segunda-feira, junho 29, 2009

O sono que anima quem vai se apaixonar


Quando eu fui à areia
Vi-me mortal
Sorri pedras finas
Luzi um som banal
Brinquei com pequenas conchas do mar
Sonhei guerra e ferro de panela moldar.

Água deu-me a vista de um sonho, uma fé
E me fez alegre, ver peixe, ver luar
Assim fiz arruaça
Cantei em paz
Vi na moça as flores, os versos e meus ais.

A lua se foi no dia
E fui olhar
O sono que anima
Quem vai se apaixonar.

Amor justifica qualquer bobagem


Ajusta a justa do plano
Fale a linguagem da galera
Calma demais é falta de pressa
Dormir é rematada loucura
Esquece o plano, vamo só de fissura, ok?
A palidez talvez seja vontade!

Esquece a droga do plano
Regras e réguas não me tomam
Calculo rubis com feijões e com contas
Eu quero mesmo é bonomia
Feita por Deus acompanhado da filha de alguém.
Citar nomes agora é uma bobagem!

Rabisque o riso no pano
Me dá um teu beijo de lua
Cansei das muitas burrices nuas
Caladas e escondidas do bar.
Garçom, suspenda outro amor,
Já tenho cá!
E amor justifica qualquer bobagem.

Espero-te em flores


Acordo cedo e rumo a um sorriso bobo de cores e nomes
Crio aventuras, roupas, imagens, flores
Dedilho versos e mundos enquanto meu rosto sonha e se comove
Sentindo o soar da pele, da alma
Na passagem pelas horas
Que separam-me do instante
E faz meu olhar notar estrelas, flores
Ruas de sal.

Acordo em meio ao mundo
Reduzindo medos
Sonhando o telefone
E desejos viram fome
Arco íris ganha um nome.

Estradas correm no espaço
Delírios trazem-me passos
E na poesia, irmã eterna
Encontro versos espalhados
Clamando por flores.

E na nudez do mundo
Colho odores, luzes de laquê
Faço ondas, desenho gigantes
E espero sentado, pelo fato
Que me constrói estóico
Dedilho um mote de ócio
Desenho outro alguém.

E rabiscando estrelados corredores pintados
Pela rósea lua terna
Vejo nela a brega eterna luz de estrelas e fados
Ouço Hardcore.

Acordo em pleno rumo
E sou sorriso, por simplesmente ser de uma alegria feita de passos
E um sabor de ver você
Me faz além
Talvez até calado.


Revejo um rosto, um estado de alma, um sonho cansado
Uma estrela, um dom, a velha poesia dos atos
Espero-te em flores.

domingo, junho 28, 2009

O sabor d'ocê


Só queria ver o invento do ócio
Resonhar o amor enquanto ainda sócio
De não temer a dor.
Quero já saber o bom sabor do vento
Respirar e crer
Ter fé nos santos ungüentos
Da aventura de rir trocando os pés pelas mãos.

Venha e me navegue
Faça-me teu Nilo
Retome meu ser das mãos do desatino
Leve-me pelo teu cio
Faça-me teu sal.


Só queria ter da tarde um riso franco
Amigos e o fogo de lembrar do vento
Respirar tempos
Ter do hoje a soma do imenso murro
Do sabor de ver um céu em todo o beijo
Da força de ver e ser o toque das mãos
Foi a lua rara, a presa, o início
Um explendor de ser imenso em bom ofício
Ser poema em desalinho, verso, alma, imortal.

Sei que o tempo vezes mata tudo
Sei do inferno de esperanças e prantos
Mas da vida o fogo que no dá elo
É renascer, é sorrir e aprender.

Saiba o invento detes anjos rubros
Saiba o invento de nossos novos cantos
Quero a vida sugada dos versos
E pelo amor digo sim
Digo o sabor d'ocê.


O andar de crianças de seis anos


Quando acordamos e precisamos o vento
Damos conta de explosões minúsculas na alma
Como reações em cadeia de sorrisos e ardores
E o sabor do riso agrada o invento
Que Deus chama de amor.

Quando perdemos o universo
Acordamos sem noites ou sóis
E precisamos de olhos em chamas
Para reacender uma esperança vã
De caminharmos novamente
Como se reapredendo o andar de crianças de seis anos.

Parte Mar e parte nome


O que terá o mar, além do sal?
O que é o mar, a esfinge?
Se a palavra mar fosse um espelho
Haveria nela a cor do amor, a nudez do mal?

E o que será em nós o mar?
Onde habitará sua esfinge?
Será ele um sedutor matreiro
E seremos nós o sabor do amor, nús, vestindo sal?

Seja um verso sem poeta
Um riso
Parte Mar e parte nome.

sábado, junho 27, 2009

Relógio embalsamado


Gaste-se não,meu bem
Gaste-me não,meu bem
Repita a velha ordem desancada das amarras!

Gaste-me não, meu bem
Rasgue-se não,meu bem
Apenas dê a corda no relógio embalsamado.

Hoje eu vi Dorina
Rebolando atrás dos guardas!
E assisti muitas luas imitando-a
A gata.

Louco de rir e viver


Não vou discutir o quanto há de ódio
Pra se perceber o lado ilusório de qualquer amor
Eu só quero ver uma natural momento de rever um ver qualquer
Um contratempo
Dedilhe um sorriso e me parta um destino ou cor
Hora de ir em frente
Hora de mil ritmos
Renascer é ver estrelas nos umbigos
Vou brigar com meus amigos sob a luz do astral.

Sou de prescrever remédio em meio a um ônibus
De curtir o gosto de ressaca no tempo do Barlavento
Hoje eu sussurro um hai kai escuso
Retenho um desejo natural por beijos
E rasgo mil dores e amores com varas de condão
Eu não sou aquele velho artifício
Nem vou renascer vagaba entre vícios
Quero ser apenas grito sonoro, tribal.

Note bem o quanto sou de mundo
Nada espero em meu esperanto
Quero a trilha sonora dos ventos
Eu sou fazer, sou assistir e ser.

Hoje é um dia meu de luto
Luto é festa em canto e santos
Mil hemanos vendo um velho velho
Eu sou assim,meio assim
Louco de rir e viver.



terça-feira, junho 23, 2009

Pra eu o ensinar

Eu nunca fui nú como nesses dias
Fugitivo da vida que nasci e quis
Como a tripudiar dos mundos que me faço
Querendo ser mais rei dos reis do meu país
E aquele que me ensinaria a lição da hora
Comia e corria para ser feliz.

E eu ia à toa
Santos tempos e aís
Tanta verdade
Era a tolice minha que hoje me invade
Sabendo lá com meus botões que falta um pai.

A loucura de todo dia é que o mundo é velho
Por isso mesmo intensa a lição se faz
E o mundo se arredonda como uma familia
Que cresce é sozinha, mas que falta faz
No verso que empobrece sem um seu de medo
Do verso de um velho que chamava pai.

