As luzes móveis partilham o sim e a cínica grade
As cores móveis sussurram um paradisíaco fim
As lajes movem-se firmes perante a sinistra saudade
Eis a cidade, o futuro, o precipício carmim.
As luzes móveis são isso e a nota singela da tarde
É que todo o hoje é um espelho deste pretérito porvir
Que sem cruzes presidimos como feras
Já sem Deus, sem desmorrer, sem calor
Como quem traduz delírios nas janelas
Como quem dá-se ao mundo sem sabor.
As luzes móveis deliram na rua, na porta da frente
À vida o grito sugere que deite-se ao fim destes discursos, destinos
E vozes que morrem-se carentes
Ante aos muros corcundas antevejo-me sim
E do lado escondido das estrelas
Entre os medos de desmorrer e o amor
Procurando um tolo alívio entre as pernas
Bebendo a cerveja do amor.
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