sexta-feira, julho 18, 2003

Indiv?duo e Sociedade



Fonte: Anarcko

A unidade de base da humanidade é o homem, o ser humano individual. Quase todos os
indivíduos vivem em sociedade, mas a sociedade não é nada mais que uma soma de
indivíduos e o seu único fim é permitir-lhes uma vida plena. Os anarquistas não
acreditam que os homens tenham direitos naturais mas isto aplica-se a todos: nenhum
indivíduo pode reivindicar um direito para agir nem para proibir outro de agir. Não há
vontade geral, não há norma social à qual alguém deva submeter-se. Somos iguais, não
idênticos. A competição e o apoio mútuo, a agressividade e a ternura, a intolerância
e a
tolerância, a violência e a doçura, a autoridade e a revolta são todas fenómenos
naturais de comportamento social, mas algumas favorecem e outras entravam a
plenitude da
vida individual. Os anarquistas crêem que o melhor meio de garantir esta plenitude é a
liberdade igual de cada membro da sociedade.
Por conseguinte, não temos tempo para moralizar no sentido tradicional e não nos
interessamos pela vida pessoal dos outros. Que cada um faça o que quiser, dentro do
limite das próprias capacidades, a partir do momento em que deixa os outros fazerem o
mesmo. Coisas tais como o trajar, a aparência, a linguagem, a maneira de viver, as
relações, etc., constituem matéria de preferências pessoais. O mesmo se passa com a
sexualidade. Somos pelo amor livre, mas isso não quer dizer que sejamos pela
promiscuidade universal; quer dizer que todo o amor é livre, excepto a prostituição e a
violação, e que as pessoas deveriam ser capazes de escolher (ou de rejeitar) as formas
de atitude sexual e os parceiros sexuais que Ihes convém. Uma liberdade sexual extrema
poderá convir a um e uma extrema castidade a outro se bem que a maioria dos anarquistas
pense que o mundo seria mais habitável, se se tivesse feito menos algazarra e mais
amor.
O mesmo princípio aplica-se às drogas: as pessoas podem intoxicar-se com álcool, com
cafeína, com haxixe ou com anfetaminas, com tabaco ou com ópio, e não temos nenhum
direito de as impedir de o fazerem, de as castigarmos, conquanto se possa tentar
ajudá-las. Do mesmo modo, que cada um adore à sua maneira, enquanto deixar os outros
praticarem o culto que lhes convém ou não praticarem culto algum. Tanto pior para os
escandalizados, o que importa, é não ferir. Não há necessidade de ninguém se inquietar
com as diferenças de atitude pessoal: o que deve inquietar, é a grosseira injustiça da
sociedade autoritária.
O inimigo principal do indivíduo livre é o poder esmagador do Estado, mas os
anarquistas
também se opõem a qualquer outra forma de autoridade que limite a liberdade na família,
na escola, no trabalho, na vizinhança e a qualquer tentativa de estandardizar o
indivíduo. No entanto, antes de examinarmos como a sociedade pode ser organizada para
dar o máximo de liberdade aos seus membros, temos que descrever as diferentes formas
que
o anarquismo assumiu, consoante as concepções das relações entre o indivíduo e a
sociedade.

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