terça-feira, dezembro 24, 2002


Outro conto do Cabra, a fonte é o site Fraude, um site fantástico e repleto de informações duca pra cultura pop e pra nosso conhecimento muderno ou mudernoso:



Legítimo escocês e sem gelo


Confira a tradução de A Soft Touch, conto do escritor Irvine Welsh, autor de Trainspotting – por Paulo Bullar

O texto a seguir é uma tradução do conto A Soft Touch, do escocês Irvine Welsh, que nunca foi publicado no Brasil. Um dos trabalhos mais conhecidos do escritor é Trainspotting, que foi adaptado para o cinema pelo diretor Danny Boyle. O filme contava com o agora astro hollywoodiano Ewan McGregor.

A maior parte de suas estórias, como este conto, são escritas em scots moderno, um dialeto escocês (ou língua, dependendo da abordagem), mais propriamente de Edimburgo. A tradução é de Paulo Bullar, colaborador do K Zine, um dos fanzines mais interessantes da internet. Aliás, a tradução foi originalmente publicada nele, com pequenas modificações.

Alguns termos que não foram traduzidos:

Schemes: conjuntos habitacionais construídos pelo governo para os menos favorecidos economicamente. Os schemies (grande parte dos personagens de Welsh), são os moradores dos schemes. O termo é pejorativo, mais ou menos como "favelado" no Brasil.

Sheltered Hooses: em inglês padrão "Sheltered Houses", casas construídas em localizações estratégicas para os idosos.

Easter Road: Estádio do Hibs, time de futebol de Edimburgo.






DELICADO

Foi bom por um tempo com Katriona, mas ela agiu mal comigo. E isso não se pode esquecer; não de uma hora pra outra. Ela apareceu outro dia, no pub, tipo, enquanto eu tava no caça-níqueis. Fazia anos que eu não via ela.

- Ainda brincando de caça-níqueis, John, disse, naquele tipo de voz rasgada e nasal que ela tem.

Eu ia dizer alguma coisa do tipo, não, tô nadando bem na merda da Piscina Pública, mas apenas disse: - É o que parece.

- Tá sem grana pra me pagar um drinque, John? me perguntou. Katriona tava inchada: mais inchada do que nunca. Talvez ela tivesse grávida de novo. Gostava de emprenhar, gostava da zoeira que as pessoas faziam. Pros filhos ela não tinha tempo mas gostava de emprenhar. O lance era esse, cada vez que emprenhava, menos as pessoas ligavam. Ficou chato; além disso, as pessoas sabiam como ela era.

- Cê tá nessa de família de novo, perguntei, me concentrando na jogada do caça-níqueis. Uma trinca de uvas. Serve.

Apostar.

Coletar.

Apertar o botão da coleta.

Fichas. Sempre a porra das fichas. Achei que o Colin tivesse me dito que a nova máquina pagava em dinheiro.

- Tá tão óbvio assim, Johnny? diz ela, levantando sua blusa xadrez e puxando sua calça pro montinho de tripa. Então eu pensei em seus peitos e em sua bunda. Não olhei pra eles, tipo, não encarei nem nada; apenas pensei neles. Katriona tinha ótimos peitos e uma bundona gostosa. É disso que eu gosto numa gata. Peitos e bunda.

- Tô na mesa, falei, passando por ela, indo em direção ao bilhar. O garoto da padaria Crawford tinha batido Bri Ramage. Ruim não podia ser. Peguei as bolas e ajeitei na mesa. O garoto da Crawford parecia ser um cara na dele.

- Como vai a Chantel? Katriona pergunta.

- Bem, eu disse. Ela devia ir na minha mãe ver a filha. Não que ela fosse bem vinda por lá, veja você. Mas é filha dela, e isso deve ter alguma importância. Veja você, eu devia ir também. É minha filha também, mas eu amo aquela menina. Todo mundo sabe disso. Mas uma mãe, uma mãe que abandona a filha, que não se preocupa com a filha; isso não é uma mãe, não uma mãe de verdade. Não pra mim. Isso é uma porra duma vadia, uma vaca, isso que ela é. Uma pessoa ordinária como diz minha mãe.

