sábado, junho 17, 2006

Vivendo no bambolear de um vil salário

Comida de sonho é pó de freio
Na lama da rua, asfalto
E comida anteontem faltava
Na rua
Na lama da vida.

E pó e chuva indo embora como quem dança e é fera
No rubor da dor que cobre e ninguém merece
E no sabor do palhaço calado
Na dor do pobre
Da pobre espécia
Por ser isto
Um ser inerme
No nome
E na morte do divino sangue
Que corre em veia santas
De dia a dia
E chuva de cruz.

Assim nascido
No corte
De todo o tempo
De toda a viga
De cada enorme prédio
De cada novo pó
De asfalto e cheiro e poeira.

E tudo pula, mole
Esmurra
A nascidura
A coisa morta do tempo sem mãos
E com as mãos penduradas no tempo de morte
Do eu
Do ser
Do viver
Sem povo
Pula-se
De sambas e cânceríginas soltas mãos
Das cordas
Vivendo no bambolear de um vil salário.

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