terça-feira, abril 28, 2009

Sem o mar

Se amo o Rio mesmo antes de ser gente?
Eu era crente que sabia o que era amar!
Corria sem mexer as pernas pelos dias
Eu era o dia pelas ruas a voar.


Queria mundos
Prédios altos
Praias, muros
Queria além
Viver o trem
Saber o mar.


Queria mesmo ser além do que era a gente
E fui em frente
Inundando-me de sonhar.


Mas sempre fui as casas e calçadas
Fui ruas pardas, matos, pipa a voar
Olhava tanto a mim que hoje enjoaria
Não via a mim, via mundo feio a destroçar.

E meu olhar hoje ostenta o respeito
Por um velho jeito de um velho mundo amar
E era este o Rio que me faz contente
Um Rio firme
Suburbano
Sem o mar.

Outras Rua, outro bairro


Uma ruinha sem sins só meus nãos
Era curta de rir
Era pasma de chão.

Era um bairro sem meus corações
Não sabia ruir
Nem sambava trovão.

Não sabia avoado
Nas tolices que eu tinha
Que choraria a ruinha
Com dó de minha inação.

E que bairro cretino é você
Que tolamente cresceu e cresceu pra morrer.

É que o rumo do riso sem ver
Se perdeu sem semente
Rodou em mil cidades
Perdeu a razão.

E eu aqui
Perto aqui
Longe aqui
Vejo prédios e muros
E murros sem ti
E sem mim, outro assim sem meus sins
Que brincava sozinho
E gostava do chão
É um tolo agora
Que surge sem ruinhas
E morre em horas de vil solidão.




domingo, abril 26, 2009

Com morte e tudo

A beleza cega
A delicadeza cega
É tudo
É um dia a dia
É uma ausência
A ausência cega de tudo.

Toda beleza do mundo reside na ausência
Toda beleza do mundo é cega
À toda rudeza do mundo.

O Brilho, o lume, o fusco
O lúcido morre
E ao ver além das pedras se perde
Ao ver aquém das pedras se mete
A ter o sorriso perene do belo
O eterno belo que não aguenta o cheiro da cinelandia.

Toda certeza do mundo é a cegueira da beleza do simples
É o sorriso do simples, do fortuito dia a dia
Com cheiro e tudo
Com medo e tudo
Com soco e tudo
Com morte e tudo.


Deus Instinto


Deus Instinto,derrame parábolas indignas
Entre destinos corroa das almas, das sinas
Algum limite para asas, pára-rimas
Creia-me um cisco desta tua paixão divina
Desenhe-me apenas gota d'agua cristalina
Enquanto surfo mei negão nas Filipinas.


Instinto guie-me pela razão exposta acima!

sábado, abril 25, 2009

Salve o Deus dos Malasartes!


Se manca e manja o pranto
Da meninada sem a certa
A calma do mar
Engana e desperta
Não venha me falar de arapuca
O medo é o pranto escondido na dúvida de ser
Talvez seja só falta de arte.


Rima sol com Bar e parte!


Não esculhamba o canto
Batuque é razão de sobra
Pra desmilinguir vagabundo que sobra
Querendo bolso a sós futucar
Parecer pouco mas é de fazer chorar
Azar!
Deixa ferver dendê com chocolate!

Rime a sós
Balance a arte!

Te toca a bola e o espanto
Arrume n'alma uma bazuca
Deixe-me aqui rebuscando a cuca
Reverse o verso de batucar
Arrume a rumba pra em cubango tocar
Vai lá!
E arruma um céu pra minhas bobagens.

Rola a bola
Se mexa e parte!

Malasarteia o escambo
Grile o bairro das madama
Faça-se o favor de não pisar na grama
Requebro agora pra deslanchar
Me arrume um samba sem mais atrapalhar
Vá lá!
Ou desatine a sós na vadiagem.

Salve o Deus dos Malasartes!