Queria saber de quem é o filho que ela tá carregando agora. Provavelmente do Larry. Espero que sim. Isso ia ensinar os sacanas; os dois. Mas é do filho que eu sinto pena. Ela vai abandonar aquele filho como abandonou a Chantel; como abandonou os outros dois filhos que ela teve. Dois filhos que eu nunca tinha ouvido falar até ver eles em nossa festa de casamento.

É, minha mãe tava certa sobre ela. Ela é ordinária, minha mãe disse. E não só por ser uma Doyle. Era o jeito que bebia; não era como uma garota, pensava minha mãe. Veja você, eu gostava daquilo. No começo eu gostava daquilo, até que recebi o salário e a grana foi pouca. E eu me matando de trabalhar. Então veio nossa filha. Foi aí que suas bebedeiras começaram a foder com tudo; foder com a porra toda.

Ela sempre riu de mim pelas costas. Eu pegava seu riso debochado quando ela pensava que eu não tava olhando. Em geral isso acontecia quando tava com as irmãs. As três riam de mim enquanto eu tava no caça-níqueis ou no bilhar. Sentia que elas me olhavam. Depois de um tempo, pararam de fingir.

Eu nunca soube lidar com nossa filha; quer dizer, enquanto ela era um bebezinho. Parecia tomar conta de tudo; todo aquele barulho vindo daquela coisinha mínima. Então imagino que eu tenha ficado muito tempo ausente depois que nossa filha nasceu. Talvez eu tenha um pouco de culpa; não tô dizendo o contrário. Mas tinha alguma coisa estranha com ela. Como da vez que dei aquela grana pra ela.

Ela tava dura então dou vinte dinheiros pra ela e digo: Dê uma saída, meu bem, e se divirta. Saia com suas colegas. Me lembro bem daquela noite porque ela foi e se maquiou que nem uma rameira. Maquiagem, toneladas de maquiagem, e aquele vestido. Perguntei onde ela ia vestida daquele jeito. Ficou parada, rindo de mim. Onde, perguntei. Você queria que eu saísse, então eu tô saindo, porra, me disse. Mas pra onde? perguntei. Quer dizer, eu devia saber. Mas ela simplesmente me ignorou, me ignorou e se mandou, rindo em minha cara feito uma porra duma hiena.

Voltou coberta de mordidas lascivas. Dei uma olhada em sua bolsa enquanto ela tava no banheiro dando uma longa mijada alcoólica. Tinha quarenta paus. Dei vinte e ela voltou com quarenta na porra da bolsa. Eu tava nervoso pra caralho. Digo, que é isso, hem? Ela apenas riu de mim. Eu queria dar uma olhada na buceta dela; pra ver se ela tinha trepado. Começou a gritar e dizer que se eu tocasse nela, seus irmãos me fariam uma visita. Eles são loucos, os Doyles, qualquer idiota do scheme sabe disso. Na verdade, só se eu fosse louco pra me meter com um Doyle. Você é muito delicado, filho, disse minha mãe uma vez. Essas pessoas, elas percebem isso. Sabem que você é trabalhador, uma presa fácil pra eles.

O lance é que um Doyle faz o que tá afim, mas pensei que se eu me desse com os Doyles eu poderia fazer o que quisesse. E pude por um tempo. Nenhum sacana mexia comigo, eu tava numa boa. Então a porteira se abriu; o consumo de cigarros, bebida, grana. E então eu tava nas mãos deles, mais propriamente nas mãos daquele sacana do Alec Doyle, guardando bagulho pra ele. Drogas. Não era haxixe nem nada assim; tamo falando é de heroína.

