quinta-feira, janeiro 29, 2009
Pequeno surto a um
O todo da razão perpassa pela leitura, formando junções significantes de informação através da combinação não aleatória de signos fonético-gráficos.
E todos somos parte informal da destruição do senso pela lógica.
Letra a letra.
Mas não leve nada a sério.
PS: Seção fixa intinerante.
Se Os Tubarões Fossem Homens
Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.
Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões.
Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.
Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.
Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.
Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.
As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos, da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.
A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .
Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.
Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.
Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.
Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
Falando sério
Rolar ser do mel
O imortal sonho nú
É querer ser céu
Ser além de ser luz
Faça leis do desejo pronto de irrazão
Rime sonho com noite, sol com visão.
Recriar o pão sabendo como é bom
Ser além do ser, reinventar-se dom
Pois seremos as veias sangue de verbo amar
Como estrelas são bichos de céu e mar.
Se hoje me sagro irmão das sementes
Me vejo fluir como a fé
De ser tantos enormes desejos infantes,
Escrever-se ser
Rezando por feliz
Tom de realumbrar tudo o que se diz
Verbo sendo enorme nota de revolução
Som de boca criando evolução.
Coração de tremores e vida canção
É talvez o luar batendo no chão
Germinando a graça de tudo reluzir
Por força de amar, de ver-se ir.
Voando nos planos de matas e inventos
Sabendo-se marca da fé
A Levantar garra contra as fomes.
Veja a noite clemente fazer do anil
Um escuro latente de brilhos mil
Seja e esteja na formação e nascer da dor
E respire no ato o criar do amor.
E enquanto os mortos teclam mil dormentes
Portões que os separam do axé
Somos espelho da vida
Falando sério.
Te sonho breu
Sou apenas sonho meu
Horas antes fui do céu
Recriando gosto teu.
Sou hoje breu.
Calam setas
Noite feita, feito eu
Suburbano que teceu
Véu de anjo sob o céu.
Sou hoje Breu.
Me calo no seio das luzes cortadas
Me torno hidrante buscando palavra
Querendo ser antes verso impagável
Rindo do limite sinistro da dor.
Querendo do antes um verso, uma praga
Estrela brilhante que nua voava
Cerveja no corpo tecido de fauno
Queria o sinistro apelo do amor.
Te sonho breu.
Cruéis conselhos de quem viu a morte
Sabe lá se a voz ouvida
É canção, ou alma reproduzida
Pela ação do virtual vilão?
Me dê a mão!
Cante alguma canção!
Peça atenção!
Discurse em meio tom!
Chore não
Tudo é só exaltação!
Me dê a mão!
Cante apenas alva lira,
Seja tão fina quanto as ladys de Brasília.
Veja bem, tudo é somente ninguém!
Tudo a cem
Nos atropelando,bem.
E eu só vejo o osso
Do sonho vivo em nosos entorno
E por isso a irrazão vai se tecer em notas vis e fortes
Cruéis conselhos de quem viu a morte.
Quero ser semente de tua própria alma
Sou de espelho dágua
Faço-me somente
Luz inteligente de alta madrugada.
Se eu pedir corte rente para reproduzir
Corta ma non mata!
Brilhe inteligente alta madrugada.
Eu quis-me ir
Eu fiz-me rir
Eu disse
Quero ser semente de tua própria alma.
Realismo sangue bão
Crescer nos extremos laicos do meu ser
Sentir explosões e cacoetes
Ciúmes de me morder.
Para confiar no meu aceite
Dos termos decentes plenos do amor
Acordo tatuado no inclemente
Sentido de cor
Que a vida
Teima em me ensinar
Teima em me mascarar
Com a ilusão dos mundos
Sempre a vida
Me fazendo reviver
Calado em meio à canção
Nú em forma de invenção.
Espero comer rituais perfeitos
Cantando solene melodias de ardor
Criadas por poetas bem feitos de corpo e sabor.