E eu ria à toa
Hoje rio mais
Sei que há saudade
Mas aprendi uma rua que corre às tardes
No dedo que aprendeu porque ser pai.

Talvez por saber tantas velhices escondidas
No riso, na vitrola, na lábia no bar
Eu sabia que Deus comprava pão na esquina
Sabia brincadeira, porrada, amar
E me deixando rir da rua, do meu mundo
Brincando de aprender
Saber de adulto em mar.

E eu ria à toa, ia navegar
Mas nessa verdade
Aprendia discursos de outra saudade
Do mestre eu ia ver a morte vir chegar.

E como uma maldição ele me fez poeta
E orgulhoso deste jeito com seu verso
Me infernou o mundo com o adverso
E eu o fiz poema por amá-lo em paz.

E cadê a proa?
Onde está o mar?
Só tem a saudade
E espelhando o mundo vejo a meninagem
Um anjo já nasceu pra eu o ensinar.

Controle

Se eu fosse correr mundo por todas as dores dos Reis debutantes
Talvez eu fosse fogo de pegar em chamas à tarde, nas folhas
Se eu fosse ser um mundo
Eu teria pudores de morrer sem nome
E enquanto eu rebusco a fera, a palavra
A alma sedutora
Que me faz novo atlante
E veria no mar um algo de outra coisa
Um Deus, um sal.

Se eu fosse correr mundos
Saberia gentes, atenderia o telefone
E choraria uma morte, um nome
Seria eu o telefone?


Enquanto a febre dos matos,
A enciclopédia dos autos me ferem a dor da perna
Vejo a velha dor interna repercutir em laudos
Realizar meus horrores.

E sábio um velho mundo
Ensina novos modos de porque
Guia-me em trilhas de cansaço
E enquanto aguardo
Olho o mato
E noto anjos tortos
Tatuo detalhes do óbito
Na alma de ninguém.


Respiro cores de atos
Converso com renegados
E entre as pernas sinto a febre deduzir meu cansaço
Me falta controle.

Reparo deuses mudos
E se respiro meu ler de toda a vida ganho um espaço
Vejo uma cor que não sei ver
Aprendo um deus
Que só é meu aos sábados.

E enquantro sonho acordado
Deduzo que sou passado
E as velhas ruas sérias safam criações de mil atos
Eu perco o controle.

Um detalhe feliz em meio à dor demais

Se eu fosse soar as dores mil
Que trago escondido
Talvez ruísse a palidez de tantos.

Se fosse apenas ser abismo
Cálido sentido
Talvez a multidão soasse verso.

Mas o mundo é ínfimo diante disso que nos deprime
E novos heróis caem tão nús, parcos, solenes
Parecidos mesmo
Com italianos filmes de velho cinema.

E o risco sábio do abismo
Aquele que inventou sentidos em mil nomes que trago perto
E que me fez um filho arrogante e poderoso com anjos feitos de tanta luz
Que me trouxeram à cena
Um detalhe feliz em meio à dor demais.

Um corte de lucidez

De salamaleques nego vai citar um Deus
E eu que tô cagando, aguardo
Respiro sementes de viver
E Deus talvez me xingue amargas
Dores de milhões de ventas
E eu que desespero em ódio e silêncio aguardo a vez
De mandar tudo pros cinquenta nove cús de gente que odeio por vocês.


Sabe lá o que são anos?
Eu choro meu sangue e respiro um tom de azul
Não me faço coitadinho
Só quero um sentido raro, em paz, em couro cru.

Como sentido não se inventa
Eu reentendo Deus
De volta à parca sensatez
Reinventando um tom de gozo
Uma palavra simples, básica
Um corte de lucidez.

Eu faço um cântico

Rápida e tola a palavra se faz soar
Simples terminada em algo sem lógica
Calada, é farpa de até matar
Simples, tão linda que parece rosa.


Soa solene, tem padre inté pra rezar
E eu lá olhando o som que doeu
E meu sonho parece até respirar
Mas a palavra é simples, é dela, é meu.


Palavra doida de soar de nego negar
Soa matando no peito a sílaba
E eu que construo sementes de palavrar
Faço o que soa virar verso e lágrima.

Sôo inferno em Céus de delírios de voz
Mas quero um mundo inteiro de ar, de pranto
Sôo somente porque não me faço calar
Morte é a palavra
E eu faço um cântico.

A imprecisão de meu próprio alarde

Repirar nem dói tanto assim
Talvez nascer
Considere digno um dia sem mim
Talvez morrer
Calado me torno simples voar
Espero incertezas pra perdoar
Nem sei relembrar o som da minha voz
Aguardo lembranças em meio aos bemóis
De um som que me fez criança.


Reparo na ânsia de todo mundo amar
E ver você
Chorar derrubado, querendo matar
Talvez teu Deus.

E eu que inventei de nunca chorar
Não por querer mas por precisar
Reparo na dúvida que tenho e trago
Do mundo ser tão raro.

Vivo em paz
Talvez na secura que nada provou, além de meu tom de ternura pra pouco amor
E muito fel.

Calado eu olho a dor da tarde
Espero incertezas que me devastem
A rua me avisa que o que arde
É a imprecisão de meu próprio alarde.

Vou fazer bobagem.

Formas diferentes de sabor

Morrer sem Deus é uma forma de amarra
Morrer com Deus é um tempo pra pensar
Viver em Deus é uma forma de domínio
É um laço pequenino com uma forma de amar.

Viver sem Deus é esperar uma semana
É viver talvez sem dramas
É ser filme de horror.

Viver e Deus são extremos de esperanças
E talvez eu queira formas diferentes de sabor.

Eu quero viver

Resta-me saber ter uma dia de corno
Resta-me beber gotas de algum ódio, um pingo de amor
E depois saber sorver um bom veneno
Gelado ou construído em contra-tempos
Quero correr riscos naturais de qualquer tom ou cor.

Não sejam solenes, sejam só amigos
Desesperem altos grandes risos
Permitam desígnios de humor banal.


Me deixem dormir sem precisar de sonhos
Me acordem à noite para um bom momento
Vida é ungüento.

Eu nunca sussuro meus horrores noturnos
Grito meus desejos e ódios a todos os ventos
Me deixem ser intenso no temor, no ódio, na paixão
Pois eu sem amarras quero ver meus vícios detonarem todo o indício
De uma linha de parricídio escrita em sal.

Não se esquentem com gritos e urros
Não esperem tons mezzo romanticos
Quero vida onde não há tédio
Eu sei viver, mas aprendi a morrer.

Não me deixem parecer confuso
Se desespero gritem em esperanto
Tenham vida mesmo em cemitérios
Eu sou assim
Grito assim
Foda-se
Eu quero viver.

Serás tu Deus?

