quinta-feira, novembro 23, 2006

Pra Reclamar do Governo.

Eu salgava rascunho de rosas na grama fechada
Só por divertir dia
Via longe um minuto de beligerância
Entre as avenidas e a distância de tudo.

Dava gosto ver rua
Avenida
Casa velha.

Podia ser o tempo
Mas eu acho que era coisa de aventura
Essa coisa de participar dos minutos
Como se houvesse possibilidades.

Até hoje sinto as ruas de fumaça
Como se as possibilidades houvessem
Sou assim
Acreditando.

E nas brincadeiras de longe eu sentia medo
Medo de ser o mesmo
Sempre
Medo de deixar de ver mundos
Nas pedras da praia
Nas árvores caladas
Medo de virar o rosto pros mendigos
E achar bonito coisa de sangue.

Até hoje sinto medo de ser o mesmo
Como se a coisa de avenidas maltratasse a alma
E as gentes que costuravam pedras.

As rosas?
Elas viraram bandeiras
Vermelhas e soltas
Em gramas que comem gente
Deixaram os rascunhos nas almas de chão
E como se fossem pés
Sambaram
E me fizeram ver meninices
Enquanto o pau quebrava
Nas costas do homem do lado
Nestas caminhadas engraçadas
Que gente barbuda faz pra reclamar do governo.

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