Talvez vá voar entre teus peitos
Nadar por estreitos alheios à própria dor
Lutando hercúleo pelo jeito buscando calor
Com a vida derrentendo em meu olhar
Recriando um sonhar romântico de um mundo
Onde a vida
Faz parte de você
E faça da ilusão
Realismo sangue bão.
segunda-feira, janeiro 26, 2009
Mude meu nome
E se estou certo na veia, toco pau e facão
Mas teu gosto me traz horas
Tempo/espaço mutante em forma de luz.
Grito porras obtusas
Quero fome de loucuras.
Pois tu tens minha luz inteira nas ruas
Tens o sabor dos mels, sem frescuras
Sou meigo qual o King Kong
Carinho é o meu nome.
Note o dia onde meu instante reclama menos do sal do que do hidrante
Quero teu sonho e roupa, quero o bem
Mas eu luto por segundos, neném!
E por aí te espero na esquina
Sou teu macho
És minha menina.
Vamo além, pois a vida inteira é loucura!
Além, pois sonhar com mundo é frescura
Eu quero você sem celofane
Mudo mundos, quintais e nomes.
Quero além, pois a vida inteira é frescura
Vou além de outro universo na busca
Do beijo de tua boca com a fome
Sou teu macho
Mude meu nome.
domingo, janeiro 25, 2009
Conforme a crítica e seus anais
Calo-me comovido
Ouvindo no piano Fluminense feito arte qual sorriso desfeito
Por Alice vã tupiniquim sem espelhos lisos
Quebrados pelo aparato de um Botocudo.
Se sussurro ligo o início virgem das meretrizes
E resmungo meios tons quase perfeitos
Feitos por bocejos enquanto perco o viço lendo vãos poemas.
Se me calo grito outro riso
Sugando ar em meio aos sentidos depilados pela areia de desertos
Do corpo da velha cartomante entre destroços
De egos inflados mortos pela agrura de um poema
Mau escrito conforme a crítica e seus anais.
sábado, janeiro 24, 2009
A revolução de 1979 no Irã
Há trinta anos, acontecia a revolução iraniana. Foi um golpe para o imperialismo dos Estados Unidos e mostrou o poder dos trabalhadores do Oriente Médio – Simon Basketter.
O governo dos Estados Unidos odeia o Irã. É que o povo iraniano derrubou um ditador violento em 1979. E ao fazer isso também impôs uma derrota ao imperialismo americano no Oriente Médio.
Até a revolução de 79, o Irã – ao lado da Arábia Saudita e Israel – foi central para a manutenção de política dos Estados Unidos na região de assegurar a estabilidade e a segurança do fornecimento de petróleo para os países ocidentais.
O soberano do Irã, o xá, foi um ditador colocado no poder em 1953, depois de um golpe organizado pela pelos serviços de espionagem americano e inglês.
O golpe de 1953 derrubou o primeiro ministro iraniano Mohammad Mossadeg.
Os líderes britânicos e dos Estados Unidos ficaram furiosos com Mossadeq porque ele estatizou o setor de petróleo que era administrado por capitalistas ingleses.
A partir do início dos anos 1970, o Irã tornou-se sede das atividades da CIA no Oriente Médio, com 24 mil “conselheiros militares”. Também se tornou o maior importador de armas do mundo naquela década.
Os ingleses apoiaram o xá incondicionalmente até sua queda.
Os documentos recentemente lançados mostram que o embaixador britânico do Irã informou em 1978: “o país e do governo continuam sob total controle do xá. As forças de segurança permanecem eficazes e, acredito, leais ao xá”.
“Não prevejo nenhuma preocupação séria no futuro próximo. Haverá altos e baixos, mas em curto prazo penso que o xá não deverá fazer qualquer alteração radical em sua política e será capaz de continuar governando sem qualquer oposição verdadeiramente perigosa.”
O embaixador não podia estar mais errado.
O xá tinha promovido um duro programa de desenvolvimento capitalista (inclusive de tecnologia nuclear) que deixou de fora parte importante dos setores religiosos tradicionais e milhões de pessoas pobres que haviam deixado a zona rural para buscar sustento nos bairros pobres das cidades.
A pior pobreza convivia com grande prosperidade. Divergências políticas foram cruelmente esmagadas e as minorias nacionais sofreram a terrível opressão.
Esmagados
O xá também esmagou toda a oposição da classe trabalhadora e a esquerda – encarcerando e torturando mais de 20 mil presos políticos.
O governo do xá parecia invencível. O serviço secreto, conhecido como Savak, estava em todo lugar. Sindicatos somente podiam funcionar com autorização dele.
Mas em 1975 uma queda nos preços do petróleo – principal fonte de renda do Irã – levou a uma séria crise econômica. A situação provocou grandes protestos que logo levariam à derrubada do xá.
Enquanto o clero muçulmano havia conquistado apoio entre os pobres, a esquerda concentrou-se em uma luta de guerrilhas contra o regime.
Em junho de 1977, aconteceram os primeiros protestos contra o xá, em 14 anos. Eles envolveram milhares de moradores de bairro pobres de Teerã, capital do país.
Cortes salariais também provocaram greves que chegaram ao ponto máximo em julho, quando os funcionários da General Motors incendiaram sua fábrica em protesto.
Os protestos de trabalhadores e da população pobre forçaram o xá a permitir algumas atividades de oposição. Ele esperava que isto servisse como um válvula de escape que retirasse força do movimento e esvaziasse sua força aos poucos.
Em vez disso, outros setores da sociedade também se sentiram estimulados a protestar abertamente contra o regime. Os intelectuais, quem tinham silenciado antes, juntaram-se aos protestos, como fez o clero e os seus aliados – os comerciantes tradicionais, lojistas e pequenos empresários.
Como acontece em toda grande revolução espontânea, muitos setores diferentes da população se envolveram.
Leituras públicas de poesia atraíram dezenas de milhares para as ruas. Entre outubro de 1977 e setembro de 1978, as manifestações contra o xá passaram de semanais a diárias. Os protestos levaram a uma grande manifestação, com aproximadamente dois milhões de pessoas, no dia 7 de setembro de 1978.
O xá impôs a lei marcial e as suas tropas massacraram mais de 2 mil manifestantes. Em resposta 30 mil petroleiros decretaram greve. Em apoio, os mineiros de carvão também paralisaram as atividades.
Os ferroviários recusaram-se a transportar a polícia ou o exército. Os estivadores só descarregavam comida e material médico ou papel para fazer campanha contra o regime. As unidades do exército começaram a rebelar-se.
O movimento cresceu e tornou-se uma insurreição. Muitos administradores de fábricas simplesmente fugiram. Onde isso aconteceu, os comitês de greve, eleitos pelos trabalhadores, assumiram a administração das fábricas. A classe trabalhadora, embora fosse minoria na sociedade, conseguiu se fortalecer tanto que se tornou uma força decisiva na luta contra o regime.
Em junho de 1978 o xá ainda dizia: “Ninguém pode me derrubar. Tenho o apoio de 700 mil soldados, da maior parte do povo e de todos os trabalhadores.”
Alguns meses depois – no dia 16 de Janeiro de 1979 – o xá foi obrigado a abandonar o país.
As milícias armadas derrotaram as últimas das tropas do xá. As prisões foram abertas e as rádios anunciaram a vitória da revolução. Comitês de greve – conhecido como “shoras” – foram formados novamente nas fábricas.
As aldeias de camponês estabeleceram o seu próprio “shoras” e começaram a confiscar as terras dos grandes proprietários.
As “shoras” representaram o começo de um tipo de organização que poderia vir a ser um poder sob controle dos trabalhadores.
Manifestações
Os camponeses exigiram a reforma agrária, as mulheres lutaram por sua libertação, e as minorias nacionais exigiram o direito à autodeterminação.
A revolução foi um golpe enorme para o imperialismo no Oriente Médio. Transformou-se numa festa de alegria com muita gente festejando pelas ruas.
Um político conhecido foi nomeado primeiro-ministro, mas as manifestações de massa exigiram a sua renúncia.
Em 1º de fevereiro, o Aiatolá Khomeini voltou do exílio e se declarou chefe de Estado.
Desde o início dos anos 1960, Khomeini tornara-se o líder religioso mais importante na campanha contra o xá.
