segunda-feira, junho 21, 2004

Municipio e eleição

Aqui em São Lourenço o início da Campanha, que se aproxima, aponta para o acirramento dos ânimos e para decisões. O candidato Tenório Cavalcante fechou com o Dr. Lessa e este último sai de Vice. Embora polêmico, para dizer o mínimo, A aliança entre os dois aponta para um grande acúmulo de forças que tende,inclusive, a facilitar a vitória nas próximas eleições, até porque o grupo de 8 partidos que apoiám o Tenório (PC do B, PTC, PRTB, PTB, PSL, PDT, PSDC e PL) entenderam que o vice escolhido é o melhor apresentado até o momento.

Havia a possibilidade do PT local ser o partido que indicaria o Vice-Prefeito, mas parece que o PT de São Lourenço não curte muito o poder, não se interessa por participar de processos de mudança, de participar em articulações políticas, pra eles o negócio é impor. Quando a aliança indicou o nome do Cássio como vice eles disseram não. Queria o nome do Sr. Ralph Lage, sujeito que infelizmente tem mais restrição que nome. Embora o Dr. Lessa tenha angariado alguns adversários, seu nome tinha poder suficiente para fazer a aliança, pragmaticamente, aceitá-lo. Já o PT, que não queria conversar, hoje tenta, por baixo dos panos, fazer a aliança voltar atrás, coisa difícil.

O problema hoje é acalmar os mais exaltados pelas decisões tomadas e aglutinar as forças. O grupo Adversário, apoiador do Prefeito Preta Veia, tenta minar a aliança com desinformação, porém decisões tomadas é hora do pau. Mesmo com as dificuldades que a alaiança tem com o Temperamento mandão do Dr. Lessa, temos que compor e conversar, trazê-lo pro grupo e deixar que os adversários façam o deles, e esquecer o PT zinho.

Vamos ver....

sábado, junho 05, 2004

Comentários atrasados

Queria acrescentar um comentário à crônica abaixo postada.
Será que os mil e quinhentos acessores do Lulinha ganham tanto parea permitirem o presidente ser tão estúpido quanto foi?
Palmordedeus! Parece que todos esqueceram de como se faz política.

NYT de pileque, nossos jornalões de ressaca


A matéria do New York Times sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é falha. Jornalismo de terceira categoria. Não está à altura do profissional que a assina nem do grande jornal que a divulgou. Até o repórter-fraudador Jayson Blair seria mais cauteloso e menos escandaloso ao expor a vida privada de um cidadão ? mesmo que não fosse o presidente do Brasil.

Para começar, o repórter Larry Rohter errou na dimensão e na ênfase: os hábitos do presidente Lula não são "preocupação nacional" porque ele nunca escondeu que gosta de um trago. A foto usada para ilustrar a matéria com uma caneca de cerveja na mão (na Oktoberfest, ano passado, em Blumenau, SC) mostra uma pessoa alegre, descontraída, sem problemas em deixar-se fotografar com uma cervejota.

É preciso lembrar que não apenas o marqueteiro Duda Mendonça como o próprio Lula da Silva, então presidente eleito, não esconderam a caríssima garrafa de vinho que o primeiro ofereceu ao cliente por ocasião da vitória no primeiro turno das eleições de 2002. Portanto, não há mistério.

O presidente ? e não apenas porque foi um simples metalúrgico, mas porque é um bom garfo e um bom copo ? assume publicamente os seus prazeres e hábitos. E, talvez erroneamente, até tentou tirar partido desta imagem bonachona e "popular".

Reprodução acrítica

George W. Bush teve problemas de alcoolismo na juventude, por isso na campanha eleitoral foi obrigado a torná-los públicos. Se aparecesse com um copo na mão seria, sim, um caso político. O alcoólatra Boris Yeltsin era, sim, uma preocupação nacional. Mais do que isso, internacional porque numa dos freqüentes porres poderia apertar o botão errado e iniciar o holocausto nuclear.

