segunda-feira, março 30, 2009

Revolusom

Abre o riso na praia
Vem ver
Risca a flecha no chão do altar
Toca o toque de festejo pra trazer
Toda beleza de um rosto moço
Enquanto o som
Faz do mundo um lugar melhor.

E o riso melhor é de mulher
Todo o corpo de luz faz do som a gota
Que é a teia que o mar inventou
Do batuque com o dom de ser o mar
De ser mulher.

Risca a beleza
Pega a seta e toca canção
Risca a certeza
No altar de nossa canção
No batuque de nossa canção
Enquanto o vento muda a direção.

E na fúria de ser e de ver
O riso faz onda voar
E pra isso pinta a cor da fé
Da beleza de ver mundo voar
E ser da fé um gosto moço, um rosto bom
Que faz tudo ser muito melhor.

E no rum que recolhe da fé
Um jeito de ser cada vez melhor
Pela veia que o sangue tocou roça na lua o tom de bom cantar
De ver-se até
Mulher ser teia
Tecendo o gosto do som
Revoluteia
Retecendo o gosto do som
Refazendo a Revolusom
Enquanto a rua espelha a invenção.

O som da bola ventando luar


Cai lá no pé,
Disfarça!?
Vem dois no chão,
Vai parte?!
Costuro ou não?
Dá tempo, corte, costure, divida
Não meta a mão, se vire
Drible o presente, é urgente
É hoje ou não virá.

Olhe o vento alheio
É hoje ou não que virá
Aquela taça abençoada que calará todas as bocas
Sorrirá os maus humores, florirá o ar.

Se é por bola, a vida é bola
A lua é nova e é tão bola que me deixa namorar
O gasto inútil do meu bolso dá calor e alvoroço
E um orgulho de iluminar
O ódio urbano e o tribalismo de rancor e nostalgia
Que explode quem não mais amar
Aquele time que usa um zebrino pano de chão
Pra que curtir se não puder zoar?

É a vida!
Tudo é vida!
É a vida!
Se nosso jogo é este ácido
Toda azia é bem vinda
E o riso é o som da bola ventando luar.

Meu mar de Flu, de Céu.


Se for reparar tudo é brincadeira
Jogar bola a noite inteira é nome de ser
E na rua solta
Brilha madureira, bem no peito domingueira de fazer chover.

E tudo isso me responde À vera, nego!
Tudo é brinquedo, tudo é ataque
Daquele Flu que ganhava inteiro, nego!
Todos os times tinham craques!

E o mundo é mau, Nego!
Então pra feira, comer pastel, Caldo e na areia jogar bola no céu!
Porque lutar, Nego, hoje é besteira se for levado a sério, à mesa
É melhor morrer sem mel.

Se for na hora
Tudo é besteira, toda luta é pasmaceira
Coisas de morrer.

Olha pras coisas, toma uma cerveja, põe camisa de defesa
E vamo correr.

Joga pra ponta preu tentar chaleira, nego!
Se for melhor jogue no ataque
Eu quero mesmo é atirar na meta, nego!
Hoje meu grito é contra ataque.

Eu sou de paz, nego!
Eu sou de feira
Quero tirar de chaleira e depois comer pastel.

Eu sou da paz, nego!
De Madureira
Quero mundo inteiro à beira do meu mar de Flu, de Céu.

Crueldade com animais - Double Pack

Malvados by André Dahmer
Manual do Minotauro - By Laerte

domingo, março 29, 2009

Resenha Futebolística domingueira - Impressões Maracanísticas


É a inauguração de uma seção permanente transitória quando der na telha de resenha futebolística dos jogos que eu vi. Como eu pretendo ir ao Maraca todo mês, com uma regularidade, devo escrever mais, principalmente pelo meu time, o Flu, mas pretendo comentar alguns jogos que eu vejo pro fanático.

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Eu fui no maraca e vi um time ainda se encontrando taticamente, mas cada vez mais próximo disso.O Flu está próximo de encontrar-se como time, mas os laterais permanecem ridículos. O Leandro é banco enquanto achaer que fama joga. Mariano se esforça, mas sua ruindade tem o tamanho do maraca.

São bancos ou rua, ambos. Precisamos urgentemente de laterais.

Fico impressionado como o Ed Carlos detona suas excelentes atuações com ações de uma estupidez absurda. Expulsão perfeita e ataque mortal idiota dele.O Cássio é muito bom também e parece ter mais equilíbrio, mas repito, o Ed Carlos jogou muito nesta zaga exposta pela ruindade dos laterais.