Mas o movimento não estava sob controle do clero. Houve uma intensa batalha para decidir o curso da revolução e o tipo da sociedade que substituiria a ditadura do xá.
Os defensores do capitalismo nacional procuraram restaurar a ordem. A classe média alta, “liberal”, uniu-se aos líderes religiosos ligados aos pequenos capitalistas e comerciantes para lutar contra a esquerda.
Khomeini se colocou contra o poder crescente das “shoras”. Ele sabia que representavam uma ameaça ao poder do clero e recusou-se a reconhecê-las.
O novo governo provisório declarou que a intervenção de trabalhadores em assuntos de governo era uma atitude “contrária à fé islâmica”.
O aiatolá fez tudo para restabelecer o controle capitalista. Mas, não foi uma batalha fácil.
Como um funcionário de Shell disse na época: “O que os funcionários conseguiram fazendo parte dessa religião? Continuam a ser explorados do mesmo jeito”.
“Aquele gerente sangrento que sugava nosso sangue tornou-se, de repente, um bom muçulmano e tenta nos dividir usando nossa religião. A unidade em torno da ‘shora’ é o único modo de vencermos.”
A força do movimento operário foi mostrada na manifestação de Primeiro de Maio em Teerã, em 1979. Desempregados e mulheres com suas crianças fizeram uma marcha de 1.5 milhão.
As frases nas faixas da manifestação diziam: “Educação para as crianças e não ao trabalho infantil. Estatização de todas as indústrias, salário igual para homens e mulheres. Viva os verdadeiras sindicatos e ‘shoras’. Morte ao imperialismo”.
O clero tentou impedir. Grupos foram organizados para atacar a esquerda e pressionar as mulheres que se recusaram a usar o véu.
Ofensiva
Ao mesmo tempo, uma ofensiva militar foi lançada contra curdos e outras minorias nacionais que tinham ganhado um pouco de autonomia durante a revolução.
Mas o clero só pode ganhar o controle do movimento mudando de tática. Os setores de pequenos empresários e comerciantes, junto com o clero que apoiava o Aiatolá Khomeini, queriam manter sua independência dos Estados Unidos, mas também queriam liquidar a esquerda.
Eles temiam também a reação das massas – que ainda esperavam fazer avançar a revolução.
Khomeini ordenou uma ocupação da embaixada dos Estados Unidos, e rompeu com aliados considerados “moderados”.
Khomeini e seus aliados diziam que a unidade nacional era necessária para derrotar os Estados Unidos. Qualquer voz discordante estaria fazendo o jogo dos inimigos da revolução. A esquerda não soube como responder.
A maior parte da esquerda acreditou que o Irã não estava pronto para o socialismo e precisava de uma revolução capitalista antes da revolução socialista. Passou a defender que os trabalhadores e a população pobre fizessem alianças com capitalistas “progressistas”. Desse modo, se renderam aos argumentos da unidade nacional.
Os setores que se concentraram na luta de guerrilhas ficaram isolados do povo. Não conseguiram adotar nenhuma estratégia para superar esta situação.
O preço pago pelos trabalhadores foi enorme. O novo regime reprimiu cada uma de suas organizações.
Com a invasão do Iraque ao Irã e o início da Guerra dos Oito Anos entre os dois países, o governo islâmico esmagou toda a oposição, consolidando totalmente o seu poder.
Esta situação não era inevitável. Durante muitos meses o futuro da revolução esteve por um fio.
O fracasso da esquerda em se organizar de forma independente entre os trabalhadores e a população pobre para lutar pelo socialismo permitiu que Khomeini consolidasse seu poder.
Mas a revolução iraniana 1979 causou impacto ao redor de todo mundo.
Socialist Worker - 24 January 2009 | issue 2135
FONTE: Socialist Worker
SITE: http://www.socialistworker.co.uk/
PUBLICAÇÃO: 23/01/2009
Fruta Estranha
As árvores no sul dão um fruto estranho
Têm sangue nas folhas e sangue nas raízes
Corpos negros nadando na brisa do sul,
Frutas estranhas penduradas nos álamos.