Se nas rodas jornalísticas e políticas do Distrito Federal aumentaram ultimamente os comentários sobre a vermelhidão das bochechas e do nariz presidencial, isso não confere grande relevância ao fato. O repórter Rohter deveria saber que as fofocas de Brasília nem sempre refletem as grandes questões nacionais. Aliás, de certa forma, este é um dos grandes problemas nacionais.

Em segundo lugar: as fontes mencionadas na matéria não têm a menor credibilidade. Leonel Brizola é inimigo político do presidente Lula, portanto suspeito. Há 50 anos diz o que lhe vem na veneta e já pagamos muito caro por suas bravatas. Comparar o colunista Cláudio Humberto com o charlatão Matt Drudge desqualifica liminarmente qualquer informação. E se a fonte foi desqualificada, sua informação está liminarmente comprometida. Usar como referência a coluna de Diogo Mainardi publicada na Veja foi outro erro crasso porque o texto, além de opinativo, carece de qualquer intenção denunciadora ou mesmo factual.

Se o New York Times errou ? e errou muito ?, erraram mais ainda os jornais brasileiros nas suas edições de domingo (9/5). A republicação acrítica, sem qualquer comentário, sobre os erros da matéria original confirma tudo o que este Observatório vem dizendo há oito anos. Sobretudo no tocante às nossas edições de domingo.

Episódio melancólico

É inconcebível que a edição mais importante e mais nobre da semana seja fechada com tanta pressa e por equipes tão pequenas. O Estado de S.Paulo, a Folha e O Globo (que publicou pequena matéria na edição local) não poderiam contentar-se em reproduzir uma denúncia desta importância sem o devido suporte analítico. Mesmo nas edições de segunda-feira (10/5, fechadas no domingo quando as redações ainda trabalhavam em regime de meio-plantão), o grosso do material oferecido ao leitor baseou-se nas opiniões do governo, obviamente indignadas.

Faltou o outro lado, o suporte técnico, a radiografia de uma notícia precária e irresponsável. A expressão imprensa marrom mencionada na nota oficial do governo precisava ser devidamente traduzida. Inclusive para permitir sua compreensão pela imprensa internacional ? acostumada com a expressão "imprensa amarela", yellow press (veja a abaixo). A suspeição das fontes ? sobretudo Leonel Brizola e Cláudio Humberto ? precisava ser sublinhada.

O que aconteceu com a matéria envolvendo o presidente da República acontece todos os dias numa imprensa que burocratizou sua capacidade de reação e seu instinto de resposta. Este é mais um exemplo do perigoso "jornalismo declaratório" que impregna e emperra nossas redações [veja remissões abaixo].

No primeiro dia (domingo), reproduziu-se passivamente o que disse o NYT. No segundo dia, fez-se o mesmo com a reação do governo. E só no terceiro dia (terça) começaram a aparecer as matérias "jornalisticamente trabalhadas" (para usar a feliz expressão de Eugênio Bucci), menos factuais e mais analíticas.

O problema não é econômico, nada a ver com a crise que aflige as empresas de mídia e os brutais cortes de pessoal nas redações. O "novo jornalismo" que se pratica no Brasil é lento, linear e desvitalizado. Há muitos anos que os jornais de domingo apresentam este tipo de jornalismo requentado e chocho. Fecham no "pescoção" das sextas-feiras e no sábado, pela manhã e à tarde, fazem uma pequena atualização.

Podem ser eventualmente fartos no número de páginas ? como foi o caso da temporada do Dia das Mães ?, podem até ser densos no tocante à dimensão das matérias, mas não conseguem ser completamente atuais. Pecado capital porque a excelência jornalística mede-se principalmente pela velocidade de resposta.

Se já nos jornais de domingo (9/5) a façanha do NYT fosse devidamente qualificada pela grande imprensa brasileira, a bola de neve já estaria diminuída na terça-feira. Agora, fatalmente encorpada, poderá estender-se ou até mesmo crescer até o fim de semana seguinte com a inevitável contribuição sensacionalista dos semanários que não recusarão prato tão sedutor.

