quarta-feira, março 12, 2003

Retirado da coluna da Márcia Peltier no JB

Motivos




A guerra dos EUA contra o Iraque não é só pelo petróleo ou contra o terrorismo. O que está em jogo é também a sobrevivência do dólar como moeda padrão no mercado mundial.



Histórico


Em novembro de 2000, véspera da eleição presidencial nos EUA, o Iraque mudou a moeda com a qual operava suas vendas de petróleo: saiu o dólar, entrou o euro. Foram negociados US$ 10 bilhões de dólares, 15% do PIB iraquiano ou, 0,1% do PIB dos EUA. Em meados de 2001, Saddam trocou, de novo, por euros, US$ 10 bilhões. Parecia pirraça: o euro valia 82 centavos de dólar. Só que aí veio o 11 de Setembro, o fortalecimento da moeda européia e a operação acabou sendo muito lucrativa.




Ouro negro


Todo dia são gastos 2 bilhões de dólares com o combustível. Nas previsões otimistas, há petróleo para mais um século. Um quarto do petróleo mundial é consumido pelos EUA: são 20 milhões de barris por dia, ao preço de US$ 28 o barril, em janeiro.




Porém


A balança comercial dos EUA, em fevereiro, ficou negativa em US$ 31,5 bilhões. E o maior negócio é o petróleo. Só que o país mais poderoso do mundo não controla quem o vende. Pelo menos, até agora.




Passeio inesquecível


No dia 12 de agosto de 2000, Saddam Hussein ofereceu ao presidente venezuelano Hugo Chávez um tour pelas ruas de Bagdá. Chávez era o primeiro chefe de Estado a visitar o Iraque desde o início das sanções da ONU. As imagens de Saddam ao volante, com o Chávez ao lado, fizeram a festa das tevês. O fato aconteceu quatro meses antes da posse de Bush.




Outra moeda


Filiada à OPEP a Venezuela responde, nos últimos anos, por 13% a 15% do petróleo importado pelos EUA: 1,6 milhão de barris por dia. Com a crise política venezuelana, a companhia estatal de petróleo venezuelana, PDVSA, parou.




Então...


Os EUA tiveram de comprar petróleo do Iraque, que tem a segunda maior reserva do mundo. Bush havia cortado as importações iraquianas desde sua posse. Em dezembro passado, os EUA compraram 925 mil barris por dia; agora, em janeiro, foram 1,15 bilhão. Pagaram em euros.


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