Se fosse Deus


Se fosse Deus não pediria a palavra
Se fosse Deus só me iria lamentar
Como se fosse o surgir de um sorriso
Um explicar de destinos
Um destino de explicar.


Se fosse Deus talvez faria quermesse
Talvez gritasse: Esquece!
Demolisse o Redentor.


Se fosse Deus
Não faria mais semanas
Eu esperaria Ana
E me desmancharia amor.

Reescrevendo o Redentor


No bailar de luas tantas
Reduzem-se a serem do mar
Tritões e Ondinas mulatos
Trançam rudeza ao voar
Sobre o brilho da paz
De Iemanja que os abraça
Repintam cores no anil
Deságuam refazendo o Rio.


E quem de nós verá a cheia?
Será a maré que mareia
Ou é nosso olhar, cego nosso olhar a nunca notar?
A prancha, o sonho surfado
O Soco, o murro nadado
Pele de preta eterna cor
Tomando do medo e do asco
O corpo na areia cansado
Reescrevendo o Redentor.


Boca de dendê


Resta em mim a lua solta
A vergonha súbita do beijo à boca
O reflexo cego de um bibelô.


E no beiço preto que mora tão longe
Respeito o desejo do Fradinho que tange
Uma música de trazer carnaval.


E me faço olhar
Desejo de nua rima
Criando beber
E sentindo o bar
Tremer pelas luas
Ir lá é nosso dever.

Reste em minha saudade boa
Resmungo de maraca, coisa à toa
Venha pastel de feira e me soletre amor
Troque de si mesma seja nua à solta
Seja Lúcia Negra, Marcela mais loura
Mas não me transforme em velho Pierrô.

Porque eu quero é mar
Regata de dunas
Vidas de suor ferver
Eu sou de Sambar com os olhos e musas
Requebrar com boca de dendê.

domingo, abril 19, 2009

Crueldade com animais


Cartun Genial de Adão Iturrusgarai

Deus e Diabo Sem Terra no Sol

Só peço que não repare quando cito um Diabo
que nunca lhe mandou flores
Ou um Deus sem não vê ais
Ao remendar um passado e um futuro encolhido
Se os cito é por pudores em questões celestiais.

Mas por Deus cito palavras que por vezes já te ardem
Os ouvidos que acostumados a fugirem de pecados
Não percebem no Diabo alguns detalhes bem matreiros
E se perdem em louvores não de todo arrazoados.

E pelo Diabo grito canções que já estão fora de moda
Por perceber em Deus elementos de muita cor
Noto ali um bem macabro iluminante sentido
E uma confusão danada pra um mundo bicolor.
Agora toda canção dá adeus fora de hora
Pois a ocupação açoda necessidades reais
E Deus e o Diabo choram vontades inexprimíveis
Na viola mandam fundo uma moda de amor.

Roubo cordas

Me cale vento na inútil paisage
Nada há aqui de arte
Além do invento e da inação.

Me faça interno à pensata
E à milhagem
Da nova vagabundagem que lota o Canecão
Enquanto invento um método que faça parte
Do que meu silêncio arde
Em falsa moderação.

Mas use o tempo antes que exista um domingo
Em que as flores de condomínio vêm
Fazer da dor da gente algo novo
Inundado de esperança
Feito um Deus do além.

Repare lépido o desejo que espalho
E me deixe aqui de lado
Faça show em outro bar
Enquanto leio um Príncipe de outra lenda
Deixo morrer as fazendas
Vou pro Rio mergulhar.

Deixo-me em tudo
Leio lendas
Fico nú
À solta
Roubo cordas.




Ocupe o verso com cor

Ocupado em terras estrangeiras calo à foice a ilusão vazia
E na vã invasão à lua cheia
Me embriago da real euforia
Calo todo o sangue na banheira
Pinto nu bandeira que é bom dia.

Me entregue a Deus, amor!
Ocupe Deus à foice e flor.
Ou culpe a Deus meu bem!
Dê-me a força do Boi.