O episódio é duplamente melancólico para a imprensa. Um grande jornal como o New York Times, recém-saído de uma crise de credibilidade, escorrega novamente. Mas os jornais que poderiam contradizê-lo imediatamente mostraram-se atarantados. Um parece bêbado, outros de ressaca.

Alberto Dines é editor responsável do Observatório da Imprensa

Imbecis na Política

Falando de imbecis na política, ter de aturar Ralph ?Lage e os Ptelhos de SL vai ser foda, pior é aturar a camarilha de vereadores que tratam quem pensa como ingênuos e não têm mais nada além d eum cérebro de esquilo no quengo. Foi neles que me inspirei.

Politica e Políticos

Um dos problemas da política é levá-la a sério.A variada gama de imbecis que infestam qualquer reunião política e que assumem ares de sumidades é enorme, o pior é que todos eles conseguem a proeza de sempre confundirem juventude com estupidez e velhice com sabedoria, quando, no máximo, realizam a junção de velhice com estagnação e conservadorismo.

O problema se encontra na cultura política Brasileira que junta política com poder e poder com autoridade, autoridade com autoritarismo. Confuso? nem tanto.

A Política no Brasil assume carater de mando e não de execução, o poder vem sempre relacionado a inimigos, nunca adversários. Não se busca exatamente alcançar o poder para se executar um projeto real de alteração da realidade, mas para assumir o comando de um país. Qual a diferença clara entre um caminho e outro? Simples, a busca do poder como meio de execução, mesmo tendo em si a busca do comando, do mando, possui a vantagem e a caracterísitca clara de possuir um planehamento de execuçào de metas, algo que acrescente ao poder mandatário um efeito executivo claro, uma realizxaçào transformadora da realidade, o outro modelo possui o clássico: "somos bons, quando ganharmos a gente vê o que faz". Mesmo sendo uma simplificação grosseira da realidade, a afirmativa não difere muito da realidade. Uma pesquisa clara pode aferir isso, mas 90% das relações políticas passam longe da diplomacia e entra nos perigosos terrenos das relações obscuras ou da inimizade dura. Pouquíssimas vezes existem debates sobre as idéias de transformação que os grupos têm, o que se discute é como ganhar, nunca o que fazer se isso acontecer.

Assim a busca pelo poder infla vaidades, porque o que se busca não é o poder executivo, mas o mandar, nem comandar, nas pessoas à sua volta, inclusive nos inimigos, jamais adversários, políticos. Enquanto isso, o mundo permanece o mesmo e qualquer desejo de mudança é confundido com a inexperiência de uma juventude não carcomida pela estagnação velha.

quarta-feira, junho 02, 2004

Concebendo Deus

Falar ou escrever sobre deus obedece a diversos problemas, inclusive a questão da limitadíssima semântica.Mas o maior problema de todos é considerar a diversidade de sensações ou explicações plausíveis que zanzam por aí sobre este "ser".

Não quero aqui nem tentar dar uma visão definitiva da Divindade, apenas achei necessário opinar de alguma forma sobre os sentimentos que envolvem a noção de Deus.

Como Umbandista tive a oportunidade de travar contato com os mais diversos conceitos e sensações que giram em torno do conceito de divindade, de noções de Budismo a animismo, passando por um fundo cristão,mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de todas, a meu ver, apontarem para um mesmo e definitivo caminho, uma mesma e definitiva, para mim, explicação sobre a existência de Deus.

