terça-feira, dezembro 24, 2002

Dados do Véio Cartunista:

Exposição e noite de autógrafos de Angeli

Fonte: Press Release (01/02/2002)

A parceria entre as editoras Devir e Jacaranda rende mais um fruto: o álbum Os Skrotinhos - A Cura pelo Fel, de Angeli, o número 4 da Coleção Sobras Completas, que terá noite de autógrafos no dia 4 de fevereiro, a partir das 20h, no Ritz (Rua Jerônimo da Veiga, 141 - São Paulo - SP - Tel.: 0XX-11-3079-2725), onde também estará rolando uma exposição do autor.

Arnaldo Angeli Filho nasceu em 31 de agosto de 1956 na cidade de São Paulo. Aos 14 anos publicou seu primeiro desenho na extinta revista Senhor. Em 1973 foi convidado a desenhar para o jornal Folha de S. Paulo, onde além de charges políticas, criou, para a seção de quadrinhos, a tira diária Chiclete com Banana, título que lançou personagens como Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock e os Skrotinhos; e que, em 1985, transformou-se numa revista de quadrinhos independente, com inquestionável influência no mercado editorial brasileiro.

Autor de vários livros, participante de alguns festivais de comics na Europa e colaborador do jornal Diário de Notícias de Lisboa, Angeli teve seus trabalhos publicados pelas revistas Linus, de Milão; El Vibora, de Barcelona; e Humor, de Buenos Aires. Atualmente, trabalha com exclusividade para a Folha de S. Paulo e para o provedor Universo Online, desenvolvendo quadrinhos para a internet.

Confira abaixo uma entrevista com Angeli:

Como nasceram os Skrotinhos?

Angeli - Os Skrotinhos, antes de tudo, nasceram de uma vontade que eu tinha de homenagear o Rudolph Dirks que criou Os Sobrinhos do Capitão, que era minha leitura freqüente na adolescência. Até graficamente eu tentei fazer uma homenagem, além da personalidade dos personagens, que é uma extensão daquilo que os Sobrinhos do Capitão faziam.

Você se acha um Skrotinho?

Angeli - Acho que sim. Eu sou um skrotinho. Agora, eu acho que eu tenho mais sutileza do que os skrotinhos, sou uma pessoa que avalia mais as circunstâncias. O forte dos personagens é que eles são uma metralhadora giratória e verbal. Então, eles têm essa força de destruir uma pessoa com três ou quatro frases e ter prazer com isso.

De uma certa forma, os skrotinhos representam um pouco o que você pensa do mundo e da vida, sem nenhum tipo de máscara ou censura?

Angeli - Exatamente, e, às vezes, até com certo exagero. Eu desculpo mais as pessoas do que os Skrotinhos. A personalidade dos skrotinhos é meu lado mais, mais, mais skroto mesmo. É quando eu, internamente, estou fazendo uma piada bem sacana com a pessoa, mas da boca pra fora estou sendo educado, etc e tal. É importante lembrar que os personagens têm um forte parentesco com os Fradins do Henfil. Não só na personalidade, mas também em alguns aspectos gráficos.

Há quanto tempo você vem desenhando os Skrotinhos?

Angeli - Faz 14 anos. Fiz a primeira tira em 1987. Aqui tem uma história engraçada. Nessa época, eu tinha uma vida noturna muito intensa e um dos lugares que freqüentava era o Ritz da Alameda Franca, onde sempre via dois baixinhos vestidos de uma forma muito parecida que conheciam todas as mulheres gostosas do bar, passavam de mesa em mesa, mas nunca os vi pagando a conta ou saindo com nenhuma mulher.

Me inspirei um pouco no jeitão e no visual dos dois para criar os personagens. Depois disso, os skrotinhos deram afluentes. Dos skrotinhos saíram As Skrotinhas, The Little Black Skrots, os Skrotinhos Pastores Evangélicos e Skrots Metal, que é uma brincadeira em cima de garoto metaleiro e coisa e tal. Mas em todas as variantes a personalidade se mantém, o modo de atuar dos personagens é o mesmo. Só muda o sexo, a roupa, mas eles funcionam da mesma forma.

Os Skrotinhos tem uma maneira bastante cruel de lidar, não com a arte plástica, mas com o cara que se acha artista plástico; não com o cara que faz vídeo, mas com o pessoal que diz que é videomaker; não com o cara que é músico, mas com o cara que diz que tem uma banda que nunca ninguém ouviu tocar?

Angeli - É...

Isso já te criou algum problema com pessoas ligadas às áreas da música ou artes plásticas, que tivesse se enquadrado nisso? Em alguma ocasião alguém se sentiu criticado diretamente pelos Skrotinhos?

Angeli - Não! É gozado, porque principalmente estas pessoas que se acham gênios etc e tal, nunca acham que a crítica é diretamente pra eles, mas é. E eu acho que, em algum momento, até para os gênios. Por exemplo, eu fiz urna série dos Skrotinhos com o João Gilberto, em que eles só sacaneavam com ele. Eu sou fã do João Gilberto, o considero um gênio, mas não gosto do culto a ale. A maneira como as pessoas lidam, principalmente os baianos, que João é João, João é Deus, etc. Então, os Skrotinhos também não perdoam certos comportamentos de gênios.

Em entrevistas suas, você já disse que Os Skrotinhos são uma herança da tua infância na Casa Verde, uma coisa meio delinqüente... Eles têm a ver com o início de sua formação?

Angeli - Sim tem tudo a ver.

Os seus personagens estão ligados a um momento histórico muito preciso. Bob Cuspe é de uma época, Ré Bordosa é de outra, Wood & Stock é de outra. Walter Ego já é do tempo em que você começou a se achar demais. O caso dos Skrotinhos é particular, pois eles são mais atemporais e, por isso, têm uma vida mais longa. Você pode fazer histórias dos Skrotinhos daqui a trinta anos, o que é um barato...

Angeli - É, de todos os meus personagens eles são os que têm mais condições de resistirem à passagem do tempo. A postura dos Skrotinhos é ser cruel, ser maus no momento certo, mas sempre com muita agilidade mental.

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