Há na linha que me nunca comove
Um respeito aos novos sussurros
Onde um detalhe me é tão grito
E um espaço onde me é tão murro
Sagre toda a revolta que ao horror move
Traga-o amarrado em meus burros!

Lhe entregue a Deus, amor!
Ocupe Deus à força e foice.
Ou culpe a Deus meu bem!
Dê-lhe a força do Boi.


E na desesperança o que cala o muro é vão
A cor é TV entre pernas e dardos
A vida se cala, mata e pune
O Sonho se torna urro
O grito se torna líder
E generais se perdem entre sangues e passos
À cada ocupação se faz um monstro
E à cada medo um exemplo de liberdade.


Não existe Deus, amor!
Existe eu, nós e cor.
Se faça com dendê,
Dê-me a lança do amor!

Mas repare na metáfora cheia
Que aclimata a gargalhada que une
Quem não leu verdades na lua cheia
Quem acredita em quem nunca se exuma
E se ponha no salto da velha!
Já sejamos matriarcas inúteis!

Esqueça Deus, amor!
Dance e relance in dance floor!
Requebre um yê yê yê!
Seja só amor e flor!

E se o resto do sol me bandeia pra universal velha melancolia
Observe matriz lua cheia
De meu uivo que é euforia
Demolindo ódios de concreto
Com a vermelha alegria dos urros.

Me pinte de outra cor
Vermelho é meu novo amor
Requebre-me de ser
Ocupe o verso com cor.

Sobre as pedras em silêncio

Solto um não enquanto aguardo à amurada
A meus pés se deliciarem com o silêncio
Como um fim redesenhado pela amarga foice
Que crio com tranças e pensamentos.



E o sorrir
Foi pelo engano da água
Ao me ver
Pintando-me de existências
Já que vi o sol calando-me a palavra
Enquanto redesenhava universos.



E no fim
Que seja ritmos e asas
De versos inversos a tudo e inclementes
Feitos vis
De uma tola e a atravessada noite do meu amor
Sobre as pedras em silêncio.

segunda-feira, abril 13, 2009

Portraits from Rio - Vazio

Maraca Vazio

Apoteose Vazia




Sobre em Papéis

Além de descriões de emoções pessoais que não vêm ao caso, os posts abaixo, os poemas Em Papéis, são homenagens, no estilo e nas citações, a estilos de leituras, a tipos de leituras que leio, e aos livros em geral.

Procurei de alguma forma ir além do que me é comum, a brincadeira com sons e referencia sa amore se lutas. Espero que gostem.

PS: Não se perceberem, mas recentemente eu escolhi imagnes que tenham algum significado às obras.

Em papel III



Escrevi as rotas do amor enquanto perdi a paz
Nas correntes dos versos meus que constroem pelo chão
Avisos de riscos, abrigos, portas
Navalhas que viram fuzis.

E nas cores tão retintas chamo por meu pai
Que morre em casas sem varandas
Assumo riscos e amo meus destinos que odeiam o sol.

E me perco da vistas destas vãs mulheres
Busco meu resumo, minha alma ferida
Calo-me criança enquanto volto às casas
Dos amigos vivos
Das Avós confeiteiras.

Eu me perco de vista enquanto nas preces
Perco esperanças e acho a fé
Perco o chão na pele de almas perdidas
E vago sem mundos, procurando abrigo.

E meus versos me fazem nascer talvez sem rumo ou apostas
Enquanto eu busco rumos sem luar
E vejo terrenos entre um sol e um trem.

Me calo soturno ao examinar
O risco dos dias, das respostas
Durmo a repensar
Acordo sem fé
Durmo sorrindo enquanto lavo o pé.

Escrevi as notas do amor e preces
Pelo jeito enquanto eu lia amoras
E acordo em cortes de margaridas
Busco meus refúgios em poesias vivas.

Em papel II

Da espada que fiz vida
Das esferas, das crianças
Fiz nascer uma palavra
Fiz morrer a esperança.

