terça-feira, setembro 18, 2012

Um samba qualquer da Portela

A maior parte da cidade nasceu em mim distante
Límpida, pintada na retina
Ali, a Candelária ao som, ao sol das seis
Manhãs a fio
De uniforme imberbe
De cansaço laboral.

A cidade em mim nasceu em Minas
Nasceu ao frio
Nasceu na lama das encostas do uai vespertino
Nasceu no anseio de um riso aberto
De uma rusga
De um porto.

Foi Rio e Rio veio
Fui Rio e Rio vim assim
Assado na distância
Cozido na vontade
Criado num subúrbio infindo a ser assim
Sertão
Ser tão Rio que caudalosamente girava
E inflamava a gíria
O olho azedo a quem morde
À fala mansa dos punhos de renda
À impureza atávica do excesso de educação.

Recados dei, Rios vi, norteei
No norte do meu senso gritei Madureiras
Sacolejei alvos e Brasis, Avenidas largas, surdas, sujas
Duras e limpidamente cruas
Carioquei
E rindo assim do meu jeito
Meio raiva, meio rude, meio abraço, meio irmão, meio ódio
Inteiro Rio
Caminhei assobiando
Um samba qualquer da Portela.

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