Corpos negros balançando à brisa sulista
Frutas estranhas pendem dos choupos
Cenas pastorais do sul galante
Olhos inchados, bocas retorcidas
Doce e fresco aroma de magnólias
E súbito o cheiro de carne queimada
Aí está um fruto para os corvos bicarem
Para a chuva encharcar, para o vento açoitar
Para apodrecer ao sol, para uma árvore deixar cair
Aí está uma estranha e amarga colheita.
FONTE: REVOLUTAS
SITE: http://www.revolutas.net
PUBLICAÇÃO: 09/01/2009
quinta-feira, janeiro 22, 2009
Com sangue nas mãos
Calei-me por respeito
Ri com Deus
Desenhei mórbidas mãos tecendo magias de ponta cabeça
Usando como linha parco coração.
Faz nascer rancor na voz
A guerra
Faz doer o tom da voz
As celas
Quando no tom da pele a tinta se aproxima da preta
Quando o que vemos de pele é a nascida para ser preta.
Se eu ri
Rosto era desespero
Dor de ver
Parca e tola invenção
Fazer-nos matilha sem sangue nas veias
Sejamos matilhas com sangue nas mãos.
Nos ais
Sabe dizer o triz da ação certeira?
Demo ri em dois sins
Mentindo ao tom dos velhos
Chicos são assim, liz
Flor de ameia.
E o que é palavra
Se da água salta e aflora
O limite d'alma?
Silêncio nos devora
Esquecendo calma de som intenso
Som de ai.
Registro de alma
Palavra morre e a autora
Brilha sendo calma
Sendo silêncio que entorna
O dom da palavra
Se faz milagre de sem paz.
Lua, Adeus!
Eu vi um fim
Entre correntezas cumpridas
Me esqueci sim
Comendo a luz das pessoas
Calo a mim e enfim
Costumo ser milagre e proa
Mato-me a rir
Sendo palavra.
Guarda-te palavra
E vem silêncio toda em torno
Da beleza calma do que se diz sem horas
No olhar que em graça
Se faz silêncio todo em paz.
Delicie-se alma
Devore o dom da lua
Sendo água clara, sem se dizer outrora
Além da palavra
Já ocultada em nós
Nos ais.
A vida inteira a se voar
O rumo meu é de partir
Mas cala-me o som das asas
Cantando versos de ficar.
O tempo me conduz o rir
Entre dedos de tocar a corda da imensidão
De tanta gente a se amar
Enquanto flutua a paixão
Das rosas, dos ventos, do mar
Nos dedos que eu decidi
Serem meus pés a lumiar
As palavras que escrevi
E são parte do aço do meu olhar.
Me calo porque amo o dia
E a noite que é meu voar
Levando o amar pelo tempo da vez
A rir o tempo que é meu lugar.
Enquanto isso acordo o brilho
Na noite de me aprontar
Sendo multidão e lida
Regida pelo libertar.
E quem me impedirá morreu!
Sou um sonho novo meu
Criado na paixão que vinga
A vida inteira a se voar.
terça-feira, janeiro 20, 2009
Enquanto amo o vento
Grito entre luzes de Almodovar
Entre dentes de um sonho eu ri
Eu, nú, colori jornais
Me deixei voar na paz
Do tom das manhãs sem som.
Entre meus jardins de amor
Sonhei milagres de Ruas e noites
Entre meu sorriso mudo eu li versos de Drummond
E em paz vaguei desejando mais.
Costurei paixões com sons.
Esqueça o tom de todo amor!
Dê-me a toda a multidão
E a pinte de vermelho ardor
Enquanto amo o vento.
Talvez um baile de improviso
Somos sem hinos!
Todos em trapos de lua cheia!
Viramos medo e mágoa ao ver passar
O tempo mau e feito de muitas veias
Tempo sem viço
E eu que rasgo sóis entre as cheias
Da velha praia rasa onde o nadar
É até divertido
Pelo sabor das entranhas
De tanto mundo até ontem colorido.
E pelas ruas e saias
Pelos peões mau vestidos
Correm também as mil verdades sem domingo
E revoluções sem sentido.