Tenho até uma certa vergonha de afirmar isso, mas o Jaílton me parece ter ganho a posição, e o Fabinho tb. Ambos são limitadíssimos tecnicamente e o Maurício é um jogador de muito futuro, mas mais perdido que cego em tiroteio e apavorado demais.A qualidade do passe do Maurício e sua técnica somem quando ele vai ao ataque e por nervosismo falha absurdamente, e mais ainda quando ele tenta maluquices quando o lance é sério,é cabeça de área,é marcação com qualdiade de passe. O Jailton e o fabinho precisam de um Conca e de um Leandro próximos, mas marcam de maneira eficientíssima e o Jailton passa razoavelmente bem, não se apavora e passa pro armador com qualidade, raramente errando o passe.Hoje o Fabinho até drible deu , é um jogador que cresce em jogos difíceis, está marcando e se posicionando melhor e ajuda ao Luis Alberto (Excelente hoje) a comanda ro time, tem voz com a gurizada (em ambos os casos, Jaílton e Fabinho, eu enxergo um dedo do Parreira, mérito dele, dado que ambos os jogadores eram criticadíssimos, mas estão jogando bem). Talvez seja uma saída, como Fabinho e Jailton plantados, colocar os Laterais como meia-alas, o Leandro talvez jogue melhor assim, até porque ele melhorou quando o Fabinho entrou,

Discordo do André que o Fabinho tenha piorado o meio do Flu, eu acho que melhorou mesmo antes da expulsão.Ele permitiu que o Leandro virasse um meia -ala, sem ter a penetração desejada ainda pelo fundo, mas ajudando na criação. Quando o Ed Carlos foi-se, ele melhorou se superando e talvez tenha dado a impressão de ter ido pra Zaga, pois ele e Jailton revezavam neste papel, na verdade com o Jailton indo mais pra zaga e liberando o Fabinho para ajudar no ataque.

Do meio pra Frente tivemos uma boa atuação do Thiago Neves, mas longe demais do que sabemos que ele joga e mais ainda, ele tem imensas dificuldades de jogar hipermarcado como está sendo, coisa que o , de novo, maravilhoso Conca faz e muitíssimo bem. Aliás como jogou este Argentino.Ressuscitou mesmo e está jogando o fino, dribla, marca, perturba, cava faltas, chuta, cruza, tudo. Excelente. O Thiago Neves não joga metade do que o Conca está jogando nesta temporada. Se bem que pra dialogar com Roger é complexo, depois da entrada dos meninos ele melhorou muito.

Roger é a completa afirmação da ruindade em um atacante. Ele é pior que um cone. O Everton Santos é um razoável coadjuvante, mas é banco.

Os Meninos Alan e Maycon demonstraram de quem é a vaga no ataque na ausência do Fred. Ambos são excelentes, correm, marcam, perturbam, chutam, principalmente, chutam. E cruzam.Não tem como eles serem bancos, a não ser o Alan e pro Fred.Maycon é titular ao lado do Fred, o Alan assume a Vaga do medalhão quando este não puder jogar. O Alan em 5 segundos jogou mais que carreira inteira do Roger. um drible de corpo, um chute seco e um gol, como quem sabe faz. Maycon é a menina dos Olhos. Excelente, atacante de jogar pelas pontas, e ainda marca o lateral.Titularíssimo.

Fora o especialmente horrível Roger, todo o elenco, ate o bunda empinada do Leandro, jogaram com raça, ouvindo e ecoando a torcida tricolor que novamente deu show. E todos estão de parabéns pelo esforço em vencer este clássico engasgado.O Parreira é maravilhoso, tem estrela e mexe bem como poucos. Alinhavará este time e com certeza entramos no Brasileiro precisando de ajustes, mas candidatos ao título.

PS: ainda acho que o Parreira achará em Xerém os reforços que faltam. E fará bem. Temos talvez só a necessidade de meias, pro banco, e volantes, pra titularidade, de fora. Laterais podemos pegar em Xerém na direita e na esquerda, quem viu a Taça Sampa sabe.

sexta-feira, março 27, 2009

Latuff - A eloquencia silenciosa

Rei Alah




Do teu olhar eu vi Reis, eu li meu avatar
No teu olhar eu li lei, eu vi Rei Jah.

Escrevo àquela, na pele olho
De cor de preta luz de amar
Respeito o corpo, me faço ente
Escrevo gente a turbinar.

Escrevo à vela
Mares que solto
Neste suspiro negro,
Jah
Reggae minha mente,
A lente Esparta
De arma dada em sol de olhar.


Estrela velha transforma a terra
Favela velha me faz favela!

Orixá rega sol de espaço
E faz escola no olhar fatal
Batuca rindo, reza estandarte
Faz capoeira mundial.

E Deus penetra no sangue esparso
Fraco de medo, fome e tals
Esculhambento põe no farrapo
O orgulho além do sal
Que há no corte do sangue Rio
Libera faca em dente e mão.

E olho o rir Rei
O rir Rei
Sou Jah.

E noto o vir Deus
O Ser Deus Alah.

E asa velha
Favela sonho
Calibra guerra, amor e céu
Fazendo ócio virar eterna
Guerra-diabo e Deus no mel
Dendê carrega o velho sonho
De batucar sem pau regando o chão
De sangue sonho, de show de rua
Sonho de ser vôo-ação.

Favela velha se faz mais terra!
Que faça a velha lua da favela um mar.

E é nós na velha
Na grama e terra
Palavra viva: Rap, andor
Reza repente qual estandarte
Sabendo dor, guerra, amor
E é nós versando, batuque, murro
Sabendo o salto que Jah diz
Quando nos canta lá da Nigéria
Faca sorriso, pau jasmim.

