sexta-feira, junho 15, 2012

Tão frio

Uma rua é mais que rua
Mais que pedras e hidrantes
Mais que mundos, mais que ninhos
Caiam almas e aflitos destinos desencolhidos
Das lamas das zonas nortes e oestes dos meus gritos
E mundo é mais que mundo
Mais que desenhos líricos
Mais que armas, mais que vícios
Tudo assim é quase um eco
Um sentido.

As vontades, as estradas
Todo o antes, todo dia já são vozes que se ardem no segredo do instante
Onde o tapa na cara da tolerância se anuncia
Nos meninos, nos pequenos que morrem agonizantes
No instante que a amarra é feito redonda letra
Feito espada cara, roupa nova na gaveta
Cuja honra do segredo não existe
É desatino
Toda alma é um processo, uma cátedra destruída
Tudo assim desinocente, tanto rua quanto palha
Quanto extremo desejo de cair feito destino
As distâncias sendo medos, sendo inícios.

E tudo é tempo, é mundo, é surpresa e luz fria
E talvez a ironia do mundo seja apenas o dia a dia
A alma que nos fornece o medo da segurança
A voz que nos segura com a cátedra do ritmo
São distantes oposições, desatinos
Não se beijam no desejo dos mil hinos
E é tudo assim tão claro
É tudo assim tão Rio
As ladeiras, os degredos, as nações que tramam tranças
Todo samba é um tormento, todo samba é magia
É tudo tão semelhante
E tão frio.

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