quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Formas tão finas da minha paixão

As belezas são findas, as almas, as lidas, os pés pelas mãos
As sensíveis magias dos novos bons dias
Dos dias de cão
Se agarram às vidas qual signos,
Lírios espalhados em mim
Que ao borboletar nas retinas da ilusão
Retransformam as lidas, as linhas da minha  mão.

As razões indistintas se sangram sozinhas querendo um não
E o fogo repleto de mares  se alinha
Se afina queimando o não
E sem mais razão implacável delira a dizer-se são
Para Borboletas retintas, que se espalham nas linhas
Das formas tão finas da minha paixão.


Dom entrelaçado ao amor

Espadas, claves, luas cheias
Esteiras sóis, manhãs inteiras
O mar é o lar dos sonhos para mim
Esperei ver por entre estrelas o lumiar do ganha pão
A cor da vida, a alma cheia
A paz dos homens, o som são.

Vi rebrilhar a faca das vitórias, a dor
Vi-me luar, num solitário mar de ardor.

E dos mil homens, das mil fêmeas
O que me fiz, o que me sou?
Ao sol o céu parece um lindo fim
Entrelaçado às  bandeiras que foram jogadas ao chão
Se já morri a luz que enfeita é outra estrela ou ilusão?

Vi-me sem mar
Calado entre seixos e o horror
De me secar na ausência da arte
Só dor.

E vai que a vida, assim certeira
A rir-me deu-me o bom sabor
De ser-me assim qual fogo a me queimar
E assim sorriso de brejeira arte com asas e paixão
A áspera voz perde a estribeira e dá-se inteira em coração
A um ofertar de leveza, de arte
De ardor
Deixe-me olhar-te dom entrelaçado ao amor.

Borboletas tecendo um mar

Claves de sol solfejam um sim
É o vislumbre do mel
O embarque no trem do som, da arte
A parte difícil é a cor do sorriso, é ler
As agruras raras, parte do rir, parte, inteira parte
Vem com asas e amarras
Palavras são caras e são tão boas de dizer.

Sol, correnteza, luar
Palavras são convites de deslindar.



Rasgue o medo do antes
Há pequeninos neste gigante
Há nas palavras asas, um gume, um espaço que traz um sorriso de ver
Dá-me a alma clara
O resto é o céu repintando, teso
Calma ao mar
Dê-me um segredo
A parte mais fácil do sim é poder renascer.

Sol, correnteza, voar
Palavras são borboletas tecendo um mar.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Apenas desavergonhar


De Deus é uma arte de alma lavada
Uma alegria de tapa na cara
Um sorriso de multidão
E sei que as armas se fazem raras
Que os punhos se cerram, falas endurecem a emoção.

Calei o terrível do medo de não ter  mais dor
O sorriso sem eixo
O segredo, o ardor de um sangue que não é o da minha liberdade.

Achei a palavra do sonho por entre lamentos
Escutei a verdade dos velhos unguentos
Tomei cana pra acordar
Parei e vesti a semente de Jorge nos versos
Fui guerreiro, amei Rio de desejo
E fui apenas desavergonhar.

A alma das palavras é meu chão


No rosto o sol marca as palavras
A versão pausada de um gesto, um Rio
As asas na mão se derretem alma
Espelham falas, amor.

Se gargalha com chão
Gargalhada espada
Precisão pintada de Pau Brasil
Ladeiras  são pedras da lei
Terreiros são sangue, são Deus, São Reis.

O tom das peles, das formas de pausa
O som dos sorrisos
Redesenham os corações
A fome de verbo, o moço sambando
O som do couro
As pessoas, as multidões
São meu dom de humano
Meu mundo de escambo entre fantasias e razões
Ruas que me ufano
Chão, raiz, meu plano
A alma das palavras é meu chão.

sábado, fevereiro 25, 2012

O que será que o viver me traz agora?

O sol, o chão
Os olhos, as palavras
O riso
O sublime, o samba
A Macaca
A estrela, as horas
O tempo por fim
Vivente em hordas angélicas
Divindades, querubins.

Espalho o sal das palavras
O sol é um veio
O rumo, o milagre dos fatos
Um olhar de esgueio
O que será que o viver me traz agora?