E Jah me diz rei
É nóis rei, é Jah
E Alah me diz rei
É nóis Rei Alah.

Para um chopp sem cetim

Faço casas com o bandolim
Rumino ordens de cetim
Vago por entre varandas
Desespero sons sem sim.

Realumbro o doce som do mar.

Era verdade, era banal
Toda a trilha brilhava
Estrela e sal
E enquanto a noite ia
Eu apenas via a vida
Em versos de cor de cal.

Realumbrando o mundo tinha o mar.


E jamais que o mundo era, tolice e guerra
Só havia quimeras
Entre os dentes palavra era
De dourar velas
E a vida
Era bela.

E foi nascer
Este sol reajuntado em cor
Que o verso de brilhar já caducou
Verde foi o perceber
De um morro imenso em cores soltas
Reduzido à explosão de cor
De uma vida que convivia com o calor
E eu até gostei de ser
E eu até gostei.


Acordei a rir
Sabiamente dos apetrechos
Que é comum no libertar dos dentes cedo
Eu até sorri do fim
Eu vi o fim
E fui parir uma cidade perdida nas virilhas
Deste medo desta vida
Que convida
Para um chopp sem cetim.

Escreva Compotas de mar


Atrase, arrase
Desespere a roça
Seja um mal
Corte agora a corda distrital
Do estado aurora!

Dê-me a rosa, a flora.

Dê agora a rosa
Rompa a morte idosa
Se faça de alma, de faca no rosto da calma!
Se faça de ala de carnaval sem escalas!

Hoje o mais profundo submundo
É o nulo mundo que arma pras casas caiarem o casal
Se hoje o mais profundo submundo
É o não fazer
Rasgue o próprio traje
Respire idiota um jornal
Dê-me a compota do quintal pra eu matar a horta!

Escreva Compotas de mar.

Espada é arma de olhar

Redesenho um pranto
Escrevo uma ilusão
Respeite o crente
Deus vê razão
Nesta criação de imagens que revela o traje da solta canção
Respeite o que decido enquanto me entrego À imensidão
Sinta o verso e o chão.

Redesenho a louça
Bebo café dado
A força do gosto mede-me o brado
E enquanto vou l[á fora vejo velha aurora e quero domar
Este sono impreciso, quer livre um riso de tudo estudar
Quero nascer sendo mar.

Redesenho a praça
Faço multiplicar redes
Repare a vidraça partida
A sede, de uma cerveja agora pra romper a glória de nunca parar
Redesenho o riso frio, este cínico riso de me encantar
Tanto amigo a olhar.


Retiro o riso
Armo o riso de faca
Meu medo é repente, vira alma de arma
Pois repelindo o espanto de um mau encanto riso expulsar
Redesenho o aço frio e contradigo o oprimir olhar
Espada é arma de olhar.

E agora eu




Se o lorde reconhece esta palavra
Há de convir que é melhor que uma porrada
Que minhas costas reconhecem, calejadas
Melhor que o riso que de terror o invade.

Se o lorde não sorrir
Revele o mau
Diga só em lá menor que o berimbau
É morte só
É morte em som e sal.

Há um sinal
Em cada perceber
Se o lorde não sorrir de medo
Conte o som repensado em segredo
Pelo corpo balouçante da patroa,
Das meninas e do padre da abadia,
Conte o triste fim de tantas criancinhas
Conte o triste sumir de pretas mocinhas.

E agora eu...

Carro passou no verso


Me desculpe
Eu já não fui moderno
Me rotule
Eu arranjei o inferno
E falo do medo que trazemos certo
E falo do risco de nossos ermos
Segundos de norma, trova, dados, alvos velhos
Vinhos se tomam cegos.


Um momento!
Jamais me pare o tempo!
Um momento recondicionado
Que acalma o vento
É o momento que comove a multidão como um riacho
Um rincão querido
Que morre agora, estrada, inferno, vento
Verbo
Carro passou no verso.

Aurora

Corra ligeiro no desespero desamparo
De fazer do mundo um passo em nome de retidão
Rascunhe em preto o sentido do sensato rumor de fazer pedaço d’água virar o pão
Rascunhe em preto o respingo do meu prato colorindo toalha nova
Que a velha fez à mão
Pra no momento já não certo sem disparate comesse ao menos metade
Qual um rei, sinhô dos bão.

Eu falo em preto porque é a cor que foi sumindo
Da senzala à casa do Rei
Enquanto foi o azedo do tratante
Fazendo lua nova pra sinhá também
E sendo azedo de suor e temerário foi-se em lenda de inexato e perigoso contar
Pois tão azeda durou esta querela
Que hoje sinhá é prenda de qualquer um prendear.

Preto é vão confuso
Reza a lenda
Morre a Rainha, a tola
Se torna Aurora.

terça-feira, março 24, 2009

Manual do Minotauro



http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/

Uma forma humanóide de sonho démodé

Dedilho relvas e rebusco instantes
Peço da vida um tom normal
Crio ásperas balas de marrom glacê
Enquanto tomo placebos
Ouço sons punks tão irreais
Que parecem contratempos de um fim
Que come das ruas
Um erro, um sabor tão servil
Procuro esperantos
Um Deus sobrenome.