A esta hora
Eu acreditava em Deus
Respirava um sonho meu
Navegava sendo seu
Seria eu Deus?

Entre as mesas
Lia Goethe em Judeu
Mentirava um tom tão teu
Respirava o meu mel
Seria eu Deus?

O Nome de ninguém repetia minh'alma
Talvez fosse morte o que embalava
O Gênio e o louco de dente quebrado
Aprendendo os dias
E você parou.

A calma de fé até hoje me salva
Talvez fosse o dia que agora ensinava
Cadê o teu urro, teu medo inquebrável?
Eu vivo os dias
E você parou!

Deixe a mesa!
Sei que um dia serei eu.
Hoje eu não chorei no breu
Aprendi que nada é fel
Serás tu Deus?

Um novo anil

Meu mundo é sol
Um acanhado feicho de flores e risos
Que cala o mar
E dá-me a luz de dias tão distantes, feito um antes
Todo um antes.

E todo meu Deus
É replicado e respingado de cores novas
Pintado em seus inúmeros lugares e sons distantes
Pelos homens, pelas musas, por Orfeu!

E enquanto vejo auroras finjo que não sei
Mundos aprendidos, sóis,bemóis
Não sei
Só noto o indicio de que eu vou nascer
Em dós e sons de trilha
Perdas, ervas daninhas
A sós o som ensina
Deuses e luas finas.

Hoje eu vivo anil
Crio ruas e um Brasil
Ouço os sóis, ouço anzóis
Percebo um novo anil.

Só a morte é bendita!

Reparou no amor perdendo sentidos líricos?
Notou um relume ausente nos olhos do síndico?
A cruz de todo dia é um prenúncio da vida.

Leu sobre David e pedras e golpes fatais
Derrubando nações, matando gigantes, criando casos?
Aprendeste a língua chineza da Dinamarca?
Concordou com piranhas que matavam suas crianças?

É estranha toda a cor de algo bom
Colorindo desastres
É simplesmente infernal o gosto sujo
Das muitas verdades que dizem ser Deus.

Repare netas arestas que constroem os ambientes
Tome gosto pela loucura inexata, inconsequente
E descubra a luta burra de todo humano contra unversos sem mestres.

Goste ou não, as florestas que se incendeiam por vingança
São simplesmente um urro interno, uma esperança
Todo dia o mundo apresenta uma vida eterna.

Pode parecer só fel a impressão de versos e linhas
Enquanto achamos linda a flor morta na estante
Mas é um aviso do mundo que apresenta vidas eternas.

Deus é um mau ator escrevendo roteiros banais
Enquanto somos cadáveres
Animadinhos por um sopro antigo
Sofrendo por medo do amanhã
Só a morte é bendita!

Inverso

Dê-me um tom L'amour de dias
Cale-me em contraindícios
Regue-me não flor
Me dispa precipícios.

Olha em torno: O inverno é o clima propício
Para Deuses malignos
Eu só quero agora vida fictícia
E delírios prenhes de lombras
Ressacas, nuvens tonantes sem fé
Eu desejo o mar da morte com peitos
Eróticas receitas
Ilusões rarefeitas
Perfeitas.

Dê-me um jornal sem linhas
Cala-me
Me contradigo
Não me oponho à dor, ao horror, ao homicídio
Falando sério? nem mesmo ao suicídio
Mas só quero ver discos.

Não, não bata a porta!
Não acorde a vizinha!
Hoje é meu dia de sombras
Respire o mais rápido que puder
Pois eu quero o olhar feliz, esfuziante.

Meu universo é renascer
Talvez eu tenha de morrer pra ver.

domingo, junho 21, 2009

Espere mais


Sagre o nome!
Eu não sei bem rezar bonito
Calo e sonho
Respirando Deuses e jasmins.

Acorde o sol e todas as luas!
Me deixe a sós com meu Deus!
Vá voar!

Talvez a voz do meu Deus seja meu pai.

Sagre o nome enquanto eu rio do infinito
Sagre a razão íntima de existir
Enquanto a sós eu vejo a lua e sei
Que há mais.

Entre dentes rezando o desejo de ter olhos
Rio longamente e sei que vou morrer
Espero a razão
E sei em vão que nasci pra ver além
Do mar, do sol que não vem só.

Sagre o nome
E repare nas estrelas dos olhos
Note a rua criar raízes e ser infinita
Tudo é como um sol
Estrelado em nome do que sei
Deus é mais.

Espere mais.




Olhando teu sorrir


Deixo-me a pé nos sonhos
Crio saudades
É bom
Deduzo palavras do ninho de um pássaro azul
Que faço vivos, intensos, sons
Calo-me
Espalho-me
Quero ser bom.

Todo o dia a manhã
Faz calar algum som.

Sussuro canções bonitas
Lamentos, batuques de cor
Revejo o som que acalma uma vontade de ser furor
Rimo palavras justas entre risos
E em lágrimas sou só rancor
Cresço, e durmo digno
Com rubor.

Daqui de cima é bom voar!
Astronautas de sóis acham bom.

Repare nas estrelas feitas à mão
Pelas crianças do céu
Repare entre dentes um vento
Um sonho, um véu
E escreva palavras sem nomes
Para que tudo seja meu
Gosto de ser senhor de algum Deus.

Bom de rua é de manhã
Bom de sol é ver-se azul.

Tantas estrelas dormem de dia
Enquanto os cães parecem saber de ver
Pássaros, ruas, delícias
Mulheres de comer
Festas de fim de dia parecem tão belas
Que eu quero viver
Talvez eu morra sem morrer.

Rasgue a noite, dê-me um tom
Ensine-me violão.

Parecido com o vento, o tempo sorri tranquilo
Enquanto o mundo deduz o fim
E resistindo ao medo acordo o intento de dizer sim
E reparo na palavra sagrada, que li algum dia
Escrita no verso em latim
Que esqueci olhando teu sorrir.



Um peito a sós


Trilhos, trens, Bondinhos, pontes
Invenção de nomes, de homens, de ver, de rir
Ao longe lembro de comer caqui.

Ri nas dúvidas, menino
Hoje saudosismo a me repetir
Quase um pai que morre aqui e ali.

Nunca doce, nunca amaro
Seguidor de raros garimpos de ir
Sabe lá agora onde rir?
Enquanto me estendo dos prantos aos risos francos
Sem sequer sentir
Suburbano me vejo sorrir.

Podem escolhas criarem asas de condão e espadas de som?
Pode a razão me ensinar a ver ilusão?

Paulatinas vias, fontes, repare nos bondes
Como é bom viver sabendo de cor o morrer!

Rasgue a tinta nua que liberta
Coma a fruta esperta
Note um som de ser
Entre as aspas do a pé.

Rio de amanhã supimpa, de manhãs enigma
Rio de meu Deus
Note o mar que nunca morreu!

