sábado, setembro 09, 2006

Um

Quantos de nós terão do sonho
O arraigado apetite do voar?
Quantos de nós do real chamaremos à chama
E veremos namoradas em ruas e multidões?
Quantas margens serão preciso atravessar
Para que nossos olhos vejam ninfas em meninas de ruas?


Não há em todo o sonho humano
A pequena escassez das máquinas que nos devoram
Não há na fantasia o heroísmo dos pequenos
Dos pequenos segundos e gentes que atravessam montanhas
Que fazem corpos em movimento e dança
Que das pedras constroem impérios
E muros que separam risos e peles morenas.

Não há mesmo a incapacidade do diário
De lamentar e se entregar
Na imensa voz dos sonhadores e gauches
Que todos os dias acreditam no impossível
E sobrevivem nas entrelinahs de nossas teorias.

E no imenso e fiel sonho
Nestas guerras de ônibus, trens e noites frias
Neste riso solto das esquinas
De subúrbios, charcos, roças
Nestas Folias sem Reis que as violas cantam
E nos trazem imensos sons de mundos novos
Perde-se valentemente o impossível
O improvável
O despertar de todos nós
Membros ávidos do imenso destino
De sermos humanos.

Sem guardas ou vãs guardas avancemos
Como se todos os dias
Rios fossem atravessados
Por nossos olhos infantes de vento e vida
Por nossos corações de imensa e imperdoável liberdade
Por nossa diversidade e comum história e cultura
Nós que , nunca únicos, somos todos
Um
Como a canção
Que vê luzes
Nos outros lados dos rios.

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