segunda-feira, setembro 04, 2006

Controle

Armários obtusos
Recompõe a fonte do verso de ontem
Caem das alcovas
Hortas, meninos pálidos
Flores
Que colho entremundos
De cuja paixão o recato me envolve
Trazendo pro ferver da pela
O impacto da palavra
Opressora
Incapaz de ir adiante
E recriar do caos as coisas todas
Que são meus ais.

Paralelepípedos surdos caem sobre a gente
Nas avenidas grandes
E fico a criar
O nome das palavras que já somem.

Revisito pedaços de uma alma em frangalhos
Eu na certa meio incerta do meu medo embolado
Perco o controle.

Espelhos quase mudos
Refletem olhos que não dizem o que
Vêem nas coisas que passam adiante
Entre meus passos e meus largos
Óbvios versos sem modos
Que ponho dipostos aos porcos
Talvez ame alguém.

Cato pedaços de atos
Discursos de esquerda falhos
Vou às festas
Vivo nelas como um profeta mamado
Perco o controle.

Arbustos, almas, mundos
Dos meus amigos o ser
É da dança quase um horizonte
E do amor não há porque
Aperceber
Só há o teu olhar
Cansado.

Recolho meus parcos atos
Viajo pelos espaços
Destas velhas almas ternas que cuido com cuidado
Já acho o controle.

Nenhum comentário: