sexta-feira, junho 22, 2007

Lamarca

Capitão fez lua boa
Nasceu ruminando mar
Construiu coisa à toa
Brigou até se matar.

Deu com a corte na teia
Na rua, na trela
Que deu para o mar.

Deu para a corte a vela
Acanhada e cega do ir e mudar
Apagada e cega de nunca ir lá.

E em nós
Fez nascer a rua, a veia
O sangue, o ar.

Em nós
Fez nascer a lua
A bandeira, o altar.

Pela pólvora, pela batalha
Homem nobre morre em voar
Nesta pólvora das luas e marcas
Somos livres para brigar.

Vence quem vence o lutar
Vence quem lutar a voar
Em cor de sonho e cheio
De ir e vir, de mudar.

Vence quem muda o luar
Vence quem rói o sonhar
Em cor de mundo inteiro
Somos tão tu
Quase um mar.

O direito de recriar Deus e o mundo

Ao mar desce sobre o som
A lumina da invenção
Faz-se rir
O intenso burbulhar da ação.

No andar
Pernas são canções
E mãos são a invenção
O criar
Do mundo benigno.

E no ar, o voar
Do ser, do mundo
Vermelho sol de ir lá
Refazendo de novo o tudo.

E no estar, no gritar
Há ser, há mundos
Gentes a recobrar
O direito de recriar Deus e o mundo.

As lutas de homens sem cordas

Na palavra dada
Cavalo já chia
Rua seduziu o sol também
Tendo a lua na magia
E deus se fez perigo sob as roupas entravadas dos lordes
Enquanto o movimento de todo ser
Rompe as cordas deste mal.

Tendo do fogo
Os olhos que nascem nas mãos
Entre calos e tormentos que recuperam o ver
E doem como o sonho e o sal
Entre as mágoas e os momentos que não servem
E alimentam o voar.

E entre os sentimentos de todo ser
Nasce o alegrar
O rir, o mar
No cerne obtido pelas rubras
Bandeiras que socorrem
As lutas de homens sem cordas.

Pela vil e democrática luz

Entre o riso de rir e a lua postada
No cangote do fim
Eu me tiro de letra na rua calada
Roubo sóis de jardins.

É que o mundo sozinho não repara em nada
E eu gosto de atuar
Pela esquerda
Entre o Beque e o muro
Driblando o luar.

E se o remo cair entre o Rio e as alas
Das Bahianas de mim
Resoluto em me rumo nadando de braçadas
Pelos botecos de ir
E salgando o lirismo
Ponho a roupa rasgada de herói de quadrinhar
E rebolo um batuque de exu
Só pra relaxar.


E se o mundo sozinho seduzir minha palavra
Eu me escangalho de ir
Rio no andar torto da mulher amada
Secando o sol de luzir
Pela água do rumo da esquerda velada
Que que já quero mudar
Pela vil e democrática luz
Do ser vivo e andar.

Autoretrato

Enquanto assim
Sou o mesmo que o resto
De todo dia que fui em mim
Um alto grau de Saci
Um sacerdote sem sins.

Enquanto um fim
Sou parte dos versos
Que obscrevo escuro em mim
Jogando letras prali
Cercando cercas de mim
Sacando dos delírios linhas feitas de um sorrisso atroz
Buscando deuses em nós
Sacando dos destinos das magias
O amor todo perfeito
Pelo amor do humano arco
Desejo intenso de risos
E sins.

Enquanto mim
Envelheço velho
Sendo minha alma inteira em mim
Nâo pago contas sem fim
Nâo perco almas de mim.