segunda-feira, março 19, 2012

Flor que rima com olhar

Gota de orvalho de flor
Reza, sereno, luar
Espelho finge ser você quando não há
Rimam trilhas d'outro eu
Rimas de orvalho na flor cabem em qualquer lugar.

E em fogo e suor o trem lantejoula no fundo das celas
Nas estrelas pequeninas
Nas entrelinhas, esquinas do ritmo do afinco
Destas coisas tão vadias que vadias são por popular
E a chuva do meu som que se forma mar
É a trilha que a sistina capela ensina
Ao assombro dos olhos à espera
Da imensa seca da espera ínfima do som medo que moendo
Retremelica as palmas das mãos
E recriam juntos dedos, anéis e canção
Num exposto gosto de remendo qual chorume feito lágrima sob o sol.

Chuva de orvalho e odor
Fome de medo de amar
Espero o filme do meu ser recomeçar
Paro em graça como um Deus
Retremo o sol do calor
Me arvoro de alumiar.

E cismo num sentido língua com o ritmo rebuliço
Do estranho azul que em visgo prende-se vogal e mina
Construindo nova sina resmungada ao surdo do sol.

Fome de mar e de amor
Orvalho é gota de mar
Respiro firme antes de meu caminhar
Pedra é sal que fez-me eu
Eu de orvalho e de flor, sal e areia de mar.

Despedaça-me o firme
A refrega
O espaço que oprime
A surpresa que afeta a calma e o desmilinguir
Espero, esqueço, me apego no alarme
Me surpreendo em combate
E se aguardo e espero sou do fim o severo
Som que oco é um atento retumbar de maus momentos
E no entanto sou lamento e canção de vero amor
Caminhada é ensinamento.

Dores e amores são cor
Forma de vento no mar
Orvalho finge ser apenas um chorar
Ao sorrir formas de deus
Orvalho é rima na flor
Flor que rima com olhar.



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