Trilhos de jardim, banais homens rindo do astral
Curtindo o som do ver
Todo dia eu posso morrer!

Gotas de mundo escorrem no rosto enquanto assevero a saudade do sol
Risos de mundo percorrem um peito a sós.

Todo o amor é de minúcias


Tantos muros entre nosssos dedos
Dedilhados muros e janelas
Nestas aspas, nestes jardins
Tantos novos sons e sins
Festas hoje são instâncias
Desesperos em carmim.

Estranho o vento em torno do luar!

Gritos roucos, amores, suores
Pelejas e vaidades
Nossa alma, repreendida
Regulada
Registrada
Os atos
Acorrentados.


Parca grade entre o normal
Nos separa, nos faz do banal
Uma nova história, um sal
Que sobre a noite fria
Reproduz a fantasia e escreve um dom, um tom
Um madrigal.

Esperanças recolhem-se ao mar!

Percebemos luas velhas pelas janelas
E nas trilhas das pedras
Recuperamos armas velhas
Palavras cegas
E todo o amor é de minúcias.

Pessoas morrem por nascerem sem mar!

Pedaços de vento
Cais e mar
Uma irrazão, o céu, o sal,
Cores que criam a espera, o estar repetindo a seu peito
Um lamento não desfeito que só um bem pode curar.

Todo o amor é de minúcias de luar.

Cale a boca e me deixe!


Cale a boca e reduza-se à palavra!
Cale a boca e me deduza as almas!
Cale a boca e entre os dedos tenha a calma
De ver-me infinito tango ou outra arte.

Pela boca do desejo eu vejo o mal
E respirando melhor
Vejo banal tudo ao redor
Banal.

No instante fatal poderemos correr?
Há sentido neste momento seco ou todos nós vivemos com medo?
Será espanto o que corta-me as asas?
Será novo este torneio de amoras?
Será ridicula a saia de minha filha?
Seremos velhos ancestrais de alma vazia?

Cale a boca e me deixe!

Um novo tempo


Hoje já morri quase menino
Renasci quase que indigno
Revi olhos e ventos
E construí meus sentidos.

Tocando destinos
Acreditei nos vícios
E morri em contratempos
Quis explicar o invisível
Mas como ensinar ventos?

E assim em cenho e ritmo
Acreditei no meu íntimo
Mas o invento é um sorriso
Que some entre os momentos.

E o lamento que hoje vivo
O sorriso que inicio
É do tempo, um só elemento
Gasto ele com meus livros
Sugiro um reinvento.

Grato pelos sonhos líquidos
Lavo os olhos e preciso
Sigo o legitimo intento
De sobreviver a isso
Pelos tempos, pelos ventos.

E rezo agora ao espírito de uma explosão
De um cio
E respiro o vento, o tempo
Ser sagrado é ser sentido
Ante o tempo, ante o invento.

Noto o sol e renascido
Uso o que aprendi convicto
Vendo pedras e elementos
Bichos, nuvens e outros signos
Deste Deus eterno tempo.

Na partida do que sigo
Eu que não sei ler fingindo
Canto um desses sons que tenho
Do silêncio aprendido
Rezo a Deus haver mais tempo.

E percebendo o riso
Do que importa, do que é nítido
Já percebo o movimento dos circulos do destino
E acordo enquanto há tempo
Para versejar benditos
Novos anjos de improviso
Que comovem meus momentos
Enquanto desejo ser lírico
Pra pintar um novo tempo.

segunda-feira, junho 15, 2009

Negros em roupas de cor



Ruas novas me trazem sons de prece
E há mais
Conduzem negros em roupas de cor
E musicas de um Deus que cresce
Em igrejas novas
Entre a suburbana e a abolição
E todos nós morremos
Como se houvesse mais
Entre litros e litros de duzentas novas bebidas sem sabor
Assim como quem constrói a paz
E há mais.

Esperemos que algum dia a vontade de ir mais longe que nosso umbigo
Seduza muros e cadelas feias
Que rompem com seus pais
Há mais
E todos construimos a paz dos normais.

Quero ir ao longe demais
Quero mais
E sabendo que tudo de nós é assim como um desejo de ser rua.

Sem meio tom permita-me ser breve
Sempre há mais
Entre toques de sons e vontades e dons
Entre coros de negros e mulheres
Reduzem o tom
À dizeres feitos de prece
E eu só queria o som de saber prece
E sei que há mais que isso
Há litros de bebida doce e gosto de vento
Entre irmãos
Gosto de semen entre os sãos
Sabor de vento em corpos que ardem
De uma febre composta de litros de desejo de morte
Retalhada em carros e cegos
Pedindo paz.




A sorte deste mundo é nua


Repare se as nuvens novas trazem trigo
Entre olhos e pedaços de desejo acorrentado
Entre vontades de ferro
E ajude a seu irmão a cortar lenha
Neste mundo sem sorrir
Como se o nú fosse um som.

Traga a dor de Deus a nós!

Deixe-me entre meu amor
E a voz que vem da dor
Para que eu saiba seduzir detalhes esperados e fontes de força
E construir pontes que liguem versos
Para aprender vontades de irmãos
E luas novas que façam bem.

Enquanto a luz queima é bom!

Rasgos de mim são flores
Flores são de mim a cor.

Acredite em um Deus florido entre escadas
Ruas novas
Sóis que movem universos
Entre a luz que queima o dom em cor
E a força que nos torna nús
A sorte deste mundo é nua.


Som semente


Sabores e lojas
Nuvens, mañanas
Estrelas de barro, sóis
Perdem-se nos azuis que conduzem cinzas
Pintados na longa vontade da espera
Enquanto se vêem as tantas surpresas
Verdades, besteiras.

Em parcos embrulhos rosas escondem-se beijos e sinas
E o sonho desenha sóis que trago à mão
Na ânsia de ver o mundo em cantos
Pintado com afã dos deuses que deduzem céus a cada manhã.

E em casa procuro os prantos que vão clementes me fazer andar
Aprendo com a cor da terra
E à terra me ponho nú como se somente terra fosse o que há
Nas sombras desta memória de elucidar.

Assim me protejo no súbito objeto
Enquanto desabo no tom tão exato
Que faz um mundo rir
Enquanto das cores traço projetos que não fazem mal
Esperando o som semente me fazer igual.



Olhando seus olhos nús


Tanto me inspira o céu
Que sussuro ventos nas páginas
E choro lágrimas de amor
Semeio dores
E verdades de mel
Construo olhares que sonham um mundo
Onde existe muito mais do que aqui.

Todos os anos nasci por metades
Que construiram estrelas e milharais
Assim como se em doses certeiras
Nasciam flores
E anjos de capim
Perdiam-se em minhas mãos.

Tudo era todo lugar
E as coisas foram se tornando sóis
Dores me deduziram céu
Sabendo que o amor vem do azul
E há calma demais
Ao se olhar o espelho de manhã.

