quinta-feira, setembro 11, 2008

Sou cidade


Rever-me em mel
Alcançar-te em luz
Sem Paris na praça que compús
Bonsucessos que tive em ver
Velha má voz de acordeon
Sem mais versos, só uma canção
Inventada só pra te ver.
Nem és mulher ou amor
És só mar
Irresistível jeito de calar
A mais pura vontade
De já romper-me ante o céu
Onde, vago cometa ao léo,
Me transformo em cidade.
E a velha nau do meu lar
É uma canção
Feita pobre na invenção
Da mentira que é ser você
Por nada ser assim pouco e bom
Como tua pele e teu tom
Tão bonito de tão viver.
Calo-me em fé
Vejo a luz do luar
Me refaço imaginar
Versos feitos de grades
Rompidas ante o soar
De um céu raspingando mar
Transformado em saudade.

Não diga mais toda a solidão
Só sou forte por ser canção
Só sou vivo por já mar ser
E aqui na terra sem gelo ou som
Me oriento pelo antigo tom
Das mil vidas que posso ver.
Pela mulher que me foi tão luar
Grito a História do ar
Eu marejo verdades
Sonho com o som de outro véu
Vago na cidade ao léo
Sou cidade.

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