Me deixe entre lírios que Oxum chega!
Seja carinho que vai nos bares e na beleza
Escreva versos maias e me dê mar!
Me dê levantes, turras, me dê sentido
Estou nos braços da rua cheia
Preciso de rubras bandeiras a olhar.
Sob as sombras se espalham
Mundos inteiros vestidos
De cores feitas de um vermelho vivo
E gritos feitos com mágoa, alegrias, tons de riso
Constroem a canção de rompimento e desatino
Talvez um baile de improviso.
Mantra
E montagens de remédios e milagres
Flores feitas de papel.
Luzes se consomem entre rios de naufrágios
Cores costuradas em vasos
Que surgem qual como prece
Redizendo sim aos Dons
Refazendo luz ao som.
Oxum, me dê luz nas trevas!
Imagens de homens me desenham inexato
Correndo em jardins soltos entrte livros e saudades
Costurando vôos sem céu.
Rasgos de realidades sugam meus tormentos
Doem entre luzes soltas
Inventando tons de neve.
Tanto brilha em busca da cor
Tanto se faz doce em cor.
Oxum, me dê luz nas trevas!
Entre tons exatos e sorrisos e milagres
Buscamos restos de astros
Qual poemas sobre neve
Servindo de pano de fundo para sonhos
Para desejos e asas
Como se fosse leve
Este remoer de amor
Este debater calor.
Oxum, me dê luz nas trevas!
quinta-feira, janeiro 15, 2009
Pro mundo do amor navegar
Cego olhando pro chão
Sou quase flor, quase flor
Nos olhos do Deus Jeová
Qual quem invade
terça-feira, janeiro 13, 2009
Deslinguagem
Regras novas? E eu lá sou catedrático de bola e caneleira? jogo nas onze descarço no asfarto e dou bola pro invento. Sem essa de descaramento de me tirar o trema, có pobrema do trema?
Sem vergonhagem. A regraria dessenvorta das perdida virge das academia, traz de cunho e de prosa a imensidão do desalento. Pra que meu verso tem intento? Pra que tem troça e voz? Sabe lá?
Não meu.
Regraria é ditado frouxo de bocó de pontodombi. Tudo é calejado nas horas das coisas e eu, sigo. Nas desvantage de inverno calado ou de verão em sol de concha. Talvez desmanche, talvez vento.
E enquanto o tempo apersegue as trilha, eu reviro a letra da pedra e pedra não tem dotô.
Pedra tem ponto? Nem.
Pedra tem tempo.
E virga? Cas virga das casa eu faço pausa ou mudo senso? Sensopauso.
E nas trema das arma, o braço dicurso de nós , muda o sibilo? Muda, e nóis gosta do sibilio.
Gosta da cambaxirra na língua assinando som.E não tem, não tem placa de ponto de cambaxirra.
Tem história inescrita de dotô das acardermia.
Tempo tem pra discutir o que não falo.
e a lingua vai pronde?
Com nóis.
Crueldade com Animais
Légua de revoltar
Rasguem venenos de mim
Quero inventar uma prece
E resmungar no jardim.
Quero expansão de dança
Rimar minh'alma com cor
Que me tecer em breves definições de amor.
Deixem-me em calma no fogo
Dêem-me a linha do som
Que costurar meus sonhos
E me reinventar explosão
Pela razão da descida
Pelo amor do luar
Tragam-me o simples vinho
Dêem-me a liberdade do mar
Ou a dor de ir voar perigos de nomear amor
Rasgando o sol de vento e inventar
Ser flor
Ser gato e légua de revoltar.
Nesta canção
Explica o som que há
Se o mundo é quase aquém do que se tem de dom
De ar
E as vidas são penumbras que assistem o rumo e erram
Recriando a estreita fita do sussurro e da alta hora.
Assim o que te sinto recua e faz-se rir
E a nuvem da brancura chove logo ali
E a rua se esbalda e se tece ao som da alma
Resmungando com um sininho o sol de se voar.
Sem léguas a limitar o tom da calma dos mil morros lá de trás
Dos campos que crescem e montam quermesses
E no meio do astral vejo pombos no jornal
Enquanto vaga o riso
Te guardo enquanto te amo nesta canção.
