quinta-feira, junho 12, 2003

Aconteceu - 12/6/2003 12h49

Delegado faz denúncias na CPI dos Combustíveis



O delegado Cláudio Nogueira, da Polícia Federal, denunciou ontem, em audiência pública da CPI dos Combustíveis, que integrantes do Poder Público estão envolvidos com a máfia dos combustíveis. Ele comandou, entre 2000 e 2001, a Operação Ouro Negro, que investigou a chamada "máfia do óleo", que atua principalmente na área da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Segundo o delegado, que acabou afastado das investigações, empresas contratadas para retirar apenas óleo sujo, já usado por navios, criam fundos falsos em embarcações para desviar também óleo limpo e trazê-los ao continente sem o pagamento de tributos. Navios fantasmas são usados como depósitos, segundo ele.
A Polícia Federal conseguiu fotografar e filmar o roubo de combustível nos portos brasileiros e calcula que chegue a 300 mil litros por dia. Cláudio Nogueira disse não poder revelar o nome dos envolvidos, pois as investigações não estão concluídas, mas garante que o esquema criminoso está infiltrado nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. "Há infiltração em todas as esferas. Isso eu posso afirmar com convicção".

REPORTAGEM
O delegado exibiu uma reportagem de TV em que Vanilson Figueiredo, integrante da máfia, denunciava em janeiro de 2000 que funcionários da Petrobras estavam envolvidos. Vanilson dizia que o envolvimento podia ser comprovado pelas contas de telefone. Dois meses depois da entrevista, Vanilson Figueiredo foi espancado até a morte.
As investigações da Polícia Federal apontam pelo menos outros 21 assassinatos relacionados à máfia do óleo. Os mortos são participantes do esquema, testas de ferro e empresários. Para o presidente da CPI, deputado Carlos Santana (PT-RJ), essas informações vão ajudar as investigações da comissão. "Há necessidade de ir fundo. A Polícia Federal e outros órgãos do Executivo estão investigando e a nossa investigação vai correr paralela".

ILEGALIDADES
Instalada há pouco mais de um mês, a CPI já constatou várias ilegalidades no setor de combustíveis, como sonegação de impostos, adulteração de gasolina, roubo de óleo nos portos e lavagem de dinheiro. O prejuízo causado pela máfia dos combustíveis é estimada em R$ 10 bilhões de reais.
Amanhã, às 10 horas, a CPI vai ouvir o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg. Ele vai falar sobre o combate à formação de cartel no setor de combustíveis.

Por Alexandre Pôrto - Rádio Câmara e Wanderley Baldez - TV Câmara/ LCP

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

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