Meu grito é um cisco, um corte
Drible de língua no poste
Palavrura de gamela
Leite moça na tigela
Explendido riso sem boca
Leite de alma, gangorra
A rua que é medo, é fúria, é lua
É riso feliz de altura
Boa pra pular.
E meu riso é apenas um berro
Letra que esfria e pede
Um gesto, um adendo sincero
Um jeito de olhar
A cerca que me tenta cercar.
Que pegue!
Eu sou bom de voar!
Aprendi a pular,
Cê vai ver!
Respira chuva no embalo
Ladeira abaixo, no estalo
Do medo, do rumo caído
Mau de sonho decidido
Explosão de mundo que voa
Ladeira, rua, cabocla que desvia, olho assustado
A morte emprestando o cajado
Pra impulsionar.
Desvia da mente o inferno
Reza a alegria da peste
E um grito que espelha o que é belo
O som de voar,
O vento inteiro de voar.
Me empreste o tom de ecoar!
Tenta vir pegar,
Cê vai ver!
Rosto de moço, lua, galo
Olho de cunho estrelado
Roça a rua a vela, a velha
- Corre já, paço a tramela!
Ouvir balbucio de modorra
Aventura, lua solta, espadas e guinchos molhados
Do vento nas juntas de um barco
Baleia a derrubar.
Astronave de vento e de velho
Barco de caçar moleques
Baleias que pulam do inferno,
E O vento vem lá
Do interno medo de voar!
E breve, se reza por soltar
As barras do pai:
Quero ver!
E durmo e me entrego e morro
Acordo, balbucio socorro
Nem fujo, me entendo deitado
Negror de terror abrandado
Pelo sorriso que advinha
Um espaço detido na linha
Das paredes tecidas trilhas do olho que inventa batalhas e gingas
Vou fantasiar.
Badulaques de ginga, me espelho nas letras feitas sem prece
Dos Pans, dos Viscondes, me interno
Pedrinho a voar
Sou Hércules a festejar
Moleque:
- Vem pai, vem cá olhar!
-Aprendi a voar, venha ver!
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