segunda-feira, outubro 02, 2006

Como quem quer desdizer

Onde o olho vê
A natureza, o sonho?

Onda há escrever
As coisas de outro tempo?
Haverá tempo?

Os espelhos mudam
Ou tudo é difuso?
Ver-nos é saber ou é perder-nos
Em ventos?
Inventar é ver o futuro?
Todo futuro é mesmo ilusão?

Há nas coisas fartas
Quase um vago lírio
Noites dessas vemos homens anfíbios
Navegando nos meninos
Que comem lua e sal.

Hoje é dia de ser
Ou é morrer o negócio?
Primavera é ver outonos mortos,
Invernos com cor?
Saberemos ver os cristais mais plenos?
Saberemos ter filhos nunca pequenos?
Saberemos riscos, sendo todos humanos ou não?

Há milagres n'alma
De cada vão menino
Quando o sol rompe o perguntar
Com luz abismal.

Diga a tempo se o vento é sonho
Fale ao menos se há mesmo tempo
Corre afora notícias de inverno
A desdizer o meu rir e meu crer.

Parla a tempo se o mar é sonho
Diga ao vento como há intento
Pela vida cada verso que erro
Faço por mim
Meio assim
Como quem quer desdizer.

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