E leio o encanto desesperado
De quem viu nascer nações
E me espanto com a graça
Do morrer nos mil sertões.

Eu calo o canto desarrumado
Dos perversos corações
Pois as janelas destas eras
Sâo papéis, versos e dons.

Em papel

Eu nasci das cercas
E reluzi mundos de palavra dada
Fiz invenção de luzir.

E corri dos muros
Me escondo qual criança na não paz
De tudo descobrir.

Mas meu descobrir tem uma trapaça
Ele lança esperanças pelo breu
Lê palavras nas visitas e descola conhecer do mundo seu.

E como se fosse traça come versos, colibris, papéis e trens
Luas além
E entre palavras conta com pedreiros, comensais, Pajens
Princesas, Guerreiros, mil esposas
Sonhos inclementes, sons
Vidas que se fazem de magia
E são livros, são paixões.

Morro de ter mundos
E sou tão sozinho em paz
E quero a graça do amor solene de tua fé
Morro de pessoas
E sou lindo no teu rosto, na tua vida
Na beleza de tu és.

Me desculpe o desencanto vasto
Este medo que desbasto com marés
Me perdoe este medo que engraxo
Eu que vôo sempre baixo
Em papéis.

Te amo

Resta em mim o mar
O resmungar de nunca ver
O brilho que o sol vai dar
Enqaunto espero o bom luar
Brilhar no riso de quem em mim é todo o amor
Enquanto sou aquele que da dor fez crer
Um livre novo esperar.

Resta em mim o sol, o ar
A arte de viver
Enquanto eu puder voar
Sem do chão os pés precisar tirar
E vejo a fé do descobrir trazer tudo a mim
Eu que hoje beijo o sol
Me embriagando de palavras
Enquanto mato a dor das não manhãs.

No tempo do vento me pinto de amor e sou corpo
E Deus
E enquanto o invento do som desarmando
Me repõe a amargurada voz que espanta
Eu mudo minha cor pra azul sagrado
E me transformo em além mar:
Te amo coração!

Me quero polichinelo


Queria polichinelo
Reduzir o mundo a um bar onde sovinices
Fossem já crimes
E esperantos fossem letras e domínios
Que cortassem o corpo dos semeadores de um mau
E eu pudesse sorrindo resmungar um Flamengo
E sorrisse ilegal.

Queria polichinelo
Sem segredos segredar
Uma rixa antiga que dói na vista
Enquanto espanto
Um medo meu de destinos
E um jeito garoto de lembrar de sabiás
Enquanto guardo sorrisos e me torturo e morro
Pensando no além mar.

E sonho na dor dos infernos que é o esperar
Sendo o retinto sono de vícios e desencantos
Quero um risco devido, um suburbano encanto de mundo desarmar
Prar marcar em um um grito, um desespero errante
De tanto esperar.

Me quero polichinelo.

Se só fores mais um fim



Não me zone ao sul da voz
Eu não reparo no sotaque inglês!
Permita-me atroz tolher maldades de humor burguês?

Eu só nasci entre vagões de trens nunca antes bretões
Colhi ruas de rock na saudade fox de um trote chinês
E li heróis sem lei
Cortejei céus com cheiros de jasmins
Eu era antes dos reis
Um sonhador de mulheres sem sim.

Não me beije se meu mundo não puder tornar
Um mundo seu bem mais familiar
Me deixe aqui ouvindo o som dos sins.

Me perdoe o som de minha voz enquanto eu ouço os medos
Sou feito de razão
Na paixão corro perigo.

Deixe-me na mão se a verdade for causar segredos
Eu morro de saudades
Mas a morte mesmo vem do sorriso.

Um dia eu vi o mal
E pús mil contas de Oxalá em mim
Nasci em um quintal
Onde mil cães deixavam-me feliz
Mas morreram os cães, os sonhos e um ludibriar
Morreram gentes que me pús a amar
Me deixes se só fores mais um fim.