A existência de Deus, tanto intelectualmente como emocionalmente, passando pelo lado sensorial, ficou mais do que patente, sem dúvidas, com a fé se materializando de forma independente de preconceitos ou medos que, porventura, pudessem estabelecer-se entre a Divindade e este que vos escreve.E isso jamais ocorreu por lavagem cerebral ou milagres que possam e com certeza aconteceram, mas por um processo mais prozaico, o da indubitável existência da vida e de seu processo de perpétua transformação.Essa perpétua vida, que ocorre em todos os níveis, seu princípio ativo de transformação, me colocaram na posição dos que têm mais do que fé na existência de Deus, me colocaram do campo dos que tem certeza absoluta nisso.

Alguns podem até dizer que o texto acima cabe normalmente em um contexto de proselitismo ou defesa sem bases da existência de algo invisível ou só visível no plano individual, e eu concordo no que se refera à segunda colocação, dado que jamais poderia impor a existência de algo tão íntimo quanto meu Deus a qualquer ser pensante no universo e mesmo por acreditar firmemente que o processo de conheicmento, descoberta ou aceitação da divindade nada mais seja do que um processo individual. Pelo motivo exposto discordo da contextualizaçào do assunto no campo do proselitismo, até porque procuro a reflexão e a discussão, jamais a aceitaçào cega do que proponho como lei.

Assim o pensar sobre Deus para mim adquiriu um dado novo, o dado da descoberta de facetas ainda não absorvidas dessa divindade tão próxima do que sinto.A descoberta do Meu Deus, já factual, além de não me prender à cadeira, mergulhado num mar de certezas absolutas, apesar de acabar com a dúvida relacionada à sua existência, lançou-me no caminho da descoberta diária dos processos de transformação da vida, em busca de mais dados que me permitissem compreender melhor os processos divinos, suas inúmeras faces, seus "desígnios", seu "caráter".

Como era natural, a ciência desempenhou um papel de grande valor nesta busca, até porque o cerimonialismo e o hermetismo da magia sempre me irritaram. Inicialmente o conhecimento comum foi o néctar que bebi de forma abundante para a obtenção de mais e mais dados, néctar mágico que posteriormente eu deixaria de lado, em busca de um pragmatismo "científico" que me livrasse das "prisões" ritualísticas. Depois a própria ciência se detinha ante a dúvida perpétua e estéril à qual se abraçava em nome de um ceticismo já sem motivo algum para existir. e qual o resultado final disso tudo? a percepção do conhecimento de Deus como um complemento necessário do conhecimento científico, material, com o mágico e imaterial conhecimento que se esconde entre os dedos rituais.

Daí que cheguei à iluminação e virei Buda? Nada,apenas percebi em mim o lançamento de um ser que vivencia a teoria, e compreende o ritual um pouco mais, apesar de ainda o achar irritante. O que antes era um asco que era aceito por hipocrisia, hoje é um pequeno sacrifício em nome de uma ação que me permita desligar das limitações do verbo e da visão. Assim meu coração, perpétuo guia, me permite ser um pouco mais ritualístico, e mais e mais empírico, indo inclusive na direção, a meu ver correta, da busca incessante por conhecimentos, que me libertem da visão estreita do dia a dia.Complicado? extremamente, é como explicar um orgasmo.

Mas porque essa textalhão inútuil? Pela percepção clara da necessidade de Falar de Deus quando se compreende desde sua face masculina e feminina até a incrível constatação do universo existir, independente de como ou porque. Assim a percepçào que um Deus Sol e uma Deus Lua, apesar de nítidos, existentes, são pequenos diante da incomensurável legião de Sóis e Luas que habitam o Deus universo. E os Orixás e Deuses? Da mesma forma são importantíssimos, mas quantas formas de "forças da natureza" existem num universo do Tamanho que é? Inúmeras, nem sequer cogitáveis pela mente humana.Sacaram?

Continuo a acreditar em Sóis, Luas e Orixás, mas só a possibilidade de pensá-los em contraposição à existência de milhares de outras possibilidades para eles ou iguais a eles, me lançam novamente no caminho da descoberta de Uma Divindade extremamente mais linda e poderosa do que eu intuía dias atrás.