E por ser todo lugar um pedaço do sonho comum
As coisas eram tantas que faziam o sul
Parecer uma nova mania
Algo a se escolher entre prateleiras
E vontades de amar
Olhando seus olhos nús.

sábado, junho 13, 2009

Pra chover amor


Dá-me um verso em esperanto
Para eu desaparecer entre galhos e o andor
De um santo tímido, agasalhado e cínico
Rústico em flor.

Dá-me uma espera, um sonho, um canto
Para eu cantar você entre versos de ardor
Meio espalhado em braços dados trágicos
Com pudor.

E assim com a vitamina pronta
Um filme novo pra olhar
Todo amor é tão banal
Que fica espetacular.

Dá-me um inferno, um céu, um anjo
Um capeta de ser estiloso amor
Estranho, lírico, apaixonado, cínico
Feito e encomendado pra chover amor.


Feliz de amor é paz


Dá-me em um querer
A luz de ver paixão
Arde e dá-me um ver
Que me arrebata a alma e faz ser prece
O azul do luar
Dado em rasgada e eterna lira de invenção
E ao rir do ar
Dei-te um beija-flor
Abrir o peito em fervor
E nasci angelical!
O que que há?
É bom ser feliz
Feliz de amor é paz.


sexta-feira, junho 12, 2009

Valentines Day


Meu amor!
Supere a arte e me dê razão
Por favor
Escreva um recado que torne tudo bom e à mão
Porque, meu amor, a lei
É agora um substituto a nossos nomes
E tudo já fugiu de vez
Da calma que pedimos ao nascer.

Meu Amor!
Cale-me se o risco da morte aparecer nas janelas
Meu amor!
Supere o riso e me faça apenas um carinho que aplaque a dor
Eu aprendi a rir em torno de facas e versos dolorosos
A cidade gritando
E hoje ouvi o lindo sorriso de um aprendizado me fazer ver que tudo dói
Mesmo assim
Trazendo luzes de manhã
E delírios.

Meu amor!
Me dê a luz
Enquanto estou só.

Meu amor
Sabemos mesmo que tudo pode morrer nas ruas
E mesmo assim
Tentando conduzir verdades na ponta da língua
Perdemos vento pra navegar em mundos cheios de recifes
E onde ir?
Se o amor que preferimos exige planos
E só sabemos cortar cercas?

Se somos homens e mulheres onde estão as peças que faltam?
Se meu amor for nosso
Como distribui-lo e manter este sorriso
Enquanto as chamas já chegam na calçada?



Um nome, um motivo


Se for a cor do amor que fere
Me espere na janela pra eu te dar um luar
Que nos dê um confere
Nas maneiras mais corretas de derreter
Corações e flores, peles
E ao desejo nos dê lume
À vontade nos dê ser
Por enquanto nos espere
Para que a breve lua nova nos permita voar.


Se a dor do amor que repete
A estrela nova e bela que não é luar
No entanto me espere
Para que sejamos da janela um novo ser
E nos façamos mais pele
Para construir um rumo, uma vontade, um nascer
De um sonho, uma cor que eternize o com gosto desta língua
Do sal que sai do teu corpo,teu mundo, tua bela estrela
Tua cela que afivela o alazão do sonho primitivo
Repete em meu sorriso um nome, um motivo.



Um vinho


Queria um riso que compensasse a cor do céu!
Queria um aviso pra tudo ver em dores e amores!
Queria um vinho.

Sabendo bem das ruas, dos museus e dos trens
Ter fé é ir mais longe
Talvez ser dor
Queria um vinho!

Sempre procurei por uma mulher entre estrelas e luares
Sempre busquei saber dos ventos as eternidades
Sempre procurei você.

Todo mundo sabe
Escadas constroem minutos
E alcançam o céu.

Queria escrever que tudo está certo
Sabendo que todos têm mundos
E tudo parece o brilho do sol
Queria escrever que as manhãs e tardes estendem sua beleza
à todos e todas
Queria um vinho.

Todos os dias se tornam um vinho.

Não faz mal


Se você for delírio
Te recrio em brinco solto no riso
Se amar você for parte de um sensível resigno
De puro antigo conjuro
Talvez eu vá crer.

Se tudo for o afã de amar, beber champagne
Haverá espaço pro normal?
Talvez morramos em trovas
Em mil luzes de novas
Sejamos então a prova
Do amor eterno, astral
Que venha bem, este bem
Ou não faz mal!

E se este sorriso for vício?
Que o escuro que me faz início
Renasça em você
E se meu passo ambíguo e meu ritmo
For duro em corpo e em mundo
Como vamos fazer?

Ao mar seremos bons?
Em medo teremos bons e rápidos reflexos?
Ante o mal saberemos das provas?
Superaremos drogas?
Romperemos com horas no amor que dá-se em sal?
Não sei, meu bem!
Não faz mal!





Renascer


Rememore a parte
De sermos eternas notas
De sabermos horas
De vivermos formas de ar.

Rememore a nova mulher que desperta
Nas asas que falam
Nas salas, nas malas
Nas valas
Onde se cala o mundo, o sussurro
O soturno rastro da calma, da malta que se desfaz no sofá.

E se calamos tudo, no sussurro mais soturno
Que há de se fazer?

Cale-me e se case
Beije-me na porta e no jornal
Escreva a nota que normal nos transmute em roça
E me faça agora um chá.

Sonhe-me na porta
Me transforme em formas de asas
Em falas de nuvens e almas
E em um sussurro que nos faça mundo
Ame-me na calma que arde e faz
De tudo um mundo intenso e tão puro
Que nos faz renascer.

Quero Saudade


A dor de sentir mel nas duras estrelas
Causa-me sol e deduz cidades
Tudo é lua e calor
A noite me invade
Tudo é você
Que surge e é arte.

Tantos os planos, tantos os tempos
E tudo é o veio de amor da cidade
Como você sabe meu nome?
Tudo assim é parte de um sonho
Ou talvez destino, talvez pedaço
De um novo mundo que achamos no espaço
Tanta é a lua e ela me invade
Sonho você
E sinto a verdade.

A cor de todo o céu é nova estrela
Que como um sol me faz ver a arte
De uma luz que tola me invade
Recrio você
Penso nas verdades
De ser humano, de ver-me tempo
Espelho dos medos e dores que ardem
Sonho amor e cito seu nome
Queria sim parecer seu sonho
Enquanto deslindo um jeito cansado
Criado no ponto do amor que refaço
Enquanto a lua é noite de arte
Eu sou você
E quero saudade.



terça-feira, junho 09, 2009

Versos de encantar

Se eu fosse de saber
Saberia ver
Rosto de luz entre os sins
Pelo motivo de ver todo um querer
Entre dedos e jasmins.

