sexta-feira, janeiro 16, 2004

Militares anti-Chávez pregam


Chávez, com Lula, em Monterrey, dia 12; na mira dos marines?

Um grupo de ex-oficiais do exército venezuelanos opostos ao governo democrático do presidente Hugo Chávez fez um apelo aberto em favor de uma intervenção militar dos Estados Unidos para deter o processo de transformações em curso na Venezuela.

O oficial rebelde Luis Piña fez o apelo no programa de TV "Maria Elvira Confronta", apresentada por Maria Elvira Salazar no Canal 22 de Miami, na segunda-feira. A pergunta foi se ele concordaria com uma intervenção militar norte-americana e se gostaria de ver os marines dos EUA andando pelo território nativo venezuelano visando derrubar o presidente Hugo Chávez.

Pregação em TV de Miami

Piña, hoje na reserva e representando a organização anti-Chávez Todos pela Venezuela, respondeu que concordaria com a invasão americana, "junto com os 80% de venezuelanos que estão esperando que a intervenção dos EUA aconteça". A pessoa que acompanhava Piña na entrevista deu sinais de aprovação à resposta.

Mais tarde, no show/debate "Descalzi Vs. Brown", na mesma estação de TV, o convidado Silvino Bustillo, um coronel da reserva da Aeronáutica venezuelana, também expressou o desejo de ver seu país natal invadido pelos EUA e pediu ainda a intervenção de tropas das Nações Unidas.

O ex-coronel Bustillo foi um dos protagonistas do 11 de Abril de 2002, um golpe de Estado frustrado contra o governo democrático venezuelano; resultou na breve ditadura liderada pelo empresário Pedro Carmona. Bustillo, Carmona e outros participantes do golpe atualmente encontram-se em liberdade no exterior, depois de terem escapado das autoridades venezuelanas.

Pelego da CTV discute a hipótese

Os surpreendentes comentários dos militares dão credibilidade a recentes informações indicando que uma possível invasão norte-americana da Venezuela é respaldada por uma significativa porcentagem dos venezuelanos que se opõem ao presidente democraticamente eleito. Algumas análises locais argumentam que uma invasão estrangeira parece ser a única chance deixada àqueles que tentaram praticamente tudo para derrubar Chávez e instalar uma ditadura de repressão à maioria pobre. A hipótese foi discutida por proeminentes líderes oposicionistas, como o ex-presidente da corrompida central sindical CTV, Carlos Ortega, e o financiador da oposição Carlos Dorado.

Intelectuais simpáticos ao processo de transformações encabeçado por Chávez afirmaram que, dada a iminência da revelação pelo Conselho Nacional Eleitoral da fraude em massa cometida durante a coleta de assinaturas para o referendo contra Chávez, setores desesperados da oposição optarão por alternativas mais radicais para deter as novas mudanças em curso n Venezuela e outras partes da América Latina. Tais mudanças são o resultado do fracasso dos antigos governos da região, que seguiram os planos e políticas neocoloniais ditados pela administração estadunidense.

As declarações dos oficiais insubordinados somam-se a informações sobre rodadas de conversações entre representantes da Coordenadora Democrática, oposicionista, e organizações das classes ricas venezuelanas com membros do governo dos EUA. Os encontros parecem ter produzido declarações intervencionistas contra a Venezuela como as feitas pelos funcionários da administração americana Condoleezza Rice, Roger Noriega e Otto Reich, bem como o porta-voz do Departamento de Estado Adam Ereli.

Programa já entrevistou Pinochet

O programa "Maria Elvira Confronta" é um dos mais assistidos pela comunidade hispânica do sul da Flórida. Ele já recebeu pessoas como o ex-ditador Augusto Pinochet, que descreveu-se na entrevista como "um anjo que agiu por amor ao seu país".

As autoridades venezuelanas competentes decidirão sobre uma investigação em torno das alarmantes solicitações dos militares radicados em Miami. O incentivo à colaboração com uma invasão estrangeira do território do país constitui crime de traição, na Venezuela como em muitos países do mundo.

No mês passado, autoridades policiais venezuelanas solicitaram a colaboração da Interpol nos EUA para capturar os militares insubordinados e fugitivos antigovernamentais German Rodolfo Varela e Jose Antonio Colina. Os rebeldes evadidos estavam envolvidos nos ataques terroristas contra a embaixada da Espanha e o consulado da Colômbia em Caracas, em 26 de fevereiro de 2003. Em 20 de dezembro, os dois pediram asilo político em Miami.

Fonte: http://venezuelanalysis.com/

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