Vento dispara
O verso sozinho late-se em pleno som
Volta um jeito de ser carinho
Vê-se assim o bom
O ato de rir é tanto um grito como uma invenção
Toco a textura do gosto do som.
Faço-me inversão de palha, palavra
Espero o rir
Me transformo em dor
Dor de saber-se, invento sentidos, ócios, axé
Calor
Rumo ao som da música no ritmo
Ritmando o sabor
Assusto-me com o uivo do poder que não sou.
A cruz de minha canção é piada
O áspero som do hotel
A nudez metafórica da alma, o som, o cheiro, o bordel
A busca da redenção das estradas, o céu, o sabor do céu
A alma deixando em São Paulo o gosto de outro eu
Volto esperança e caminhar
Será Deus?
Alma de andar nas ruas, de ver a lua, de ser você
Alma de ver o gesto operário na mão do moleque, de ver
A nudez negra da velha mucama ser uniforme e fim
Olho no mundo é o necessário ver.
Aprendo o existir intranquilo de tudo o que sou de mim
Ouço a paz rumorosa do grito, do urro, da guerra e enfim
Faço o luar ser banho de arte
Costuro o sol no sim
Abro o olhar e entendo o meu fim.
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