Eu podia ter caído. Podia ter sido preso, anos na porra da cadeia. Cumprir a porra da pena por causa dos Doyles e da puta da irmã deles. De qualquer forma, nunca mexi com os Doyles. Nunca mesmo. Então não toquei em Katriona naquela noite e dormimos separados; tipo, eu no sofá.

Foi um pouco depois disso que comecei a andar com Larry no andar de cima. A mulher dele tinha acabado de se mandar e ele tava sozinho. Pra mim isso era meio que questão de segurança: Larry era um maníaco, um dos poucos caras lá do scheme que até os Doyles tinham um pouco de respeito.

Eu tava trabalhando no Serviço de Qualificação Profissional. Pintura. Eu tava pintando as Sheltered Hooses, tipo, pros velhinhos. Ficava fora a maior parte do tempo. O lance é que quando eu voltava ou o Larry tava em minha casa ou ela na casa dele. Sempre tavam meio bêbados. Eu sabia que ele tava comendo ela. Então ela começou a passar noites na casa dele. E aí simplesmente se mudou pra lá de uma vez, me deixando no andar de baixo com a criança. Terminou que eu tive que largar a pintura, tipo, pro bem da menina, sacou?

Quando eu levava nossa filha pra minha mãe ou pra fazer compras no carrinho, às vezes eu via os dois na janela. Eles riam de mim. Um dia cheguei em casa e a porta tava arrombada; a tv e o vídeo tinham sumido. Eu sabia quem tinha levado, mas não tinha nada que eu pudesse fazer. Não contra Larry e os Doyles.

O barulho que eles faziam não deixava a gente dormir. Sua própria filha. O barulho deles trepando, discutindo, farreando.

Então uma vez bateram na porta. Era Larry. Ele simplesmente me empurrou e entrou no apartamento, falando sem parar, naquele jeito nervoso e agitado que ele tem. Tudo bem, véi, diz ele. Escuta, preciso de um favorzinho. Os filhos da puta cortaram a porra da minha luz.

Ele vai pra janela da frente e abre e puxa um fio que tava balançando do lado de fora, pendendo da janela dele. Pega o fio e enfia numa de minhas tomadas. Problema resolvido, diz ele, e sorri pra mim. É, resmungo. Me diz que tem uma extensão em seu apartamento e que só precisa de acesso a uma das tomadas. Digo a ele que isso ta errado, é minha luz que ele ta usando e eu vou pra tomada tirar o fio de lá. Ele diz: Olhe, se cê tocar nessa porra desse fio, cê é um homem morto, Johnny! Escute o que eu tô te dizendo! E ele tava falando sério.

Larry então começa a me dizer que ainda me considera um amigo, apesar de tudo. Me disse que a gente ia rachar a conta, o que eu sabia que nunca ia acontecer. Eu disse que a conta dele seria mais alta que a minha porque eu não tinha mais nada na casa que usasse energia elétrica. Eu tava pensando no meu vídeo e na tv que eu sabia que tavam no andar de cima. Ele diz: O que cê quer dizer com isso, Johnny? E eu digo: Nada. Ele diz: é melhor que não seja porra nenhuma mesmo. Depois disso eu não disse mais nada porque Larry é louco; um maluco completo.

Então o ar dele mudou e ele meio que abriu um sorriso. Olhando pro teto: Nada má essa foda, hem, John? Desculpe o transtorno. Coisas da vida, né? Consenti com a cabeça. Mas que ela paga um boquete decente ela paga, diz ele. Me senti uma merda. Minha luz. Minha mulher.

Cê já comeu o cu dela? perguntou. Só encolhi os ombros. Ele cruza os braços. Comecei a comer ela assim porque não quero que ela emprenhe. Cara podre, aquele sacana. É só emprenhar que elas acham que podem ir metendo a mão no seu bolso pro resto de sua vida. E a grana já não é mais sua. Porra nenhuma, eu te digo. Vou ficar com meu dinheiro. Só te digo uma coisa, Johnny, e riu, espero que você não tenha AIDS nem nada parecido, porque se cê tiver cê já me passou. Nunca uso camisinha quando como ela lá em cima. De jeito nenhum. Cara, prefiro bater uma punheta.