Sussurro inventos de Rio
Corpos sampam-se em Brasis
E carece de dizer
Que parece haver um sentimento febril
E meu rosto quer deslindar
O rosto de outro lugar
Só por desejar querer
Querer merecer mais um sorriso, um brilho
Misturam-se as cores do mar
Rimam um verbo de amar
Sei que parece pouco
Ou é um sentido louco de seduzir vento com o olhar.

Se eu fosse de multidão
Seria canção reinaugurada com fé
Pra escrever um denguinho
Um verso, um ninho
Reinventar a TV
Haja desejo de ir
Haja motivo pra rir
Enquanto um samba canção
Parece banal e não sussurra invenção
E nem remete à ilusão de paixão banal
Requentando corações
E há tanto pra pintar
Com versos de enamorar
Tantos presentes e soltos
Beijos lançados com gosto de tempo
Versos de encantar.

Teci-me camisa

Vai ver é hora de olhar longarinas
E tudo me aperceber
Rotineiramente
Diuturnamente
Saber
E entregar-me
Aos métodos e maneiras
Aos desleixos e longevas vozes.

Vai ver que morrer é diário
E o enquanto se ouve
É um sussuro
Um milagre momentâneo, comum
Talvez o comum seja o milagre.

Tanto se quer e quis
Que o sorriso guardado em meus olhos
Se reconstrói em outros
Danado que é
Fica entre mentes e corre o céu
E as luzes roxas de uma noite qualquer
Não escondem a tarde que banha o sobrado
E me dá o frio.

Além do tempo
Tudo se é
Tudo é ver
E perceber a língua
O suave tom de idas e vindas
De partidas que marcam nomes
E o som dos medos
Cala-se
Pois a aventura sempre recomeça
E sempre termina
O importante
Sempre
Foi o caminho.

Hoje teci-me camisa
E amo o novo.




Mar

Mar
Poeta algum consegue redimir
Este desejo de mar
De ser e ver-se liz.
A paz
O ritmo, o lírico do mar
A rima, o som
O estar entre os dedos
E escrever
Faz talvez a linha
Que do mar se torna o sentido, o sul
De escrever-se mar.

Olhar só a mim




Quero deslindar belos destinos
Ruas, ruínas, dons
Transitar ares e renascidos
Gestos que dão canção.

Quero salvar uns jegues e uns sinos
Sabendo o quanto é bão
E no espaço de meu cinza desígnio reparo no tom
E o som me faz um desencanado carinho
E eu lhe gosto
É bom.

Desamargo o nú desalinho
De fazer gota e mar
E gero um destino amordaçado entre toda a dor
Que me cria músicas e versos
eu sou Salvador
De meu Rio que é olhar e linho
E eu vejo o Cristo
O Redentor.

Se eu sou uma invenção
A amada é céu
Se toda a palavra me faz novo
Algo me faz ser fel
Pois o status do meu mau
Corrompe o próprio eu
E na nudez espero ser mais que a dança
Talvez ser um seu.

Se meu ar se faz turma de mundo e sal
Eu redigo amores e sou ventre
E me deixo a ver
Medos e corrompidas lembranças
Prefiro até morrer
Mas enquanto espero
Deus me faz ver
Suaves tons de sussurros.

Dá em mim o desígnio de outro amor
Rasgo palavras velhas e navego
Sabendo que mesmo assim
Reparo em nuas verdades de cana e giz
E prefiro a coragem de olhar só a mim.

Me deixe em paz


Pedras soltas caem
Esteiras de papel entre pedaços de horizonte
Cores novas entre risos
Espelhos coloridos
Peças de motor pintam o verde
Da grama de uma cidade solta
De meu medo de pianos caírem em mim.

Pedras soltas me calam em segundos e celulares rimam
Fantasmas de passados próximos montam ruas e detalhes
Que me oferecem leis
E a física se torna quanta
E tudo são crianças e anéis
Talvez haja algo mais
Mas enquanto isso tento o melhor
Olhando pelas janelas mais azuis.

Mas me deixe em paz
Para que rolem vozes
Esperas mortas
E almas brancas de cetim
E verdades catem suas mensagens em sussurros e jasmins.

Mas me deixe em paz
Enquanto encontro Lilith e desejo a voz da morte em meu lugar
E enquanto um sonho dorme
O rock é pedra e me remove em sons
E sais.

domingo, junho 07, 2009

Sóis lilases


Se soubesse ler uma cor
Escreveria versos sobre um amor
E veria Deus em torno de mim
Enquanto sorveria o sal
Da pele, do sol
E afinal teceria luz e som.

Se eu soubesse ler razões
Cairia surdo olhando os olhos
De quem construiu em mim o amor e o fim
Sussurro canções de paz
Reparo no sol lilás
De uma velha canção de sol.


Enquanto reduzo-me à dor
Escrevo sem cor
Te vejo sendo dor.

Se olho em volta e noto uma flor
Faço-a dor
Escrevo-a dor.

E calo-me meio à luz
Catando ventos entre os olhos e a fé
Se fosse o sol ruim
Que escolha eu teria?
Sorrio e me deito
Mau
Sofrendo sem sol ou sal
Reparando em sóis lilases.

Vendo seu rosto em vão.


Seu corpo ri
Sua  voz é meu Rio
Sons de meus medos contam histórias de fugir
Espero ventos mais fortes
Construo novos sons
E reparo na estrada larga
Que beira o Rio onde estendo as mãos
E onde meus olhos vêem luz
Palavras na escuridão.


Tantos caminhos estreitam minha paz
Queridos sons me recordam da voz de meu pai
Escrevo ódios remotos e tendo a reler leis
Brigo entre dores mortas
Me noto nu
Entre o sol que se vai
Olhos negros me vêem construindo nova paz .

Seus olhos me trazem luzes
E reparo em  uma sombra azul
Que parece um céu em tardes
Onde a luz supõe sorrir
E a voz da explosão
Que é o carinho de rir
Vendo seu rosto em vão.


sábado, junho 06, 2009

Ser natural


Se eu fosse o medo dessa ilusão que me aquece
Existiria o desejo que me é só
Um alimento, um sol, um sal
Que me embriaga de sentido
De uma fé que segue
Uma inutil e vil razão
Que é sorrir pela graça
De um riso, de um nome
Que me explica o ser feliz.


Se fosse sina
A linha eterna desas horas
Seria a moda
De ser tudo tão banal
Mas qual um grito rouco
Uma bonita invenção de ser visto
Como um verso, uma canção
E tudo que é isso, uma agonia
De ver no dia uma magia
E na mulher um som, um sim.

Se fosse palavra
Ela seria estrela e fado
Sorriso
Nua voz
Se fosse lua era o mar
E arde uma solta vil espécie
Solta a franga, anjo e mais
E tudo assim se faz maravilha
E na graça do sorriso
Faz-se intensamente giz.