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Nós
Aguardadas como mundos
Como oceanos
Nos traímos sendo
E nos vemos flor.
Amando o inverso da liberdade, indo como sopro
Saqueando conversas mentais aguadas
Trazendo um sonho de toque e espera
Somos
Quem sabe
Nós.
Especifique sua crítica.
Não se deixe levar
Especifique sua ida
Pelo som de Guevara.
A rapaziada sobe em morros, entre vistas
Pelas cores negras dos ombros lacerados
Pelas luas novas cortadas nos olhos
Pelos Mangues e refrescos vendidos em isopor.
A Rapaziada se despe de escravidão entre tons de cor
Entre cores de macumba, cio e nuvem
E fomentando vidas
Correspondem à arma letal
Àquela velha arma letal que sacode o esqueleto
E explode
Pra sempre
Como suspeita é
Toda arma.
Especifique sua crítica
Sopre
Especifique sua vinda
Morda.
A vida não é pública, segura ou toma remédios
A cor da pela define, especifica
Faz bomba
Faz amor
E tambor
E é sol
Enquanto isso
Enquanto há além de si mesmo a polícia
A rua
A ruela
A vinda
A ida e a velha eterna luta
Das mãos em construírem mundos.
Especifique sua crítica.
sexta-feira, janeiro 09, 2009
Não tolero outras dores
Indo pra Central
Misturam o lugar
Com sonhos de mil paixões e bandeiras rubras
E luz que concede o verde à terra
Me faz ser ninguém
E me estende a beleza
A cruz das certezas.
Me traio sonhando rosto de lua
Da minha menina que voa trazendo ao amor todo seu afã
E em vida me faço mundos tocando sonhos de manhã
Reparando no céu que molha meu pão.
O que brilha nas casas ora a oração do meu velho pai
Nem sei se nasci janela
E à velha canção que rubra meu peito eu repito um som sem par
A velha razão histórica de não parar.
E eu que amo estreito em brechas de universo
Te crio aos lábios
Um verso inexato misturando comunismo ao rir
Pintando minhas cores feitas de versos
Pensando no astral
De ler jornais estridentes indo pra Central.
quinta-feira, janeiro 08, 2009
Só de manhã
A chama do nome é tudo estrela
Violencia e ordem
Tradicionalmente no Brasil quando se fala em violência há uma grita geral em torno da necessidade de mais polícia e mais ordem. Recentemente diversos prefeitos foram eleitos nas principais cidades do País pregando choques de ordem. E o que se vê nestes choques?
Geralmente uma repetição da caça ao pobre, da caça ao trabalhador, expulsão de mendigos das ruas, de camelôs das praças e ruas, de pobres de áreas onde moram,etc. Pouco ou nada se vê da expulsão de ocupação de gente rica de terrenos do estado ou em situação irregular. No Bairro do Recreio no Rio de Janeiro, o Prefeito mandou destruir uma área onde um terreno da prefeitura era ocupado inclusive por apartamentos com cobertura e piscina. Parabéns, mas alguém disse que esse não é o único? Que diversas áreas tem apartamentos de celebridades, piscinas, entre outras, coisas, sendo toleradas e ignoradas, enquanto nas favelas, nas áreas pobres o trator deita e rola?
Outra questão é a violência sempre sendo chamada assim quando ocorre um roubo de carro, uma morte trágica nas áreas ricas ou uma morte festejada pela TV como a da Menina Isabele ou da jovem Eloah, nunca se lê da escalada da violência quando quem morre é um menino como o Renan ou do Menino Matheus, que ia comprar pão em um dia sem aula na Favela da Maré. Não se fala destes casos que não são exceção, são regra, são normais. Mas se fala dos assaltos a carro na Tijuca com gravidade, com escândalo. As mortes constantes a repressão à população pobre, que vive como se dentro de uma ditadura alternada entre tráfico e polícia, não se fala. Pede-se a ordem para que a mocinha possa caminhar em Ipanema, mas impede-se o Moleque de comprar pão na maré.