domingo, outubro 28, 2012

L'amour

C'est la Femme!
O amor é uma forma de mar
Uma frase quase em sol maior
C'est la vie!
O amor é uma forma de voar
Como quase que acima do sol.

C'est le monde!
O amor é uma forma de ver
Pernambucos na Bahia, em Nós
C'est l'amour!
É quase que redizer das estrelas ruas e anzóis.

A vida eterna sendo lastro da paixão tingida
Pela cor que supera-se em cor
E desenhada nas linhas das mãos, curtida
Em si a ser inteiramente amor
Amor.

C'est le Homme!
O amor é também entender
Espalhar-se no ardor a alguém
C'est le soleil!
O amor é talvez derreter
Diluir-se a ser mais alguém.

C'est la rue!
O amor é traçar-se viver
Caminhar-se como quem se vê
C'est la mer!
O amor é um barco, é nascer
Ser da onda seu vai e vem.

É ver o incerto certo ar de ver-se vida
É viver este ser do amor
Na eternidade fugaz de ser vida
Ser, viver é também ser amor
L'amour.





sábado, outubro 27, 2012

Nunca fui de Madureira

Em minhas confissões póstumas direi: Nunca fui de Madureira. 

Não porque tenha ojeriza ao bairro que fundamenta meia existência planetária em sambas, batuques, maldições, trens lotados, ódios e fomes. Tampouco por despertencimento ao universo avesso aos mares da Mui leal. Apenas pela exatidão que é exigida daquele que vê Jesus de costas, como bem cantou o poeta.

Nunca fui de Madureira, sendo no entanto dela, como querendo-a, como querendo saber das suburbanices cotidianas aquele jeito de quem andou demais de trem e sorry ao ver-se em casa.

Madureira era, pra mim ali em Guadalupe, o cinema, a loja de roupas, o sorvete da lanchonete, o presente de natal,a mitologia de um samba com águias e reis de um braço só.

Com o tempo Madureira ficou mais perto, ficou mais dentro, ao ser parte daquilo que me fez adulto, como que passando pelo rito tardio da passagem que é o diploma. Me fiz Historiador em Madureira, me vejo Madureira sendo historiador país afora, botecos afora, longe, perto, ali, em mim.

Saber este chão é uma arte que não se pinta de malandro, não se pinta do sorriso do arquétipo mitológico que as Tvs da zona sul desenham como se nos entendessem a alma. Saber este chão é a rima que entende a distância, a diferença, o duro caminhar e o sorriso de ver aquele samba tocado, o boteco, a cerveja gelada e o riso largado, largo, aberto, vivo de quem está na casa ao saber-se norte, oeste, inteiro numa distância de trilhos e morros, de suburbanas avenidas e almas.

Saber este chão é saber o antes de haver Avenidas com nome de bispos que não conseguimos esquecer ao dizer: "é na Suburbana!". Saber este chão é estranhar modernidades velhas e asfixiantes, travestidas de alegorias e adereços que perderiam o carnaval pela falta de harmonia e enredo.

Saber este chão é também saber que fora do tom nem o batuque da alma segura o canto.

Nunca fui de Madureira, ou do Valqueire, ou de Guadalupe, sempre fui Madureira, apesar dos pesares, aqui, ao longe, distante do mar, com Cristo de costa, nas costas da alma da águia, que sobrevoa rindo um Rio de Janeiro que arrasta erres.

sábado, outubro 06, 2012

Somos o sumo

Essa calma que é a luz do sol é um deleite da noite
Qual um sarro
É um muro, uma razão, um pranto, uma forma de ato
Um sussurro
É um gesto que se constrói do não soberbo, do velho hiato que há no mundo
Entre o galante e livre dedilhar da vida e a dor do medo de si, funesta.

Essa arma é a grande paixão que nossos corações transformam em flor
Esse sonho é apenas um Rio que se faz toda a Terra
Esse riso é a força enorme da destreza nas canções
Que se apresentam quando o furor se pinta, se transforma em eras.

E esse espaço que se faz cansaço é vida, é a alegria de ser a festa
E tudo então é mais que o cotidiano, é mais que a noite se tornando dia
É como a  vida, ela assim, no simples e calmo sentido de ser calo
Já no mundo se fazendo o santo gosto dos retratos
Somos o sumo.

Pela paz do teu saber

Foi de um gesto
De um som já palavra
Que nasce assim como um ser o nome que ouvi e em mim vem
Como um jeito intenso de paz
Foi de uma forma verbo
De uma coisa que calcula o vento e vem
Como quem me voa na paz
Que se transforma em risos e ais.

Versos são fomes
São saudade
São talvez derreter
Queria estradas, portos, cais
São toda cor, são fogo e flor
São monstros, cobras, são viver
Quase como quem vem
Estrelando o mar
Comendo trens.

Foi de um vento já parábola
Que meu colo se fez
Como quem te gesta feito paz
E vê-te ao longe sendo a brisa que em tempestade se fez
E assim se vira tão bem
Enquanto me faço mar, me faço trens.

Vozes são mundos, são a arte de apenas se ser
Como se de cores, gestos, ais
A forma amor é quase dor, que já vira prazer
Como o poeta livre me fez
Ouvir em seu cantar
Em seu viver.

Foi deste jeito que sou arte só pra poder te dizer
que amo-te no meu livre ver
Criado pela paz do teu saber.

segunda-feira, outubro 01, 2012

O mar que deságua no mar

Meu riso de ver é o sumo do mundo
Minha forma tosca de ver-me é a gota das águas das palavras
Toda palavra é um ler
Palavra é cores
E coisas se fazem ser
No verbo que há em mim
E sou eu como homem o homem que me lês.

Há partes do ser que não se aguentam em mim
Há partes de ler que são poemas.


Meu olho de ser é próprio do mundo
É próprio de rir paz
É o seio, o gosto, o sal, o sumo
Da forma que me jaz
Por entre as cores
E as formas finas do ser
Palavra que há em mim se deleita em fome
Uma fome de ver
As partes do ser que não se aguentam em sins
Tuas formas de ver as letras atentas do mar que deságua no mar.