Deixe-me ser luar


Hard me o ser
Punk me corazón
Parte-me em dez
Dá-me amarras, corte as falsas séries.

Dei-me um bar
Para eu corar as preces findas da razão
Me deixe urrar ao ver perder um gol
Perder um jogo onde o amor é um mero ator
Sem sal
A coadjuvar
Meu mundo infeliz
Deixe-me ser luar.

Um novo aniz


Deduzi papéis de mar
E fiz correntes
Esperando o sol clemente pra plantar mil querubins.

Fiz corar um rosto a saciar
Amor ardente
E sorvi da aguardente o sal das matas de Paris.

Fiz panelas para porco assar
Fiz remar, fiz luar
Reduzi o sol para lhe dar
Outro som, outro mar.

E hoje danço à vera o já
Colho sementes
Rasgo os somentes
Espero bravo um novo aniz.

Suburbano leitor de gibis

Se por acaso viesses
Eu teria preces para cada servil miséria que não pouca
Nas ruas pipoca
Entre pernas, chãos e fins.

E valeria à pena ver luas morenas
Praias sem jasmins
E requebrar estátuas com risos e graças
Não dormir pra ter-te em mim.

Mas por enquanto as verdades doem sem maldades
E não vejo mais luz
Por que me liberto louco ao supor
Que meu amor já não me possui
Enquanto sorve requintes
Que eu duralite não cubro assim
Eu morador da praça, de um Rio sem praia
Suburbano leitor de gibis.

domingo, abril 12, 2009

No porão de minhas saudades

Você mata o mau com tiros de festim
Salta no breu
Com a segurança de redes, linhas e afins
Nada sofreu.

E todo meu viver é como um debulhar
De cores e veias cortadas ao mar
É como um destino mau inventado
No peito arrancar um braço.

Mas, na paz!
Não tema a lua e conquiste outro amor
Lembre do céu!
Eu vou pela rua deduzir o torpor
Do que não morreu.

E vago na ilusão de sentir-me parte
De um mundo sem meus medos que ardem
Eu vejo estrelas e sem viagens
Me tranco no porão de minhas saudades.

segunda-feira, abril 06, 2009

Nuvens de sorrisos

Que o manto fique em rasgos
Que toda areia deste destino
Caia no espaço das ampulhetas
E risque a límpida calma do estagnar.

Que o retrato obscuro destas sereias
Destes presídios que nos retratam em carros, veias
Queime nas praças sob o olho popular.

E se eu perco os sentidos
Se meu nome não alcança
O vago e pleno pensamento do destino
Procure entender as armas
As hostes de meu perigo
Pois o que creio é o rompimento, o grito
Prevejo nuvens de sorrisos.

Minha liberdade, meu vinho. (Inspirado em Samantha e nas lutas, meus amores)


Claro qual riso a palavra
Doce transforma-me em viço
Arde assim uma luz
Arde de ti um sorriso.

Claro qual viço a alma
Rende a si mesmo um sentido
Nota-te alvo da luz
Nota-te forma e sorriso.


Mas ruas nuas me clamam
Eu que me oculto, sentido
Em cena, a lenda, a eterna
Crua realidade do nú
De uma cidade
De um destino.

Vago sorrindo outro rosto
Sou rua, mar e sentido
Estranho o brilho do nú
E iluminado destino.

Vermelho o brilho do sol
Vermelho o que penso e sinto
Calo-me contraluz
Ouço o bailar dos sorrisos.

Na fé do vermelho em azuis
Céus sem anjos bonitos
Sou a cálida lágrima, a flácida calma
Mas percebo no vento o sorriso.

Abraço nomes e causas
Abraço o amor tão sentido
E nas cenas, nas lendas, são lendas
Estes vermelhos de tons azuis
Que quase só enxergo e vivo
Pois meu amor é minha cruz
Minha liberdade, meu vinho.

sábado, abril 04, 2009

Faca de sol


Dá-me n'água cor da cinza
Que renega a distância
Essa sede é de palavras
Essa dor é de esperança.

