sexta-feira, julho 14, 2006

Palavra e Luar

Inverta a parede!
Corra desta cor!
Anuncie a sede de ser Deus!
Me fale algo assim
Nas artes, na mesa
Iluda-me na vida normal.

Porque assim a ver
Tua alva alma inteira
Percos rimas a não ver
Sutis, vis, tirocínios
Delicados gestos a ser
Além do enorme brilho
Do teu Ser.

É, ainda há céu
Imenso céu
E um sol que cisma hoje de encantar
Talvez só seja mesmo o ludibriar
Desta coisa vida que se faz ver
No imenso teu sorrir
De meu prazer.

Me conte como foram as semanas
As guerras, como anda a inflação
Me fale do imenso pecado humano
Me desencante
Fale no tom imperfeito
Desminta-me no ar
Mande-me calar.

Porque ver-te faz razão
Perder-se em estranhas mil linhas
Ver-se em asas
Estreladas.

Porque ver-te fez visão
Perceber brilhos, almas soltas
Ver pessoas coloridas.

E tudo isso me agrada
Faz-me ter prazer em ser palavra
E no entanto dá o medo
De surtar ao fim de cada inverno
E não ser primavera.

Como tudo isso faz-me novo
Como então explosão que ignoro
Deixando-me a ser magia plena
Escrevendo verso em linhos
Ternos novos
Ruas, horas.

Diga cá outra razão
Me desiluda, vã pessoa!!!
Pois é risco
Risco muda
E faz-me ir
Faz-me ir
Sem medo, só a voz plena
De apenas disparar
Coração nasceu na lenda
De ser palavra e luar.

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