terça-feira, dezembro 19, 2006

Ugarte

Ugarte morreu
Enquanto Monarco da Portela acordava Madureira
Com um samba no rosto.

Ugarte morreu enquanto dois jovens de 17 anos
Mal davam falta do universo entre um beijo e outro
No amor furioso da cama latina.

Ugarte morreu
Enquanto Severino pegava tickets refeição
E ao entregá-los à Secretária
Comentava sobre a dificuldade de comprar presentes de Natal.

Ugarte morreu enquanto dezenas de estudantes
Reuniam-se para lutar contra o aumento da passagem
Em algum lugar de São Paulo.

Ugarte morreu no mesmo dia
Em que milhares de crianças nasciam e enchiam de esperança
A esquerda, a direita
O mundo.

Ugarte morreu enquanto o poeta via um rosto amado
E saboreava versos ainda não criados.

Ugarte morreu depois de Violeta Parra
E Victor Jara.

Ninguém cata o sonho de Ugarte.

Ugarte morreu em vão
Nós não.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Apenas Encantamento

Canto de doce e de flor
Rasgo inventos de mar
Rua Alice faz de mim um além mar
Na pinta do léo e do rei
Que natureza sugou
Fomento o nivel do ar.

Pra minha crença no teu céu
Nascer como um rompimento da amarga e cinza
Cor de manhã inteira no fim dos ritmos
Que bancavam a magia destas noites que ensinam pompoar
Pelas nuas coisas tantas que vão lembrar
Nas retinas as meninas, as margarinas.

E como a sorte que em teu corpo encerra
Arde a fome da intensa vontade mais férrea e cívica
No intento do tempo
Que derreta a calma e a mão e encena a vantagem do vento
E no chão
Faça a dor do intenso retempo
Ser a lâmina do cerne do sonho todo
De estar em teu corpo são.

Entre as dores de calor, há a de sangue soar
Respire o invento do tempo de remoçar
Veja as praia sem breu
Nomei as ondas da cor
Do inverno invernar.

E me beije com tuas línguas, mãos e sinas
Que desrespeitam a má vã e fria
Invenção de alvo risco que mata em nome de magia
E faça a verdade do corpo ser sol.

Canto de doce e de cor
Rastrei o inverso de amar
E veja o fino verso meu de recobrar
Anuência do gosto de Deus
Pra essas coisas de flor resistir ao verbo amar.

Venha à guerra do meus hinos
Me espera
Pega a rédea do meus crimes
Entre em cheio na funesta arte que impera desígnios
Nos peixes, nas aves, nos desmacarados versos que invento
Que anuncio e venero
Artes de ludibriar freios
Papos de aranha cheios
De um beijo que intenso
Rasga boca e faz o verso
Ser apenas encantamento.

Águas escorrendo

Astros renascem na ilha da santa paz
Pousam nos ombros dos parcos genocidas
Repetem murros e muros sem nada mais
Revezam a louça, a mão e a cantiga
No esconder da rotina de nenhum ré maior
Repaatriando o sentido amargo de prantos
Que matam rumos que negam luar
No ar
Destas mil balas que asfaltam cânticos.

Boa a bola que lançam sem nem pensar
Artista em jeito de parca medida
Vaga na mente um perpétudo alinhavar
Do chute que soa como liberdade viva.

Tudo merece até mesmo um mundo melhor
Porém o mundo nos dá seus blindados tantos
Tudo somente é assim mesmo um ato
A rolar
Como se a água escorresse de encantos.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Espíritos ao sol

Alho cheira em volta das razões que repercutem paz
E eu pareço que sou eu
Brincando ali na imensidão
De um sorriso velho que às costas
Abre as intensas vozes do Rio.

E altas ilusões crescidas tornam-se demais
E a arte jaz nas rampas tantas
Que rompem grilos
E fogem como espíritos ao sol.

Sem mão

Haste alta
Luz comprida
Céu que abriga altas sanhas
Mar que hoje arrasa a calma
É vereda de Espanhas.

E eu que longe de todo barco
Feito légua de irrazão
Mastro rindo me torno calmo
Como parte com o cão.

Barco feito mil açores
Meio mundo em contramão
E eu na vela vejo ela
E eu sem eu
Choro sem mão.

A pé

Vadia beleza
Algo insana arte que hoje embala
Letra perdida ali
Pernambuco arrisca
A insania doce do subúrbio pai
E eu sem nem sair.

Tanta coisa nula
O som embarca
A espanha que tamanha
É só eu
Nesta confusão de arritimia
Que a sanha do meus ócios
Fez-me em Deus.

E acabado nas arcas de Noés que são gentis
Nasci em cem
Fui ninguém
Amei nas palavras
Perdi deuses
Fui além
Como se houvessem nas pessoas alecrins e tubarões
E respingassem massas
Que desnutrem sob os olhos
Se olhadas sem canções.

Vadia certeza
Note que chorei em paz
Nestas palavras
Francas, ausentes
Pela fé
Como se nas luzes
Meu sorriso fosse luta
E improviso
Nas imbelezas de uma sé
E eu que meio estranho falo alto
Torço alto
Como alto
Sonho até
E eu que meio estranho falto em falso
Dou-te nova estrela acesa
Assim
A pé.

Ao sol

No espanto que nasce do olhar
Entre as folhas arde as coisas
Feitas tão gigantes
E nutrem do olho o que muda a arte
Na tez das retinas
Que são todas intensas, estranhas e tantas
Nas luas que em estrelas afinas
Ao me mostrar como rir.

No íntimo da gente o que mente
É o medo assim feito gente
Pelas intenções que se morrem nas pálidas e nuas fintas
Que a coragem intensa reclama e cansa
Tece na cor nua de cada esquina
E há novo ar
A surgir.


As artes do teu sexo me são sol
E ele escreve a lida nas linhas que a sina do dedo fez sal
E o suor de todo teu sexo é meu sol.

A parte do beijo que entendes
É a força maior de uma simples razão
Que espalha-se nas preces do meu sol.

A falha do sim
É o risco
Que torce o teor de toda ilusão
Teus olhos ainda tecem-me ao sol.