E sonho o sono dos cansados
Resmungando uma invenção
Sou Quixote sem espadas
Sou Orfeu sem ter canção.

Quero dengos e amores
Mas não mudo a direção
Quero ela, lá tão bela
Como é esta imensidão.

Por isso as voltas do meu mundo tecem além da paz
Este desejo de ser Deus
Perdido assim por este chão
Que quer carinho, que quer derrotas
Que busca a espada que sumiu
Das histórias tão quentinhas que me contava o pai.

Hoje meus ais são de varanda
E meu sorriso
É faca que traz brilho por ser de sol.

Vago a pé



Respondo na sexta!
Me recolho entre os medos, sons de ais
E luzes de jardim.

Colho altas vistas
Me resmungo seduzindo a vida em paz
Minha paz é de explodir.

Canso dos sabores destas águas
Rumo às casas vou na asa que nasceu
Destas partes que iluminam
As verdades e sentidos do que é meu.

Colho o gosto da cachaça, redesenho o barril
Penso em trens
Respiro trens
Vago nas calçadas
Perambulo jeitos de ouvir o que vem
E sugiro em versos as pessoas
Que repletas são meus sons
Eu que me devoro na agonia
De ver livres mil razões.

Respondo no chute!
Amo o lírio de querer mais
E vago estradas pela luz inclemente da fé.

Respondo por gosto!
Eu vou indo no delírio de mil dias
Só incerteza feita de fé
Parco como um grande incendiário
Vou diário entre espasmos
Vou
Já é
Livre como quem muda o ditado
Vago na busca do som que me faz perfeito
Vago a pé.

Armado até os dentes com o sol


Se espero o galo cantar eu rumino das coisas
Mais que alguns instantes
E gero da dor da rotina, o horror que rompe as linhas
Que amarram a calma da gente ao pé das mil camas, retintas
Brancas de amar, morrer, rir.

Insisto descrente que o tempo é o domador
De nós, Gentes
Pela remoção da força da alma que exige, grita
Tecemos a vaga esperança, inútil, estagnada, restrita
De renascer
De reflorir.

Sem calma perco as preces, vou ao sol
E grito o poder da vid,a na linha da vida
Me transformo em Mal
Sem calma mato preces, vivo o sol.

Se Lúcifer rompe com um Deus que nos mata a vida
Que nos faz o geral
Eu reparo na lucidez do sol.

O cálido som do destino tem muito mais cor do que a repetição
Eu reparo na acidez do sol.

Meus olhos retiram correntes
Eu vôo no azul de minha percepção
Criando e fazendo frentes com doces, com horrores, com anjos e cães
Armado até os dentes com o sol.

Fotografia

Rasgue-me em risos, em riscos e ávidos beijos
Torne-me máquina de desejo
Enquanto eu respondo com a flor
E à luz dos sonhos, a voz do pecado
Sou endereço apaixonado que treme de medo, de força, de amar.

Rindo em delírio misturo a gana com formas de ver esta vida, toda a vida
Qual vida eterna e mais
Respiro o torpor benigno
Sonho com a cruel luta pela vida
Que é sentir-me tão bem cantanto o verbo amar.

E grito um sonho que ergue a dor da lida
E a rima com mulher
Tecendo da dor a demência, que algum romântico dirá que é amar.

E tudo pra poder, talvez mais louco, dormir com esta fé
Olhando e sorrindo pro rosto deste Deus Mulher.

quinta-feira, abril 02, 2009

Do próprio marido

Passo roupa, tomo tarja preta
Respingo gordura na toalha de mesa
Fico rouca de tanto bom dia
Procuro vizinhas tão sós pelas ventas
E reparo no rasgo mais ínfimo
Que toma a gente de pleno horror
Me calo e choro um pouquinho
Calada, descrente, morta de amor.

