sexta-feira, setembro 29, 2006

Ser espaço

Se a arte for distúrbio da palavra
Ou dança for a perda da clareza
Me dê um anoção de morte nágua
Me atire lá na Barra, na correnteza
Para que eu seja náufrago
Um espantalho morto pelas incertezas
Que cada verso já recolhe nas presas
Dos cadáveres que mordem orelhas.

Eu, mudo, mundo digital
Mudo mundo animal
Fonte de cor
Alarde de tom e sal
Migração do som, do mal
De todo amor.

Se as mágicas de perder-se em sono
Fosse do sono toda correnteza
Milagre-me no desespero tonto
E torne-me um Carcará brabeza
Só me balance nas festas
Onde a matriz me empresta o tom herdado
Do corpo preto das macumbas da vida
Do corpo livre de ser espaço.

Se eu, mundo, mudo normal
Mudo, mundo, todo astral
Fonte de dor
Me espalhem entre um jogral
De meninos, cães e o sal
Que corrompe a flor.

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