Calculo enterros a cada ato, comício
Procuro gentes em meio a edifícios, ruas, luzes, carros
Bebo à lua e ao nascer
De um sol sem horizontes
Pasteurizado, blasé.

Não traço linhas ou desenho estradas
Procuro chamas de madrugadas
Reduzo cines à televisão que vem
Suprir minhas descrenças
Enquanto assisto a experimentos
Não sou moderno e nem escravo, nem independente.

Calculo erros e desenho estilos
Sou tão descrente que talvez escreva um livro
Sem nenhum detalhe
Eu até quero ser
Uma forma humanóide de sonho démodé.

A calma hindu de um verso bom

Robert de Niro são palavras
A palavra quer ser uma ação suspensa.

Dá-me uma palavra e eu crio nova luz
De serpentina e sonhos
Feito cruz bordô
Reparo o ato palavra de ser eternamente giz.

De um mundo feito a partir do que revejo
Eu crio da palavra um mundo contrafeito
Seduzindo das bolas de bilhar
Um jeito voar que vira nuvem ao cantar canção.

Sabe o ritmo dos prazeres? O sentido dos prazeres?
Tome-os qual um motivo que sugira um sorriso
E repinte este sorriso com um signo confuso
E faça dele o limiar de um novo mundo.

Tens já o vício de ver cores?
Faça-o ser imenso
E destas novas auroras faça cordas!
Faça trens, luas, gens!
Faça-os serem razões!

Não estás contente? Buscas o amor?
Procure no contratempo do desejo já perfeito
Que hoje já acontecendo batuca em rompante
Um repique de rumba com um samba cortante.

E veja na fé além do que entendeu
Um ar de refazer ruas e jardins
Pois o amor é talvez o que se fez
Do verso e do dizer um confuso rir.

Cada palavra é uma chave de olhar
E talvez seja Deus cada verso ator
Ou talvez seja mar o sentido calado
Que escrevo em torno de um sim
E já está tarde para uma canção
Para uma razão
Para uma paixão.

Mas somos paixões e mundos!
Tudo é inexato em paz!

Procure na fé, além do que entendeu
Uma forma de ver o que escrevo aqui.

Digo não
Pois jamais verás
A calma hindu
De um verso bom.

Tons confusos

Me interessa o mau, o anormal
O espectro incandescente de toda forma de desejo
Para dedilhar o que espero enquanto sorvo o verde som celeste.

Reduzo o tempo a um jeito de nascer e só o riso das auroras
Sabe ler no impressionismo da poesia das cidades
Um grito, um sentido
Uma vida envolta em verdades
Que comem idéias e rejeitam velhos planos
E enquanto sonho
Vago por entre idéias
Veja a cor,
Toda cor reluz melhor de dia.

Esqueça as palavras
Atente pros sussurros
No silêncio há um colorido invisível a quem já fez da lágrima uma prece
Quando o universo invade com graça cada sorriso
Ser feliz por vezes arde.

Um cão, um pássaro, um esquilo
Uma parábola parca de sentido
São vazias respostas ao silêncio que há
Solto no ar
Sendo ensino.

Penso que somos às vezes
Apenas tolices más.

Cada Deus que nos concebe
Nos reduz às suas falhas
Enquanto isso toda noite
Silencia em louvor às madrugadas
Onde somos arlequins e corsos
Palhaçeando um mundo
Onde a paz inclemente
Gargalha em tons confusos.

Ocultando nossos sonhos nus

Corra o risco do mar
Pois a luz destas certezas
É todo o desdém rebuscando consciências e alertas.

Somos ínfima vontade com desejo perpétuo de renascer além de auroras
Para subirmos na vida,
Construirmos rebentos,
Deduzirmos das magias
Artifícios e excrementos.

Pergunto nomes, respondes signos
Calamos o corpo, ganhamos no grito
Traduzimos da luz a certeza belicosa
Duvido muito
Serei eu narciso?

Caminhamos nas formas que o destino seduz
Ao nos dizer a luz da verdade
E à cruz já doamos sonhos, feitos
Ao fim sorrimos benditos
Pela paz que a nós só traz a morte.

Sorri
Mostrando os dentes ao medo que há em mim
Ao ver que da verdade a nova lei
Renasce como corda no pescoço indeciso
Não há metáforas, raios
Só medo limpo.

E meu risco é a certeza que já cega
Toda verdade que ouvi reduz o sonho a sacrifício
E todo o caminho da liberdade é o invento
De mudanças de sentidos
E a paz hoje é só semântica e morte.

E o Horror, o Horror é o consorte constante de Marte
Comendo sóis plenos de razão
Versejando parábolas de mistérios
Mistérios são o medo ocultando nossos sonhos nus.

sexta-feira, março 20, 2009

Manual do minotauro

http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/assets_c/2009/03/LAERTE-27-02-4483.html

Portraits from Rio - Passado e Baixada

Serra de Madureira - Nova Iguaçu


Morro Dois Irmãos - data indefinida

A invenção do movimento

Sobre o chão eu criei versos de estrada
Sobre o fim
Fiz iluminar essências
Quis assim
Pois sobre a morte penso alma
E hoje
Prefiro a imensidão do tempo.

Calo-me sobre o papel feito palavras
Vejo o céu e reinvento existências
Finjo rir em público um riso de glória alta
Quando apenas louvo meu silêncio.

Vôo em circulos de alma penada
Raso em mim
Desconverso contratempos
Ouço o som
E qual oração de graça
Vejo a invenção do movimento.

Querendo mudar de tudo a vida

Se eu soubesse calar
Teria margaridas no olhar
Veria festas onde todo o mar
Tem sangue percorrendo sua semente
Calando seu luar.

E eu ardo em febre
Meu Deus é o mar
E me faço ver
O amor, a guerra, o ar
Pintado eternamente
Grudado em meu olhar
Como se uma pintura a moldar
A Sede da beleza tua a dar-me o tom de perfeição de um grande amor.

Mas enquanto meu ser
Precisa desta lua do teu ser
Eu vejo a guerra eterna do meu eu
Querendo mudar de tudo a vida.

Somos aquém

Reduz-se o ócio
Nasce outra fé
As peles de animais caem sobre nossas luvas
Estrelas resistem enquanto comemos alpistes
E parte dos animais que tememos são doces.

Grite
A morte do seu norte é azul
Não há mais tempo de perguntar
Qual é a ação, meu bom?

Reze um pai desses que dizem ser teu
Crie um lugar onde a paz seja tua
Mas ouve, ouve!
Vá além!

Pegue a canção, as setas, e vai
Suma antes que os cães aprendam seu nome
Tenha à mão um segundo de olhar
Ame seu próximo
Coma pedaços de pão
Não há morte
Há a execução dos seus sins
Um segundo a mais
E todos seremos um fim.

Morrem os deuses com peles de cão
Morre a paz reduzida do vulcão
Morre a cor
Morre o amor
Somos aquém.

A Adelino

Escondo-me do Antrax,
Cansei vovô!
Eu sempre me escondo, sou bom ator
Finjo sorrir e mato filhos de um novo ir e não vir
Receio ter de nascer
Saber ver flor.

Resmungo o porvir
Quero um meio fio
Pra sentar e rir de outro filho
De alguém que viu um jeito de amor
E foi ver flor.

Arde o mar nos olhos enquanto busco alguma paz.

Existem tantos nomes
E eu aqui
Queria ouvir um som, beber sorrir
Crio razões e teço véus
Invento paixões
Sonho ao léu
Talvez eu queria só dormir
Ou curtir dos Beatles um sim, um risco
Um delírio bem tecido
Eu vejo manhãs e não sei só ouvir.

Arde a paz nos olhos onde o mar soube ver-se mais.

Vejo pais, novos ares
Letras musicais e bons poetas
E saco o verso da maleta
Faço um jazz.

Fico em paz
Dormindo enquanto adultos são normais.

Quero brincar com playmobil

Não quero o sol
Eu quero debulhar o mar em meu sorriso
Tecer luar
E ver as teias delirantes do seu nome, do meu nome
Do meu sangue.


Beijar ateu
O resmungado bom gingado das histórias
Onde sem Deus
Estrele o mar dos pálidos gigantes
Uma moça,uma ostra
Uma velha lógica
Prometeus, Prometeus!

Eu nasci outra hora
hoje eu quero ver
Cálidos pedidos, seios, sóis
Prazer
Talvez ver teu sentido de amor
Talvez.

Eu quero rua e trilhas
Ver nascer magias
Eu quero o amor que brilha
Um cerco de letrinhas.

Quero tv com bombril
Quero ver jogo do Brasil
Jogar botão
Criar canção
Quero brincar com playmobil.

Só morte e mar

Se eu sorri eu queria sorrir
Saberia sorrir e ser flor
Como alheia a nova princesa
Costurava delírios de amor
Eu era cor.

E na certa era a cor mais preta e eu era cor preta de amor
E amor preta era lua corneta
Era rua na certa do horror
De ver o horror
Sem deus, a cidade, a rua, a lua sem ela
Sem meus segundos , sem sul
Sem sol
Sem ela.

Só morte e mar
Só morte e mar.

Dá-me a flor deste teu vento

Revolucionário grito
Sou menino
Sou preciso
Sou o invento em vento sendo
Sábio assim, sou meio início
Solamente o tempo sendo.

Graça é som de sonho vivo
Sol na pele dos destinos
Quase tudo é tão terreno
Enquanto o mundo é riso
Quase tudo é tão intenso.

Tantas pedras tem o Egito
Tanto invento assim desígnios
Que tomaram corpo em tempo
Concentrado em barro e viço
Tudo é tão o monumento.

Temporário, eterno
Vivo, modificador de tinos
Sabes ler o vento, o tempo?
Se souberes faz-me ínfimo,
Dá-me o descobrir o invento!