E que resulta de prático nisso tudo? Uma sensação, única e fortíssima que tudo é apenas um pálido jogo de conscientização do ser rumo à essa divindade, porém infelizmente essa é uma sensação que, honestamente, só posso partilhar comigo mesmo. Lanço a refleXão, que ela possa ser de alguma utilidade aos demais.

terça-feira, junho 01, 2004

A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da ÚLtima Semana

Titãs

Quinze minutos de fama
Mas um pros comerciais
Quinze minutos de fama
Depois descanse em paz

O gênio da última hora
É o idiota do ano seguinte
O último novo-rico
É o mais novo pedinte

A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores
fracassos

Não importa contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então

As músicas mais pedidas
Os discos que vendem mais
As novidades antigas
Na páginas do jornais

Um idiota em inglês
Se é um idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
É bem melhor do que eu e vocês

A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maioresfracassos

Não importa contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então

Os bons meninos de hoje
Eram os rebeldes da outra estação
O ilustre desconhecido
É o novo ídolo do próximo verão

A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maioresfracassos


Querem Meu Sangue

Titãs

Dizem que guardam um bom
lugar pra mim no céu
F
logo que eu for pro beleléu
G
A minha vida só eu sei como guiar
F
Pois ninguém vai me ouvir se eu chorar
E
Mas enquanto o sol puder arder
Am
Não vou querer meus olhos escurecer


|Pois se eles querem meu sangue
Verão o meu sangue só no fim

|E se eles querem meu corpo
|Só se eu estiver morto, só assim.


G
Meus inimigos tentam sempre me ver mal
F
Mas minha força é como o fogo do Sol
G
Pois quando pensam que eu já estou vencido
F
É que meu ódio não conhece perigo
E
Mas enquanto o sol quiser brilhar
Am
Eu vou querer a minha chance de olhar

(refrão)

G
Eu vou lutar pra ter as coisas que eu desejo
F
Não sei do medo, amor pra mim não tem preço
G
Serei mais livre quando não for mais que osso
F
Do que vivendo com a corda no pescoço
E
Enquanto o sol no céu ainda estiver
Am
Só vou fechar meus olhos quando quiser

Folha Online - Cotidiano - Nestlé diz que despacho não tem fundamento

da Agência Folha, em São Lourenço (MG)

Para o diretor-presidente da Nestlé Waters Brasil, Andrei Rakowitsch, o despacho do diretor-geral do DNPM, que determinou a paralisação das atividades da empresa no poço Primavera, "carece de fundamento legal".

Isso porque a Nestlé já havia acertado com a Secretaria de Meio Ambiente de Minas a transferência, até 31 de outubro, da produção da Pure Life para outro local. "Para nós essa determinação foi uma grande surpresa." A empresa pediu que o DNPM reconsidere o despacho.

Rakowitsch diz que o fim das atividades no poço Primavera causará o fechamento da fábrica, já que o gás dessa água é usado no engarrafamento da água mineral São Lourenço, outro produto da Nestlé no município.

A empresa descarta alterações na composição química e vazão das fontes minerais da cidade por influência da exploração industrial. "Todos os pareceres técnicos até hoje demonstram que não há superexploração das águas", diz Rakowitsch.

Ele afirma que o esgotamento da fonte magnesiana foi causado por "instabilidade natural", mas que foi feita uma recaptação e ela será reaberta ao público. Diz ainda que a exploração das águas está abaixo dos limites autorizados.

Nestlé é proibida de explorar água em MG.

THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em São Lourenço (MG)









Dia 14/04 : Movimento de pure life galão, MUITO ACIMA DO NORMAL!

Após três anos de conflito com o Ministério Público e entidades da sociedade civil, a multinacional Nestlé foi proibida de explorar um poço de água mineral em São Lourenço (interior de Minas Gerais), por problemas jurídicos.

O DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) determinou a paralisação a partir de 24 de abril, e a Secretaria de Meio Ambiente de Minas deu prazo até 31 de outubro para a empresa.

