma
A rua andava
E o surgimento da linha
Fazia a guia
Pernas trançavam calmos
Passos de espaços
E o sorriso mais brilha
Quase euforia.

Rostos mais luminosos
Corpos expostos
Dançavam música fria
Frio fazia
Estradas corriam pedras
Areias eram
E as meninas sorriam
Brigavam, caiam.

Chamas nos olhos cantam
Dançam espantos
Sons mais estranhos surgiam
Rostos cobriam
Fantasias de outros tempos
De outras ondas
De quase noção vazia
De um bom dia
Perambulavam por entre o corpo
E o que o poeta ria
Talvez de dia.

Ia na alma fera, a cor de terra
A encruzilhada
A estreada, a rua, as meninas todas
As luas soltas
E A chuva que caia.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Sem explosão

Entre as velas
E o mar que atingi
Vi na vida o atroz sorriso ínfimo
Das caladas das ruas
Fiz meninos
E sangrei como o vento sem canção.

Nunca leve andei pelos meus medos
Com a mão descarnada de meninas
Que sussurram e urram sem saída
Como quem faz de mim pleno vulcão
Sem explosão.

Nenhuma escuridão

Nada mais se recolhe aos ventos
Ou ao mar
Vergastam meus olhos as palavras
Ardem imensos corações
Entre árvores
Siluetas loucas
Dançam vaidades.

E eu aqui
Vendo na palma do véu
A extrema intensidade de um não andar
Como assim
Tudo fosse imenso e vão
E a verdade iluminasse
Nenhuma escuridão.

Não se abale
Não vejo ao norte mais cego
A noite agora perambula
Ao léo.

Artes novas perdem dedos
E calam-se, tolas
Nas estradas as mulheres
Fogem loucas.

E eu aqui
Verdejando a plantação
Me calando vão sobre um teu olhar
Feito assim
Um chicote sem paixão
Uma árvores que evoca
O não frutificar.

domingo, setembro 10, 2006

Amor nas escuras nascentes do eterno

Amor é das palavras alvo ou relincho de sonho
Nas escuras nascentes do eterno.

Um amor não causa ventos sagazes
Deslinda-se nas ondas dos pequenos sonhos
Palavreia autenticidades.

Um amor é gente, mão, perna
É calada e voraz correnteza
De alentos e doidos sonhos.

Um amor é dor pequena e explosiva
É maratona de corpos deitados
Sangue e mortes sem segredo
Um amor nasce do toque, do cenho
Do desejo
Nasce do medo, da lágrima, do triste.

Um amor surpreende vaidades
Nega segredos
Some
Torna-se tudo
Faz-se ausente
Faz-se saudade
Outro
Teu.

Um amor é pai sangrando a dor do filho
É o toque de irmãos que são braços novos
É a boca beijada na manhã de novos dias
É o último beijo
É o meod do beijo.

É a mãe que arraiga etenridades no sangue do parir
é o eterno reencotnro de si mesmo
Nos outros
No outro.

É a multidão que avança ao lado e morre em penas
E causa danos nos olhos
Que já tristes esperam salvações.

Um amor
É a esperança que explode intensa
Na manhã do dia dos passos
E constrói das pontes almas
Que surpreendem o muro que mata
E faz-se campo fértil
Das calmas caladas que viram o novo.

Um amor não explica-se
Nem mente-se
Nem cria-se
Um amor é
Como se cada nós da gente
Fosse o único de cada
E único fosse o todo
Comos e amor fosse.
Amor não é Deus deitado
Deus dor
Deus medo
Deus riso
Um amor é Deus de tudo e festa
E palavreio de olhos marejados
E voz calada no sentir.

Um amor sou eu, sou tu
Sou nós
O amor é o toque disso
De eterno que há em ser.

O Amor
É o simples olhar das estrelas
Nos olhos de outros
Nos olhos ciganos que passeiam em meus sonhos
O amor é isso
E sua negação
Pois amor é mundo
E mundo nasce nos rios das esperanças feias.