Só quero morrer menino
Curioso, prazer fino
Quero resolver o vento
E talvez fazer versinhos
Tolamente sob o tempo.


Eu repito o que não minto
Meu valor é desatino
Dá apenas o odor de meu tempo
Num desenho específico
Me permita ser o tempo!

Se eu puder ir em riscos
Já partir de corpo e viço
Quero ter somente o vento a desenhar-me o destino
Quero ser somente o vento.

Não tente ler algum signo
Só há versos, sonhos, delírios
Ladainhas contra tempos
Calculados versos tímidos
Vidas feitas pelo invento.

Já que vou morrer menino
Vou correr criando mitos
Dá-me então o sabor tempo
Dos biscoitos do destino
Dá-me a flor deste teu vento.

Sou uma cidade costeira

Dá-me nascer
Dá-me luar
Quero verdejar!

Dá-me paixão
Dá-me razão
Eternidades!

Hoje eu sou talvez amor,
Talvez ferida
Sigo irrazão
Recolho chão
E faço tardes.

Rio enquanto crio
Deuses de barro e pedrinhas
Ao frio eu crio um riso
E versejo almas vivas.

Hoje sou flor
Sou meu amor
Eu sou sereia
Quebro luar
Sou meio mar
E Cena aberta.

Se nasço Fátima em cores tão Flamengas
Bairro sem mar
Sou Vila de 5 alqueires velha.

Dispo medos concisos
Sou homem, menina, abelha
Risos quase incontidos
Sou uma cidade costeira.

sábado, março 14, 2009

Das morro

Eu rezei bem Deus como sufoco
Fiz a barba a murro, soco
E fui beber com Zete.

E eu rezei com cor de gira
Preto e vermelho tragédia viva
Rompi pro mundo em canivetes.

Chorei de medo da esperança
Tudo dança
Andei com maracá tocando Aniceto
Eu fui Exu na dor
E ri com Zete.

E no desespero já sem drama
Eu bebi foi tambor e sorri só.

Era hora de beber

Raspei a fita de pensar n'alma fria
Comi arroz doce tendo à mão um parco som de feira
E pela lei do ouvir anjos tantos
Comi nascente de meretriz de Alagoas
E vi nascer Cangaço bom de melodia
E medo de morrer bom dia
ô medo bão!

E requebrei um intenso som de crença
Tive medo renascença de treva cair total
E Requebrei calado mudança rumo
Festejod e outro mundo
Sendo bem e sendo mal.

Eu vi o medo de saber tudo Maria
Mas era hora de beber.

Finjo miséria ao mar

Sete semanas de cor, roda de vento no mar
Algo irrita o velho desejo de voar
Calo a boca
Dá-me Deus!
Grito com falso horror à quem me dê seu olhar.

E no ríspido vai e vem
Arrependo a mesa ao sussurrar espelho de um velho racismo
E na zoada coletiva
A arremessada palavra viva vem contar
Que a rusga é a forma dele passear
No olhar, na ânsia, no medo da carapinha.

E não há só cor na miséria
A velha cor externa da miséria enrica
Como um remendo no tempo
Como um velho lhe dando a mão
Levantando um velho tempo lhe dando a mão
Como um soco surgindo do medo intenso do preto
Em ato fazer da festa um detalhe a mais do sangue correndo ao sol.

Sete semanas de dor
Remendo o vento no ar
Resmungue dia pra Deus meu poder voar
Dê-me a linha de ser Deus!
Grito com falso amor a quem me cega desejar.

E em torno da preta linha
A camisa, a malícia, o respeito
A melodia, o tambor arisco
Sussurram-se como euforia
Alforria do Branco sem sol.

Sete semanas em cor
Sete semanas em flor
Arrisco a flor me formar
Caibo no fio da pétala do rosear
Cala a boca, fio de deus!
Deus é teu falso horror
Horror de não notar.

E preteje o teu riso
Esqueça
Preteje teu perdido respingo de promessa
Esqueça que ele existe
Se veja, se arme, se faça arte
Pois do preto correto, ou do preto imperfeito
(Qual é o preto certo?)
Já virá algo incerto
Já virá o perfeito, seja em espelho ou no atento
Ressoar do que é feito
E talhar corpo sedento
Mas tem preto que é de cor e outros que é de fingimento.

Sete semanas de arroz
Feijão não tinha pra dar
Resmungue frio um ódio de ressoar
Sei lá o que é ter Deus
Costumo ver beija-flor
Finjo miséria ao mar.

quarta-feira, março 11, 2009

Portraits from Rio - Morro e Asfalto

Vista do Pão-de-açúcar do Morro de Santa Marta - Ismael Santos / Imagens do Povo


Foto de William moura - Floresta da Tijuca - Coluna do Ancelmo Góis - Globo on Line

Ruinha

Ruinha
Assim sem grandes homens a darem-te nome
És só Ruinha
Nem mesmo meretrizes dão-te cor
Nem lida
Pareces mesmo ter.