Não, não tenho nada disso, falei, desejando pela primeira vez em minha vida que eu tivesse.

Ainda bem, seu merdinha, e riu.

Então foi no berço e alisou a cabeça da Chantel. Comecei a passar mal. Se ele tivesse tocado em minha filha de novo, eu teria esfaqueado aquele sacana; fosse ele quem fosse. Eu taria pouco me fodendo. Não se preocupe, disse ele, não vou levar sua filha embora. Mas ela quer a filha, e eu acho que uma filha pertence a sua mãe. O lance, John, como eu digo, é que eu não tô afim de um bebê prum lado e pro outro em minha casa. Então cê devia me agradecer por ainda ter sua filha, pense dessa forma. Ele então mudou prum ar nervoso e agressivo e apontou pra si. Pense dessa forma antes de querer acusar os outros. E então fica calminho de novo; o filho da puta muda assim, de uma hora pra outra, e diz: Sabe aquela chave das quartas-de-final? Os vencedores de St Johnstone x Kilmarnock. Tipo, lá no Easter Road, sorri pra mim e olha em volta na sala. Que pena, diz, antes de se dirigir pra saída. Quando ele chega na porta ele pára e vira pra mim. Só mais uma coisa, John, se você quiser dar mais uma foda, e aponta pro teto, é só dar um grito. Pra você eu faço por dez. Tipo, só pra dar a idéia.

Isso mexeu comigo, então levei minha filha pra casa de minha mãe. E foi isso; minha mãe entrou em contato com o Serviço Social; acertou as coisas. Eles foram lá e viram ela, mas ela não quis nem saber. Levei umas porradas por isso, de Alec e Makey Doyle. Levei mais pau, e dessa vez foi pior, de Larry e Mikey Doyle, quando minha luz foi cortada. Eles me agarraram na escada e me arrastaram pros fundos. Me jogaram no chão e começaram a me chutar. Fiquei preocupado porque eu tinha ganhado uma grana no caça-níqueis. Fiquei com medo deles mexerem no meu bolso. Tinha ganhado quinze paus no caça-níqueis. Mas eles só me chutaram. Enquanto me chutavam, ela gritava: CHUTA ESSE FILHO DA PUTA! MATA ESSE FILHO DA PUTA! A PORRA DA NOSSA LUZ! FOI A PORRA DA NOSSA LUZ! ELE TOMOU A PORRA DA MINHA FILHA! A PORRA DA PUTA VELHA DA MÃE DELE TOMOU A MINHA FILHA! VOLTE PRA PORRA DA SUA MÃE! VÁ CHUPAR A PORRA DA BUCETA VELHA DE SUA MÃE SEU MERDA!

Ainda bem que me largaram sem mexer no meu bolso. Pensei; bem, de qualquer forma isso encheu as bucetas dos sacanas, enquanto cambaleava no caminho pra casa de minha mãe pra me limpar. Meu nariz e duas costelas tavam quebradas. Tive que ir pro pronto-socorro. Minha mãe disse que eu nunca devia ter me envolvido com Katriona Doyle. É fácil dizer isso agora, disse a ela, mas imagine se eu não tivesse me envolvido com ela, suponha que nunca tivéssemos nos conhecido, nesse caso a Chantel nem teria nascido. Você tem que pensar nisso dessa forma. É verdade, disse minha mãe, ela é uma princesinha.

