terça-feira, dezembro 24, 2002
Cara essa notícia é muito importante pra mim, eu posso até chorar, é melhor que o Led Zeppelin Clássico tocando na minha Rua com a Cássia Eller e eu mandando o Robert Plant calar a boca:
Personagens de Angeli protagonizam filme animado
17/12/02
09:02
Por Paulo Eduardo de Vasconcellos, especial para a Reuters
PORTO ALEGRE (Reuters) - A chegada do cinema de animação brasileiro à idade adulta parece ter sido encomendada sob medida. "Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock-n'Roll", longa-metragem baseado nos personagens que o cartunista Angeli criou para a extinta revista "Chiclete com Banana", estréia logo depois do carnaval.
A direção é do gaúcho Otto Guerra, ganhador do prêmio de Melhor Curta no Festival do Rio de 1993 com "Novela" e prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília com o polêmico "Rock e Hudson", primeira incursão do diretor num longa-metragem animado.
"Wood & Stock" não é apenas a transposição para a tela de uma aventura dos dois hippies fora do tempo e fumadores de orégano criados por Arnaldo Angeli Filho.
O filme embaralha a trama com outros tipos: a ninfomaníaca Rê Bordosa, dublada por ninguém menos do que Rita Lee, o porco Sunshine e até uma aparição de Raul Seixas com a voz de Tom Zé.
Angeli viu um trailer de Wood & Stock ainda sem trilha sonora e em fase de acabamento.
"Fiquei desbundado", disse o cartunista à Reuters, numa linguagem típica de sua geração e dos protagonistas do filme animado.
"Tinha medo de uma suposta perda do traço na transposição do papel para o cinema, tinha pavor da diluição do sentido das piadas, pânico de o roteiro não refletir na mudança de linguagem o sentido do que pretendia", continua.
"Mas fiquei chapado com o aprofundamento do roteiro e dos diálogos e a qualidade do desenho."
A qualidade que procura não diluir as características do traço de Angeli é mérito de Jack Kaminski, um jovem de 28 anos e óculos de lentes grossas, encarregado da finalização dos desenhos.
MUTANTES NA TRILHA INCIDENTAL
Nove das onze seqüências do filme de uma hora e vinte minutos de duração já estão prontas para contar o universo da geração forjada nos tempestuosos anos 1960/70 a partir da festa em que Rê Bordosa perde a virgindade aos 12 anos de idade.
São 110 mil fotogramas rascunhados, desenhados e finalizados em papel até serem transpostos para computação gráfica e, enfim, digitalizados e ganhar vida própria.
O longa é baseado em 770 cenas esboçadas com minuciosos detalhes de enquadramento baseados num story board de 284 páginas submetidos ao pai dos personagens há cerca de um ano.
"'Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock n'Roll' é o retrato de Angeli. Todos os personagens são ele e ele é todos os personagens", diz Otto Guerra.
"O filme, assim como a obra de Angeli, é um deboche, uma sátira contra a hipocrisia, mas é também o espelho de uma geração que não tem como deixar de rir dela própria."
O que falta para ser entregue ao deleite de quadrinhistas, fãs de Angeli e sobreviventes de uma época em que se pensava em mudar o mundo com paz e amor é menos de dez por cento.
A música incidental será dos Mutantes, claro, mas a trilha sonora será entregue a jovens músicos gaúchos que, no máximo, poderiam ser chamados de ripongas retardatários.
O longa-metragem animado, que vai sair pelo preço final de 1 milhão de reais, começou a ser gestado há quatro anos e só tomou forma há um ano apenas.
Foi o tempo que levou para começar a entrar os primeiros recursos da captação de verbas autorizada pelas leis de incentivos culturais do Ministério da Cultura e das secretarias de Cultura de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul.
Tudo está sendo desenvolvido na Otto Desenhos, a produtora de Guerra que é a ponta-de-lança de uma indústria que torna o Rio Grande do Sul o maior pólo de animação do país depois dos Estúdios Maurício de Souza.
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