E procuro perder-me nas ruas
Não vejo cãezinhos, meninos,loucuras e tretas
Vejo ônibus, sarjetas e tolas meninas felizes me ofendendo, nuas
Só reparo no deserto vivo
Resmungo imprecisos sons de dores e silvos
E sem nome me calo cem beira
Casada na eira
Do próprio marido.

Acordo ouvindo manhãs


Sons e segredos rompem minha paz
Dão-me um mar e um sorriso
E conduzem fé
Por entre os dedos que tecem sonhar
E só versejam mar
Talvez eu seja só
Me perceba só
Talvez seja sól.

Me deixem pleno!
Me vejo pleno!
Me ouço só nas manhãs
Percebo o sol nas manhãs.

Eu sou assim, leio jardins
Por me tornar um curioso menino
Sorvendo o fogo
Bebendo o fogo
Que veste o mundo de largos beijos
E coloridos segundos de costurar fé.

Me vejo invento
Me vejo vento
Sorvendo o sol das manhãs
Me sendo só as manhãs.

Me calo ao mar
E vejo artistas sendo a manhã
Ondas calam meu sorriso
E meu sinal
Só silêncio e sal.

Me calo ao mar e vejo o vício de saber manhãs
Sinto o o sol
Faço luares
E curto o som do meu sal
Do meu sal
Só silêncio e sal.

Me calo invento
Sorrio invento
E humilde ouço manhãs
Acordo ouvindo manhãs.

Tricolor


Por ser bem mais que o comum
Além das leis
Por ser um som que fez de multidões o doce e o sal
De um grande amor
Serem o explendor
Da alegoria que hidrata a faixa e faz flor
Aparecer em provocações indiscretas, feias
Somos além do imortal, do torcedor
Somos razão apaixonada em finas e irônicas linhas.

Por sermos mar e invenção
Por termos o cabal dom
De divinal secura simples enfim
A ser da fé a liz
A ser do pé
O imaginário construtor de magias, redator
De versos, sambas e dribles místicos
Que chegam na conclusão fenomenal do único gol
Já campeão em goleadas mínimas.

Por sermos além do incomum
Tire o chapéu, enxegue além do véu
Por conduzirmos massas banais
Matando o eu
Iluminando o breu que encobre de preto o amor que brilha
Tricolor
Poetizando com dura defesa o driblar
A construir um toque a tecer o simples gol
Universal
Garganta pó de arroz que grita.

Sabidices


Sei desde já que o invento tem de ser exigente
Exato
Resmungado no ato da preservação
Retornando interno
Repassado a ferro
Enquanto ninguém disser não.

Sei desde já que o brilho do azul tem de ser requerido
Como se o doce sentido da asa voando em razão
Pudesse incerto nascer de mil cores
Ressurgir Marte Negão.

Digo que já que o grito tem de ser um ato, um fardo
Faça-se mágico no tempo do infindo
Enquanto replicante da ação que torna o instante um estrondo
Um ato, um risco, um agá
Feito um forte sentido das beiras
Do Carnaval.

Se desde já for perdido o sentido
Que seja sentido o vento de toda esta ação
Ao ser o rever o invento e glória
Surgindo na ciência
Perdendo memórias
Sendo eterno e sendo ilusão.

Resta ao normal se perder sendo tudo e sendo seu não.

Rock Matinê


E Filisteu eu dei à noite um bom dia
E era noite de São João
Pensei fazer besteira.

Imaginei se Deus fosse Cubano
Tocando versos repentinos entre as coxas
Rebatucando um pique esconde de elforia
Tocando rumba ao meio dia no minhocão.

Caçei de Deus sua Branquitude Tensa,
Sua Negritude Densa acasalado com o mal
Indigenando o respeito dos planetas
Recriando a carrapeta do equilibrio natural.

Amor e Horror.

Imaginei se Deus fosse Cubano
Ouvindo Rock Matinê.