A Nestlé afirma que vai cumprir o prazo dado pela secretaria, mas não terá como fechar o poço até 24 de abril. Alega que a determinação do DNPM foi uma "grande surpresa" e "carece de fundamento legal". O órgão federal, que autoriza e fiscaliza a exploração mineral no país, diz, por sua vez, que é "insustentável", do ponto de vista jurídico, esperar até outubro.

A água do poço Primavera, como é chamado, é usada na produção da Nestlé Pure Life, fabricada pela companhia suíça também em outros países. O produto é obtido por meio de um processo de purificação --por isso pode ser fabricado até com água da rede de abastecimento--, seguido pela adição de sais minerais de uso permitido, como cálcio, magnésio, potássio e sódio.

A Nestlé é dona do Parque das Águas de São Lourenço desde 1992, quando assumiu o controle do grupo francês Perrier Vittel. Com isso, obteve também o direito de exploração das águas minerais existentes. Um muro separa a fábrica da Nestlé do parque, onde há várias fontes minerais e cobrança de ingresso para visitação.

Em 1996, a Nestlé perfurou o poço Primavera, considerado pela empresa "uma das fontes mais mineralizadas do Brasil".

No ano seguinte, tentou obter no DNPM autorização para retirar o excesso de ferro da água, sem sucesso. Na época, a autarquia federal alegou que a legislação brasileira não permite a alteração das águas minerais.

Em setembro de 1999, o DNPM passou a competência no caso para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após publicação de resolução da agência que define "água purificada adicionada de sais" como "águas preparadas artificialmente a partir de qualquer captação". A comercialização foi então liberada.

Mobilização

Para ambientalistas e o Ministério Público, a exploração industrial das águas de São Lourenço está alterando a composição química e a vazão das demais fontes. Citam o exemplo da fonte magnesiana, que secou, e supostas alterações no sabor das águas.

Em abril de 2001, depois de receber representação com 1.700 assinaturas --a maioria de moradores da cidade--, o Ministério Público do Estado instaurou inquérito para apurar o caso.

Em dezembro daquele ano, o inquérito se transformou em ação do Ministério Público contra a Nestlé, pedindo o fim da extração no poço Primavera.

"A partir da abertura do poço Primavera é que os problemas são percebidos", afirma o promotor Pedro Paulo Aina. Ele questiona a resolução da Anvisa que deu cobertura jurídica à Nestlé. "Aparentemente, uma resolução foi feita sob encomenda para um caso específico", afirma.

No campo técnico, a disputa se dá, principalmente, em torno de dois grupos de relatórios.

O primeiro, citado com freqüência pelo Ministério Público e ambientalistas, é de 1999. São testes da CPRM (Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais, empresa federal) que não concluem sobre a possível influência do poço Primavera nas demais fontes, mas atribuem mudanças na qualidade e quantidade das águas à "superexploração do aqüífero". A Nestlé, por sua vez, cita estudos do DNPM de 2002 e 2003 que não comprovaram interferências entre os dois poços explorados pela empresa --Oriente e Primavera-- e os outros. De acordo com esses relatórios, a impermeabilização do solo causada pela expansão urbana afeta a zona de recarga das fontes e tem causado seu comprometimento.

Prazos

Em janeiro deste ano, a Nestlé acertou com a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais a transferência da Pure Life para outro local, até 31 de outubro. O acordo foi divulgado pela secretaria como "histórico" e resultado de "pesada reunião de seis horas".

Mesmo com o acordo, o DNPM determinou a paralisação das atividades no poço até 24 de abril.

"A Nestlé não pode fazer a desmineralização total de uma água mineral", justifica o diretor-geral adjunto do DNPM, João César Pinheiro. A respeito da mudança de posição do órgão, que voltou a reivindicar competência no caso, Pinheiro diz: "Se houve interpretações de procuradores passados [do DNPM], isso é problema da gestão passada".