sexta-feira, dezembro 27, 2002

Recebi essa mensagem e ela vale a pena, gozemos:

HEDONISMO

Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que
unir o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável.
Uma idéia carioquíssima. A exaltação do desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso. Conheço muitas pessoas que vão
ao cinema, a boates, a restaurantes e parecem eternamente
insatisfeitas.
Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista
República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte
frase:

"Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".

Lazer e prazer são palavras que rimam e se
assemelham no significado, mas não se substituem. É
muito mais fácil conquistar o lazer do que o prazer.
Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim,
ouvir um disco, namorar, bater papo. Lazer é tudo o
que não é dever. É uma desopilação.
Automaticamente, associamos isso com o prazer: se
não estamos trabalhando, estamos nos divertindo.
Simplista demais.

Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer
trabalhando, é só redefinir o que é prazer. O prazer
não está em dedicar um tempo programado para o ócio.
O prazer é residente. Está dentro de nós, na maneira
como a gente se relaciona com o mundo. Chantal
Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem
sido mais uma imposição cultural do que um prazer.
As pessoas aglomeram-se em filas de museus e fazem
reservas com meses de antecedência para ir comer no
lugar da moda, pouco desfrutando disso tudo.
Como ela diz, temos solicitações culturais em
demasia. É quase uma obrigação você consumir o que
está em evidência. E se é uma obrigação, ainda que
ligeiramente inconsciente não é um prazer.

Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo
turismo inclusive pelos sentimentos, passando rápido
demais pelas experiências amorosas, entre elas o
casamento.
Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser
felizes mediante uma novidade.
O ritmo é determinado pelas tendências de
comportamento, que exigem uma apreensão veloz do
universo.

Calma!!!!!!!

O prazer é mais baiano.

O prazer não está em ler uma revista, mas na
sensação de estar aprendendo algo.

Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na
emoção que ele pode lhe trazer.

Não está em faturar uma garota, mas no encontro das
almas.

Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a
pedidos.

Está no silêncio, no espírito, está menos na mão
única e mais na contramão.

O prazer está em sentir.

Uma obviedade que merece ser resgatada.

Antes que a gente comece a unir o útil com o útil,
deixando o agradável pra lá.

V. Stilben

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