quinta-feira, abril 02, 2009

Do próprio marido

Passo roupa, tomo tarja preta
Respingo gordura na toalha de mesa
Fico rouca de tanto bom dia
Procuro vizinhas tão sós pelas ventas
E reparo no rasgo mais ínfimo
Que toma a gente de pleno horror
Me calo e choro um pouquinho
Calada, descrente, morta de amor.

E procuro perder-me nas ruas
Não vejo cãezinhos, meninos,loucuras e tretas
Vejo ônibus, sarjetas e tolas meninas felizes me ofendendo, nuas
Só reparo no deserto vivo
Resmungo imprecisos sons de dores e silvos
E sem nome me calo cem beira
Casada na eira
Do próprio marido.

Um comentário:

Ane Brasil disse...

li até o fimm da página... quem diria, Gilsón é um cabra sensível... rapá, tu tem outro por dentro... hehehe
Ducaralho o blog, véi, voltarei aqui.
Sorte e saúde pra todos!