E hoje em sina, em estrela, eternidade e aurora
Faço a luz ser toda nova
Grito um verso casual
E crio uma tradição que me faz nova luz
Sonho um nome
Uma cruz
E procuro ser natural. 

Minha flor



Repetindo assim um velho rumo louco
Escutando pedaços
Andando pelos espaços
Catando ventos de fé.

Olhando por cima dos ombros
Lendo jornais andantes
Vendo  curvas e rios
Tecendo um rir
Sabendo o rumo cego e vão.

Tanto há de mim no amor
Tanto há de sim no horror.

Separado de meus medos
Rio acima em ventos tantos
Frios fazem rir um jeito, um elo.

Ruas de infância adulta
Escrevinhadas em prantos
Detidas em detalhes que sonho em fé
Vendo o destino ser vão.

Tanto há de sim no amor
Tanto há, enfim, de dor.

Antigas palavras doces
Costuradas com cimento
Detidas por medo e vento
Fazem nua toda esta prece.

Vidros quebrados nas casas
Ruas, carros, excrementos
Milhões de solidões abanam
Uma cidade e seu verso.

A calma da luz me enche
É em vão.

Ruas são meu dom de amor
Cores são meu som, minha flor.



Beatles

Acontece
Por inúmeras falhas e cores
De um mundo não caber em si
De o real ser apenas uma inútil dor que acaba por reduzir a pó
O que faz justo o dia.

Acontece por amar ou por um trabalho jocoso
De transformar em fatos o que pode ser sonho
Ah! A tal razão!
Esta coveira de percepções e perfeições!

Acontece!

Ao redor existe um tanto de tudo
Que faz com que sons e mundos se completem
Algo que explique esta explosão
É cúmplice do assassinato do exposto
Do natural enquanto vento
Com trilha sonora.

Nossos olhos são máquinas fotográficas.

Ah! e o som dos novos vôos?
Se conduzissem a tudo assim
Assoviando?

Tava na cara que sobraria pra meus olhos
Ou os seus
Perceberem irregularidades
E rugas
Talvez sorrisos
Manchados assim na calma ausente em nós
Por ruas e manhãs.
Nossos olhos são máquinas fotográficas.

Querendo acordar Deus

Se essa euforia fosse o dom de usar palavras na lapela
Talvez o necessário suburbano fosse criado em toda a terra
No Mar teríamos o símbolo da Portela
E Deus vestiria camisa amarela
E recriando as belas novas luas vivas já em cada olhar
Daria o dom da festa
A quem livre pudesse sambar.

Deus nasceu do Samba pra multidões arrastar
Foi atraiçoado por quem detesta Orixá
E há quem diga
Que Deus até já foi valente
Pescador de sereias além-mar
Por todo o mar ele sorria
E a lua fria
Dava estrelas
A quem o pudesse encantar.

Isso foi antes do Breu
Hoje vivo a vida querendo acordar Deus.

Febre

Quebrados degrais
Luzes de novo
Um azul
Um novo feitio de notar o Rio
Reduz a urros os musicais
Sentidos sutis da febre.
Queima-me o riso e me dói o jardim
Enquanto escrevo o reluzir
Pisco detalhes feios 
Especulando o astral
Em torno de amar e rir.

Vá embora, mal!
Hoje sou Jesus
Caminho  para ti
Me torno um gibi
Escrevo quadros canibais
Especulo o fim da febre.

Quase que gripes se tornam mortais
Espelhos quebram-se sem vir
Notar a rua velha pintada como mural
Bonecos andam a sorrir.

Corte o gosto de sal
Eu quero a luz azul
Quero mudar o vinho
Quebrar o destino
Sagrar turbantes em animais
Sentir-me novo em febre.

Seca a voz se dói entre um mentiroso novo sim
Tudo muda em novo e veloz som
Sou apenas um sentir.

Quebre-me em paz
Dê o bom Jesus
Quero ser assim
Rei de David
Aguardando o ronco anormal
Do estômago em meio a febre.

O novo ver

Se eu  soubesse ler perceberia o óbvio
Ao sabor de rostos enevoados, noto dores de novo amor
Se fosse pra ver milhares de venenos
E romper o medo de ser tão pequeno
Já seria ritmo surdo que me é minúscula flor
Dê-me algum Valqueire
Um universo antigo
Quero só notar o gosto do estribilho
Rimar beijo, amor, mamilo
Ouvir Caetano e Gal.

Se eu soubesse rir me tornaria sonho
Se olhasse seu rosto aprenderia o tempo
Seria o tempo
Morrerei soturno, calado e obscuro
De um jeito banal sem aventuras e inventos
Nasceremos muitos enquanto nos tocamos as mãos!
Seremos palavras ou só desafios?
Seremos normais olhando loucos frívolos?
Cala-me com teu umbigo em furor normal!

Guarde bem cada bom sussurro
Guarde o vento  em um novo canto
Há mais vida na beira do inferno que no blasé colorido morrer.

Note meu desespero absurdo
Nos invente velhos em um canto
Que traduza o inesperado inferno
Que é sorrir lindo assim
É encantador o novo ver.


quinta-feira, junho 04, 2009

Crueldade com animais Double Pack

http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/

Futebol

Gritava gol aqui pelas listradas
Camisas que ardem
Queimam pavilhões
Seja em si a insígnia
A pura paixão
Que conduz os meus dias, os mil dias, os sem dias.

Veja o quanto é graça
Tudo insano e calmo
Remota viragem
Redundando em arte
Intelecto-peão
Qual nova magia, nova invenção
No estupor do lance
No mágico lençol que inventa o vento e sem nexo
Responde e marca
É melodia?

Quase uma miragem
Diária miragem
Única das artes que é reinvenção
Gols de sol e  palha
Gols de fidalguia
Gols de gol, de guerra e paz
De delícia e relida invertida magia
Quase uma vontade
Quase um estranho, um signo insano
Uma voz trovão
Ardendo nas vistas, peitos e esperanças
Dançando a dança, a voz
De Deus
Será poesia?

Era drible e banzo no zagueirão dormente
Latente e potente muro em ação
E qual a recondução de Nero
Alexandre dono de mundos
Retumbava a entrada dura
E o grito calado
Fim do sonho elétrico e da fantasia
O Samba era noturno
Era triste e vão
Nada mais havia
O rumo era o da saída
E a dor invadia, assim se ia sem Deus
Sem Deus
Sonoro Deus
O que havia era calmo
Será magia?






O som que acalma o mar

Dê-me o alarme gris
Grite sobremaneira que o aval do giz
Pinta a beleza
Deus reduz o que diz
E tudo vira inferno
Dá-me a cal que me induz
Palavra beira.

Tudo me é palavra
Descrita agora à vera
Solidez calada
Letra por letra
Belas
Todas são palavra
Palavra é espasmo, é som
É ai.


