quarta-feira, setembro 24, 2008

Suburbano


Chamam-me apenas Barrabás

Filho de Fabiano

Preto no dente e no nome

Vivendo sem interlocutor.

E rasgo com as tetas de cabras sem baio

Rádios livres e urubus sem dono

A linha fina

Do que me é tedioso.

Vi palavras de meninos

Transformarem-se em pessoas

Danos vários em pergaminhos

Construírem novas noites

E velhos comovidos sem fé

Perguntando o improviso vão

Do que muda

A cada estação.

Filhos brancos d’alma vaga

Comem ossos pela pele

Rompem lágrimas de Sarahs

De Josefas e de Kellys

Brancos têm dentes navalha

Coloridos da solidariedade que convém

Para se mudar ninguém.

E pelas praias dos Rios

Que de segunda à sexta são lírios

Tudo é tão bom

Enquanto ao vivo somente o medo vê

Nosso sorriso sem dó.

Calam-me apenas Ladravaz

Irmão de três ciganos

Cínico em pêlo nos lombos

Falados pelos homens-dor.

Por amor mata-se mais que pelo azul

Das águas de nosso rancor.

Dançam penumbras no ar

Morre Deus sem que ele possa atirar

No Salloon magro das tardes

Feitas dos que eu desisto

A morrer sem dobrar a língua por vocês.

Rasgo muitos elogios

E anoto novas dores

Gritarias falam comigo mais que vozes de doutores

E me canso de ter fé

Pois prefiro o improviso vão

Das mudas

Das pedras no chão.

Já não me clamam, nunca mais

Reviro-me suburbano com medo do tempo de antes

E rindo do interlocutor.

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