segunda-feira, maio 01, 2006

Redescobrindo o olhar

Entre detalhes de cor
Inventos, ventos ao mar
Dezlizes vivem entre os dedos e o teclar
As linhas de verso meu
Que cabe em si entre a flor
E a lâmina do cortar.

Rebuscando coisas Super Man
Tendo na telha apenas
O sentido inexato e tênue
Das coisas vivas que perdem-se entre risos.

E a snuvens de outro dia
Quase sempre de um dia sem par
Feitas em duplas como se todo o par
Fosse apenas a maravilha
Que limpa e desafia a tinta.

Que pintava a cena como matéria
Matéria pronta de qualquer matéria
Finda
Que em tempo, em tempo
Sugere o caminho da mão
O deslize dos dedos a caminhar a mão.

Na razão inversa do tempo
No tempo que descria o inferno
A vesgo queimar a alma
Como se Sol.


Inevitável calor
Surge no vento do mar
E tudo ri enquanto pinta-se o pintar
Dá-se na telha que Deus
Faz tudo ser o pintor
A desvendar-se no mar.

E isso sugere à língua
A perfeita noção de vida
Reabrindo-se entre risos
E novas mil melodias
Que armam-se a ser-me sol.

Desafiando-se cor
E refazendo-se cor
Das palavras tirando o sal
Deste delírio de escrever como pintar
Rimando o caminho
Eu, palavra feita de dor
E sentimentos de ar.

E escrevo como um fio
Depressa
Sem calma e nem sentido
Apenas o peixe, o arco
O desamparo dos que deixam-se ternos
Dos que morrem-se eternos
E sem fim vão-se tensos
Internados em verso
Como um segundo ao certo
Perdido entre imersos
Como tolos sem direito
Dançando-se nos lamentos
E sem tempo e sem verso
Fazem-se apenas cor
No pincel do julgamento.

Escrever,pintar cor
Desenhar mar e luar
Lírico fim de não saber a quem amar
E nem mesmo a quem Deus
Situa sucesso ou dor
Redescobrindo o olhar.

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