És nada
Te falta o som mulher de abrir-te as calçadas
És parca
És tão menor que falta-te auroras
Para te fazeres viver.

Nem guerras te dão o sujo nome
Nem quem já fez toda a guerra
Dá-te a razão de ser
Ao menos nesta terra
Quem te fará nascer?

Tu sabes
Assim sendo menor tu chegas a ser glória
Pois és além de Deus, do Homem, da História
És Rua só,
Mulher.

Silenciando a vista

Resta em mim silêncio preso
Eu qual palavra acesa
Morto em viés de não saber
Da palavra a bendita
Cor do calmo vislumbre das veias
Da serena alma azulada e nua
Que faz de mim horizontes.

E cega, a cela nos faz ruminantes
Ao falarmos destes montes
Quando o som é olhar a vista.

Reluz o som das verbenas
Reduz-se a cor da amurada
Nas retinas, nas belezas
Dos cinemas que aqui
São o Rio doce e subúrbio
Do colo dos que na certa
Poetizam a luz da lida.

É velha a reza
E o Dissonante tambor surdo dos migrantes
Da distante terra pretinha.

Carmim é o lábio alçado
À beleza desta terra
Já tão longe e é tão Terra
Além mar e tão à vista
Que me faz tecer belezas
Que me faz saber infindas
Cores pardas que me tingem.

E à Terra
É bela a lua adiante
Das palavras triunfantes
Que lhe aprazem jamais serem ditas.

Dá-me o cintilar do fogo
Eu morto em mão que avilta
E vivo na lua crescente
Buscando verborragia
A conter eternamente
Rebuscando a melodia
Só pra retirar tristezas.

Luz bela
Eterna
É o sal do monte
Já diante do infante
Rebrilhar da estrela viva.

Dê-me teu tempo
Eu espaço
Busco silenciar a viagem
E ver do sal tão infindo
A montanha, o Rio, a Margem
Esta eterna estrada
Esta espada que arde às cegas
O designo da vontade.

Eterna a Terra
Em nós é instante
Somos nós o Deus errante
Somos mais
Somos só vida.

E é na asa do São Carlos
Nas ruelas do meu amor
Que me lembro do que é verso
Do que é sonho e do que é flor
E assim me calo à mingua
Percebendo o mundo em um retrato de bom jeito.

Da Terra
Minha Terra
Que então distante
É tão plena
Em mim errante
Já em paz
Silenciando a vista.

Tomando de surdo o céu.

Salta luz da brecha fria
O dia reluz nas almas
Cheias em frente ao espelho
Misturadas nas mil avenidas
Há países nas avenidas
Idas, idas.

O sol é um resmungo distante de calor
E o infernal som de buzinas e cinzas
Ares de marginal
Se faz construtor de magias
Refazedor de melodias.

Foda-se a ciência
Amor se faz de boa batida
Tão surda e seca qual o dia
Rotineira alegoria.

É nóis, sem Deus
Sem Deus, sem estado, a sós.

É Nóis sem Deus
Tomando de surdo o céu.

domingo, março 08, 2009

Berlim

Tenha a trilha da peleja que há
No ser contente
Viver rubra voz que atende o velho mar
Não é ver fim
Nas milhares de ruas a voar
Eternamente nas comunas incandescentes que já foram até Paris.

É tão velho este esperar
Ver voar lua e mar
Que no peito arde o vício
O lar do buscar, revoar
Um mundo primaveral
Que há qual uma semente
Dos olhares das mil gentes avançando até Berlim.

Tudo voa em luas novas

Note da palavra a água clarinha
Pegue o véu do além e faça fé
Torne a rua colorida.

Dê-me o dom da rua na canção
Que não cabe nos cofres
E sorri os vícios de ter nas mãos o gole forte.

Me encha de sorrisos e tenha aos pés
Os ventos, os cânceres
Seja simplesmente toda a força dos versos velhos.

Tenha o desejo de viver
Solfejando sons de sal
E beijo o rubro riso de querer
Transformar sol em cobre.

Tudo voa em luas novas.

quinta-feira, março 05, 2009

Nas linhas da mão

Se soubesse nutrir o sorrir
Inventaria com armas na mão, da solidão,
Um arlequim
Um fanfarrão
Para histórias de céu colorir
Se criassem de gotas de chão
E surgisse do mar a invenção de unicórnios,
De cães feitos de rir.

E entre pedras e anjos que flutuam o ver
Tantas cores que não nos cabe notar
Calo ócios de tudo saber
Pela triste missão de te amar
Entre magias
E a invenção de cada dia
Como se a alegria
Dependesse do vão
Eu que reparo no chão
Gotas de boa melodia, acordando o dia
Nas linhas da mão.

Teu mel

Espero repetir teu ser no hábito mais lindo de saber luar
Espero poder contas novas e ruas mostrar
Colorindo alpes e jogos de armar
Na calma das novas verdades de mel
Vou tecer vozes feitas de céu.

Pretendo construir às cegas muralhas, castelos tudo pra poder
Saber do vento uma forma leve de te ver
Como uma estrela
Brilhando noites ao léu
Como se fosse guiar-me nos véus.

