domingo, setembro 25, 2011

Nomes Torturadores

Num súbito urro vago, em estúpidos e fétidos sequestros
De adjetivos e esdrúxulos nús
Descurvo o mundo, a muda, o surdo-mudo ato do riso
Em livre, solto
Um risco, um sonho, um só desígnio incomum de muitos mundos
De luz
Que qual sombra obtém nomes torturadores.

sexta-feira, setembro 16, 2011

Afirmando nãos

Desgrace-me, cale-me
Desfeite
Intenso delírio faça-te entender
Esqueça-me mágoa
Dá-me o aceite
Rasgue-se, trate-me o ver.

Feche a porta, desligue o me deixe
Esqueça-me despeito, desejo, o que for
Me queima na água ou no azeite
Faça-me o favor!

Dá-me linha
Deixe-me ir desvoar
Quero-me simples calar
Surdamente mudo
Dá-me a trilha de descolar-me do ser
De desvoar a canção
Deixe-me afirmando nãos.

quinta-feira, setembro 15, 2011

Em um Nós forte

No mei, no pé, no ar cansado
Nas dores, nas juntas, nos freios
Espreito a fé, me esbarro, amasso
Sou cores, sou burca, sou negro
Sou muitos, sou mundos e fardos
O tempo é o algoz dos medos
Há dores, há mortes, há carros
Há foices, há bombas, há jeito.

Ardores me amarram a cara e o mar
O surdo corrompe minhas mágoas
O chão me demove de ódios
O ócio me devolve o corte
E as dores, as dores
Me fazem me replantar em um Nós forte.

PS: Sobre mais uma onda de racismo e ódio que invade este mundo, agora a justificativa foi uma Negra bela ser eleita miss.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Olhares

Rusgas, novos modos de se ver
Espalho Deus no ar
Resgato um velho invento, vou morrer só pra ressuscitar
Minto sob lágrimas sem ter nem de me explicar
Rimo altos graus de ser e ter só pra me desmontar
Nas ruas nuas, nas vinhas, na aurora
Nas muitas dúvidas que tive outrora
Decerto ando sem sequer saber.

Dias, horas, noites de não ver
Horas de acordar
Guerras, foices, martelos de ter de ir até o mar
Olho meu olhar de ver você e como o bom sonhar
Com as agruras que teci nas horas
Repinto os dias com minha sorte e agora me finjo um plano
Rasgo o véu que vem
Risco o nome de escrever pra você ler sem saber.

Calo meu medo do estranho
Acalmo os dias cantando um som de Elomar
Reajo ao medo voando
Me jogo ao sol desumano do dia de andar
E todas as dúvidas me tiram as amarras
Avanço como um suicida nas bordas e viro anjo
Vôo a ser ninguém
Todo o bom de ser quem quer é poder não ser também.

Aqueles novos ontens e velhos hoje.

Um sol que esbarra no espaço algum do ser
Estrela desconexa de abrir diário
Janela aberta e o vento vem dizer um segredo surdo de vocabulário.

Espalho detrás dos morros um sorriso azul
Espelho o lugar e o mar que as estrelas algo em cheio sorriem
Ao me mostrar assim um sonho de inventar mundo e cor
Vôo ao longe no meu próprio andar
Aberto ao bom de ir e vir, cantar
Em meio ao surgir das conversas sobre os tantos mundos
Os Ontens e novos hoje.

É velho o sorriso de mundos que não são meus
É doce o descobrir em silencio os tons exatos
As luas e ruas transitam no mesmo apreço
Dos lúdicos motins e lutas vermelhos diários.

Imagino um mar tricolor, um sonho, um som ao sul
Espalho o luar, o brincar de Laranjeiras
Arco-íris de rir
Brinco de ir e vir no vento ao sol
Em um vapor de café feito com um doce olhar
à lus das horas tudo é um passar
E vem aquela boa conversa
Aqueles novos ontens e velhos hoje.