terça-feira, outubro 10, 2006

Maré

Praças altas, muros, presos
Alinhavadas cadeias
Casas rindo, riso cortês
Palavra interrompida
Pelo corte brusco das veias
Rompidas pela parca bala nua
Que atinge e dispersa as nuvens.

Vela
Há velas.
A nós infantes
Destes palmares sem antes
Não há paz fora da lida!

Coisas da pele morena
Longe da íris azulada
Que não compõe cinemas
Nem inspira dalís
Só inspira o rouco e brusco
Ato que encerra todo som da palavra vida.

Há guerras
É guerra!!
E o que há adiante,
Oh! meus caros sons infantes?
Se há paz onde que habita?

Corpo morto,corpo escasso
Luz que habita da terra
Uma parte que não encerra
O gosto sabor da vida
Que pequena parte toda completa inteira
Desta profusão de linhas
Faz dor ser talvez mais ira.

Estrelas, terras
Não calam antes o rigor ardor infante
Que hoje jaz na palma das vidas.

É do corpo intenso o fogo
Fogo afim de ver-nos dias
Passos dados, duros, presentes
Neste espaço que hoje abriga
Tanta luz
E luz é gente
Gente nunca morre
Habita
A eterna força viva
Das terras
E terras
Cidades amantes da dolorosa e gritante
Cor da paz que hoje grita.

Cães correm pelos espaços
Sem ter o brio, a coragem
De perceberem mais rios, nos povos, nos corpos que ardem
Pelas brechas, ruas, quebradas
Onde toda a fé encerra
A beleza de ser carne
Enquanto feras, cegas
Nos dão instantes de desespero errante
Toda a paz
É paz de briga.

Não há brilho neste estado
Nem estrela, nem salvador
Não há nada além das celas
Dos risos de Governador
Mas há brilho nesta vida
Vida que parece o bem
Pois nos olhos tem o veio
E a eterna e bela
Cor do instante
Vivo, inteiro, nosso
Grande
Toda a paz é morena e brilha.

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