Rapidez é d'água
A letra que abunda
Signifcante 
Espasma
Reluz estrelas nuas
A Rapidez é d'água
A letra cara
O som que vai.

Deduzo o som e vem
A toada reconduzida
Grito o sim e enfim
Espelha  água a paz, a proa
Leio o meu sim
E sou palavra reescrita
Leio o som e enfim
Eu sou palavra.

Dá-me só palavra
Domino o mundo agora
Enquanto a calma
É letra morta, é guerra,é hora
Dê-me tua palavra
Em letras claras, em sons e sais.

Me cale palavra
Enquanto tudo me amarga
Rasgue as calmas
Respeite o som do nada e agora
Me faça palavra
Note o som que acalma o mar.



O amor me acalma

Rasga-me em cinza nudez que em mim sussura coisas
Cala-me em mãos no papel de Buñuel
Me burle as ostras
Respeite meu tom, meu som de mulher entre lençóis
Se me disse um sim
Não me venha jamais me dizer nó
Sorridente eu beijo os Brasis que corrompem euforias
Nudez me acalma.


Quero ser o nú novo céu!
Que o nú que oponha-se à cor!
Quero o sabor sem mais mel de perceber-me sol
E numa invenção pelas armas que abalam o meu não
Quero só a mulher que corrompa em mim qualquer vã paz
Se nadar demais todo o mar é de mim quase que um outro
A água me acalma.

Suburbano? além do meu trem só meu nome, sopro  que vem
Entre águas claras, fumaças e dores de jardim
E entre meus sins,  gritos de giz feitos gemidos de amar
Qual perfuratriz que solene abre brechas no ouvir
Para o canto atriz desta vil nova moda de euforia
Nada me acalma.

Respeite meu bem
Tudo vem qual um louco inglório breu
Pintando assassinas amargas vontades e razões
Qual a melodia que parte meus vícios em paixões
Em mil partes de prantos e sentidos
Num limite tentador
E neste esperanto eu rimo certezas com perenes calmas aladas.

Só assim é o fim desta luz
Eu que me alimento demais
Destas mil palavras e aspas que sussurram ouvir baiões e Bach
Enquanto me insano tornando-me extremo reluzir
Qual espelho em cantos que me lembram fé em Deus e Oxum
Nesta sina de asas pinto sins de fidalguia
O amor me acalma.








Que me faz quermesse

Pernambuco deu-nos tantas coisas
Em Maracaibo não se gaste em preces
Feche entre as pernas as pessoas
Caiba na palma da mão que te merece.

Esqueça os senões
É só nós dois
Que somos Tantas
Que somos Tantras
Que somos Antas
E o mundo é só um saco
Um braço, um espasmo, uma semana
Toda se emana, a mesma semana
Pelo avesso o inferno é bom de manhã!

Me esqueço neste avesso
Mental enfermo
Espero o moderno céu onde se pode erro
Quero o aterro no instante vermelho da manhã
Quero me derreter em corpos e sons sãos
Quero nem saber de outra coisa
Só Maracaibo no Baile de Teerã.

Só quero a loira
Se é Maracaibo que me faz quermesse.

quarta-feira, junho 03, 2009

Corta o sol em três.

Dá-me o gosto mel
E deixe meu olhar ser lei
Apenas por esta palavra
Que mede o dia e eu sei
Que talvez meça até a alma.

Espero na indiferença
Um cínico louvor que nos faça reis
Enquanto espero uma semente tão grandiloquente
Quanto um sol burguês.

Contando o que vem sobrando
Nas gotas de sangue
Que permeiam meu azul
Que me faz ver tudo lindo
Enquanto aterriso em cascalho e couro cru.

Contando nesta indiferença
Espelhos de cores velhas
Neste Sol Burguês
Reparo em um vento novo
Que espalha a raiva
Corta o sol em três.

Qual o gosto do sorrir?

Se fosse a ilusão das palavras
A dor que corrói as amarras
Do medo e nos faz já desgraça
Talvez fosse um mundo feliz.

Se fosse a paixão em desabrigo
O ódio de inveja e delírio
Se fosse apenas mil rugidos
Talvez ruas fossem o rir.

E enquanto se contam as folhas
As ruas, as calmas, o mar
O medo é a única escolha
O ódio é o seguir.

Mas talvez meu mar seja um riso
Até o retumbar de mil gritos
De gol nas peladas de meninos
Talvez haja uma festa enfim
E tudo seja uma bravata
Um engano, uma má palavra
E esta ausência que amarga
Seja o limpar do meu ir.

Mas hoje o que há é desgosto
É dor embalada no mar
E tudo é um cinza sem gosto
Qual o gosto do sorrir?

Enquanto te vejo em chão

Se meu riso fosse um pedaço do espaço
Daria-te minha estrela
Mas todo universo me cala os passos
E ouço o som do perdão. 

Tão estranha a história
Tão estranhos os lábios.

Se meu riso fosse um pedaço dos astros
Haveria  um espaço
E meu sonho detento
Correria o mundo a ver o sentido de ser
Suplantar todo o chão.

Se meu riso fosse um pedaço dos cascos
Haveria razão.

E verias o vento
Calado ocultar o saber
Pra surpreender
Capoeira colar pé na face do cão
Que humilha o moço no chão
Que é o capeta!

E de rir
Dá-me o pé entre giro de fé, camará!

Não se engane!
Surto em passos de primeira ação e sina
Rimo espada e imensidão
Calo papel e tenho rima na língua do versejar
Na palavra condoída
No grito que  arremedo, acorrenta cego à mau explodida
Bomba agora já doída
Lágrima não escondida
Despercebida força amiga
Que passeia em rubra sina.

Não se engane!
Me apalavro
Sou retalho  de meu chão
E redundo sendo mundo
Redondo de inanição
De fé e da algo fundo
Que é meio coração
E é meio outro mundo
De justa e boa paixão
Disfarçado de feito fuso de amor e de canção
Não se engane! Eu verso turvo
Enquanto nem sou canção
Enquanto me faço chão
Enquanto te vejo em chão.


Um novo barro

Se a falta desta luz me dói e faz do sol a noite
Que seja ao barro o colorido e enorme sonho que faz-se só trabalho
E neste embalo seja o grito um furor que cobre o espaço
Enquanto procuro uma certeza
Que não me cale o ritmo simples da rua aberta.

E meus calados movimentos rápidos reforçam-se em dor
Esta agonia então me toma como que à terra
E me conduz no medo tão selvagem que redunda em corações
Enquanto eu rio
Sonho com ventos e peço a Deus a luz da bela.


Se me farto deste mundo  qual o retrato da pele nas ruazinhas?
Se a vida é festa como o sol transforma o mundo em chão e reduz tudo ao dia?
Se o que avisto é a ilusão da pele enquanto sussurra imensidões
Seremos infindos como se a dor que amarro construisse  do trabalho
Um novo barro.