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Viver o hoje

É bom sorrir no mar deste nascer
O sol parece um mundo meio inventado
Cruzes perdem as pétalas
Vamos ver a cor dos ursos, os Rinocerontes
Os Azulejos claros.

Um brilho no olhar e o silêncio sussurra  o céu azul
Um risco e o mar se parece com estrelas
E tento não sorrir
Olho os prédios que ali parecem artes de navegador
Escuto o samba
Tento  ver o luar
Escalo ondas
Vento a deslizar
Toda essa sutileza poética que esquece de dar nomes
Dá só cores.


É bom rever-se invento qual perder um sonho ao léo
A construção do sonho abunda de medos, de cortes rasos
A rua é qual a lua sorrindo de puro apreço
Pelas pernas, pelas nuvens, pelos sóis de teus olhos raros.

Um modo de andar, uma forma qualquer de rir
O Sul a me repíntar no mar e nas estrelas
Abro um largo sorrir
Por me perder ali no centro do sonho, feito ardor
Estrela mor de deixar-se abarcar
Uma forma móvel de se encantar
Pela lucidez tão perversa, pela leveza incólume de viver o hoje.


Todo o rir, todo o ler

                                                                                   

É um desmorrer
É um livro ótimo
É o ver, o crer, o saber-se, o óbvio
O simples sabor
É por assim dizer um deslindar-se extremo
Esperar e ver o que se há
É o pequeno gesto livre de sentir-se em plena emoção
É levar-se leve
É levar-se livro
Derreter sabendo-se estio
Calar-se ao pé do ouvido de seu próprio mal.

É um saber ter a marca boa dos tombos
É passar no rosto o sol de cada tempo
É ver-se tempo
É morrer-se muro, é saber futuros
É saber querer o beijo, o ensejo
É viver o verso de Pessoa no calor das mãos
É cortar amarras, é cortar o risco
É querer sofrer e rir e ter delírios
Cortar medos sem sorrisos
Ver-se sal.

Ágil, o vento sabe tudo e mudo
Só sugere a invenção do quando
E a lida dessa vida ferve todo meu ser
Todo o rir, todo o ler.




Ser Portela

O  meu olhar tem um sol que dorme de manhã
Um sentido de rir das maçãs que serpentes me cismam de dar
Um deslizar pelas pedras e ruas, anzóis
Pelos muros que erguem em nós
Evitando nosso deslindar.

O meu olhar pinta mundos e rumos em nós
Papo reto pra deitar lençóis, beijar mundos ou mesmo brigar
O meu olhar aprendeu a ser maracatu
A ser corpo de mola, angu
Pegar trem pra virar até mar.

É qual voar
É apenas saber que se é
É querer amar aquela mulher
É ser doce, ser vivo, ter fé
E saber ser Portela.



Asas que marcam-me humano


Asas coloridas
Partes de sóis humanos
Espelhadas razões que me fazem passos
Entre os perigos, estradas e mansos jardins
Que se erguem calados
Nestas nuvens de chumbo que assustam o gado.

Asas partidas
Vozes e estrados
De camas e corações que criam versos e palavras
Que me fazem um rastro de irmãos e cantos
Eu, que só, me chamo apenas alma
E me sinto amado.

Asas dadas, tímidas
Que me fazem astro
Que me fazem marcha, fé, espaço
E  na sanidade dos risos
Me entrego e calo
Pois a vida é dura
E um prêmio grato.

Asas que me ensinam
Asas de mil anjos
Que me fazem ter coração
E ter um marco na pele
No mundo, no cérebro, no nome
Uma marca de povo
Uma marca de estranho
Em terras estranhas chamadas sonho.

Asas que me ensinam, que me são o riso
Que grato amplio nos mundos que grito
Nos sambas, nos barcos
Nas camisas, bandeiras, nos cantos
Que assim como seguem, marcam-me humano.

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Um sonho, nada mais

Um sol, uma febre
Uma flor de céu
Uma serra ao leste
Uma forma qualquer de tornar-se mel
Uma hora de saber-se mel.

Talvez seja só uma forma de amar
Talvez seja só uma esperança, um mar.

Espelhos e laranjas
Cores verdes, sóis carmim
Desenhos em azulejos
Coisas a se construir
Formas de mundo a se rir.

Talvez só seja uma espécie de paz
Talvez só se um sol, nada mais.