Mas o lance foi que algum sacana na escada tinha chamado a polícia. Pensei que isso pudesse terminar numa indenização em dinheiro pra mim, por agressão criminosa. Dei a eles descrições falsas de dois caras que nada tinham a ver com Larry ou Mikey. Mas aí os policiais começaram a falar como se eu fosse o criminoso da estória, o filho da puta que tava errado. Eu, com um rosto parecendo uma fruta podre, um nariz e duas costelas quebradas.

Ela e Larry se mudaram do andar de cima depois daquilo e eu apenas pensei: já vai tarde. Acho que o Conselho os despejou por não pagarem o aluguel; transferiram eles prum outro scheme. A menina tava melhor na casa de minha mãe, e eu arranjei um emprego, um emprego decente, nada daquele lance de qualificação. Era num supermercado, arrumando os produtos na estante, supervisionando o estoque, esse tipo de coisa. Nada mal: um monte de hora extra. O salário não era nenhuma maravilha mas o emprego me mantinha fora do pub, tipo, ajudava a matar o tempo.

As coisas tão indo bem. Tenho comido uma ou duas gatas ultimamente. Tem essa mina do supermercado, que é casada, mas não vive mais com o cara. Ela é legal, tipo, uma mina certinha. Tem também as gatinhas do scheme, algumas delas ainda tão na escola. Tem umas que aparecem na hora do jantar, se eu tô no turno da noite. É só conhecer uma que cê fica numa boa. Elas sempre aparecem, vadiando por aí, por falta do que fazer. Cê sempre termina descolando uns amassos ou uma chupada. Como eu digo, uma ou duas, especialmente a pequena Wendy, todas atrás de uma trepada. Mas não quero me envolver a sério de novo nem a pau.

Mas ela, bem, já fazia uma cara que eu não via.

- Como vai o Larry? pergunto, me inclinando pra tacada, visando uma bola listada parcialmente encoberta. Um cara olha de lado e diz que não vou acertar a tacada. O cara da padaria Crawford protesta: - Hei, você! Almirante Nélson de merda! Deixa o cara jogar em paz. Sem essa de palpite!

- Ah, ele, diz ela, enquanto acerto a bola na direção da tabela do fundo. - Voltou pra cadeia. Eu voltei pra casa de minha mãe.

Só olhei pra ela.

- Foi só descobrir que eu tava grávida que ele sumiu, diz. - Tá ficando com alguma vaca escrota. Senti vontade de dizer, eu sei porra, tô olhando pra porra da cara dela.

Mas nada disse.

Então, naquele tom de voz alto e engraçado que ela sempre fazia quando queria alguma coisa: Por que a gente não sai pra tomar umas na noite, Johnny? Tipo, lá no centro. A gente se dava bem, Johnny, eu e você juntos. Todo mundo dizia, se lembra? Se lembra quando a gente ia no Bull and Bush lá na Lothian Road, Johnny?

- Acho que sim, disse. O lance é que eu achava que ainda amava ela; acho que nunca deixei de amar. Eu gostava de ir no Bull and Bush. Sempre tive um pouco de sorte no caça-níqueis de lá. Provavelmente botaram um novo; mas não importa.



TRECHO DO CONTO ORIGINAL



Aqui vai o começo do conto no original, pra dar uma idéia do dialeto:

It wis good fir a while wi Katriona, but she did wrong by me. And that's no jist something ye can forget; no just like that. She came in the other day, intae the pub, while ah was oan the bandit likes. It was the first time ah'd seen her in yonks.

- Still playing the bandit, John, she sais, in that radge, nasal sortay voice she's goat.

Ah wis gaunny say something like, naw, ah'm fuckin well swimming at the Commie Pool, but ah jist goes: - Aye, looks like it.

- No goat the money to get ays a drink, John? she asked ays. Katriona looked bloated: mair bloated than ever. Maybe she wis pregnant again. She liked being up the stick, liked the fuss people made. Bairns she had nae time fir but she liked being up the stick. Thing wis, every time she wis, people made less ay a thing about it than they did the time before. It goat boring; besides, peple kent what she wis like.



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