Talvez eu nem seja preciso se souber fazer o mundo perceber
A fé que nasce eterna de teu ser
Na vida que plena
Avança além do papel
A construir mundo inteiro de um ser.

E tudo o que preciso é sentir teu peito justo a bater
E lutarei sem jamais esmorecer
Ingênuo ou louco
Eu só peço ao céu
Um teu beijo
Um sonho
Teu mel.

Crueldade com animais

Nós somos Deus se for de Zumbi o mar

Espanha morta em Rabelais
Um mundo morto em Inglesas tintas
Gaudi desviado em sonho e vãos detalhes soltos
Em nossas retinas
De homens mortos em reinados
De sangue retinto
E fome inaugurada
Pela raíz de nossos medos.

E somos o que além do nunca chegar?
Eu sonho com deuses da guerra enquanto conto as semanas
E tenho o sonho entre as pernas
Das nobres putas normandas.

Entre Xangô sentado
E Afro Rei Zumbi de Branco
Colhemos mortes negras
Que sabem bem onde atirar
E a isso eu quero ver.

Da fome a tinta bela
Deixa-se morrer em dobro
Em nome de uma Espanha morta entre versos sem corpos
E Portugual morre entre as pernas de Cambindas negras.

Nós somos Deus se for de Zumbi o mar.

Esfinges que disponho na alma

Há no tempo um tal de rebolar
Que faz de alguém algo crível
Talvez um revoar de vãos delírios.

Chame logo a polícia
Clame pelo martelo do homem sério
Este cidadão normalista
Que frequenta o oculista e reza sem corão
Toda a regra de Deus traz em sua mão.

Dê-me a calma de Deus, chame-me pão
Chame logo o doutor
Antes que eu analise as mentiras transparentes.

Hoje vejo as alegrias pelas esfinges
que disponho na alma.

O gosto que ruma minha canção

Me deixe não notar
As rimas de além mar
Se eu grito o meu sorriso enquanto o dia nunca acaba
O tempo tem de ser em si o mesmo som de lua eterna
Enquanto o livro se demora
E a lida destas linhas se transforma em riso aqui
E noto uma disputa em torno do devir
E me faço mudo enquanto ocupo o desejo de revoar.

E nasce um mar que decide ser do pôr de sol de meu ai
Um som que repensa o dom de ser normal
E eu subo na linha
Que estica o verso mudo da paixão.

Me deixe lumiar
A vida de um restar
Enquanto o mundo rima meu desejo com madrugas
E a linha da espera remói meu medo de voar
E eu fico em sonhos tantos que resmungam o meu rir
E na linha do som que faz sal
Eu busco o gosto que ruma minha canção.

Pode ainda dar certo

Escreva um detalhe alto astral sobre nós dois dormindo
E receba meu medo tântrico de parecer zumbi de cinema
Relaxe no papel um sonho ator de rumo mundano
E faça um macarrão com abobrinha recheada de lamber os panos
Requebre sob um samba premeditado em anos
Enquanto eu não durmo na madrugada escrevendo uma História perdida
Me negue dando um sorriso
Me abrace em nome do amor.

E nos deixe sermos tantos
Esqueça o mundo enquanto criamos nosso netos
Eu falo abobrinhas
Resisto em prantos
E te vejo corrigindo meu português incorreto
Aprendo um inglês desumano
Entre risos
Que caem dos dedos eretos.

Enquanto atores vestem partes
Nós dois vivemos Salgueiros
Espelhos
E nos vestimos de arte
Radicalizamos ventos.

Resista ao nome que demonstra nosso medo de o tempo nos tolher as lembranças
Demonstre a estranha e humana voz tangível que nos faz sermos tempo
Retire as novenas, as Espanhas violentas e nos dê apenas um vento liso
Relembre do pedaço de vida mediterrânea e me deixe estudar o grau dos vestígios
E me faça um café já com tudo dentro enquanto eu te sonho um desejo antigo
E me dê seu sorriso feliz
Enquanto eu estudo judô.

E nos deixe enquanto tantos
Sussuram versos de autores que morreram modernos
Eu vivo meus sentidos suburbanos
E tu vives um desejo de comer mundo imenso
Eu rio com meus filhos de sonho
Entre livros
E sabores diversos.


Enquanto as dores se cansam
O vento nos pede Dama
E no jogo dos sonhos
Esperamos semanas.

Se beijo teu reflexo pelo mar onde minhas horas são teu rosto sorrindo
E se minha alma espelha um segundo ilógico em um bairro londrino
Se eu vago infinito nas cores de um som preciso
E se tu notas as luzes das montanhas
Somos então o irreal possível
E comemore então, pois somos a liz
Dos livros e sonhos
E comemore em vão pois somos felizes
E é disso que somos
Enquanto somos este perigo
De felicidade e amor.

Escrevamos nossos sonhos
Tenhamos planos, arrisquemos a estarmos certos
Sejamos maravilhas do mundo humano
Pós eternamente antigos decerto
Sejamos nós dos filhos um plano inesquecível
Que pode ainda dar certo.