Dias se erguem, formas de luz se amenizam
Janelas abrem portas
Estrelas fingem desistir
Coisas duras parecem rir.

Talvez só seja um gole de paz
Talvez só seja um sonho, nada mais.


Quase flor

 Dá-me Deus qual um encanto pra, quem sabe, eu reter este sabor
Tão sugerido, plácido e tímido
Feito de amor.

Dá-me Deus qual um espanto pra, quem sabe, eu reter este calor
Imaginado, estandarte óbvio
Do clamor de corações, asas e coisas
Amantes velhas do voar
Qual um sonho tão real
Sol na mão, pernas pro ar.

Dá-me Deus qual teus mil planos, qual teus mil dizeres
Dá-me este amor
Surrado, tímido, encantado, ávido
Pintado no asfalto de ser quase flor.


O que será que meu coração fará agora?

Um sonho, um pão
Uma doce palavra
Eu rio, desvio o som das mil palavras
Me encontro em horas no fluxo do sim
Encurto as horas abertas
Me sorrio sem sorrir.

Espelho a calma das almas
Estrago o freio dos mil automóveis de barro,
Do destino em cheio,
O que será que meu coração fará  agora?

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Sagrem Pagu!

É Sangue fresco, o mundo nas mãos
Há a dor da certeza, há fogueiras, medos, sambas-canção
Ver Murnau não é Lua Nova
Vacas brabas não ornam óperas.

Há Violas e Sivucas
Há Moreiras, funks, rumbas
E se tem ruas, manicures fortuitas
Tem noivas, Madureiras, bagunças
Eu sou um Sambarock redundante
Um Bloco Sujo delirante.

Quedas, ninjas, pedras, tanques
Corpo nú vestindo o sol
O sol nos tange!
Pular "Levada Louca" é o que tem
Tudo vira um pouco Jorge Ben.

Não é Paris nem Roma
É Cabralina
Ocus Pocus, rastros sem pinta
E o que vem é a resistência fortuita
O que tem é o que se faz com as ruas
Meu desejo é fazer-me sangue,
Tens meu corpo ó santo homem!
Um Vinho já!
Sagrem Pagu!




Patricia

O rumo é o irrequieto da rua
Rua do Acre, Santa Fé, Paulista desprezo
Acido medo
Rua também é mulher.

E mesmo que os cursos do museu do folclore
Irradiem um pornô
Há mais cidade em minha pressa do que no velho metrô
Há pressa!

Há grutas mais fiéis numa puta do que na santa mamãe
A nudez é o pecado que lhe resta ao negar o amor
Eu rio.



segunda-feira, fevereiro 13, 2012

O que são estas flores?

Talvez sejam mundos essas formas de cor, essas formas de nome
Formas que se movem, formas que calam o falso, as cores
E a cada murro ou urro o gesto é a forma canção que os olhos ouvem
E os passos que perdem pele são as aspas, as amarras, as pessoas
Que nos tecem como a um gigante
A criar um mar, uma ostra, um segundo,um grau.

Talvez não sejam mundos
Talvez seja apenas gente
Talvez não tenham nomes
Talvez não tenham fome
Talvez só sejam fome.

E o que esperam dos pastos, o que esperam dos astros,
Essas velas, essas velhas?
Essas coisas na janela, essas cortinas, esses quadros
O que são estas flores?





Entrega

O meu amor corta pedras com a língua
Queima
Foge e fere
Estranha
Rosna
Brinca
Ri
Pateticamente ri.

São olhos, pernas, sonhos, muros, guerras, gritos
Unhas rasgando feridas e febres, e  ondas, e mares
E novo.

O meu amor é mundos, fundos, dramas, choros, ranger de dentes
Pasta de dente trocada na farmácia
Cama quebrada
Gritos de guerra
Arquibancada
Poesia e música
Vertentes de fé que mobilizam mundos.

O meu amor é saudade e perseverança
É um amor de correr gira, rodar a baiana
O meu amor não esquece, nem desiste
Só se entrega.

Talvez o som do mar me faça bem

O meu medo é ser só palavra
E a asa quebrar de nascer
O meu medo é ser uma forma qualquer de morrer
E talvez esquecer de ser paz
Eu só quero me viver mais.

As dores são morrer de arte
Dor me faz renascer
Eu me torno tanto bem
Se a flor e o horror me formam cor
Cor me forma outro ser
Me torno livre
E a cem pinto-me jaguar
Me vento e o vento me tem.

Um som, um vento, um dom, uma arte
Voz de linho
Um segundo, um pingo, uma tarde
Trens correndo em trilhos
Pedras de renascer
Segundos de ser bem
E o segundo alheio à flor
Me torna vivo
E além
Talvez o som do mar me faça bem.

Há verdades e cantos

Gotas, lábios
Histórias de sofrer
Rir de algo, de sonhos
Respirar um canto
Cantar um mar.

Há mil dias, mil manhãs
Novas dores, cafés e alvos
Novas árvores e o pé andando ao léo, ao largo
Há verdades que me fazem viver
Há espasmos
Há astros.

Coisas que me formam, formas de viver
Facas, astronaves
Escadas, calçadas, você
E as artes de continuar a crescer
São o mais fácil
Nada é fácil.

Novos dias, mil manhãs
E as formas são cafés e astros
Novos meses, nova fé estrelada  por um som cantado
E cada passo é o que eu posso fazer
Há os espasmos
Há os espaços.

Cruzes, soviets, santos, cor e sal
Coisas que são dia e o feliz de viver assim qual simples mortal
E há verdades
Novas formas de ser
Há verdades e cantos.

sábado, fevereiro 11, 2012

Há só você

Côrtes, milagres, formas e margens
Vales, pedais e freios
Lençóis e artes, facas e faces
Garfos, a voz, recheios
Morrem temores de ver céus infernos
Calos crescentes, dores, sementes que movem decididamente
Terras e gestas, almas funestas
Para um destino ausente.

E há os que temem de Deus dores, ferros!
Tudo o que se tem é morrer
Tudo o que há é viver
Há só você.

Margens mágicas de corte

Dormi José e fiz-me pasto
Cortei-me em olhos vermelhos
Sujei o pé em meio a parvos
Tornei-me ovelha sem freio
E em surdos segundos esparsos, um folião, um vespeiro
Um cidadão, um vil passado, um puto, um corno, um preto
Um sujo, um bloco espaçado com cores,odores
E em cheio
A cor fez-me baile de máscaras nas ruas, docas, candelárias
A cor é meu dado de morte
A cor é meu céu, minha sorte
As cores são margens mágicas de corte.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Delírio de Janeiro em Fevereiro


O Rio de Janeiro é a maior potência nuclear libidinosa da contemporaneidade, fora a economia e o balacobaco, o resto é várzea.

O Principado do Rio é dividido entre o Centro (Que vai do Estácio à Laranjeiras, do Santo Cristo ao Rio Comprido); o Reino de Santa Tereza (Que é Santereza e o boteco do Bairro de Fátima); A república fodástico-revolucionária semi independente Escola de Samba de Madureira (que vai de Madureira até a praça Seca, do Campinho a Marechal Hermes). Depois fica o resto, um grande limbo de significâncias dominados por Bangu.

Talvez o Vale do Paraíba, um tipo de Atenas com preguiça, seja um concorrente à altura.

Perto da contribuição sócio cultural do Rio de Janeiro, secundado pelo Vale do Paraíba, nem Bizâncio, Atenas e Paris chegam perto.

A maior contribuição do Rio de Janeiro para a humanidade é o Partido Alto. Qualquer Partido Alto contribui mais pro pensamento da humanidade que toda a obra de Caetano Veloso. Diria que o Partido Alto são os clássicos de Marx, Durkheim e Weber com balacobaco, ziriguidum e telecoteco. O Partido Alto foi o que levou a Nietzsche a cunhar a frase "Não posso acreditar em um Deus que não saiba dançar".O Partido Alto levou a Gramsci a entender o conceito de Intelectual orgânico e a Ginzburg a criar a categoria de circularidade


O homem inventou a roda para fazer um pandeiro pra tocar Partido Alto, o resto foi adendo.

A existência do Rio de Janeiro e do Partido Alto fundamental a existência divina e tornam Salvador um adendo luxuoso , assim como Recife, na suntuosidade da antiguidade fuleiragem, da galhofa como modus criandi.

Sem o Rio o universo latiria.